An edition of Mensagens Curtas 6 (2016)

Mensagens Curtas 6

Para Meditação Diária

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Last edited by Silvio Dutra
September 13, 2016 | History
An edition of Mensagens Curtas 6 (2016)

Mensagens Curtas 6

Para Meditação Diária

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Estamos apresentando uma coletânea de mensagens sobre diversos temas bíblicos que escrevemos em várias ocasiões para auxiliar o leitor em suas devoções diárias.

Publish Date
Publisher
Silvio Dutra
Language
Portuguese
Pages
205

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Edition Availability
Cover of: Mensagens Curtas 6
Mensagens Curtas 6: Para Meditação Diária
2016, Silvio Dutra
Paperback in Portuguese

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Book Details


Table of Contents

Mensagens
Curtas 6
Para Meditação Diária
Silvio Dutra
Set/2016
2
A474
Alves, Silvio Dutra
Mensagens curtas 6./ Silvio Dutra Alves. – Rio de
Janeiro, 2016.
205.; 14x21cm
1. Teologia. 2. Graça 3. Fé.
I. Título.
CDD 230
3
Sumário
Falando no Espírito a um Filho Amado....
10
Morreu... Acabou? ..............................................
12
Verdades Ocultas na Parábola do Filho Pródigo......................................................................
14
Consciência Aperfeiçoada pela Liberdade.................................................................
17
Nunca Haverá o Comprimido do Amor...
19
É Difícil Ser Misericordioso Segundo a Graça..........................................................................
20
Vivendo sem Focar a Eternidade................
21
A Busca de Consolação.....................................
24
Necessitamos Sempre Aumentar a Fé.....
26
Um Consolador Paciente, Incansável e Amoroso...................................................................
28
Um Pai Amoroso..................................................
30
Porque o Corpo do Homem Morre............
32
Bem-Aventurados os Que Morrem no Senhor.......................................................................
36
4
O Perigo da Interpretação Fora de Contexto...................................................................
38
Não Há Bondade Como a de Deus..............
40
Escrito na Mente e no Coração....................
45
Santificação não é Justificação.....................
49
Prescrevendo Apenas o Remédio...............
51
Julga com Amor Segundo a Reta Justiça.
54
Deus Será Glorificado ao Julgar o Mal......
56
Como Saber se Sou Abençoado por Deus? .........................................................................
57
O Espírito de Mártir............................................
58
Mais do que Lei de Diamante........................
60
O Plano é Perfeito Embora Sejamos Imperfeitos.............................................................
62
Almas que Se Perdem e Almas que se Ganham....................................................................
65
Células Espirituais que Vivem......................
67
A Esperança que Nunca Morre....................
69
5
Viver Pela Fé..........................................................
72
A Mensagem Central do Evangelho..........
74
Espiritualizar.........................................................
77
O Homem é Inimigo de Deus.......................
78
Porque Caminha Mal o Nosso Mundo.....
81
O Segredo da Frutificação...............................
84
Não Havia o Mal no Princípio, na Criação......................................................................
86
A União que Dá Vida Eterna...........................
88
Nossa Necessidade do Espírito Santo.......
90
Por que Mudar pela Fé? ..................................
93
Num Morremos e Noutro Vivemos..........
95
A Única Palavra Viva..........................................
96
O Orgulho Mata....................................................
97
Não Comparecer com o Coração Vazio...
98
Sem Cristo Não Dá..............................................
100
A Graça Supera a Aflição.................................
102
6
O Motivo Real da Nossa Alegria...................
104
A Relação da Fé com a Bíblia.........................
106
O Preparo para a Obra do Ministério........
109
Sempre Há uma Saída.......................................
115
"Dai a cada um o que deveis: a quem tributo, tributo; a quem imposto, imposto...” ...............................................................
116
Paciência na Tribulação (Rom 12.12) ........
120
Admoestação dos Insubmissos....................
122
Retorno à Vitalidade Original.......................
125
O Evangelho Exige Moderação.....................
129
Porque Necessitamos Converter o Nosso Coração......................................................
131
Tal Caminho, Tal Pessoa.................................
133
A Ênfase Deve Estar no Amor.......................
135
Concessão de Maior Capacitação mas não de Menor Amor...........................................
138
Não se Condenar no que Aprova.................
140
7
O Ponto Mais Difícil da Vida Cristã............
142
Lições em Ziclague.............................................
146
Não Recusar o Consolo Disponível.............
149
Vede como Andais..............................................
152
Não Tenho Pressa................................................
153
Paciência com os Que Não Têm Paciência..................................................................
154
Mais do Que Vencedores................................
156
Deve Bater Repetidamente como o Martelo.....................................................................
157
Quebrado para Ser Levantado......................
158
Um Passo Muito Além......................................
160
Quem Ama as Trevas Odeia a Luz...............
161
A Paz é Fruto do Andar em Justiça.............
163
Navegando com Segurança no Mar da Vida.............................................................................
165
Removendo o Mal da Fonte...........................
168
Afligidos na Luta Espiritual............................
169
8
As Faculdades do Espírito...............................
171
Conhecimento Real do Deus Vivo..............
173
Semeando com Lágrimas...............................
174
Dando a Vida Pelos Irmãos.............................
175
Sempre Chegará a Hora da Paz e da Alegria.......................................................................
177
Rochas Inabaláveis.............................................
178
Não se Cumpre em Nenhum Outro...........
179
A Grande Perda....................................................
182
O Altar do Coração Quebrantado................
184
Sodoma e Gomorra que Respondam........
186
Perdão Infinito de uma Culpa Infinita......
188
Quando Há a Necessidade de se Envergonhar? .......................................................
189
Ser e Existir.............................................................
191
Paz e Alegria na Hora da Morte...................
193
A Oração e as Promessas.................................
194
9
Somente o Bem é e Será para Sempre......
195
Lutando por Algo Superior e Melhor.......
197
Abatidos mas não Destruídos........................
199
Indestrutível..........................................................
200
Uma Palavra de Conforto................................
201
Os Puritanos e Nós..............................................
204
Sossega Coração! ................................................
205
10
Falando no Espírito a um Filho Amado
Deus é a fortaleza das nossas vidas.
Devemos sempre crescer na graça e no conhecimento de Jesus para que nossas vidas estejam inteiramente absorvidas nele e somente nele.
Deus nos criou para aumentar a Sua própria glória. Por isso devemos viver para Ele, porque somente pode ter satisfação em nós quando cumprimos este propósito para o qual fomos criados. Principalmente o de conhecer e viver o fruto do Espírito Santo, por meio da fé, e somente da fé, que deve ser exercitada continuamente pela oração e prática da Palavra.
Pena que tão poucos entendem e vivem a linguagem e a realidade das coisas espirituais e celestiais. Por isso louvo ao Senhor por tua vida, que podes compreendê-las bem. E esta é toda a alegria dele e nossa, porque nos sentimos muito solitários pela falta de alguém com quem possamos ter plena comunhão no Espírito.
Temos aprendido, pelo poder da graça, a nos gloriarmos nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas ofensas sofridas, nas ingratidões, enfim, em tudo o que antes nos oprimia, agora nos leva a exultar no poder do Senhor Jesus, que nos dá paz, alegria e longanimidade em meio a tudo isto.
E o poder do Espírito Santo se aperfeiçoa na nossa fraqueza quando nos dispomos a perdoar a todos e a dilatar o nosso coração para viver na
11
mesma humildade que habitou e habita no Senhor Jesus.
Ele é o Criador, o Todo Poderoso, o Senhor de tudo e de todos, e ainda assim não se envergonha de nos chamar de irmãos. E tudo tem suportado de nós e por amor de nós, para nos aperfeiçoar à sua própria imagem, para aquele grande dia que se aproxima no qual seremos juntamente arrebatados com palmas nas mãos, com vestes brancas, cantando o novo cântico de Moisés e do Cordeiro.
A quem compararemos o Senhor? Para o qual vivemos ou morremos? Não importa o quanto sofremos aqui neste mundo. Tudo será contado para o nosso galardão, em ter suportado com paciência, no poder do Espírito Santo, toda sorte de tribulações, nas quais nos gloriamos, porque é por elas que temos sido transformados, e aprendido a paciência, a perseverança e a experiência, que não confunde, porque sabemos que toda a nossa esperança está no Senhor Jesus, no qual vivemos e viveremos para sempre pelo poder sustentador da Sua própria vida divina.
Ele é a Videira Verdadeira, a Árvore da Vida, o Príncipe da paz, o Deus Forte, o Pai da Eternidade, o Senhor de todos os senhores da terra e do céu, o Rei dos reis cujo reino é para sempre e de justiça e amor perfeitos.
Fica na paz do Senhor, meu filho amado!
12
Morreu... Acabou?
Se assim fora, no caso de seres morais, que têm plena consciência do valor do que é certo e do que é errado, e principalmente da sua existência, não haveria qualquer razão para temer um possível juízo futuro da parte de Deus.
Qual vantagem teria o que faz o bem sobre aquele que vive para praticar o mal?
Afinal, as vicissitudes da vida não atingem tanto a um quanto o outro?
Todavia, a nossa própria constituição moral e o tribunal instalado por Deus na nossa consciência, são os indicadores de um acerto de contas final, no qual haverá um julgamento de caráter eterno para recompensar os que praticam o bem com galardões e a vida eterna, e os que praticam o mal com castigos e uma condenação também eternos.
Concluímos então que não haveria qualquer sentido em sermos o que somos (seres morais) caso houvesse uma aniquilação total da nossa existência depois da morte física.
O espírito prossegue eternamente e comparecerá perante Deus para que suas obras sejam julgadas pela justiça perfeita divina.
Se não houvesse um juízo final de um Juiz perfeito, poderíamos dizer que isto configuraria a maior injustiça do universo, porque mesmo em nós, que somos imperfeitos, há uma clamor para que haja justiça tanto para recompensar o bem, quanto para punir o mal.
13
Por isso o próprio Deus puniu o pecado com um castigo de valor eterno e infinito, para que pudéssemos ser perdoados e satisfazer à demanda da justiça divina, quando Ele levou o seu próprio filho amado, Jesus Cristo, à cruz, para morrer no nosso lugar.
14
Verdades Ocultas na Parábola do Filho Pródigo
A Parábola do Filho Pródigo é realmente uma bela e profunda parábola, mas Jesus não a apresentou para ser uma espécie de resumo do que seja a vida cristã, mas para ilustrar uma parte do que significa esta vida.
Por exemplo: ela não faz qualquer alusão à expiação do pecado pelo sangue de Cristo, mas sabemos que foi esta expiação que possibilitou que o pai, que representa Deus na parábola, corresse para o filho e pudesse perdoá-lo e recebê-lo para estar reconciliado com ele, apesar de toda a sua dívida de faltas e pecados cometidos contra o seu pai.
Fazer portanto, desta parábola um resumo de todo o cristianismo é incorrer em grande erro, porque o amor de Deus pelos pecadores perdidos não se fundamenta em mero sentimento ou emoção.
Seu amor se funda na eleição incondicional na qual não conta qualquer mérito da nossa parte.
O pai não recebeu o filho pelo fato de reconhecer que havia algo de valor no rapaz, ou então porque houvesse da sua parte bons atos praticados no passado que deveriam ser recompensados com o seu acolhimento.
Ele fora filho no coração do pai antes mesmo de ter sido criado, mas importava que esta filiação se confirmasse pelo arrependimento e busca do pai para compartilhar da sua intimidade.
15
Isto a parábola revela, ainda que não de modo direto.
Esta verdade está ali nela contida, sublinhada com a declaração do pai de que o pródigo se achava morto e perdido, antes de retornar ao lar.
E o que permitiu o seu acolhimento foi o arrependimento e fé na bondade e misericórdia do seu pai.
Outro ponto essencial do cristianismo que não é citado nesta parábola é a ação do Espírito Santo na nossa conversão e transformação, e o esforço empreendido por Deus na sua busca incansável dos perdidos.
Por isso, temos nas duas outras parábolas que nosso Senhor apresentou na mesma ocasião (Ovelha Perdida e Dracma Perdida), o esforço anteriormente citado.
Sem o todo da revelação que temos em outras partes das Escrituras, e caso nosso Senhor tivesse contado a Parábola do Filho Pródigo para ser um resumo do cristianismo, o que não é o caso, nós poderíamos afirmar que se alguém está afastado de Deus, por sua própria iniciativa, como foi o caso do pródigo, então estaríamos autorizados a não fazer qualquer esforço com nossas orações intercessórias, e outros meios, para trazer o perdido de volta à vida.
Todavia, sabemos claramente que não temos nenhuma autorização das Escrituras para adotarmos este tipo de comportamento.
Por isso o propósito da parábola é exatamente o de demonstrar que há grande alegria no céu
16
pela conversão dos pecadores, e que Deus está plenamente disposto a receber todos os perdidos que vierem a Ele em busca de reconciliação.
A parábola tem este grande objetivo de incentivar os pecadores a buscarem refúgio em Deus, com plena confiança de que não serão rejeitados.
Nosso Senhor havia afirmado em outra ocasião que não rejeitaria a qualquer pessoa que viesse a Ele em busca de salvação, e que jamais a lançaria fora.
Nada e ninguém poderá impedir que o pai receba o filho no lar celestial, nem mesmo os que tentarem impedi-lo sob a alegação de estarem servindo a Deus fielmente, como se destaca na parábola no procedimento do irmão mais velho do pródigo.
Um pecador pode ser muito vil para toda e qualquer outra coisa, mas ele não pode ser muito vil para a salvação.
Estas verdades podem ser vistas de modo muito claro na Parábola do Filho Pródigo.
17
Consciência Aperfeiçoada pela Liberdade
Sem o devido conhecimento da justificação e da consequente liberdade cristã que dela decorre, não é possível ter uma boa consciência que não somente não nos acuse mais, e que também não hesite quanto às coisas que devem ser feitas sem hesitação e com constância, pela plena certeza de que somos aprovados por Deus, na liberdade que temos em Cristo Jesus.
É portanto crucial conhecer o que significa esta liberdade para que possamos adquirir a citada consciência por meio da educação recebida da graça.
Antes de tudo é necessário saber que há uma grande diferença entre justiça legal e justiça evangélica.
A justificação que recebemos em Cristo não é de caráter segundo a lei, mas segundo o perdão e misericórdia do evangelho.
Os cristãos devem observar a lei, mas não é dela que obtêm a sua liberdade, mas por simplesmente olharem para Cristo.
Porque o assunto em questão, quanto à liberdade que alcançamos pela fé, não é como podemos ser justos, mas como, embora indignos e injustos, podemos ser considerados justos.
Para o cristão a lei serve apenas para lembrá-lo do seu dever de ser santo e puro diante de Deus e dos homens.
18
Mas isso não lhe virá pelo mero esforço em cumprir os mandamentos, mas em andar com constância no Espírito Santo, em submissão ao poder da graça operante em seu coração.
A lei exige total perfeição e condena qualquer imperfeição, mas a graça nos liberta porque se baseia na promessa de Deus, na dispensação do evangelho, de nos perdoar e ser misericordioso para com todos os nossos pecados e iniquidades.
Não por nos dar licença para vivermos em pecado, mas por compreender que não há quem não peque, enquanto estiver neste mundo, porque o pecado está ligado à nossa velha natureza, e dali pode ser removido somente pelo poder de Cristo.
Por isso se afirma em Romanos 7, que em Cristo, morremos para a lei, porque não estamos mais debaixo das exigência da lei, para agradarmos a Deus, mas da graça.
Na lei, consideraríamos tudo o que somos e fazemos, como sendo uma transgressão, mas em Cristo, somos libertados das severas exigências da lei, e podemos alegremente responder ao chamado de Deus.
19
Nunca Haverá o Comprimido do Amor
“É só tomar um comprimido destes a cada 12 horas, e você amará a Deus e ao próximo!”
Nunca se ouviu isto e certamente nunca será ouvido.
E por que podemos fazer esta afirmação?
Porque todo o arsenal medicamentoso, e entre este, as drogas prescritas para a normalização das funções do cérebro, podem atuar somente no que é somático, e jamais sobre o espírito.
E o amor é uma propriedade do espírito humano, senão a mais importante delas.
Sequer podemos explicar o amor como um simples ato da vontade.
Se assim fosse, jovens não recusariam se casar com pretendentes que sejam do agrado dos seus pais, por falta de amor.
Não se pode forçar o amor, nem mesmo com os melhores argumentos.
O amor é voluntário.
E nunca saberemos explicar porque alguns amam a Deus e outros não.
Porque alguns chegam a amar a Sua vontade, e outros a rejeitam por toda a vida.
20
É Difícil Ser Misericordioso Segundo a Graça
Quando se é misericordioso com as faltas alheias, e quando não se tem um espírito crítico para se comparar com outros, achando-se superior a eles, quando se vive de forma mundana e carnal, é muito fácil.
O grande desafio é ser assim quando se está santificado pela graça de Cristo.
Aqui, a tentação para se tornar fariseu e hipócrita é infinitamente maior, por conta da tendência que há para se descambar para a defesa da justiça divina considerando-a como mera honestidade moral ou adequado relacionamento interpessoal.
Todavia, a par de não ser desconsiderada a importância da honestidade moral, a justiça do evangelho, que nos é oferecida juntamente com a pessoa de Cristo, é a real expressão do perdão, graça e misericórdia de Deus, que estão sendo oferecidos aos pecadores.
Importa então, aprender, enquanto cristão a não tentar se tornar a régua de medida do comportamento alheio.
Isto não promove a glória de Cristo, e nem a do evangelho, e não é nada agradável ter um “juiz” sempre pronto a nos condenar por tudo que em nós lhe incomode, mesmo que não estejamos errados aos olhos do Senhor.
21
Vivendo sem Focar a Eternidade
É alarmante o fato de haver não poucas pessoas que nunca se indagaram, senão teológica, ao menos ontologicamente, de onde vieram ou para onde irão depois da morte física.
O resultado da falta da referida indagação conduz geralmente a um modo de viver negligente e descompromissado com todas as assertivas bíblicas relativas ao propósito da nossa existência, e do modo de se acessar a vida do céu.
É no evangelho que temos não apenas todas as respostas satisfatórias, como também o convite que nos conduzirá à transformação de nossas vidas, tornando-as úteis para os objetivos do nosso Criador.
Por que e para o que existimos?
Para onde podemos ir depois que sairmos do mundo pela morte?
Alguns afirmam: “para que se preocupar com isto, se nada existe depois da morte?”.
Contudo Deus afirma que não apenas existe, como também que não haveria qualquer sentido vivermos por apenas um tempo, tendo consciência de que existimos, e depois esta consciência ficar perdida para sempre, e é por isso que nos faz o convite do evangelho para a solução de todos os aspectos envolvidos na questão vida e morte.
22
Mas, há diferentes maneiras de responder ao convite do Evangelho quando você tem intenção de recusá-lo.
Elas são todas, na melhor das hipóteses, ruins.
Nós vemos isto na parábola das Bodas em Lucas 14.16-24:
Luc 14:16 Ele, porém, respondeu: Certo homem deu uma grande ceia e convidou muitos.
Luc 14:17 À hora da ceia, enviou o seu servo para avisar aos convidados: Vinde, porque tudo já está preparado.
Luc 14:18 Não obstante, todos, à uma, começaram a escusar-se. Disse o primeiro: Comprei um campo e preciso ir vê-lo; rogo-te que me tenhas por escusado.
Luc 14:19 Outro disse: Comprei cinco juntas de bois e vou experimentá-las; rogo-te que me tenhas por escusado.
Luc 14:20 E outro disse: Casei-me e, por isso, não posso ir.
Luc 14:21 Voltando o servo, tudo contou ao seu senhor. Então, irado, o dono da casa disse ao seu servo: Sai depressa para as ruas e becos da cidade e traze para aqui os pobres, os aleijados, os cegos e os coxos.
Luc 14:22 Depois, lhe disse o servo: Senhor, feito está como mandaste, e ainda há lugar.
Luc 14:23 Respondeu-lhe o senhor: Sai pelos caminhos e atalhos e obriga a todos a entrar, para que fique cheia a minha casa.
23
Luc 14:24 Porque vos declaro que nenhum daqueles homens que foram convidados provará a minha ceia.
Deus chama todas as pessoas a se unirem espiritual a Jesus Cristo, mas muitos estão ocupados demais com seus próprios interesses para se preocuparem com isto, sem saberem que a rejeição do convite significa morte espiritual e eterna, porque é um convite para a vida eterna.
24
A Busca de Consolação
Todas as pessoas buscam naturalmente por consolação.
Consequentemente, a melhor e mais útil parte da psicologia consiste na prescrição de meios para confortar e apoiar as suas mentes contra coisas nocivas e dolorosas para a sua natureza, com as tristezas que resultam disso.
Assim, não há qualquer coisa mais útil neste mundo que descobrir qualquer consideração racional que possa acalmar as tristezas ou aliviar as mentes dos que estão desconsolados, porque as coisas que são realmente dolorosas para a maioria do gênero humano excedem toda real satisfação que este mundo possa proporcionar.
Mas quais são as fontes da consolação racional? Qual é o tipo de refrigério que ela pode gerar para os aflitos?
E como tudo isso pode ser comparado a este privilégio dos cristãos na provisão que é trazida sobrenaturalmente a eles pelo Espírito?
Este é um alívio que nunca penetrou no coração do homem quanto a pensar nisto ou concebê-lo.
Nem pode ser entendido por alguém a não ser somente por aqueles por quem é desfrutado, porque o mundo, como testificou nosso Salvador, não conhece o Espírito e nem mesmo pode recebê-lo; e então, para os que são do mundo, este trabalho do Espírito é considerado como uma fantasia ou um sonho dos cristãos.
25
Mas aqueles que são participantes deste privilégio sabem em alguma medida o que eles desfrutam, embora eles não possam compreender isto em toda a sua extensão, nem avaliá-lo da maneira devida, porque como pode o coração do homem, ou nossa pobre e fraca compreensão conceber completamente este mistério glorioso do envio do Espírito Santo para ser um Consolador?
Então o que é falado deste trabalho do Espírito somente aqueles que o recebem por fé, podem ter experiência disto em seus efeitos, e ainda, se permanecerem na fé, porque sem o exercício da fé não é possível se experimentar e receber a consolação.
A consolação não é o primeiro trabalho do Espírito Santo nas almas dos homens.
A regeneração e a santificação sempre precedem a consolação.
Se os homens não são santificados primeiro pelo Espírito, eles nunca poderão ser confortados por Ele, porque esta consolação se refere principalmente aos ataques que são recebidos dos espíritos das trevas, pelo empenho na obra do evangelho.
26
Necessitamos Sempre Aumentar a Fé
Deus dispôs a criação de tal forma para que exibisse o Seu poder infinito.
Ele tem prazer em manifestar a Sua graça, amor, misericórdia, condescendência num mundo que ficou sujeito à miséria do pecado, mas também é Seu prazer exibir o Seu grande poder contra todo o mal, e especialmente contra os poderes que se levantam contra Ele e contra o Seu povo.
E este poder se manifestará aonde quer que se encontrem aqueles que esperam e confiam na força do Seu braço, enfim aqueles que como Davi, não ficam assombrados com os gigantes que atravessam o caminho deles, porque a sua fé não está depositada no seu próprio poder e capacidade, mas somente em Deus.
Mas, quando nós olhamos para o estado e condição da igreja no mundo, nós vemos quão fraca é a fé da maioria dos cristãos, com seus grandes temores e desânimos, por causa das grandes tentações, oposições e perseguições que lhes sobrevêm.
Quão vigorosamente e nitidamente estas coisas impressionam os seus espíritos, dando vantagens a seus adversárias espirituais - então será sempre manifesta a necessidade de aumentar a fé nAquele em quem podemos todas as coisas por causa do Seu poder infinito.
Assim, se a nossa paz interior ou exterior parecer enfraquecer quanto à necessidade
27
desta consideração de que o Espírito Santo é um Consolador Onipotente, nós devemos pelo exercício da fé nesta verdade, fazer provisão para o futuro, considerando que nós não sabemos o que pode nos acontecer no mundo.
E se nós viveremos para ver a igreja em tempestades, como certamente ela terá que enfrentar, então o nosso principal amparo e suporte deve ser o Consolador todo-poderoso.
28
Um Consolador Paciente, Incansável e Amoroso
Nós lemos no texto de Is 57.19 o seguinte:
"Eu crio os frutos dos lábios: paz, paz, para o que está longe; e para o que está perto, diz o Senhor, e eu o sararei.".
Este é o método do Espírito Santo ao administrar consolação.
E sem este método nenhuma alma seria refrigerada espiritualmente debaixo dos seus abatimentos, porque nós somos dados a transgressões, ainda que sob o trabalho do Espírito Santo por nós.
Mas Ele é um Consolador incansável, paciente, amoroso e perseverará até que sejamos sarados.
Somente amor e compaixão infinitos, trabalhando em paciência e longanimidade, podem continuar isto até a perfeição.
Sejamos gratos ao Espírito Santo de todo o nosso coração por um tal trabalho de amor por pecadores imperfeitos como nós.
Mas se nós não somente somos transgressores em ocasiões e tentações particulares, enquanto ficamos com nossa visão presente nublada quanto ao trabalho do Espírito Santo, mas também somos habitualmente descuidados e negligentes sobre isto, e nunca trabalhamos para ser achados numa condição adequada e satisfatória perante Deus, mas permanecemos indefinidamente em nosso mau procedimento
29
até o ponto disto se tornar um vício e ficando endurecidos em incredulidade, com um coração ingrato e impuro, é certo que Deus não pode se agradar de uma tal condição.
Por isso somos exortados a sermos cuidadosos em não entristecer o Espírito (Ef 4.30).
Mas nisto também se comprova o amor do Espírito por nós, porque somente aqueles que nos amam ficam entristecidos com as nossas faltas.
Aqueles que não nos amam ficam simplesmente irados ou contrariados.
Um professor severo pode ser mais provocado com a falta do seu aluno do que o pai dele, mas o pai fica entristecido com isto enquanto o professor não.
Então, considerando que o Espírito Santo fica entristecido conosco porque nos ama como um pai a seu filho, nós devemos nos acautelar em não entristecê-lo, aprendendo com que amor e compaixão ele executa o Seu trabalho em nós e para nós.
Esta é a razão da promessa de Deus de consolar apenas aqueles que choram, porque são estes que se entristecem com o fato de saberem que o Espírito fica triste com os seus pecados e transgressões.
E esta nossa tristeza pelo pecado, assim como a do Espírito, comprova em certa medida que de fato também nós amamos a Deus.
E é nesta condição que a cura é prometida por Deus a nós.
30
Um Pai Amoroso
"15 Porque assim diz o Alto e o Sublime, que habita na eternidade, e cujo nome é Santo: Num alto e santo lugar habito; como também com o contrito e abatido de espírito, para vivificar o espírito dos abatidos, e para vivificar o coração dos contritos.
16 Porque não contenderei para sempre, nem continuamente me indignarei; porque o espírito perante a minha face se desfaleceria, e as almas que eu fiz.
17 Pela iniquidade da sua avareza me indignei, e o feri; escondi-me, e indignei-me; contudo, rebelde, seguiu o caminho do seu coração.
18 Eu vejo os seus caminhos, e o sararei, e o guiarei, e lhe tornarei a dar consolação, a saber, aos que dentre eles choram.".
O propósito de Deus é o de reavivar o espírito do humilde, e o coração do arrependido (verso 15), e Ele apresenta a razão disto, a saber que se Ele não agisse com amor infinito e condescendência em relação a eles, mas lidasse com eles lhes dando a justa retribuição às suas transgressões, eles seriam totalmente consumidos (verso 16).
Porém, na realização deste trabalho de cura, Ele tem que usar alguns remédios amargos para a recuperação espiritual deles.
Por causa da iniquidade da cobiça deles (verso 17) que era a sua principal doença, eles foram
31
feridos pelo Senhor e Ele escondeu a Sua face deles, porque isto seria necessário para que fossem curados.
Mas como eles se comportaram debaixo deste procedimento de Deus em relação a eles?
Rebelaram-se e continuaram seguindo a perversidade do seu coração.
Então como faz este Consolador Santo para lidar agora com eles?
Ele os deixa entregues à sua enfermidade?
Ele os abandona?
Não, porque um pai amoroso não lidará assim com os seus filhos.
E a promessa feita por Deus é que Ele agiria conosco tal como um pai consolando seus filhos.
Ele realizará o Seu trabalho com tal amor infinito, ternura e compaixão, que isso superará todas as transgressões, e não cessará até que Ele tenha efetivamente administrado a necessária consolação a eles (verso 18).
Ele agirá nos termos da aliança que fez com eles por meio de Jesus Cristo de ser o Deus e Pai deles para sempre.
Então os corrigirá em amor para participarem da Sua santidade.
Ele os aperfeiçoará no Seu amor. E tudo fará para conduzi-los a isto.
32
Porque o Corpo do Homem Morre
“Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram.” (Rom 5.12)
Se Deus é espírito, por que criou um corpo para o homem, o qual é também espírito?
Por que Deus criou a morte para o corpo do homem por causa do pecado?
Se Deus disse que o homem morreria caso comesse do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal, isto significa que o corpo do homem não morreria caso ele não tivesse pecado.
Então nós temos nisto um ponto de partida para responder a ambas as perguntas que formulamos anteriormente.
Lembremos que não foi Deus quem desejou que houvesse morte, não apenas de homens, como também de anjos.
Dizemos também morte de anjos, porque foi esta a condição a que ficaram sujeitos Satanás e os anjos que caíram juntamente com ele, mas como eles não têm corpos, não ficou patentemente claro para os anjos eleitos a
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condição de mortos tanto de Satanás quanto dos demônios que com ele também caíram.
Então com a criação do homem, e dando ao homem um corpo natural, Deus pôde mostrar claramente qual é a condição a que ficaram sujeitos os anjos caídos, desde a queda deles, por meio da morte do corpo dos homens.
De modo que não somente os ímpios, como também os justos, têm a destruição deste corpo que foi corrompido por causa do pecado.
Afinal, a corrupção não pode herdar a corrupção do céu, de maneira que mesmo aqueles que foram arrebatados (Enoque e Elias), e os que forem arrebatados por ocasião da volta de Jesus, tiveram e terão os corpos transformados em corpos de glória, porque este corpo que temos está sujeito à sentença de morte que foi dada por Deus sobre ele, por causa do pecado, para mostrar que o pecado realmente mata.
E certamente, um dos motivos de Deus ter dado ao homem um corpo que morre por causa do pecado, teve entre outros muitos propósitos, o de mostrar de modo visível qual é o estado de separação que há entre Ele e aqueles que Lhe desobedecem, porque na morte, o espírito do homem fica separado do seu corpo, e este vem a se dissolver, e a deixar de executar as suas
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funções vitais em consonância com a sua alma e espírito.
O corpo do homem é a habitação do seu espírito.
E o homem foi criado para ser habitação de Deus.
Então o espírito do homem está para Deus, assim como o corpo do homem está para o seu próprio espírito.
E a lição aqui é a de que quando o espírito que habita no corpo do homem se separa deste, o corpo do homem morre.
De igual modo, quando Deus se separa do homem, o homem morre.
Então Satanás e os anjos morreram quando foram expulsos da presença de Deus. E Deus não é mais o Deus deles, porque não é Deus de mortos, mas de vivos.
E o mesmo se aplica aos homens caídos no pecado, quando não são redimidos por Cristo. Eles permanecem mortos porque estão separados de Deus. E este é o modo que Deus estabeleceu para comprovar tanto a anjos, quando a homens, que a consequência do pecado é a morte, porque é o pecado que é a
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causa desta separação de Deus, que produz a morte.
Assim, o grande causador e criador da morte não foi Deus, mas o pecado.
Deus somente tratou de revelar de um modo visível, com a morte do corpo físico, aquilo que ocorre na esfera espiritual, porque tanto homens quanto anjos desobedientes a Deus, continuam existindo, mas não têm mais a vida de Deus em si mesmos. E quem não tem esta vida que procede dAquele que é a fonte da verdadeira vida eterna, está morto.
Uma outra grande lição da morte física do corpo é a de que aquilo que era para durar para sempre, acabou durando uns pouco cem anos, quando chega a isto, porque como se pode comparar menos de cem anos com aquilo que é eterno?
Então o tempo de vida do corpo foi também abreviado para este propósito de demonstrar que o pecado matou o homem, porque ele não somente envelhece, enfraquece, enferma, perde progressivamente o vigor à medida que avançam os seus poucos anos de vida neste mundo, para que possa aspirar por aquela vida duradoura e melhor que Deus projetou para ele, que é uma vida sem pecado por toda a eternidade.
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Bem-Aventurados os Que Morrem no Senhor
"Bem-aventurados os mortos que morrem no Senhor. Sim, diz o Espírito para que descansem das suas fadigas, pois as suas obras os acompanham "(Apocalipse 14:13).
Temos aqui o testemunho de Deus Pai e o do Espírito Santo, ambos atestando que é uma coisa boa morrer no Senhor.
Aqui estão duas testemunhas declarando que a morte perdeu seu aguilhão, e que a sepultura foi vencida.
O mundo diz: "Bem-aventurados são os vivos", mas Deus diz:" Bem-aventurados os mortos.
O mundo julga as coisas pelos seus sentidos, pela sua aparência exterior, mas Deus julga segundo o verdadeiro valor e pelo prisma da eternidade.
Por isso bem-aventurados são os mortos, mas não todos os mortos, mas apenas "aqueles que morrem no Senhor."
Estreito é o caminho que conduz à vida eterna, e são poucos os que andam por ele.
Assim disse Jesus Cristo.
Nem todos os que parecem ramos são ramos da videira verdadeira.
A seiva da vida que é experimentada enquanto estamos neste mundo é a mesma seiva espiritual que nos manterá vivos em espírito na presença de Deus, depois que deixarmos este corpo de carne e osso.
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Aqueles que morrem em Cristo são bem-aventurados porque serão consolados, recompensados, e descansarão de todas as suas obras neste mundo.
O que faz com que tudo aqui se torne trabalhoso e difícil é o pecado, a oposição de Satanás e do mundo e o peso da nossa velha natureza.
A vida do cristão fiel é uma vida de muita luta e trabalho.
Mas quando morre no Senhor, descansa dos seus labores.
A oposição de Satanás e a luta com o pecado, cessa, e um viver plenamente abençoado e venturoso começa.
Partir e estar com Cristo é estar para sempre livre de toda forma de luta e tribulação.
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O Perigo da Interpretação Fora de Contexto
“1Co 2:4 A minha palavra e a minha pregação não consistiram em linguagem persuasiva de sabedoria, mas em demonstração do Espírito e de poder,
1Co 2:5 para que a vossa fé não se apoiasse em sabedoria humana, e sim no poder de Deus.”
Lembro-me ainda hoje das palavras de um dos meus professores de teologia, Pr Israel Moreira, na década de 80, que sempre dizia que interpretação fora de contexto é para servir de pretexto.
Ele o dizia com muita propriedade porque é justamente o que sucede, seja por ignorância, seja para fins escusos.
Por exemplo: não raro as palavras do apóstolo Paulo em nosso texto, são usadas por muitos para justificarem a não necessidade de se aplicar ao estudo da Palavra de Deus, porque, segundo eles, somente é necessário agir como o apóstolo, que sempre fazia demonstrações do poder do Espírito Santo em todas as suas pregações.
Num outro texto, intitulado “Prescrevendo Apenas o Remédio”, expusemos a interpretação desta afirmação de Paulo no seu respectivo contexto imediato (I Coríntios 2.1-8).
Agora, gostaríamos apenas de enforcar que não podemos esquecer que na mesma epístola que dirigiu aos Coríntios, o apóstolo estava
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justamente combatendo o mau uso dos dons sobrenaturais do Espírito Santo, e enfatizou a necessidade absoluta de ordem e decência em tudo o que se fizesse na Igreja de Cristo, e apontou o caminho sobremodo excelente do amor, como sendo a prioridade número para a fé e prática de todos os cristãos.
Ele combateu os desvios de comportamento e afirmou a necessidade de santificação pela Palavra de Deus, em todos os deveres que são nela ordenados.
O poder do Espírito Santo acompanha sempre a prática da Palavra do Senhor.
Jesus disse aos saduceus que eles erravam por não conhecerem a ambos.
Não somos portanto desobrigados por Deus de um viver segundo a Sua Palavra, a pretexto de bastar-nos ter o poder do Espírito Santo.
Ninguém é menos cristão por não profetizar, por não falar em outras línguas, por não ter dons de curar, ou qualquer outro dom espiritual, que a par de muito importantes são adventícios, não estão ligados à nossa nova natureza, e haverão de desaparecer, enquanto o amor permanecerá para sempre.
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Não Há Bondade Como a de Deus
Em Rom 1.18 a 21 lemos:
A ira de Deus se revela do céu contra toda impiedade e perversão dos homens que detêm a verdade pela injustiça; porquanto o que de Deus se pode conhecer é manifesto entre eles, porque Deus lhes manifestou. Porque os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder, como também a sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas. Tais homens são, por isso, indesculpáveis; porquanto, tendo conhecimento de Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças; antes, se tornaram nulos em seus próprios raciocínios, obscurecendo-se-lhes o coração insensato.
Nesta porção das Escrituras, o Espírito Santo, falou pela boca do apóstolo Paulo, nos versículos 20 e 21 qual é o motivo de Deus se irar contra os homens ímpios, a saber: eles não glorificam a Deus e nem são gratos a Ele, por tudo que percebem dos Seus atributos invisíveis e do Seu eterno poder, desde o princípio do mundo, atributos e poder estes que podem ser observados através das coisas que Deus criou.
Veja que o texto fala de atributos e de poder.
E nisto destacamos especialmente o amor, a misericórdia, a paciência, a longanimidade, a graça, a onipotência, e todos os demais atributos correlatos a estes, que fazem com que Deus seja
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bom até mesmo para com pecadores como são todos os homens.
Afinal, não há um único justo sequer no mundo, desde que o primeiro homem pecou e virou as costas para o Senhor.
Deus seria totalmente justo caso julgasse e mantivesse a todos os homens do mundo, e de todas as épocas, debaixo das sucessivas manifestações do Seu desagrado e ira contra tal ingratidão e falta de glorificação do Senhor por causa da falta de um procedimento santo em suas vidas.
Todavia, não somente é longânime Ele próprio com todos os homens, como também ordena aos que se tornaram Seus filhos por meio da fé em Jesus Cristo, que O imitem especialmente nos seus atributos de amor e de misericórdia, amando o próximo como a si mesmos. Como? Deus ordena que aqueles que Lhe são gratos e que o glorificam, amem os Seus inimigos? Sim. Ele ordena que se dê alimento e bebida para matar a fome e a sede de quem persegue os que andam retamente? Sim. Porventura não o registrou em Sua Palavra?
Agora, veja que o argumento bíblico diz que isto tem o propósito de tornar tais pessoas ingratas e irreverentes, indesculpáveis no dia do grande Juízo de Deus.
E não serão indesculpáveis por causa de uma única manifestação de bondade para com elas em face de todo o mal que praticam.
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Serão indesculpáveis, porque, na verdade, Deus lhes tem dado um longo tempo para se arrependerem e se converterem em face de toda a bondade e longanimidade, que não apenas Ele, como todos os Seus filhos amados, têm demonstrado por elas por toda e uma longa vida na terra. E são mais indesculpáveis ainda, porque o que se lhes pede para que tal quadro seja alterado, é que simplesmente reconheçam a sua iniquidade e que confiem em Jesus Cristo para ser o Senhor e Salvador de suas vidas.
Tudo o que fizeram de mau, e por um longo tempo, lhes seria perdoado instantaneamente, no momento mesmo em que se convertessem a Deus. Todavia, como não se arrependem, não se convertem, não são gratos a Deus e nem o glorificam, então, apesar dEle não desistir de continuar sendo bom para com eles, não poderá ter qualquer amor de intimidade e comunhão com os tais, e nada poderá fazer, por causa da sua incredulidade, senão deixá-los entregues a si mesmos, e isto fará com que aumentem ainda mais a sua cota de pecados contra os céus e contra Deus.
Olhem para o ministério de Jesus aqui na terra, conforme o relato dos evangelhos. Por acaso não mostrou tal amor, bondade, misericórdia e poder de curar, até mesmo a ingratos e maus? Ele revelou em pessoa, que o caráter do evangelho é realmente o de misericórdia, perdão, amor e bondade, para com todos os pecadores. E isto está sendo manifestado no
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mundo, desde então, até agora, e até o último instante da vida de cada pessoa que tem passado por aqui. Ora, em face de tudo isto, o que devemos pensar, quanto ao juízo eterno de fogo a que ficarão sujeitos todos os que permanecem ingratos e maus, perante o Senhor, e perante o seu próximo?
Haverá porventura qualquer injustiça ou maldade da parte de Deus nisto?
Todos os males que tais pessoas praticam e têm praticado, é a melhor resposta para esta pergunta.
Portanto, os que são do Senhor, devem continuar na prática do bem, inclusive para com os seus muitos ofensores, porque, afinal, há um Deus poderoso e amoroso que cuida deles e haverá de cuidar por toda a eternidade, ainda que os ímpios não se arrependam e se convertam de todos os males que praticam contra eles. Lembremos sempre, nas perseguições que sofremos, das seguintes palavras proferidas pelo apóstolo Pedro, em I Pe 3.13-17:
Ora, quem é que vos há de maltratar, se fordes zelosos do que é bom? Mas, ainda que venhais a sofrer por causa da justiça, bem-aventurados sois. Não vos amedronteis, portanto, com as suas ameaças, nem fiqueis alarmados; antes, santificai a Cristo, como Senhor, em vosso coração, estando sempre preparados para responder a todo aquele que vos pedir razão da esperança que há em vós, fazendo-o, todavia,
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com mansidão e temor, com boa consciência, de modo que, naquilo em que falam contra vós outros, fiquem envergonhados os que difamam o vosso bom procedimento em Cristo, porque, se for da vontade de Deus, é melhor que sofrais por praticardes o que é bom do que praticando o mal.
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Escrito na Mente e no Coração
Quando lemos o Sermão do Monte, em Mateus 5 a 7, costumamos pensar que estamos diante de um novo código de leis, que nos foram dadas por Jesus Cristo para cumprirmos em complemento aos mandamentos da Lei de Moisés.
Todavia, a intenção de nosso Senhor Jesus Cristo não foi esta, mas a de revelar quais são as características pessoais e circunstâncias que acompanharão aqueles que foram tornados cidadãos do reino dos céus, por meio da fé nEle, e por terem nascido de novo do Espírito Santo.
Ali está descrito sobretudo, quais são as atitudes, pensamentos, ações e o programa de vida de um cristão amadurecido.
Dizemos amadurecido, porque ninguém amará seus inimigos, perdoará seus ofensores, orará pelo bem dos que lhe perseguem, e bendirá os que lhe amaldiçoam, ou ainda, não reclamará o que se considera seus direitos legítimos quando sofrer injustiças, caso não tenha feito progresso no crescimento na fé, na graça e no conhecimento pessoal de Jesus Cristo, sendo e agindo como o Seu Mestre.
A glória de Deus é ser amoroso, misericordioso, longânimo, bondoso, perdoador, para com todos, inclusive para com os piores pecadores.
E assim como Ele é, importa que sejam aqueles que se tornaram seus filhos amados, por meio da fé em Cristo.
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Então o Senhor delineou no Sermão do Monte, quais são as características essenciais que estarão presentes naqueles que se converterem a Ele, como resultado do fruto do Espírito Santo, que operou neles a regeneração (novo nascimento espiritual) e a santificação (mortificação das obras da carne e revestimento das suas virtudes divinas). Cristãos amadurecidos não são dominados por amarguras, iras, contendas, gritarias, glutonarias, e todas as demais obras da carne que são nomeadas na Bíblia.
Cristãos amadurecidos são longânimos, como Deus é completamente longânimo. São amorosos, como Deus é amoroso. São misericordiosos, como Deus é misericordioso. Não são legalistas, moralistas, acusadores, mas promotores do amor, da paz, do perdão, da oferta da justiça de Cristo para a justificação dos que se encontram presos às amarras do pecado. São tardios para se irar e para falar, e prontos para ouvir, porque sabem que a ira do homem não promove a justiça de Deus, mesmo quando esta ira é motivada pela defesa dos princípios de Deus contra o pecado.
A propósito, era justamente isto o que Tiago queria ensinar quando escreveu a epístola que leva o Seu nome. Ele indicou a necessidade de se aprender a ser paciente e longânime, debaixo das mais variadas provações, porque estas visam ao aperfeiçoamento espiritual do cristão, para que seja conformado ao caráter amoroso,
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longânime, bondoso e paciente do próprio Deus. Não estava portanto escrevendo uma cartilha de bons modos, ou de procedimentos sociológicos e psicológicos para sermos bem sucedidos em possíveis demandas e disputas com o nosso próximo, por nos mantermos serenos e calados.
O que ele tinha em foco, tal como o Seu Senhor no Sermão do Monte, era muito mais profundo e significativo do que isto. A semelhança com Jesus Cristo em tudo. Este é o alvo principal. A vida de Cristo manifestada no comportamento do cristão. Este é o ponto central. E isto não é obtido por mero conhecimento intelectual da vontade revelada de Deus nas Escrituras. Tem a ver com experiências reais transformadoras da graça de Jesus, do poder do Espírito Santo, dando-nos um novo coração e um crescimento progressivo na obtenção das virtudes espirituais do próprio Deus.
Foi para esta exata imagem e semelhança com o caráter santo de Deus que o homem foi criado por Ele. De modo que saberemos que temos sido aperfeiçoados em tal caráter, quando virmos as realidades afirmadas no Novo Testamento, sendo implantadas no nosso viver diário, especialmente pela forma como agimos nas situações que nos são adversas. Então temos estas leis, se é assim que devemos considerá-las (porque são inscritas por Deus na nossa mente e coração, ou seja, farão parte da nova natureza recebida pela fé), como as leis principais que devemos observar e praticar: a do amor a Deus,
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à Sua Palavra e ao próximo; a da paciência na tribulação; a da longanimidade na provocação; a da fé e do ânimo constante nas aflições; a da mansidão, da paz de mente e coração nas perturbações.
Na verdade, nada disto se obtém por uma simples vontade de cumprir a lei ou o mandamento, mas por uma andar constante no Espírito Santo, debaixo de um temor e amor real a Cristo.
Gál 5:16-25:
Digo, porém: andai no Espírito e jamais satisfareis à concupiscência da carne. Porque a carne milita contra o Espírito, e o Espírito, contra a carne, porque são opostos entre si; para que não façais o que, porventura, seja do vosso querer. Mas, se sois guiados pelo Espírito, não estais sob a lei. Ora, as obras da carne são conhecidas e são: prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias, ciúmes, iras, discórdias, dissensões, facções, invejas, bebedices, glutonarias e coisas semelhantes a estas, a respeito das quais eu vos declaro, como já, outrora, vos preveni, que não herdarão o reino de Deus os que tais coisas praticam. Mas o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio. Contra estas coisas não há lei. E os que são de Cristo Jesus crucificaram a carne, com as suas paixões e concupiscências. Se vivemos no Espírito, andemos também no Espírito.
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Santificação não é Justificação
A santidade é imanente em Deus porque Ele é santo em si mesmo. Isto é, Ele é santo em Sua própria natureza. A santidade é o estado mesmo da Sua natureza.
Nós dizemos que esta santidade é evangélica porque ela é o resultado da nossa fé no evangelho, e é infundida em nós no trabalho do Espírito Santo tanto na regeneração quanto no processo progressivo da santificação.
Na epístola aos Romanos Paulo discorre no sexto capítulo sobre o dever da santificação, que é um trabalho diferente da justificação e que deve se seguir a ela, e então aqui ele destaca a necessidade das obras juntamente com a fé e o trabalho da graça, para a santificação:
“12 Não reine, portanto, o pecado em vosso corpo mortal, para obedecerdes às suas concupiscências;
13 nem tampouco apresenteis os vossos membros ao pecado como instrumentos de iniquidade; mas apresentai-vos a Deus, como redivivos dentre os mortos, e os vossos membros a Deus, como instrumentos de justiça.
14 Pois o pecado não terá domínio sobre vós, porquanto não estais debaixo da lei, mas debaixo da graça.
15 Pois quê? Havemos de pecar porque não estamos debaixo da lei, mas debaixo da graça? De modo nenhum.
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16 Não sabeis que daquele a quem vos apresentais como servos para lhe obedecer, sois servos desse mesmo a quem obedeceis, seja do pecado para a morte, ou da obediência para a justiça?
17 Mas graças a Deus que, embora tendo sido servos do pecado, obedecestes de coração à forma de doutrina a que fostes entregues;
18 e libertos do pecado, fostes feitos servos da justiça.
19 Falo como homem, por causa da fraqueza da vossa carne. Pois assim como apresentastes os vossos membros como servos da impureza e da iniquidade para iniquidade, assim apresentai agora os vossos membros como servos da justiça para santificação..” (Rom 6.12-19).
Em toda esta passagem ele está falando de santificação e não de justificação, e demonstra claramente que além da justiça de Cristo que nos foi imputada, atribuída para justificação, nós precisamos desta justiça que é infundida, implantada pelo trabalho progressivo do Espírito Santo, no qual há também o concurso das nossas obras de justiça, sem as quais não haverá nenhum trabalho da graça em santificação, porque esta graça será derramada por Deus conforme a nossa disposição em obedecer a Sua vontade, e que o apóstolo define pela expressão de apresentar nossos membros a Deus para serem usados por Ele para o fim da nossa santificação.
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Prescrevendo Apenas o Remédio
É de se supor que o médico tenha estudado profundamente os tratados de medicina, e que se mantenha atualizado em suas leituras, para que possa exercer adequadamente a sua profissão.
Todavia, não se espera o mesmo dos seus pacientes.
Isto se aplica ao estudo de todas as demais áreas do saber humano, especialmente no que tange à formação profissional.
Não se deve esperar menos daqueles que são chamados por Deus para o exercício do ministério da Sua Palavra.
Como seriam bons ministros sem conhecê-la da forma pela qual convém ser conhecida?
Por isso deles se espera que sejam aplicados no estudo da Bíblia e de tudo o mais que se refira ao exercício do seu ministério.
Contudo, como no respeita aos ofícios seculares, não seria de se esperar o mesmo dos cristãos que foram chamados para estarem sob o ministério destes que foram constituídos bispos de suas almas (Atos 20.28).
Por isso nos diz o apóstolo Paulo que não usava de sublimidade das palavras e nem da sabedoria humana que ele bem conhecia, na ministração do evangelho.
Afinal o médico apenas diagnostica o mal e prescreve o remédio, mas não exige do doente o
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conhecimento de todos os fundamentos da ação que ele bem conhece.
Mas, quando reunido com outros médicos, sente-se à vontade para trocar informações sobre aquelas coisas que aprendeu por longo tempo e com muita dedicação.
E isto também fazia o apóstolo, quando se encontrava entre outros mestres do evangelho como ele.
Peçamos então sabedoria a Deus para ministrarmos o evangelho, sem nos valermos de especulações filosóficas, argumentos persuasivos humanos, ou qualquer outro expediente no qual o foco fosse a mera exposição do nosso conhecimento, e não o esforço para conduzirmos pessoas a terem um encontro pessoal com Cristo.
“1Co 2:1 Eu, irmãos, quando fui ter convosco, anunciando-vos o testemunho de Deus, não o fiz com ostentação de linguagem ou de sabedoria.
1Co 2:2 Porque decidi nada saber entre vós, senão a Jesus Cristo e este crucificado.
1Co 2:3 E foi em fraqueza, temor e grande tremor que eu estive entre vós.
1Co 2:4 A minha palavra e a minha pregação não consistiram em linguagem persuasiva de sabedoria, mas em demonstração do Espírito e de poder,
1Co 2:5 para que a vossa fé não se apoiasse em sabedoria humana, e sim no poder de Deus.
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1Co 2:6 Entretanto, expomos sabedoria entre os experimentados; não, porém, a sabedoria deste século, nem a dos poderosos desta época, que se reduzem a nada;
1Co 2:7 mas falamos a sabedoria de Deus em mistério, outrora oculta, a qual Deus preordenou desde a eternidade para a nossa glória;
1Co 2:8 sabedoria essa que nenhum dos poderosos deste século conheceu; porque, se a tivessem conhecido, jamais teriam crucificado o Senhor da glória;” (I Coríntios 2.1-8)
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Julga com Amor Segundo a Reta Justiça
Quando recebemos palavras de crítica ácida contra as coisas que escrevemos, temos a oportunidade de reavaliar a forma como temos apresentado a verdade, para que não deixemos lacunas que possam ser mal interpretadas, e induzirmos, involuntariamente, alguma (s) pessoas (as) a um julgamento errado.
Por isso temos sempre falado da morte de Jesus Cristo para a cobertura do pecado, e transformação de vidas, o que está disponível a todos pela graça e misericórdia de Deus.
Mas, quando apresentamos um texto, como o que destacamos abaixo, intitulado “Deus Será Glorificado ao Julgar o Mal”, sobre o juízo de Deus sobre a maldade, daqueles que não se arrependerem de viver na sua prática, e quando lido, isoladamente, sem que se tenha alguma noção do conjunto de escritos que temos postado, é possível que ocorra o que citamos no primeiro parágrafo.
Longe de nós servir de pedra de tropeço para quem quer que seja, porque almas são muito preciosas para Deus, a ponto de ter morrido na cruz na pessoa de Seu filho amado, para nos resgatar da condenação eterna.
Isto vemos em textos como o de João, no qual Jesus diz as seguintes palavras:
“João 5:24 Em verdade, em verdade vos digo: quem ouve a minha palavra e crê naquele que
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me enviou tem a vida eterna, não entra em juízo, mas passou da morte para a vida.
João 5:25 Em verdade, em verdade vos digo que vem a hora e já chegou, em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus; e os que a ouvirem viverão.
João 5:26 Porque assim como o Pai tem vida em si mesmo, também concedeu ao Filho ter vida em si mesmo.
João 5:27 E lhe deu autoridade para julgar, porque é o Filho do Homem.
João 5:28 Não vos maravilheis disto, porque vem a hora em que todos os que se acham nos túmulos ouvirão a sua voz e sairão:
João 5:29 os que tiverem feito o bem, para a ressurreição da vida; e os que tiverem praticado o mal, para a ressurreição do juízo.”
Ao lermos estas palavras nos disporíamos a chamar a Bíblia de “livrinho maldito”, conforme alguns costumam fazer?
Que os que a amam são pessoas de mente estreita e escravizadas que necessitam de libertação?
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Deus Será Glorificado ao Julgar o Mal
Quando o rei Ciro conquistou Babilônia, foi aplaudido pelo próprio povo babilônico, porque já não suportavam mais a tirania do rei deles.
Quanto maior louvor nosso Senhor Jesus Cristo receberá da parte daqueles que amam a justiça, quando o virem retornando a este mundo com poder e grande glória para subjugar a todos os tiranos.
Quão grande conforto será isto para nós, quanto a todas as injustiças e tribulações que aqui sofremos.
Deus permite que o mal impere por algum tempo na Terra, porque isto trará grande honra e glória ao Seu nome quando daqui desarraigar os ímpios, para estabelecer para sempre o Seu reino de justiça e paz.
São vários os registros bíblicos que afirmam esta verdade, especialmente nos Salmos e Profetas.
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Como Saber se Sou Abençoado por Deus?
Muitos declaram serem íntimos e amados de Deus, pela apresentação como evidência dessa intimidade e amor, a sua riqueza, fama, saúde perfeita, e toda sorte de bens terrenos que possuem, e que afirmam terem recebido de Deus, em razão do referido amor.
Todavia, não têm nenhuma outra evidência para apresentarem.
Outros há, em não tão grande número como os do primeiro grupo, que apresentam como evidência de serem amados, a paciência e paz sobrenatural que recebem para enfrentarem as suas muitas tribulações, perdas e aflições.
E se regozijam pelo fato de terem a graça de Deus acompanhando todo o curso de suas vidas, dando-lhes a capacidade de estarem contentes em toda e qualquer situação, com gratidão ao Senhor em seus corações.
Esta satisfação não depende das coisas que possuam ou não possuam, porque estão sempre alegres no Senhor, em razão do poder que o Espírito Santo lhes supre.
Identificados os dois grupos, qual deles você acha que possui a melhor e maior evidência do amor de Deus?
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O Espírito de Mártir
Se alguém não for dotado deste espírito não poderá ser bombeiro, guarda-costas, ou exercer qualquer outra profissão que demande o risco de perder a nossa própria vida, para que outros possam ser salvos.
Deste mesmo espírito está dotado todo cristão autêntico, e é o Espírito Santo que o impulsiona a isto, e assim se dispõe a dar a própria vida, se necessário for, para que outros possam ser salvos por Cristo.
Quando os mártires morriam nos primeiros dias do evangelho, pregados em cruzes, ou sendo entregues aos leões, isto sucedia porque não recuavam no testemunho que davam de Cristo, porque sem o referido testemunho não é possível haver salvação.
Ofereciam suas vidas como holocausto por amor a Deus e ao próximo.
Eram ofertas de amor inclusive pelos seus próprios algozes, porque também eram necessitados de salvação.
A propósito o significado da palavra mártir no original grego, significa dar testemunho mesmo em presença da morte.
Jesus derramou o seu sangue na cruz por amor de nós, e de igual modo, o sangue dos mártires dá testemunho deste mesmo amor de Cristo que neles habita.
Não dão, portanto, testemunho do evangelho, para fazer prevalecer uma determinada
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religião, mas o fazem por amor às almas perdidas, necessitadas de salvação.
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Mais do que Lei de Diamante
Foi de tão grande significado e alegria a lei que decretou a libertação dos escravos, que ela foi chamada de Lei Áurea, ou seja, lei de ouro.
Agora, como deveria ser classificada a lei de Deus que decretou a nossa libertação do cativeiro ao pecado e aos espíritos das trevas?
Lei de diamante?
Não. Seria muito pouco.
Afinal, trata-se de um decreto que pôde ser promulgado somente em razão de Jesus Cristo ter pago o preço exigido pela justiça divina, morrendo por nós na cruz, carregando sobre Si os nossos pecados e culpa.
E quanto vale a vida de Jesus?
A vida de um Deus eterno, amoroso e infinito?
O nosso cativeiro ao pecado acabou naquela morte de cruz.
Por isso a mensagem desta lei de libertação é chamada de evangelho, que vem do original grego do Novo Testamento, “euanguelion”, que literalmente traduzido significa anúncio de coisas boas.
E quão boas são estas coisas que nos estão sendo anunciadas, e também oferecidas, relativamente à pessoa de nosso Senhor Jesus Cristo, e Sua obra em favor da humanidade, e que carregam em si a força do mandamento que produz em nós a libertação que nos transporta das trevas para a luz.
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Na verdade não são apenas coisas muito boas, são maravilhosas, miraculosas, misericordiosas, gloriosas.
Têm a ver com a coisa impossível a qualquer pessoa, e que está sendo oferecida e realizada em Jesus Cristo.
Mudança de natureza? Não conheço nenhuma, senão da metamorfose da lagarta em borboleta.
Morre a lagarta e nasce a borboleta.
Mas isto sucede no plano natural. Lagartas não necessitam de salvação.
Este não é o caso de todas as pessoas, que se encontram debaixo de uma terrível condenação.
A condenação eterna por Deus, em razão do pecado que reina absoluto na nossa natureza.
Se não for destronado pelo poder de Jesus Cristo, este rei perverso... Pecado, permanecerá no seu trono.
O trono do nosso coração perdido e desesperado.
Então, quando soou a notícia, que tinha vindo ao mundo, o Rei dos reis, e o Senhor dos senhores, o pecado tremeu e gemeu, sabia que os seus dias de governo já estavam contados.
Ah amado Jesus! Muito obrigado! Por ter morrido na cruz, para matar em Si mesmo a nossa natureza terrena pecaminosa, e nos tornar participantes da Sua natureza divina, para podermos ser reconciliados com Deus.
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O Plano é Perfeito Embora Sejamos Imperfeitos
Muitos pensam que Deus errou ao ter criado o homem, porque a perfeição moral original que existiu no primeiro casal foi perdida, e a maior parte da humanidade tem sempre sido desobediente a Deus e aos Seus mandamentos.
Como um Deus perfeito e Todo-Poderoso criaria seres que poderiam vir a se tornar imperfeitos?
Primeiro os anjos que caíram juntamente com Satanás, transformando-se em demônios, e depois o homem na terra, que passou a ser pecador.
Todavia, a queda no pecado, que conduz a um viver contrário ao de Deus, e à não subordinação à Sua vontade, comprova, por si só, que o Criador deu à criatura moral a liberdade de escolher o seu destino, de imitá-lO ou não, de amá-lO ou não, de servi-lO ou o contrário, enfim, de caminhar rumo à perfeição, ou à destruição.
No que tange à humanidade, que foi totalmente encerrada no pecado, isto ensejou que Deus pudesse manifestar a grandeza do Seu amor, misericórdia e perdão, que tem estendido a todos, sem qualquer exceção, que se arrependem desta condição de escravidão ao pecado, para serem libertados e reconciliados com Ele por meio da fé em Jesus.
O amor e a misericórdia de Deus não são meros sentimentos de empatia e compaixão por seres
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que se tornaram de nenhum valor para ele, e que viviam somente para os seus próprios prazeres egoístas, indiferentes à Sua Pessoa e vontade, e agindo como seus inimigos.
A extensão disto não pode ser avaliada por nenhum de nós, senão somente pelo próprio Senhor, cujo julgamento e conhecimento do estado do nosso coração são perfeitos.
Contudo, podemos deduzir por nossos sentimentos, imaginações, ações e pensamentos o quanto estamos longe da santidade, bondade, amor, misericórdia, justiça e todos os demais atributos infinitos e perfeitos de Deus, o quão distante estamos de ser aquilo que Ele é em Sua própria natureza.
Desde que o pecado entrou no mundo todos os homens ficaram desprovidos da graça de Deus.
Esta é a razão de estarem caídos diante dEle.
Somente pela graça de Jesus é que poderão ser levantados e permanecerem firmes em Sua presença pela mesma graça que os levantou.
Mas tendo encerrado a todos debaixo da desobediência, Deus revelou qual era o Seu propósito de usar de misericórdia com todos, e demonstrou fartamente tanto a anjos quanto a homens o quanto é um Deus misericordioso.
Ele demonstrou com isto que não é bom somente para com aqueles que são perfeitos como Ele, mas para com todos os que desejam obedecer-Lhe, fazer Sua vontade e viver para Ele, ou seja, viverem segundo o propósito para o qual foram criados.
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Vemos portanto que não houve qualquer falha em Deus ou no Seu plano eterno de criar o homem para ser conforme à Sua própria imagem e semelhança.
Os que não buscam isto não frustram o plano da criação, porque Deus sabia desde o princípio que entre seres criados para serem livres, não seriam poucos os que escolheriam viver em escravidão à própria vontade e à dos inimigos da santidade de Deus.
Por outro lado, sabia também que seriam muitos, conforme se declara na Bíblia, que seriam pela verdade eterna que foi manifestada na pessoa de Jesus.
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Almas que Se Perdem e Almas que se Ganham
“Pois que aproveitará o homem se ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma? Ou que dará o homem em troca da sua alma?” (Mat 16:26)
Nosso Senhor Jesus Cristo proferiu estas palavras para afirmar o perigo que há na atitude de se negligenciar a necessidade de salvar a nossa alma, e se interessar apenas pelas coisas que são deste mundo.
Em todo o seu ensino, bem como em toda a Bíblia, somos alertados quanto a termos uma alma que pode ser perdida ou salva.
Então é muito importante que saibamos o real significado bíblico do que seja esta salvação.
É comum se pensar em salvação como sendo apenas o perdão dos pecados e o livramento da condenação do juízo futuro e do inferno.
Todavia, a salvação é muito mais do que isto, porque ela é o cumprimento do propósito de Deus, que Ele determinou antes mesmo da fundação do mundo, de formar para Si um povo santo, exclusivamente Seu, zeloso de boas obras de justiça; povo este que Ele chamaria do meio de pecadores, e que deveria portanto, ser justificado, regenerado, renovado e santificado.
A salvação não é apenas um ato que nos livra do juízo condenatório de Deus, mas um conjunto completo, tanto de declarações legais quanto de operações sobrenaturais para conduzir pecadores ao arrependimento e ao completo
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cumprimento de tudo o que Ele planejou para o povo que deu a Jesus Cristo, para que fosse livrado, lavado, purificado, santificado e aperfeiçoado por Ele.
A salvação é uma caminhada.
É algo que deve crescer diariamente.
Como a realização plena do plano divino.
Como um programa que está sendo desenvolvido na nossa vida pelo Espírito Santo até que cheguemos a ser maduros em nossa vida espiritual, de modo que sejamos úteis para os propósitos divinos.
Lembre-se que salvação não é apenas uma promessa de Deus para você de que irá para o céu um dia, depois da morte, mas que é também o viver a vida de Cristo aqui na terra, porque o reino de Deus já está entre nós e em nós.
E que esta salvação é inteiramente por graça e mediante a fé em Jesus.
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Células Espirituais que Vivem
As células que compõem um organismo complexo são individuais, mas não teriam vida caso fossem isoladas umas das outras.
O mesmo sucede com as pessoas que fazem parte do Corpo de Cristo.
Foram criadas por Deus como indivíduos, mas não para a independência ou individualidade.
São células vivas de um corpo vivo que demanda que estejam ligadas em unidade umas às outras.
Jesus é a cabeça que comanda este corpo, e quem o gera e mantém em vida.
Como acerca disso se referiu o apóstolo Paulo em I Cor 1.30:
“Mas vós sois dele, em Cristo Jesus, o qual se nos tornou, da parte de Deus, sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção.”
Além de sabedoria, santificação e redenção, é afirmado também no texto que nosso Senhor se tornou justiça, da parte de Deus, para nós.
Esta justiça que o próprio Senhor Jesus se tornaria para os cristãos foi prometida por Deus e profetizada no Velho Testamento, especialmente pelo profeta Isaías.
E o propósito de tal justiça tem a ver principalmente com a nossa salvação.
Deus Pai tem oferecido livre e gratuitamente a justiça de Seu Filho, para a salvação de todo aquele que nEle crê.
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Não há nenhum outro modo ou possibilidade de salvação a não ser por este modo que foi determinado por Deus Pai.
É pela aceitação desta justiça que há em nosso Senhor Jesus Cristo, que uma pessoa é salva.
Qualquer outro meio no qual se confie para a salvação, manterá a pessoa tão perdida quanto se encontrava antes, porque Deus somente perdoará e receberá como seus filhos àqueles que receberam a Cristo para ser a justiça deles.
Por isso o fim da própria lei é Cristo, para justiça de todo aquele que crê.
Deus somente fica satisfeito quando aceitamos esta justiça que Ele está nos oferecendo.
E nós, quando cremos, ficamos também plenamente satisfeitos, e não gostaríamos de ser salvos por nenhum outro modo, senão, que reconhecemos que não há qualquer justiça própria em nós que nos recomende a Deus, pois estamos cheios de pecados e que, portanto, Cristo nos satisfaz plenamente, e Lhe amamos muito, e Lhe somos muito gratos por nos ter justificado somente pela Sua graça e mediante a fé.
É somente pelo novo nascimento sobrenatural por meio do Espírito Santo, que somos gerados células espirituais para viverem no corpo de Cristo.
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A Esperança que Nunca Morre
Há um dito popular que afirma que há solução para tudo, menos para a morte.
Entretanto, a maior solução que existe é justamente a para a morte, porque foi preparada por Deus desde antes da fundação do mundo.
Antes que houvesse o sol, a lua, as estrelas, o homem, esta solução havia sido adrede preparada.
A única solução eficaz para a morte é simplesmente ouvir a voz de Cristo, como Ele mesmo o tem afirmado:
“João 5:25 Em verdade, em verdade vos digo que vem a hora e já chegou, em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus; e os que a ouvirem viverão.
João 5:26 Porque assim como o Pai tem vida em si mesmo, também concedeu ao Filho ter vida em si mesmo.
João 5:27 E lhe deu autoridade para julgar, porque é o Filho do Homem.
João 5:28 Não vos maravilheis disto, porque vem a hora em que todos os que se acham nos túmulos ouvirão a sua voz e sairão:
João 5:29 os que tiverem feito o bem, para a ressurreição da vida; e os que tiverem praticado o mal, para a ressurreição do juízo.”
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É portanto algo muito esperançoso que mortos ouçam a voz do Senhor e se tornem vivos.
Isto é feito pela pregação do evangelho.
Esteja morto em delitos e pecados, nas trevas da incredulidade, ou então morto espiritualmente, por ter se afastado de Deus depois de ter recebido a vida de Cristo, não importa, é o mesmo poder do Espírito Santo que vivificará tanto a um quanto ao outro, pela simples fé no senhorio de Cristo.
Foi muita misericórdia da parte de Deus, ter dado ao homem a possibilidade de ouvir a voz de Cristo para a salvação, apesar de toda a humanidade que está sem Cristo, se encontrar naturalmente morta em espírito, corrompida na alma e com um corpo físico que caminha para a morte e que está sujeito a tantas fraquezas e enfermidades.
Como podem os mortos ouvirem a mensagem do evangelho pregada no poder do Espírito, e responderem ao convite da salvação, ninguém sabe, mas sabemos que isto é certamente concedido pelo poder do Deus Altíssimo.
“Ef 2:1 Ele vos deu vida, estando vós mortos nos vossos delitos e pecados,
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Ef 2:2 nos quais andastes outrora, segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe da potestade do ar, do espírito que agora atua nos filhos da desobediência;
Ef 2:3 entre os quais também todos nós andamos outrora, segundo as inclinações da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos, por natureza, filhos da ira, como também os demais.
Ef 2:4 Mas Deus, sendo rico em misericórdia, por causa do grande amor com que nos amou,
Ef 2:5 e estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cristo, —pela graça sois salvos,” (Efésios 2.1-5)
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Viver Pela Fé
“Eis o soberbo! Sua alma não é reta nele; mas o justo viverá pela sua fé.” (Hab 2:4)
Esta foi a revelação que Deus fez ao profeta Habacuque em sua perplexidade em razão de que muitos morreriam em Israel sob o poder dos babilônios, e o restante do povo de Deus seria levado em cativeiro.
Onde, quando e como se cumpririam as boas promessas de paz e de vida da parte de Deus para Israel?
Habacuque não podia entendê-lo, até que lhe veio a resposta da parte do Senhor.
Vida e paz é algo que está associado à justiça divina, que é obtida por fé.
Aquele que a possui viverá para sempre, ainda que morra fisicamente.
É para este propósito que o pecador é justificado pela fé em Cristo.
Daí o apóstolo ter afirmado em Romanos 6:
“Oferecei-vos a Deus, como ressurretos dentre os mortos, e os vossos membros, a Deus, como instrumentos de justiça.”
“E, uma vez libertados do pecado, fostes feitos servos da justiça.”
Como Deus poderia se comprazer, se agradar de quem anda de modo contrário à verdade revelada nas Escrituras?
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Como poderia aprovar tal comportamento que é contrário à Sua vontade?
Por exemplo: o que Deus espera de uma mãe em relação a seus filhos, senão que seja exemplo para eles e lhes ensine a caminhar na justiça do evangelho.
Isto demandará sobretudo que os corrija, discipline e repreenda, segundo a doutrina da Palavra de Deus, com amor e longanimidade.
Em suma, ela deve se esforçar através da oração e do ensino, até ver Cristo formado neles.
Este é o principal aspecto da prática justiça que Deus espera ver numa mãe que é cristã.
O mesmo se aplica aos deveres dos esposos, dos filhos, dos líderes, dos servos.
O cristão não recua na fé para a perdição da alma.
Mas se diz que, Deus não se compraz nele, caso venha a recuar, ou seja, a não perseverar na prática da Palavra, pois foi justificado para ser justo, para viver pela fé na verdade e na justiça.
Daí nosso Senhor afirmar no Sermão do Monte que são bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça.
Estes são saciados por Deus em sua fome e sede para poderem viver segundo o padrão da justiça divina, revelada no Evangelho.
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A Mensagem Central do Evangelho
O apóstolo Paulo afirma em Romanos 1.16,17 que é o evangelho o poder de Deus para a salvação de todo o que crê.
E por que somente o evangelho tem este poder de conduzir os que creem à salvação?
O apóstolo diz que isto decorre do fato de a justiça de Deus ser revelada no evangelho de fé em fé.
Devemos confiar então, que o evangelho verdadeiro é poderoso para salvar a nós pecadores, porque ao pregá-lo, Deus abrirá os olhos da fé dos que serão salvos para aceitarem e receberem a justiça que Ele está oferecendo gratuitamente.
Justiça esta que os salvará.
O próprio Senhor Jesus Cristo é a justiça que devemos receber para sermos justificados e salvos.
Por isso se diz nos profetas que é Ele que a nossa justiça.
Sendo chamado por Senhor Justiça Nossa no livro do profeta Jeremias.
É somente por se estar em Cristo pela fé, que alguém poderá ser salvo.
Porque este é o único modo de sermos participantes da Sua justiça que nos justifica.
A justiça prometida por Deus para a nossa justificação, e que passou a se manifestar na dispensação da graça, à qual Paulo chama de
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tempo presente, com a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo a este mundo para morrer na cruz, foi profetizada nas Escrituras do Velho Testamento, porque Paulo diz que ela foi testemunhada pela Lei e pelos profetas, modo comum de se designar as Escrituras no passado.
Esta justiça de Deus prometida seria manifestada sem lei, conforme dizer do apóstolo, isto é, ela não consistiria num novo conjunto de leis para serem observadas pelo povo da nova aliança, conforme havia se dado com Israel desde os dias de Moisés, mas num ato de justiça que seria cumprido por Cristo morrendo no lugar do pecador, carregando sobre Si todos os pecados deles, para que pudessem ser perdoados e justificados por Deus.
E isto seria feito também por um ato de pura graça para qualquer um que creia, sem qualquer distinção pessoal.
Deus deliberou que seria, na dispensação da graça, misericordioso para com as nossas transgressões e não lembraria dos nossos pecados, porque poderia nos perdoar completamente uma vez que castigaria o Seu próprio filho unigênito no lugar daqueles que viriam a crer nEle.
Estes que creem, e somente eles, podem receber o dom precioso da justiça divina, porque não serão apenas perdoados, mas completamente santificados.
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Por isso se diz que o Evangelho é o poder de Deus para a salvação de todo o que crê.
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Espiritualizar
Biblicamente falando, “espiritualizar” significa considerar todas as coisas à luz da direção e instrução do Espírito Santo.
Ou em outras palavras, conforme dizer do apóstolo Paulo, trata-se de seguir o pendor do Espírito Santo, ou seja, ser movido pelo Espírito em tudo o que se é e se faz na vida, sobretudo naquelas coisas relativas à nossa transformação pessoal à imagem de Cristo.
Isto consiste muito na mortificação do pecado para sermos cada vez mais revestidos das virtudes de nosso Senhor, geralmente definidas como fruto do Espírito Santo, segundo este é descrito em Gálatas 5.
O resultado desta espiritualização é portanto vida e paz (Rom 8.6-13).
Agora, qual é o risco que corremos quando deixamos de espiritualizar todas as coisas?
A resposta se encontra no próprio texto de Romanos citado anteriormente: o resultado é a morte espiritual das graças, dons e capacitações do Espírito Santo, nos que são cristãos, e a morte espiritual eterna nos que não têm o Espírito Santo, ou seja, o estado de condenação e de separação eterna de Deus.
Vamos então, para o nosso próprio bem, e para a alegria de Deus, espiritualizar sempre, conforme nos é ordenado na Bíblia.
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O Homem é Inimigo de Deus
Soa exagerado fazer a afirmação do nosso título.
Contudo, é isto que a Bíblia ensina quanto à condição de toda pessoa, quanto ao que se refere à sua natureza terrena.
Por que a inclinação da carne, isto é, da natureza humana decaída no pecado, é um estado permanente de inimizade contra Deus?
Depois de ter criado o primeiro homem, Deus plantou um jardim para ele, e o colocou no jardim, onde havia também plantado bem em seu meio, duas árvores excepcionais, a primeira, a árvore da vida, e a segunda, a árvore do conhecimento do bem e do mal.
Ambas representavam respectivamente, para o homem, a vida e a morte.
E este significado não foi removido, e jamais será removido, até que tudo se cumpra, porque Deus tem colocado diante de cada homem, tanto a possibilidade da vida quanto a da morte.
O homem, apesar de ter sido criado perfeito e bom, à semelhança do próprio Deus, sendo um agente moral livre, tende, tal como Adão fizera, a se inclinar para buscar governar e não a ser governado; a fazer valer a sua própria vontade e não a do Criador; a ser independente e não a criar laços eternos de amor; e assim agindo, se envereda por causa de suas atitudes e comportamento pelo caminho que conduz à morte espiritual (separação de Deus) e ao sofrimento.
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Deus não criou o homem para que ele viva para si mesmo, senão para o Seu Criador.
Não o criou para fazer a sua própria vontade, senão a do seu Senhor.
Isto não é um capricho, mas uma demanda da vida, porque não pode haver vida eterna a não ser na comunhão do homem com Deus, participando da Sua natureza divina.
Como pode o ramo viver separado do caule que deve sustentá-lo?
Somente em Cristo, poderá ser desfeito o nosso estado de inimizade latente contra Deus, conforme se ensina nas Escrituras, e comprovado na experiência real da nossa vida.
Rom 5:8 Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores.
Rom 5:9 Logo, muito mais agora, sendo justificados pelo seu sangue, seremos por ele salvos da ira.
Rom 5:10 Porque, se nós, quando inimigos, fomos reconciliados com Deus mediante a morte do seu Filho, muito mais, estando já reconciliados, seremos salvos pela sua vida;
Rom 5:11 e não apenas isto, mas também nos gloriamos em Deus por nosso Senhor Jesus Cristo, por intermédio de quem recebemos, agora, a reconciliação.
Tiago 4:4 Infiéis, não compreendeis que a amizade do mundo é inimiga de Deus? Aquele,
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pois, que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus.
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Porque Caminha Mal o Nosso Mundo
Semelhantemente vós, os mais moços, sede sujeitos aos mais velhos. E cingi-vos todos de humildade uns para com os outros, porque Deus resiste aos soberbos, mas aos humildes dá graça. (I Pe 5.5)
Note o enfoque que o apóstolo Pedro faz sobre a necessidade de submissão dos moços aos que são mais velhos.
Espera-se portanto que os que são maduros sejam um referencial de comportamento para os jovens.
Como não é lá muito o caso em nossa sociedade atual, quando até mesmo autoridades constituídas servem de mau exemplo de conduta, não se pode esperar um mundo muito diferente deste em que temos vivido, no qual imperam a violência, a pornografia, a corrupção e tantos outros males correlatos.
Há uma conivência com a prática do mal, inclusive por parte de pessoas que são consideradas as mais humildes entre o povo.
Então o jovem vai para o uso de drogas, para a prática de furtos e assassinatos, muitas vezes, no desespero de obter recursos para alimentar o seu vício.
O clamor público pela redução da idade da maioridade penal, e por uma maior ação repressiva das autoridades policiais e
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judiciárias, é feito como se fosse a solução final para a grave situação que vimos enfrentando.
Mas isto resolverá o problema que está instalado na própria forma de se conduzir da sociedade, que despreza em grande parte, os valores morais e espirituais, especialmente aqueles que são ordenados a todas as pessoas por Deus, na Bíblia?
Não estamos nos referindo à conversão a esta ou àquela religião, mas à prática do ensino do respeito e de todos os deveres relativos à educação, que eram tão apreciados no passado.
Enquanto a ganância dos que rodam a máquina da mídia, do entretenimento, e de todas as esferas com poder de mover a opinião pública, estiver imperando e crescendo na escalada em que nós temos testemunhado, não dá para ter qualquer fundamento para se crer em dias melhores, sem que tal quadro seja alterado.
Quando se aprova aquilo que Deus veementemente reprova, que esperança pode ter o mundo com sua cabeça elevada que se recusa a reconhecer o valor da humildade?
O caminho para ser elevado é ser humilde.
Humilde em relação a Deus e também humilde para com quem Ele tem determinado.
Humildade em submissão do jovem ao mais velho, dos filhos aos pais, da esposa ao marido, do empregado ao chefe, do cidadão às autoridades, e dando a cada um o que lhe é devido.
Feliz é aquele que em Cristo trilha este caminho.
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Dando honra a quem a honra é devida.
Porque é isto o que Deus requer para quem quer ver dias felizes e amar a vida.
Se a sociedade como um todo não se move por esta regra, nada impede que façamos a nossa parte.
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O Segredo da Frutificação
Está determinado aos cristãos que frutifiquem como um ramo da Videira Verdadeira, que é Jesus Cristo.
Mas o ramo não pode produzir fruto por si mesmo.
Ele deve receber primeiro a seiva da vida que procede da raiz.
Assim se dá com a vida espiritual em relação a Cristo.
Embora este princípio da santidade seja da mesma natureza em todos os cristãos, contudo, há graus distintos disto.
Porque em alguns é mais forte, vivo, vigoroso, e florescente; e em outros: mais fraco, inativo e indolente.
Este princípio operante de santidade nos vem pelo poder do Espírito Santo, mas é preservado, aumentado e fortalecido pelo cumprimento do dever em obediência, a Deus e à Sua Palavra, porque Ele determinou que deveríamos viver por nos exercitarmos nisto; e assim, é pela multiplicação destes atos e deveres que este hábito de santidade é mantido vivo.
O princípio vivo referido é mantido em operação, não pelo grau da nossa santificação, mas pelo nosso empenho em nos santificarmos, porque, como dissemos antes, há graus diferentes disto em todos os cristãos, e especialmente em razão da capacidade espiritual concedida a Deus a cada um.
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O que buscar achará.
O que se esforçar entrará.
O que pedir receberá.
Tudo vem do Senhor Jesus, quando se fala em santificação, mas nada obteremos caso não sejamos diligentes na oração, na meditação e prática da Palavra, e em todos os deveres que nos são ordenados por Deus.
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Não Havia o Mal no Princípio, na Criação
É muito incomum que as pessoas deem a devida consideração ao fato de que no princípio da criação não havia no primeiro casal que habitou o planeta, qualquer falha, impureza ou rebelião, conforme o testemunho das Escrituras.
Todavia, é de vital importância disso ter consciência porque, senão, se torna muito difícil para o homem pecador, conceber a idéia de que fora criado para ser perfeito, e sobretudo perfeito com a mesma santidade que existe em Deus, por participação direta da sua natureza divina.
Como há em todo homem, desde a queda de Adão, uma tendência em sua natureza para o mal, e se comportar de um modo que Deus até mesmo abomina, dificilmente alguém será livrado de tal condição, enquanto não reconhecer seu pecado e a real necessidade de libertação, e para isto necessitará do convencimento do pecado que é operado pelo Espírito Santo, para ser levado ao arrependimento que conduz à salvação.
Quando se mantém no esquecimento a verdade de que Deus criou o homem perfeito no princípio, é muito comum que se veja o homem se consentindo padrões de pensamento e de comportamento totalmente contrários a tudo quanto Deus havia planejado.
Contingentes imensos são conduzidos diariamente para o inferno, por causa da
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desconsideração desta verdade de que fomos criados para sermos perfeitos em santidade.
A negligência para com a nossa principal necessidade nos levará a não recorrer ao único remédio que pode nos curar do mal do pecado, a saber, o arrependimento e a fé em Jesus Cristo.
A fé nos levará a viver em união vital e espiritual com Ele, e é por meio desta união que seremos conduzidos à plena restauração, a qual começa aqui neste mundo, e que será perfeita no céu.
É necessário ter o início deste trabalho de santificação operando aqui na terra, para que possamos ter a certeza de que fomos salvos e de que seremos restaurados até a plena conformidade com o próprio Senhor Jesus Cristo, porque, afinal, fomos criados para a perfeição, sem qualquer pecado.
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A União que Dá Vida Eterna
Tudo e todos pertencem a Cristo conforme o desígnio de Deus Pai, que assim o decretara antes mesmo da fundação do mundo.
“porque nele foram criadas todas as coisas nos céus e na terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam potestades; tudo foi criado por ele e para ele.” (Colossenses 1.16)
Mas somente aqueles que são lavados de seus pecados no sangue de Cristo, são tornados filhos e herdeiros de Deus.
Isto porque a justiça de Deus exige que somente podem participar da sua natureza perfeita e santa, aqueles que forem semelhantes a Cristo.
Por isso, estes que participam da vida de Cristo, foram antes, justificados pelo perdão total de seus pecados.
São herdeiros de Deus e do próprio Cristo, porque são a sua herança assim como Cristo é também a herança deles.
E isto sucede porque agora já não são muitos mas apenas um com Cristo, assim como ele é um com o Pai e com o Espírito Santo.
Por isso o cristão deve viver agora para Aquele que o salvou e justificou.
Quem não tiver isto não está vivo mas morto espiritualmente, separado da natureza de Deus,
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porque é impossível ter vida espiritual e eterna fora do filho de Deus.
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Nossa Necessidade do Espírito Santo
“Mas eu vos digo a verdade: convém-vos que eu vá, porque, se eu não for, o Consolador não virá para vós outros; se, porém, eu for, eu vo-lo enviarei.
Quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo: do pecado, porque não creem em mim; da justiça, porque vou para o Pai, e não me vereis mais; do juízo, porque o príncipe deste mundo já está julgado. (Jo 16.7-11)
Quão difícil, na verdade impossível, que reconheçamos o que seja de fato o pecado
Por isso, o trabalho de convencimento do pecado, da justiça e do juízo, só pode ser realizado exclusivamente pelo Espírito Santo, conforme nosso Senhor Jesus Cristo havia ensinado aos apóstolois.
Sem tal trabalho do Espírito, o homem não pode entender o verdadeiro significado do pecado, e da justiça e do juízo de Deus.
O verbo convencer do texto, que designa o trabalho do Espírito, é elégko, no original grego, e este verbo possui vários sentidos correlatos, como se pode ver em outras passagens do NT, como por exemplo, o de: Arguir, acusar, convencer, reprovar e repreender.
Vemos assim que nosso Senhor poderia ter dito que o Espírito Santo convenceria, arguiria, acusaria, reprovaria e repreenderia o mundo
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por causa do pecado, e da justiça e do juízo de Deus.
De fato, qualquer pessoa somente pode se sentir reprovada, repreendida, arguida, acusada, e convencida do que é o pecado, ou seja, da sua natureza pecaminosa decaída, que é inimiga de Deus, quando o Espírito Santo a conduz a isto.
É pela rejeição da justiça de Cristo que está sendo gratuitamente oferecida que se cumpre o juízo de Deus.
Mas é pela recepção dela que se sobe para o céu tal como nosso Senhor foi para lá.
Por isso nosso Senhor define a nossa natureza pecaminosa como sendo uma condição de incredulidade nEle.
Pois o pecador resiste Em razão de sua natureza, ao trabalho do Espírito.
Não quer vir a Cristo para ser salvo de tal condição e receber uma nova natureza divina.
E aqueles que não forem resgatados por nosso Senhor Jesus Cristo das garras de Satanás, e do pecado, permanecerão tanto quanto o diabo, debaixo da condenação de Deus, e sujeitos a tormentos eternos.
Por isso, Deus em Sua grande e infinita misericórdia e bondade, tem enchido toda a terra com o testemunho do Espírito Santo, através das vidas de cristãos fiéis à verdade do evangelho, para que muitas vidas sejam resgatadas da condenação eterna, pelo trabalho de convencimento do pecado, e justificação dos pecadores, para que sejam salvos para uma
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herança eterna juntamente com nosso Senhor Jesus Cristo.
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Por que Mudar pela Fé?
Tanto João Batista, quanto nosso Senhor Jesus Cristo, quando proclamaram a salvação pela fé, ordenando aos homens que cressem no evangelho, ordenaram também, que tal fé fosse precedida pelo arrependimento.
Porque sem arrependimento não pode haver eficácia da fé para a salvação.
Ora, se preciso ser salvo espiritual e moralmente, é evidente, que de haver então a necessidade de se arrepender, porque serei salvo de algo para outro algo diferente.
No caso, o ponto em foco, é o da condição de escravidão ao pecado, para a liberdade que há no Senhor.
Arrependimento, na Bíblia do Novo Testamento, vem de metanóia, do original grego. e significa mudança de mente, transformação da vida.
Vê-se portanto que é algo muito mais profundo, do que meramente lamentar, ou mesmo deixar de praticar alguns atos maus, e trocá-los por atos considerados bons.
O que está em foco é uma mudança radical de vida.
Uma transformação operada na nossa natureza, pelo poder do Espírito Santo.
O convite do evangelho ao arrependimento é portanto uma chamada à conversão, ao novo nascimento espiritual que nos vem pela fé, do alto, da parte de Deus.
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Refere-se ao recebimento da natureza divina, pela qual é subjugada a nossa natureza terrena pecaminosa e perdida.
E toda vez que a natureza terrena estiver prevalecendo, será também por renovados arrependimentos que se dará a sua derrota pela nova natureza divina, recebida no novo nascimento.
O arrependimento verdadeiro nos conduz não somente à purificação do nosso coração como também à contemplação da glória de Deus na face de Cristo Jesus.
É um meio que nos conduz à dependência do Espírito Santo, e à produção da vida espiritual do céu em nós, e não é portanto, como se costuma pensar um aperfeiçoamento do velho homem por meios carnais.
Faça-se boa a árvore e o fruto também será bom.
Mas de uma má árvore não se colhem bons frutos.
Pois se trata de uma questão de natureza.
Uma é a natureza terrena decaída, por causa do pecado. Outra é a perfeita e santa natureza divina.
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Num Morremos e Noutro Vivemos
“Se pela ofensa de um, de um homem só, por meio do qual, reinou a morte, muito mais os que recebem o dom da graça e o da justiça reinarão em vida também por meio de um só homem e Deus. Pois se em Adão todos morrem, vivem todos em Cristo.” (Romanos 5.18,19)
Este é o modo pelo qual a morte espiritual é vencida.
A morte (separação da vida e da natureza de Deus) reinava absoluta, como condição irremediável, para a nossa própria capacidade.
Então o que fez Deus por nós?
Matou a nossa morte na de Jesus.
E então pôde efetuar a troca, de uma cabeça amaldiçoada, por uma Outra abençoada.
O que significa isto?
Que a ofensa de Adão, que trouxe juízo e condenação a si próprio e a toda a sua descendência, é removida pela justiça de Cristo, que trouxe a salvação, para todos os que nEle creem.
Porque o primeiro Adão foi designado por Deus para ser o cabeça de uma raça natural, e o segundo e último, que É Cristo, de uma raça espiritual.
É pela graça que nos justifica, que temos esta vida espiritual e eterna de Deus.
E esta graça opera simples e somente mediante o arrependimento e a fé.
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A Única Palavra Viva
O espírito é o que vivifica, a carne para nada aproveita; as palavras que eu vos tenho dito são espírito e são vida. (Jo 6.63)
Estas profundas palavras foram proferidas no Espírito, pelo próprio Jesus Cristo
Quando disse que é o espírito o que vivifica, ele apontou o caminho pelo qual esta vida eterna é recebida, a saber, as suas palavras registradas na Bíblia, porque não são meras palavras, mas espírito e vida.
Elas transmitem a vida do céu a todo aquele que a receber com fé.
Por isso importa que a palavra do Evangelho seja anunciada com a unção do Espírito Santo, para que opere o efeito esperado por Deus no coração dos seus ouvintes, ou leitores.
A vida está no espírito e não na carne.
A carne morre a cada dia e passa, mas o espírito se renova e permanece para sempre.
Mas, como todos temos um espírito morto, afastado naturalmente da vida de Deus, necessitamos que ele seja revivificado pelo Espírito Santo, através da instrumentalidade da Palavra de Deus, por meio da qual somos salvos e santificados.
A Palavra viva sempre falará conosco e transmitirá a vida espiritual e celestial, quando nela meditarmos, seja ouvindo-a, ou lendo-a com humildade de espírito.
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O Orgulho Mata
O tipo de orgulho que nos leva a rejeitar um diagnóstico verdadeiro em relação à nossa real condição, quanto ao que somos de fato, é altamente prejudicial aos nossos próprios interesses, porque impedirá que busquemos a cura de muitos males, especialmente os da alma e do espírito.
Daí nosso Senhor Jesus Cristo ter afirmado que felizes são aqueles que são humildes de espírito, porque não somente aceitam a disciplina e a correção, especialmente a divina, e assim podem não apenas vencer o mal, como também serem transformados por Ele em pessoas que vivam segundo a Sua santa vontade.
Por isso nosso Senhor afirmou que todos aqueles que desejarem segui-lo para estarem na Sua presença, devem, diariamente, se autonegarem e carregarem a respectiva cruz, ou seja, serem submissos a Ele e à Sua Palavra.
Como aceitaremos a verdade de que necessitamos da justiça do próprio Cristo para sermos justificados e salvos por Deus, enquanto permanecermos endurecidos pelo orgulho confiando na nossa própria justiça?
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Não Comparecer com o Coração Vazio
“Três vezes no ano, todo varão entre ti aparecerá perante o SENHOR, teu Deus, no lugar que escolher, na Festa dos Pães Asmos, e na Festa das Semanas, e na Festa dos Tabernáculos; porém não aparecerá de mãos vazias perante o SENHOR;” (Deut 16:16)
Quando comparecemos perante Deus, para servi-lo em tudo aquilo que fazemos em relação ao nosso próximo, Ele requer que estejamos providos devidamente com os recursos, sobretudo espirituais, que recebemos da Sua graça.
Era para este princípio espiritual que o preceito da Lei de Moisés, acima destacado, apontava.
Ofertas deveriam ser apresentadas no Tabernáculo, e posteriormente no Templo de Jerusalém, em forma de gratidão e louvor por toda a provisão recebida de Deus.
O que a Lei ensinava em figura, tem sido vivido em plenitude na presente dispensação da graça, na qual temos recebido uma ampla provisão de dons e graças do Espírito Santo, para cultuarmos e servirmos ao Senhor.
Agora, como poderíamos fazê-lo estando vazios destes dons e graças?
Se não fizermos a devida provisão, através de um trabalho contínuo e incansável, com vistas, principalmente, para a obtenção do fruto do Espírito Santo, não seria de se esperar que
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pudéssemos nos apresentar para os serviços de Deus, da forma que é por Ele requerida.
Se o israelita do antigo pacto não cultivasse a sua terra, não teria o que apresentar ao Senhor.
De igual modo, nós, no presente, se não cultivarmos o solo do nosso coração com a oração e a prática da Palavra de Deus aplicada às nossas vidas, também nada teremos para Lhe apresentar.
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Sem Cristo Não Dá
Sem Jesus não há qualquer vida espiritual verdadeira, nenhuma obediência a Deus verdadeira, enfim, nada podemos fazer.
É esta assistência da Sua graça pela união espiritual com Ele, o que transforma o coração de pedra em coração de carne, que dá vitória sobre o pecado e nos torna agradáveis e aceitáveis a Deus.
Mas importa viver na verdade, andar na luz, praticar a justiça, em comunhão permanente com Ele para que se possa estar debaixo da bênção de Deus.
Então todo aquele que no meio do povo do Senhor não andar conforme esta regra, estará se rebelando contra o próprio Cristo que lhe foi dado para o propósito de poder viver segundo a vontade de Deus.
E esta rebelião não será deixada sem a devida retribuição da justiça divina que se manifestará sob a forma de juízos corretivos, disciplinadores, assim como um pai faz em relação ao seu filho.
Crer em Cristo não significa apenas ser livrado da condenação eterna, mas antes e sobretudo ser livrado do pecado e da iniquidade para que se possa viver de modo justo e santo conforme esperado por Deus.
O que não crê nEle é condenado por isso, porque permanece debaixo da ira de Deus contra o pecado, do qual é impossível se livrar sem esta
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união espiritual com Cristo, que é obtida por meio da fé.
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A Graça Supera a Aflição
“Agora, por um pouco de tempo, sendo necessário, sois afligidos através de várias tentações”. (1Pedro 1.6)
Especialmente para os cristãos sinceros, este um tempo de aflições como nenhum outro, porque nunca se viu, em toda a história da humanidade, iniquidades tão multiplicadas como as presentes, tanto em intensidade quanto em variedade de formas.
Todavia, os cristão de agora não são menos assistidos pela graça de Jesus, do que os dos dias do apóstolo Pedro, aos quais, mesmo sendo afligidos por várias provações, receberam do apóstolo o seguinte testemunho:
“Vós que sois guardados pelo poder de Deus através da fé para a salvação”. (I Pe 1.5)
“a prova de sua fé, muito mais preciosa do que o ouro que perece”. (I Pe 1.7)
Assim, ao mesmo tempo, que estavam “em aflição”, estavam de posse de uma fé viva.
A aflição não lhes destruiu a fé, e nem a paz.
Eles se “regozijavam na esperança da glória de Deus”, porque estavam cheios de alegria no Espírito Santo.
No meio de sua aflição, ainda igualmente desfrutavam do ardor do amor de Deus, que fora derramado em seus corações.
Embora fossem afligidos, ainda eram santos; conservavam o mesmo poder sobre o pecado.
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Eram ainda “guardados” do pecado “pelo poder de Deus”; eram “filhos obedientes, não conformados com seus primitivos desejos”, mas, “como Aquele que os chamou é santo”, assim eles eram “santos em todo o seu procedimento”.
Assim é que, em conjunto, sua aflição é bem consistente com a fé, com a esperança, com o amor de Deus e do homem, com a paz de Deus, com a alegria no Espírito Santo, com a santidade interior e exterior.
A aflição de modo nenhum enfraquece e muito menos destrói qualquer parte da obra de Deus no coração.
Ela de modo nenhum entra em conflito com a “santificação do Espírito”, que é a raiz de toda a verdadeira obediência, nem com a felicidade, que deve necessariamente resultar da graça e da paz que reinam no coração.
Então, ainda que sejam multiplicadas as iniquidades e aflições, a graça é muito mais multiplicada por Deus no coração do cristão, para superá-las no amor de Jesus.
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O Motivo Real da Nossa Alegria
“Seja sobre nós a graça do Senhor, nosso Deus; confirma sobre nós as obras das nossas mãos, sim, confirma a obra das nossas mãos.” (Sl 90:17)
Eis declarada no Salmo de onde decorre a alegria cristã: da confirmação das nossas obras por Deus.
Antes de tudo, o salmista reconhece que esta é uma obra da graça do Senhor.
Não é propriamente o nosso trabalho, mas a ação da graça de Jesus através de nós.
Deus somente pode aceitar e confirmar as Suas próprias obras, ainda que realizadas por nós.
É esta confirmação que faz com que a alegria seja maior do que os desconfortos e as tristezas que são causados pelas tribulações que sofremos.
O cristão cuja obra é confirmada, não é alegre e exulta no Senhor por ser um tipo de estóico ou asceta que aprendeu a superar a dor e o sofrimento pelos seus próprios meios.
Não.
Ele suporta tudo com genuína alegria espiritual, que lhe é concedida pelo poder do Espírito Santo, por saber que o seu trabalho tem produzido bons frutos no Reino de Deus, e que por conseguinte, Deus está satisfeito com ele.
Caso o seu trabalho fosse estéril, sem fruto, então, ainda que não tivesse problemas e
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tribulações, teria motivo para ficar triste, enquanto cristão.
O lavrador enfrenta todas as adversidades e se empenha arduamente no seu trabalho, pela troca da alegria que lhe trará a colheita.
O mesmo ocorre com todo aquele que trabalha na seara do Senhor.
Não medirá esforços.
Não permitirá ser vencido pelo cansaço, pelas oposições que sofre, ou por qualquer tipo de aflição, desde que tenha esta certeza de que Deus tem confirmado a obra das suas mãos.
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A Relação da Fé com a Bíblia
Enquanto alguém permanecer na condição de não convertido a Cristo, e por conseguinte sem a habitação do Espírito Santo, não poderá aceitar toda a Bíblia como sendo a vera Palavra de Deus, e nem mesmo entendê-la adequadamente.
Isto porque Deus associou a revelação do significado da Palavra à fé em Jesus Cristo. De modo que, sem confiar no Senhor, e sem a instrução, direção e iluminação do Espírito Santo, não é possível compreender as Escrituras e nem mesmo aceitá-la como a verdade que deve ser aplicada à nossa vida.
Primeiro a fé, e somente depois a compreensão e a experiência.
Abraham Kuyper se expressou muito bem a tal respeito da seguinte maneira:
“A fé não é o operar de uma faculdade inerente no homem natural; nem um novo sentido acrescentado aos cinco; nem uma nova função da alma; nem uma faculdade primeiramente latente e agora ativa; mas uma disposição, um modo de ação, implantado pelo Espírito Santo na consciência e na vontade da pessoa regenerada, através da qual ela torna-se capacitada para aceitar a Cristo.
A relação entre Escritura e fé é facilmente determinada. Ambas existem para o bem do pecador, em virtude do pecado, e para remover o pecado; uma não sem a outra, ambas pertencendo uma à outra. Sem a Bíblia, a fé é um
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olhar sem sentido. Sem a fé, a Bíblia é um livro fechado.
A experiência o prova. Pessoas agraciadas com a faculdade da fé, mas ignorantes quanto à Sagrada Escritura, ou erroneamente instruídas, não fazem nenhum progresso; uma vez instruídas, elas vivem e se fortalecem. Ao contrário, para pessoas familiares com a Bíblia desde tenra idade, mas sem fé, a Bíblia se lhes parece como um livro fechado; a Palavra não penetra neles. Mas quando a Escritura e a fé salvadora abençoam a alma, então a glória do Espírito Santo aparece; pois foi Ele quem primeiro proporcionou a graça particular da Escritura, e então também aquela graça particular, da fé.
Esta é a razão porque os argumentos pela verdade da Escritura nunca beneficiam nada. Alguém a quem a fé é concedida, gradualmente aceitará a Escritura; se não agraciado com a fé, ele nunca aceitará a Escritura, embora fosse inundado com apologética. Certamente que é nossa a tarefa de assistir almas sedentas, explicar ou remover dificuldades, algumas vezes mesmo para silenciar um escarnecedor; mas fazer com que alguém não cristão tenha fé na Escritura encontra-se completamente além da capacidade humana.
A fé e a Escritura pertencem-se juntamente; o Espírito Santo designou uma para a outra. A última é arranjada de tal forma a ser aceita pelo pecador que seja agraciado com a fé. E a fé é uma
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disposição, reconciliando completamente a consciência e a Escritura. Portanto o "testimonium Spiritus Sancti" deveria ser tomado, não no sentido racionalista ou Ético de ser a operação sobre uma certa disposição universal, mas como um testemunho real do Espírito Santo, quem habita na consciência e nos dá a experimentar a adaptação - como aquela do olho à cor - da Escritura à fé.”
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O Preparo para a Obra do Ministério
Nós faremos uma breve reflexão acerca do assunto em título, a partir de uma também breve exegese de determinados textos bíblicos.
A - Mateus 26:41: “Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; o espírito, na verdade, está pronto, mas a carne é fraca.”
O “pronto” neste texto vem do grego protumos que significa prontidão, voluntariedade, e não preparo. Então não se deve pregar que o espírito já está preparado, aperfeiçoado, nesta passagem, mas que está em prontidão de vigilância, contra a fraqueza da carne.
Este texto nada tem a ver, portanto, com preparo para o exercício do ministério, porque não era a isso que nosso Senhor estava se referindo nesta passagem, quando ordenou a Pedro, Tiago e João, que vigiassem para que não entrassem em tentação, quando se encontravam em sua companhia no jardim do Getsêmani.
B - Tito 3:1: “Lembra-lhes que se sujeitem aos que governam, às autoridades; sejam obedientes, estejam prontos para toda boa obra,”
A palavra pronto neste texto vem do grego hetoimos, que significa preparados, como também se vê em II Tim 2.21; I Pe 3.15. Então,
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diferentemente de protumos em Mt 26.41, não indica prontidão, voluntariedade, senão estar devidamente qualificado, aperfeiçoado para determinado fim, no caso citado no texto, para toda boa obra. Há então uma necessidade de ser preparado para poder realizar tais boas obras. Isto virá no tempo, até o amadurecimento do cristão pelo Espírito, por obediência e consagração pessoal a Deus.
C - 2 Timóteo 3:17: “a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra.”
A palavra habilitado deste texto vem do grego exartizo que significa completado, terminado, suprido com perfeição. No contexto imediato é visto que este trabalho é realizado pelas Escrituras Sagradas, que sendo aplicadas à vida pelo Espírito, produzirão no tempo apropriado, este efeito de amadurecer o cristão para a obra de Deus.
D - Ef 4.11-13: “11 E ele deu uns como apóstolos, e outros como profetas, e outros como evangelistas, e outros como pastores e mestres,
12 tendo em vista o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo;
13 até que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, ao estado
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de homem feito, à medida da estatura da plenitude de Cristo;” (Ef 4.11-13)
Há um tempo de amadurecimento para a ordenação ao ministério, seja ele qual for, e este amadurecimento é indicado pelo momento em que se chega à medida da estatura da plenitude de Cristo, quando o homem espiritual está completo, pelo pleno conhecimento do Filho de Deus. E esta maturidade vem no corpo de Cristo por se submeter ao trabalho dos apóstolos, dos profetas, dos evangelistas e dos pastores e mestres, que são levantados por Deus para a realização deste trabalho de aperfeiçoamento dos santos.
E - I Tim 3.10: “E também estes sejam primeiro provados, depois exercitem o diaconato, se forem irrepreensíveis.”
É dito neste texto que os diáconos, tanto quanto os pastores, devem antes ser provados, ou seja, examinados, para serem achados irrepreensíveis, a saber, sem falta alguma para o exercício do ministério. Não se deve ordenar portanto quem não esteja pronto, depois de ter sido provado e aprovado pelo Espírito, quanto a estar amadurecido ou não, em condições de assumir a obra do ministério.
F - Fp 3.15: “Pelo que todos quantos somos perfeitos tenhamos este sentimento; e, se sentis
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alguma coisa de modo diverso, Deus também vo-lo revelará.”
A palavra perfeitos vem do grego teleios, que significa completos, maduros. Todo candidato ao ministério deve ter atingido tal maturidade espiritual. Ser neófito é o contrário disto. Uma vez atingido este estágio de maturidade, não se deve parar, ao contrário, porque estamos numa carreira de crescimento da nova criatura que existe em nós, pelo Espírito, que é infinita, de modo que Paulo disse anteriormente a este versículo o seguinte:
“8 sim, na verdade, tenho também como perda todas as coisas pela excelência do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; pelo qual sofri a perda de todas estas coisas, e as considero como refugo, para que possa ganhar a Cristo,
9 e seja achado nele, não tendo como minha justiça a que vem da lei, mas a que vem pela fé em Cristo, a saber, a justiça que vem de Deus pela fé;
10 para conhecê-lo, e o poder da sua ressurreição e a e a participação dos seus sofrimentos, conformando-me a ele na sua morte,
11 para ver se de algum modo posso chegar à ressurreição dentre os mortos.
12 Não que já a tenha alcançado, ou que seja perfeito; mas vou prosseguindo, para ver se
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poderei alcançar aquilo para o que fui também alcançado por Cristo Jesus.
13 Irmãos, quanto a mim, não julgo que o haja alcançado; mas uma coisa faço, e é que, esquecendo-me das coisas que atrás ficam, e avançando para as que estão adiante,
14 prossigo para o alvo pelo prêmio da vocação celestial de Deus em Cristo Jesus.” (Fp 3.8-14)
É necessário portanto que se esteja maduro, completo, para o exercício do ministério.
Quanto a esta palavra “completo” devemos dizer que é uma palavra muito importante e interessante, porque indica que este aperfeiçoamento não é de caráter individual, mas conjunto, conforme indicado pela referida palavra.
Esta é uma palavra composta do prefixo “com”, que significa “junto”, e a palavra grega “pleto” que significa preenchido, terminado, finalizado, pleno, amadurecido, aperfeiçoado (Lc 1.67; At 4.8; 9.17; 13.9). Isto indica então que este estar completo é realizado em união a outros. É no corpo, que é a Igreja que é realizado tal aperfeiçoamento dos cristãos, como vemos em Ef 4.15,16:
“15 antes, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo,
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16 do qual o corpo inteiro bem ajustado, e ligado pelo auxílio de todas as juntas, segundo a justa operação de cada parte, efetua o seu crescimento para edificação de si mesmo em amor.” (Ef 4.15,16)
Deus está interessado no crescimento do corpo de Cristo, que é a Igreja, de modo harmônico e conjunto. Então, os ministros devem ser observados como se destacam neste conjunto de cristãos, ao mesmo tempo em que participam do convívio com eles. Devem ter o reconhecimento deles, da Igreja, e não apenas daqueles líderes que pretendam ordená-los, porque o crescimento deles deve ser notável a todos, como tendo recebido aquelas graças e dons, do Espírito, que distinguem a sua chamada para o exercício do ministério.
Então não se pode esquecer que estar completo significa estar em comunhão (com + união, ou seja unidos juntamente); e no compartilhar do mesmo pão que é Cristo (com + partilhar, que significa participar juntamente).
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Sempre Há uma Saída
Não há impossíveis para Deus em relação àqueles que nEle creem.
Jesus deixou isto bem claro em Seu ministério terreno, e ainda o continua demonstrando sempre, desde a Sua ressurreição e ascensão, no que tem feito a milhões de necessitados no mundo, especialmente no que se refere à salvação da alma.
Ele sempre disse e ainda diz que tudo é possível ao que nEle crê.
Por maior que seja o nosso problema, dificuldade, fraqueza, será somente nEle que acharemos a resposta adequada, seja para a solução, seja para suportarmos o problema com paciência mediante o poder da Sua graça.
Teremos aflições, passaremos pela morte física, caso Ele não venha antes para nos arrebatar juntamente com todos os que Lhe amam, mas uma coisa é certa: jamais nos abandonará ou desamparará, e sempre estará conosco, conforme a Sua promessa.
Isto é um fato.
Minha vida e a de muitos é um testemunho desta verdade.
Sou pobre e necessitado mas o Senhor cuida de mim.
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"Dai a cada um o que deveis: a quem tributo, tributo; a quem imposto, imposto...”
“1 Toda a alma esteja sujeita às autoridades superiores; porque não há autoridade que não venha de Deus; e as autoridades que há foram ordenadas por Deus.
2 Por isso quem resiste à autoridade resiste à ordenação de Deus; e os que resistem trarão sobre si mesmos a condenação.
3 Porque os magistrados não são terror para as boas obras, mas para as más. Queres tu, pois, não temer a autoridade? Faze o bem, e terás louvor dela.
4 Porque ela é ministro de Deus para teu bem. Mas, se fizeres o mal, teme, pois não traz debalde a espada; porque é ministro de Deus, e vingador para castigar o que faz o mal.
5 Portanto é necessário que lhe estejais sujeitos, não somente pelo castigo, mas também pela consciência.
6 Por esta razão também pagais tributos, porque são ministros de Deus, atendendo sempre a isto mesmo.
7 Portanto, dai a cada um o que deveis: a quem tributo, tributo; a quem imposto, imposto; a quem temor, temor; a quem honra, honra.
8 A ninguém devais coisa alguma, a não ser o amor com que vos ameis uns aos outros; porque quem ama aos outros cumpriu a lei.
9 Com efeito: Não adulterarás, não matarás, não furtarás, não darás falso testemunho, não
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cobiçarás; e se há algum outro mandamento, tudo nesta palavra se resume: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo.
10 O amor não faz mal ao próximo. De sorte que o cumprimento da lei é o amor.
11 E isto digo, conhecendo o tempo, que já é hora de despertarmos do sono; porque a nossa salvação está agora mais perto de nós do que quando aceitamos a fé.
12 A noite é passada, e o dia é chegado. Rejeitemos, pois, as obras das trevas, e vistamo-nos das armas da luz.
13 Andemos honestamente, como de dia; não em glutonarias, nem em bebedeiras, nem em desonestidades, nem em dissoluções, nem em contendas e inveja.
14 Mas revesti-vos do Senhor Jesus Cristo, e não tenhais cuidado da carne em suas concupiscências.”. (Rom 13.1-14)
Neste capítulo Paulo falou do dever ordenado por Deus de que os cristãos estejam em submissão às autoridades civis, quer magistrados, quer membros do poder executivo, em todos os seus escalões, porque estão a serviço de Deus, ainda que não espiritual, mas para atenderem especialmente à Sua ordenança de castigarem os malfeitores e cobrarem impostos para a manutenção da organização da vida em sociedade.
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Aquele que resistir à autoridade não está resistindo portanto ao homem, mas a Deus que nos deu tal ordenança de lhes estarmos sujeitos.
Depois de ter falado do dever de se pagar tributos ao governo, Paulo estendeu o assunto dizendo que na verdade, não devemos ficar devendo coisa alguma a qualquer pessoa, senão somente o amor, que é uma dívida que temos para com Deus em relação a amar o próximo, especialmente pelo dever de orar por ele e de lhe anunciar o evangelho de Cristo.
Assim o que é devido a cada pessoa deve ser-lhe dado, seja tributo, imposto, temor ou honra.
Estas dívidas devem ser liquidadas, mas a do amor nunca será quitada porque devemos nos amar mutuamente, porque é no amor ao próximo que se cumpre a lei.
Na verdade todas as exigências da lei são atendidas quando vivemos no amor de Deus, sendo capacitados e ensinados por Ele a amar o próximo; não meramente com o nosso amor e afeto natural e humano, mas com o amor do próprio Deus derramado em nossos corações pelo Espírito.
Como o amor não faz nenhum mal ao próximo então o cumprimento da lei é o amor, como se afirma no verso 10.
Então aqueles que não estão vivendo estas coisas às quais o apóstolo vem se referindo desde o décimo segundo capítulo, devem despertar do sono espiritual em que se encontram, porque se não estão vivendo isto é
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sinal de que estão em profundo sono, que não lhes permite terem consciência das realidades ao seu redor.
Se o cristão é do dia e não da noite. Se ele é luz no Senhor, então deve rejeitar toda e qualquer obra das trevas e se vestir com as armas espirituais da luz, como se vê nos versos 11 e 12.
Se o cristão viver e andar despertado pelo Espírito, não será achado ocupado, com glutonarias, desonestidades, bebedeiras, em contendas e invejas, porque Deus terá sempre o primeiro lugar em tudo em sua vida, e nada conseguirá conquistar em seu coração o lugar e o temor que são devidos ao Senhor.
Além de rejeitar as obras das trevas, despojando-se do velho homem, diariamente, o cristão deve se revestir do próprio Senhor Jesus, e não dar qualquer alimento à carne com as suas cobiças.
O reino de Deus permanece oculto dentro de nós e não se manifesta enquanto não nos consagramos ao Senhor para obediência a todas estas ordenanças.
É somente quando nos consagramos a Cristo é que os nossos olhos espirituais são abertos pela iluminação do Espírito Santo, não somente para poder entender o que nos é ordenado, como também para receber o poder espiritual necessário para praticá-lo e experimentá-lo.
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Paciência na Tribulação (Rom 12.12)
Os sofrimentos e tribulações suportados com paciência cristã são agradáveis a Deus, conforme se declara em I Pe 2.18-20, porque Ele determinou no Seu conselho eterno, que:
- Aqueles que pertencem a Cristo devem compartilhar dos Seus sofrimentos em alguma medida.
Nosso Senhor foi o maior dos injustiçados, porque não tinha qualquer pecado, mas na sua identificação conosco, para a nossa salvação, suportou com paciência tudo o que sofreu, visando ao nosso bem.
Como Seus seguidores, devemos imitar o Seu exemplo, em prol da salvação de outros.
- A paciência na tribulação (Rom 12.12) dá aos cristãos a oportunidade de experimentarem o poder sobrenatural do Espírito Santo, que lhes é concedido para terem alegria e paz em meio aos seus sofrimentos.
E nisto, a fé e confiança deles em Deus é aperfeiçoada, lhes capacitando para toda boa obra, em meio a toda e qualquer tribulação e perseguição.
- o gozo que se sente em meio às aflições, suportando as injustiças e perseguições sofridas com paciência, por amor ao Senhor e ao evangelho, é a principal marca da eleição do
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cristão, ou seja, ele terá a plena certeza da sua salvação, porque sem a assistência do Espírito Santo no coração, não é possível mantê-lo alegre e em paz em tais circunstâncias adversas.
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Admoestação dos Insubmissos
Nós temos na porção de I Tessalonicenses citada a seguir, alguns dos deveres dos cristãos, segundo a ordenança do apóstolo Paulo, que ele recebera de nosso Senhor Jesus Cristo.
“1Ts 5:14 Exortamo-vos, também, irmãos, a que admoesteis os insubmissos, consoleis os desanimados, ampareis os fracos e sejais longânimos para com todos.
1Ts 5:15 Evitai que alguém retribua a outrem mal por mal; pelo contrário, segui sempre o bem entre vós e para com todos.
1Ts 5:16 Regozijai-vos sempre.
1Ts 5:17 Orai sem cessar.
1Ts 5:18 Em tudo, dai graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco.
1Ts 5:19 Não apagueis o Espírito.
1Ts 5:20 Não desprezeis as profecias;
1Ts 5:21 julgai todas as coisas, retende o que é bom;
1Ts 5:22 abstende-vos de toda forma de mal.
1Ts 5:23 O mesmo Deus da paz vos santifique em tudo; e o vosso espírito, alma e corpo sejam conservados íntegros e irrepreensíveis na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo.”
Não é no momento, nosso intuito, comentar cada uma das ordenanças destacadas, mas focar nossa atenção à primeira exortação dadas aos
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cristãos quanto ao dever de se admoestar os insubmissos.
Admoestar significa repreender branda e benevolamente, denunciando o mal feito e encarecendo o bem a fazer.
A repreensão deve ser branda em razão de seguir o mesmo espírito recomendado para o modo de se tratar com os fracos (amparar), com os desanimados (consolar), e em relação a todos (com longanimidade).
Como a admoestação se aplica aos que são insubmissos, ou seja, aos que não se submetem à doutrina do evangelho, aos que resistem à Palavra de Deus, apesar de se declararem cristãos, então, na falta de arrependimento, e insistência em permanecerem no citado comportamento, os mesmos devem ser disciplinados, conforme se ordena em textos como os seguintes, que foram dirigidos também aos tessalonicenses:
“2Ts 3:6 Nós vos ordenamos, irmãos, em nome do Senhor Jesus Cristo, que vos aparteis de todo irmão que ande desordenadamente e não segundo a tradição que de nós recebestes;
2Ts 3:7 pois vós mesmos estais cientes do modo por que vos convém imitar-nos, visto que nunca nos portamos desordenadamente entre vós,”
“2Ts 3:14 Caso alguém não preste obediência à nossa palavra dada por esta epístola, notai-o;
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nem vos associeis com ele, para que fique envergonhado.”
Desta forma, observamos que Cristo não deixa de ser paciente, longânimo, condescendente, amparador e consolador em relação a todos os cristãos, mas os submeterá à disciplina da aliança feita com eles, caso andem contrariamente ao modo que devem se comportar, conforme revelado nas Escrituras.
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Retorno à Vitalidade Original
Quando o Espírito Santo começou a ser derramado em todas as nações, a partir de Jerusalém, no dia de Pentecostes, havia grande vitalidade na mensagem do evangelho que era pregado e ensinado em todas as partes por onde iam os apóstolos e os primeiros discípulos.
Isto ocorria porque a mensagem correspondia exatamente ao ensino que havia sido dado por nosso Senhor Jesus Cristo e pelo Espírito Santo, aos apóstolos.
Os erros e heresias que eram introduzidos dissimuladamente por pessoas de mentes corrompidas, não se sustentavam quando confrontados com a verdade apostólica.
E isto pode ser visto especialmente nas muitas epístolas e nos evangelhos canônicos, que foram escritos para instruírem os cristãos quanto ao caminho em que deveriam andar.
Assim, o retorno ao ensino dos escritos apostólicos, constantes da Bíblia, sempre garantiriam uma renovada vitalidade da mensagem evangélica, que se refletiria no testemunho de vida e fé dos cristãos, quando estivesse ocorrendo qualquer forma de arrefecimento.
Não basta termos a Bíblia em nossas congregações.
Se a sua mensagem não for acatada e vivida, não se verá qualquer vitalidade, quer na mensagem, quer nas vidas dos cristãos.
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Deus associou esta vitalidade espiritual à ousadia e coragem de se testemunhar a fé objetiva na Sua Palavra.
Não são portanto os movimentos de renovação, restauração, reforma, ou quaisquer outros, que são propriamente os canais do retorno à vitalidade original do Cristianismo, mas a afirmação da verdade nas vidas daqueles que são levantados por Deus para este propósito.
Pedro Valdo, John Huss e John Wycliff, por exemplo, inspiraram as vidas de muitos, inclusive dos chamados reformadores que a eles se seguiram.
Lutero, Calvino, Zwinglio e muitos outros, foram pessoas chaves de Deus em seus dias.
Depois deles, vieram os pietistas e os puritanos.
Não eram movimentos revolucionários, mas pessoas que haviam sido despertadas para a necessidade de se viver a mensagem do evangelho, do modo como ela nos é apresentada na Bíblia, porque é ali que encontramos o ensino de Jesus e dos seus apóstolos.
Vieram depois dos puritanos, John Wesley, George Whitefield, Jonathan Edwards, Robert Murray MacCheyne, e mais recentemente, Charles Haddon Spurgeon e Martyn Lloyd Jones, para não citar muitos outros.
Podemos ter toda a segurança e certeza, ao estudar os escritos destes nomes citados, e daqueles que estão a eles vinculados, que estaremos bebendo na fonte da qual jorra a verdade.
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Não há vitalidade espiritual verdadeira quando se bebe de outras fontes, das quais fluam ensinos que não correspondam à verdade original.
E o ensino desta verdade deve ser integral, ou seja, deve formar santos.
Deve portanto ter caráter formativo e não meramente informativo.
Estas coisas que formam tanto estão relacionadas à doutrina sobre a pessoa e obra de Jesus em favor dos pecadores (redenção, justificação, regeneração e santificação), como também os deveres morais e espirituais que devem ser obedecidos e vividos, quer em família, quer nas congregações, quer na sociedade em geral.
Há sempre no ensino do Senhor e dos apóstolos, esta conjugação de fé e graça, associada com os deveres ordenados.
Por isso vemos tanto nos escritos apostólicos, como nos de todos os homens de Deus, que citamos anteriormente, esta integralidade em seus estudos bíblicos e sermões.
Não eram pastores preocupados em desenvolver um único texto bíblico ou um determinado tema por eles escolhido, senão, pessoas preocupadas em formar Cristo no coração dos seus leitores e ouvintes.
Este é o único caminho que garante a renovação da vitalidade espiritual onde ela houver esfriado.
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Não há outro e nem mesmo pode haver, porque não há vida eterna e verdadeira fora da genuína mensagem do evangelho.
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O Evangelho Exige Moderação
“Seja a vossa moderação conhecida de todos os homens. Perto está o Senhor.” (Filipenses 4.5)
Mesmo quando houve grande perseguição contra os primeiros cristãos, nos dias apostólicos, não houve qualquer tipo de zelo, fervor, entusiasmo, da parte deles, para defenderem o evangelho, contra a ação dos seus perseguidores, que estavam levando muitos até mesmo à morte.
Tal fervor carnal não seria aprovado por Deus, e nunca será aprovado, porque sua ordenança é que haja moderação em todas as ações dos cristãos.
Nosso Senhor Jesus Cristo é manso e humilde de coração.
Portanto, que falta de moderação poderia ser aprovada naqueles que afirmam serem seus seguidores?
O Espírito Santo mistura também todo o seu poder, que nos é transmitido para a proclamação do evangelho, mas sempre misturado com amor e moderação (2 Timóteo 1.7).
Devemos então guardar nossos espíritos de serem insuflados por todos os fanáticos de plantão, que sempre existiram e sempre existirão, para confundirem as mentes e corações dos incautos, por lhes transmitir uma imagem totalmente distorcida, que em nada
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confere com Cristo e a sua genuína mensagem evangélica.
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Porque Necessitamos Converter o Nosso Coração
Achei muito interessante a mensagem extraída de um suposto diálogo havido entre Moisés e seu sogro Jetro, num filme sobre a vida de Moisés.
Digo suposto, porque não há tal registro na Bíblia, apesar de a ideia ser bíblica.
Moisés estava exaurido em julgar todas as demandas que existiam entre os israelitas.
Então Jetro se aproximou dele, em sua tenda, e lhe perguntou porque não constituía homens sábios e tementes a Deus para lhe auxiliarem naquela tarefa (até aqui confere com o registro bíblico).
Ao que ele respondeu dizendo que temia que pecassem contra o Senhor, e que cabia a ele, como representante de Deus, assumir aquele encargo para lhes ensinar o caminho em que deveriam andar.
Jetro retrucou dizendo, que reconhecia que Moisés era uma homem sábio e temente ao Senhor, mas que o seu modo de agir jamais poderia levar os israelitas a obedecerem a Deus de coração, porque ao exigir obediência externa, apenas segundo a Lei, estava na verdade trocando um feitor do quilate de faraó, de cuja escravidão haviam se livrado, por outro, a saber, o próprio Jeová.
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Por este caminho, segundo o Jetro do filme, eles jamais reconheceriam que Deus é um Senhor amoroso, bondoso, fiel e justo.
Eles teriam que aprender isto tendo a liberdade de escolherem entre o bem ou o mal.
É justamente isto o que sucede na dispensação da graça.
Jesus a ninguém impõe o seu jugo suave e o seu fardo leve da obediência que Lhe é devida, por força de argumento ou por obrigação.
Ou Lhe obedecemos de coração e por amor, ou então não haverá qualquer obediência real ocorrendo.
Por isso necessitamos que o nosso coração de pedra seja convertido pela fé nEle, para que possamos amá-lo do modo que convém, ou seja, com a liberdade de verdadeiros filhos de Deus.
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Tal Caminho, Tal Pessoa
“Continue o injusto fazendo injustiça, continue o imundo ainda sendo imundo; o justo continue na prática da justiça, e o santo continue a santificar-se.” (Apo 22.11)
O fechamento das revelações do livro de Apocalipse contém também esta mensagem dada pelo Senhor Jesus Cristo através de um anjo, ao apóstolo João.
O que daí se entende é que, quando se é injusto e impuro, a tendência natural é permanecer nesta condição, sendo cada vez mais injusto e impuro.
E quando se é justo e santo, a força operante e viva da graça de Jesus operará no sentido de que se continue na prática da justiça e da santidade, tornando-se cada vez mais justo e santo.
Isto é uma verdade que é comprovada na vida prática de muitos.
Ninguém se faz santo da noite para o dia.
Todo grande santo foi pequeno no começo de sua jornada cristã, do mesmo modo que um grande malfeitor começa sua carreira cometendo pequenos delitos.
Então, até que Cristo volte, esta será a condição que sempre veremos neste mundo.
Os que se entregarem à causa da injustiça e da impureza se tornarão grandes na mesma, assim como aqueles que se interessam pela justiça e
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pela santidade, virão a ser achados cada vez mais justos e santos.
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A Ênfase Deve Estar no Amor
Quando uma ortodoxia morta imperava na maioria das congregações cristãs, Deus enviava avivamentos para aumentar o zelo e fervor dos cristãos, almejando tanto a conversão de almas, quanto a edificação dos santos na verdade.
Os avivamentos puritanos, e posteriormente com Jonathas Edwards (EUA), John Wesley, George Whitefield (Inglaterra), por exemplo, tiveram o mérito de manter o equilíbrio entre as manifestações de poder sobrenaturais dos dons espirituais, com a aplicação da Palavra de Deus às vidas dos cristãos, para a sua transformação pessoal.
Isto pode ser visto e comprovado em todos os sermões que foram escritos por eles.
Posteriormente, quando houve o arrefecimento dos efeitos destes avivamentos, entrou em cena, primeiro o avivamento pentecostal, e posteriormente o carismático.
O primeiro fez grande ênfase no batismo do Espírito Santo, com evidência do dom de línguas ou de profecia.
O segundo, como a semântica da própria palavra “carismático” indica, fez ênfase em todos os dons espirituais, porque a palavra carisma, no original grego, se refere aos dons do Espírito Santo.
Todavia, o exato significado bíblico da palavra “amor” (ágape) ficou um pouco obscurecido, por ser entendido como mero sentimento ou
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afeto, e não como sendo as próprias virtudes de Cristo (fruto do Espírito Santo) implantadas no caráter do cristão, em plena comunhão com Ele.
Daí o apóstolo Paulo ter feito uma menção especial ao amor, na seção relativa aos dons espirituais em I Coríntios, o qual não foi ali apresentado como um dom, mas como o caminho sobremodo excelente em que todos os cristãos devem andar, para o pleno agrado de Deus.
Então são destacadas as características deste amor, como sendo paciente, benigno, que tudo sofre, espera, crê, e que folga com a justiça e verdade evangélicas, e tudo o mais que se refere à transformação pessoal do cristão até a sua plena maturidade, à semelhança ao caráter do próprio Senhor Jesus Cristo.
Foi o esquecimento desta parte essencial à vida cristã, que sujeitou os cristãos de Éfeso à reprimenda que lhes foi dirigida pelo Senhor, porque estavam se aplicando somente às obras do evangelho, sem serem transformados pelo evangelho.
Assim, quando se fala em santificação, o que se tem em foco, é sobretudo, colocar a ênfase não nos dons, ainda que estes sejam importantes, mas no amor de Cristo, tal como ele deve ser entendido biblicamente.
Isto consiste em se renunciar às obras da carne, em se crucificar o ego, em se despojar do velho homem, para se revestir do novo, criado segundo o poder de Jesus Cristo, pela
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implantação das suas virtudes do amor, da fé, da longanimidade, da paciência, da perseverança, da misericórdia, da alegria, da paz, da bondade, da benignidade, e de tudo o mais que faz parte da Sua pessoa divina, e que nos é comunicado pelo poder do Espírito, em obediência à Palavra de Deus.
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Concessão de Maior Capacitação mas não de Menor Amor
Muitos cristãos lamentam o fato de nunca conseguirem ter o mesmo nível de obediência aos deveres ordenados por Deus em Sua Palavra, que observam em outros irmãos em Cristo.
Todavia, isto não deve ser motivo para perderem a paz ou se sentirem menos amados pelo Senhor.
A grande verdade é que Deus em Sua soberania, a nem todos concedeu a mesma capacidade e fé para poderem exercitar dons e serviços que demandam uma maturidade e discernimento espirituais elevados.
Obadias foi tão amado quanto Elias, mais jamais teria a mesma estatura espiritual do profeta do fogo e do trovão.
Muitos são pacientes na tribulação, mas não no mesmo nível de Jó.
Por isso nos é ordenado o seguinte em Romanos 12.3-8:
Rom 12:3 Porque, pela graça que me foi dada, digo a cada um dentre vós que não pense de si mesmo além do que convém; antes, pense com moderação, segundo a medida da fé que Deus repartiu a cada um.
Rom 12:4 Porque assim como num só corpo temos muitos membros, mas nem todos os membros têm a mesma função,
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Rom 12:5 assim também nós, conquanto muitos, somos um só corpo em Cristo e membros uns dos outros,
Rom 12:6 tendo, porém, diferentes dons segundo a graça que nos foi dada: se profecia, seja segundo a proporção da fé;
Rom 12:7 se ministério, dediquemo-nos ao ministério; ou o que ensina esmere-se no fazê-lo;
Rom 12:8 ou o que exorta faça-o com dedicação; o que contribui, com liberalidade; o que preside, com diligência; quem exerce misericórdia, com alegria.
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Não se Condenar no que Aprova
“A fé que tens, tem-na para ti mesmo perante Deus. Bem-aventurado é aquele que não se condena naquilo que aprova.” (Rom 14:22)
O apóstolo Paulo proferiu estas palavras no contexto do seu ensino sobre o modo com o qual os cristãos devem se comportar quanto ao relacionamento com irmãos de hábitos diferentes de vida, naqueles pontos que não configuram doutrina diretamente revelada na Palavra de Deus.
Nisto se enquadram costumes culturais e entretenimentos não pecaminosos, hábitos alimentares, e tudo o mais que possa ser diferente entre os nossos gostos e os dos nossos irmãos.
Geralmente há uma tendência para considerarmos que o único modo de viver correto é o nosso, e tentamos impor isto aos outros, ou então julgá-los por esta medida errada e estreita.
Então o apóstolo nos ensina que a fé que temos quanto ao modo pelo qual importa viver deve ser reservada somente para nós mesmos, e isto diante de Deus, para que Ele possa julgar se aquilo que consideramos aprovado, o é de fato.
Porque não é incomum que muitas vezes nos condenemos naquilo que costumamos aprovar no nosso comportamento, porque pode ser na verdade, algo que é reprovado por Deus.
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E ainda que fosse aprovado, mas se tentássemos impor o nosso modo de ser como norma de fé e conduta para um irmão que viesse a se escandalizar com tal imposição, estaríamos nos condenando diante de Deus, porque Ele não pode aprovar de nenhum modo, que sejam produzidas rupturas na comunhão em amor no corpo de Cristo, por causa da nossa falta de sabedoria e obediência a este princípio bíblico, de a tudo renunciarmos por amor aos irmãos.
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O Ponto Mais Difícil da Vida Cristã
“Exortamo-vos, também, irmãos, a que admoesteis os insubmissos, consoleis os desanimados, ampareis os fracos e sejais longânimos para com todos.” ( I Tes 5.14)
“E compadecei-vos de alguns que estão na dúvida;
salvai-os, arrebatando-os do fogo; quanto a outros, sede também compassivos em temor, detestando até a roupa contaminada pela carne.” (Jud 1.22,23)
“Irmãos, se alguém for surpreendido nalguma falta, vós, que sois espirituais, corrigi-o com espírito de brandura; e guarda-te para que não sejas também tentado.
Levai as cargas uns dos outros e, assim, cumprireis a lei de Cristo.” (Gál 6.1,2)
Eis aí, a norma bíblica expressada em poucas passagens, dentre muitas, baseadas no ensino de nosso Senhor Jesus Cristo quanto ao dever de se amparar os que são fracos no Seu corpo, em vez de criticá-los, condená-los, excluí-los, ou de se proceder em relação a eles de algum modo diferente do que é ordenado por Deus.
Nisto reside a grande dificuldade de muitos, que considerando-se melhores ou mais espirituais do que os que são fracos, desanimados, que têm até mesmo dúvida acerca da sua salvação,
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tornam-se incapazes de cumprir o mandamento da misericórdia, da longanimidade e do amor, em razão de um exagerado zelo pela santidade de Deus, que lhes torna intolerantes com as fraquezas que observam em seus irmãos na fé.
Mesmo quando há real motivo para a aplicação de correção, a norma é que se faça isto com espírito de brandura, e com a disposição de amparar e carregar as cargas dos que estão fracos; porque é nisto que se cumpre a lei de Cristo relativa ao amor mútuo.
Quão difícil é se aprender isto!
Quão intolerantes somos por natureza, e necessitados de aprender a viver de um modo não afetado, que não nos leve a julgar e condenar os faltosos, e sim a ajudá-los.
O corpo de Cristo é composto por uma minoria de pessoas que são chamadas por Ele para assumirem grandes responsabilidades, mas isto é feito segundo a medida de fé, e segundo a capacidade de cada um.
A estes muito será cobrado por Deus, em razão do muito que lhes foi dado.
Todavia, aos que são fracos, que estão desanimados, que estão na dúvida, por que pouco têm recebido de dons, capacitações e serviços espirituais, da parte de Deus, pouco também lhes será cobrado, porque o Senhor é misericordioso e justo, e o seu jugo é leve e suave.
Muitos estão sofrendo porque se sentem inadequados em relação ao corpo de fiéis em
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sua congregação, por julgarem que não estão sendo obedientes em relação às suas obrigações relativas à obra de Deus.
Mas, se não foram chamados por Ele para ministrarem ao corpo, não deveriam ser cobrados, e nem sequer se sentirem condenados.
Por exemplo, não são poucas as mulheres que foram chamadas a serem apenas boas esposas e mães, cuidando de seus lares e educando seus filhos a andarem no caminho do Senhor.
Não foram chamadas para ministrarem ao corpo como professoras de classes de estudo ou para qualquer outra forma de ministração.
Não deveriam portanto se sentirem acusadas, conforme costuma ocorrer, a ponto de perderem a alegria e a paz, no Senhor.
Não devemos ultrapassar o que está escrito na Palavra.
Ao contrário, devemos ter a sabedoria de reconhecer que há muitos membros no corpo de Cristo e que nem todos têm a mesma função.
Não podemos criar sequer expectativas além daquilo que tiver sido determinado por Deus, que reparte dons, capacitações e serviços, a cada um, para o que for útil, segundo a Sua exclusiva soberania.
Não desejemos portanto ver todos no mesmo nível de espiritualidade, em cada congregação local.
Onde estaria o fraco para nos exercitarmos na prática do amor e da longanimidade?
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Cheguemos à sensatez de não somente conhecer, mas de aplicar na prática, em nossa convivência cristã, a necessidade de vivermos em harmonia e em paz com todos aqueles que foram recebidos por Deus como filhos amados.
Se o Senhor Jesus os tem recebido, quem será mais poderoso do que Ele para rejeitá-los?
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Lições em Ziclague
O drama de Ziclague começou quando Davi era perseguido pelo rei Saul, e disse que precipitadamente:
“Disse, porém Davi consigo mesmo: Pode ser que algum dia venha eu a perecer nas mãos de Saul; nada há, pois, melhor para mim do que fugir para a terra dos filisteus;” (I Sm 27.1).
Enfraquecido pelas sucessivas perseguições, e abatido em sua alma pela pressão que certamente os espíritos das trevas estavam fazendo, aproveitando-se da oportunidade favorecida pelas suas muitas tribulações, Davi foi se refugiar junto aos filisteus, e recebeu do rei deles a cidade de Ziclague, para nela habitar com seus companheiros de luta e seus respectivos familiares.
Os amalequitas puseram fogo à cidade e sequestraram as mulheres e as crianças quando Davi e seus homens se encontravam ausentes.
Davi não achou alívio e segurança em Ziclague, conforme havia pensado, e por isso se entregou a grande depressão de alma e espírito por algum tempo.
Todavia ele recobrou a sua fé e confiança no Senhor e foi fortalecido para vencer os amalequitas, e tomar de volta tudo o que seus inimigos haviam furtado.
Muito bem! Quais são as principais lições que podemos aprender com o relato bíblico relativo a Ziclague?
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Primeiro. Que não devemos afirmar uma possível vitória dos nossos inimigos como Davi havia feito em relação às perseguições injustas de Saul (I Sm 27.1).
Coisas do tipo: “Meu filho vai acabar fazendo uma coisa ruim!”. “Este nosso empenho pode estar fadado ao fracasso!”. “O mal no mundo é tão grande que vou acabar sendo atingido por ele de modo fatal!”.
Isto é na verdade, atribuir incapacidade e impotência a Deus para cuidar de nós.
Isto é falta de fé, e grande desonra ao Seu grande Nome.
Em segundo lugar, nunca devemos fugir dos nossos problemas, como fizera Davi.
Enquanto estava em Israel se encontrava em segurança, porque a Palavra registra que Deus não permitiria que Ele fosse entregue nas mãos de Saul.
Pressionado pelas circunstância ele fez o que parecia ser o mais racional e lógico, todavia, não era a vontade der Deus para ele.
Assim, em vez de paz, tal como ele, acrescentaremos dores e problemas, aos que já temos, quando buscarmos ter paz nos retirando, e procurando nos alienar da realidade que estiver nos pressionando.
E finalmente, talvez a parte mais difícil, é a de recobrarmos força e ânimo para orarmos a Deus, pedindo-lhe que nos socorra e que nos capacite a fazer tudo o que for necessário para voltarmos à vida normal de atividades,
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especialmente as relativas aos interesses do Seu Reino.
Dizemos que é difícil, porque o espírito abatido não quer ser consolado, e muito menos achar forças para que levantemos para prosseguir a nossa jornada na luta diária.
Todavia, é necessário fazê-lo, estando dispostos ou não, porque enquanto não orarmos, o abismo poderá ficar cada vez mais profundo, e nossa alma se afundará em tristezas contínuas, em vez de se erguer em alegria e paz pelo poder do Senhor.
Se orarmos Deus nos ajudará e nos levantará conforme nos tem prometido em várias porções da Sua Palavra, como por exemplo a do Salmo 50.15.
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Não Recusar o Consolo Disponível
Problemas os temos aqui neste mundo, de sobra.
Mas poderemos contar muito mais dias de alegria do que de amargura e de tristeza.
Importante é não rejeitarmos o consolo eficaz que Jesus deseja nos dar, conforme podemos ver no exemplo do modo como ele lidou com as irmãs de Lázaro, antes de ressuscitá-lo.
Quando Jesus chegou em Betânia, o corpo de Lázaro se encontrava sepultado há quatro dias.
Sabendo que Ele havia chegado Marta se apressou em se encontrar com Ele, antes mesmo de entrar na aldeia onde ela morava.
Ali, ainda longe da sua casa onde as pessoas estavam ainda enlutadas pela morte de seu irmão, juntamente com sua irmã Maria, teve uma breve entrevista com Jesus e lhe disse que caso Ele estivesse presente, Lázaro não teria morrido; e que sabia que tudo que Jesus pedisse a Deus Ele lhe concederia.
Diante desta afirmação de fé, que ela certamente recebeu do alto, na convicção de que Jesus faria algo extraordinário, mas não cogitou tanto a ponto de que Ele iria ressuscitar seu irmão ainda naquele dia, porque quando Jesus lhe disse que Lázaro haveria de ressuscitar, ela afirmou que sabia que isto aconteceria na ressurreição do último dia, conforme está prometido a todos os cristãos que morrem no Senhor, de terem seus corpos
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ressuscitados no dia do arrebatamento da Igreja.
Ela havia dito uma verdade, e Jesus comprovaria esta verdade ressuscitando Lázaro, para mostrar que Ele tem de fato o poder de trazer os corpos que morreram de novo à vida.
Assim, disse a Marta que de fato, Ele é a ressurreição e a vida, e que aquele que nEle crê, ainda que esteja morto, viverá, e que todo aquele que vive, e que creia nEle, nunca morrerá.
Em seguida perguntou a Marta se ela cria nisto.
Ela respondeu sabiamente dizendo que cria que Ele é o Cristo, o Filho de Deus que havia de vir ao mundo.
Com esta sua declaração ela fez uma afirmação de fé de que tudo é possível ao Senhor, porque nada é impossível para o Messias, para o Filho de Deus que deveria vir ao mundo para restaurar todas as coisas.
Jesus queria falar também separadamente com Maria, e por isso permaneceu no lugar onde se encontrava, fora da aldeia, e pediu a Marta que chamasse Maria em segredo para vir ter com Ele.
Maria se apressou em ir ter com o Senhor, mas muitos que estavam na casa pensando que ela iria para o local do túmulo de Lázaro para chorar, saíram logo depois dela para confortá-la.
Quando Maria chegou ao lugar onde Jesus estava lançou-se aos seus pés dizendo que caso ele estivesse com eles, Lázaro não teria morrido.
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Ela conhecia a virtude sobrenatural que Jesus possuía para curar toda sorte de enfermidades, e fez esta límpida declaração de fé, da plena confiança que ela tinha no Seu poder.
Não é de se estranhar porque é dito que Jesus amava aquela família.
O Senhor ama de um modo especial a todos que têm esta qualidade de fé na Sua pessoa, como a que Marta e Maria haviam demonstrado, e que certamente era o mesmo tipo de fé que habitava em Lázaro.
Eles honravam a Jesus com a sua fé, e não foi por acaso que Deus escolheu aquela família para também honrar a fé deles com o milagre da ressurreição de Lázaro.
Nós vemos então o Senhor compartilhando privadamente o que faria àquelas duas gigantes da fé.
Uma grande fé será também grandemente honrada pelo Senhor.
Ele nos fará saber disto de maneira íntima falando ao recôndito dos nossos corações.
O Senhor nos separará do meio da multidão e nos consolará em particular.
Ainda que saiba que expulsará os nossos problemas para bem longe de nós, Ele primeiro nos fortalecerá e consolará, para que saibamos que tudo quanto necessitamos é da força da Sua graça.
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Vede como Andais
“Portanto, vede prudentemente como andais, não como néscios, e sim como sábios,” (Ef 5.15)
Nós não vemos na Bíblia Deus sempre dizendo:
“Vocês são muito amados!”.
Também vemos suas palavras com o seguinte teor: “Não tenho me agradado deles; visitarei suas iniquidades; retribuirei todo o mal que fizeram...” e outras palavras de juízo e desaprovação como estas.
Ele galardoa o bem, e sempre reprova o mal.
Não é portanto sábio pensar que Deus não se importa com os nossos pecados, e a nossa falta de interesse de fazer progresso em santificação.
Assim como Ele justifica e perdoa, também julga e corrige.
É um Pai perfeitamente justo, amoroso, bondoso, santo e disciplinador.
E como não ponderaríamos o nosso modo de caminhar diante dEle e de toda a Sua vontade, conforme no-la revelou na Bíblia?
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Não Tenho Pressa
Tenho más e boas lembranças do passado, mas no que isto conta para o desfrutar a vida?
O que passou, passou.
A vida é vivida no presente, que sempre escoa.
Como as águas do rio que seguem adiante e já não podem voltar atrás.
Por isso a eternidade é um eterno presente, porque é vida que não mais acaba.
Não tenho portanto pressa, como costumava ter antes, de querer aproveitar a vida ao máximo antes que chegasse a velhice e já não tivesse mais gosto pelas coisas intensas da juventude.
Envelheci, o tempo passou, e sou o que sou agora, tanto quanto serei o que serei depois.
Sempre no presente que estiver vivendo.
E como com Cristo a vida não termina, e é sempre melhor a cada novo presente que se me acena, para que teria então a pressa de querer aproveitar a vida por temer um futuro que poderia ser inseguro e incerto?
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Paciência com os Que Não Têm Paciência
Imagina só este quadro:
“Doutor! Estou muito doente. Preciso de ajuda!”
Aí o doutor fala:
“Olhe para mim! Seja como eu, plenamente saudável!”
Nenhum diagnóstico foi feito e nem receitado qualquer medicamento ou tratamento eficaz.
Pode parecer uma grande impossibilidade, mas na verdade, este quadro se repete todos os dias e todas as horas no relacionamento interpessoal.
Há muitas pessoas que precisam ser ajudadas, em vez de lhes dizermos que devem ser como nós, isto, se nós mesmos também não estivermos precisando de ajuda.
Estes são os que não têm paciência com quem se deveria ter paciência.
Muito mais do que não terem paciência, têm mesmo é indignação moralista, legalista, que condena os outros por não serem tão “perfeitos”, “bons” e “santos” como eles.
Graças a Deus que não encontramos este tipo de exemplo em Jesus Cristo.
O qual é o médico amado de milhões de almas adoentadas, e que faz o diagnóstico adequado, amoroso e não condenatório, específico para cada tipo de ajuda que seja necessária.
Então peçamos também a Ele que nos ajude a ter paciência com quem não tem paciência com aqueles que deveriam ser alvo da sua paciência,
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porque, no final das contas, ainda que não o saibam, também necessitam ser ajudados pelo Senhor.
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Mais do Que Vencedores
Como Davi, devemos sempre estar seguros de que Deus está sempre ao nosso lado.
Deus nos ajuda, livra, protege, instrui, dirige, supre, enfim, é nele que temos a certeza e a confiança da vida eterna, que vence todas as circunstâncias que poderiam nos conduzir à incredulidade.
Tentar tocar a vida sem Deus é suicídio espiritual diário.
Como poderemos triunfar sem orar?
Como poderemos caminhar em paz sem ter entrado em comunhão com o Senhor, pela oração, antes de iniciar nossas atividades?
Com oração e comunhão, vencemos.
Sem isto, somos derrotados.
E esta verdade é vista na experiência prática da vida cotidiana.
Deixe-nos então orar, louvar, servir ao Senhor, segundo a sua Palavra e vontade, e entenderemos então o significado bíblico de que em Cristo somos mais do que vencedores.
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Deve Bater Repetidamente como o Martelo
Quando Deus planejou nos dar a Bíblia, Ele fixou vários exemplos práticos e ordenanças para que pudéssemos conhecer a real extensão dos danos que são produzidos pelo pecado.
Se este conhecimento não fosse tão importante, nós não teríamos a Bíblia com tantas páginas escritas para nos mostrar não apenas estes danos, como também o que é necessário para nos prevenir deles, e sermos curados, pelo único caminho vivo e santo que é nosso Senhor Jesus Cristo.
Deste modo, se quisermos achar vida eterna e paz para as nossas vidas, devemos buscá-las apenas na Bíblia, que é a revelação escrita da verdade divina.
Porque foi somente nela que Deus decidiu nos ensinar acerca da verdade.
Não se acharia em Samaria, ou em qualquer outra nação da terra, porque Deus determinou trazer a salvação ao mundo a partir de Israel.
Ele é soberano em suas decisões e nada e ninguém pode mudar os seus caminhos e planos.
Por isso é a Palavra de Deus deve bater repetidamente em nossos corações de pedra como um martelo, para que possam ser abertos caminhos para a entrada da sua graça salvadora e abençoadora.
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Quebrado para Ser Levantado
“Antes de ser afligido, andava errado, mas agora guardo a tua palavra.” (Sl 119.67)
Todo aquele que ama a Deus, chegará ao entendimento, assim como Davi chegou no passado, que muitas situações que experimentamos em nosso viver, e que a maioria classifica de infortúnio, catástrofe e ponto negativo a ser contado contra nós, na verdade, estas experiências são muitas vezes, permissões de Deus para que sejamos quebrados em nosso endurecimento e altivez, e uma vez, chegando a conhecer quem somos de fato (fracos, pecadores, imperfeitos), nos arrependamos e nos voltemos para o Senhor em busca de auxílio e transformação.
Então, aquilo que o mundo considera uma desgraça, aos olhos de Deus é a grande oportunidade para recebermos a partir de então, a verdadeira graça.
É comum nos contentarmos com um comportamento que seja mera e socialmente aprovado, quando na verdade, continuamos sendo pessoas que caminham afastadas do cumprimento da palavra de Deus.
Daí ter dito o salmista, que reconhecia que andava errado, até o dia em que foi afligido, e que desde então passou a guardar a palavra do Senhor.
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O Deus que é o amor e a verdade, não pode estar satisfeito conosco, a menos que andemos também no amor e na verdade.
Por isso interpõe as provações, as aflições, as tribulações, no nosso viver, para que possa expurgar de nós, tudo aquilo que lhe desagrada, quando recorremos ao poder da sua maravilhosa graça, de modo que possamos caminhar em Jesus Cristo, que é o caminho e a verdade e a vida eterna.
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Um Passo Muito Além
Não proferir palavras de racismo, de preconceito, ou de qualquer tipo de ofensa, é ainda muito pouco, porque é possível continuar sendo o que não se disse, no coração.
Falar bem da Lei não é suficiente, porque é possível transgredi-la até mesmo no pensamento.
Por isso disse Cristo, que a verdadeira justiça deve exceder e em muito a que é baseada somente no cumprimento externo da Lei.
Porque não se consegue honra, amor, respeito, verdade, justiça, paz, perdão, por decreto, mas pela transformação da mente e do coração.
Que se cumpra e que se ensine a Lei, mas que se dê este passo que vai muito além.
“Mateus 5:19 Aquele, pois, que violar um destes mandamentos, posto que dos menores, e assim ensinar aos homens, será considerado mínimo no reino dos céus; aquele, porém, que os observar e ensinar, esse será considerado grande no reino dos céus.
Mateus 5:20 Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder em muito a dos escribas e fariseus, jamais entrareis no reino dos céus.”
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Quem Ama as Trevas Odeia a Luz
Por que uma oferta tão maravilhosa, que é para o bem eterno de nossas almas, inclusive para o bem presente, é tão resistida e rejeitada?
Por que a mensagem do convite relativo a esta oferta é tão odiada?
Alguém pagou o preço terrível e muito grande para que recebêssemos todo este bem eterno e infinito, inteiramente de graça.
E o que se costuma fazer quanto a isto?
Pisa-se e cospe-se neste grande sacrifício, e afirma-se a própria vaidade e capacidade.
Todavia, todos os que amam realmente a justiça, a paz e a verdade, aceitam com humildade e gratidão esta bendita oferta, e aceitam também que isto deve ser feito com a transformação de seus corações.
Reconhecem que não é possível receber a verdadeira luz, enquanto se insiste em viver nas trevas, na ignorância relativa à santidade, e na prática da iniquidade.
“João 3:16 Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.
João 3:17 Porquanto Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que julgasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele.
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João 3:18 Quem nele crê não é julgado; o que não crê já está julgado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus.
João 3:19 O julgamento é este: que a luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que a luz; porque as suas obras eram más.
João 3:20 Pois todo aquele que pratica o mal aborrece a luz e não se chega para a luz, a fim de não serem arguidas as suas obras.
João 3:21 Quem pratica a verdade aproxima-se da luz, a fim de que as suas obras sejam manifestas, porque feitas em Deus.”
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A Paz é Fruto do Andar em Justiça
Deus ama e aprova a verdadeira conversão, que sempre é pela fé, e segundo o arrependimento, e seguida pela santificação da vida, pela Sua Palavra, no poder do Espírito.
Deste modo, correm grande perigo tanto os que ofertam quanto os que procuram consolos baratos de paz e alívio, como se depreende destas palavras de repreensão do Senhor, dadas através do profeta Jeremias:
Jeremias 6:13 porque desde o menor deles até ao maior, cada um se dá à ganância, e tanto o profeta como o sacerdote usam de falsidade.
Jeremias 6:14 Curam superficialmente a ferida do meu povo, dizendo: Paz, paz; quando não há paz.
Jeremias 6:15 Serão envergonhados, porque cometem abominação sem sentir por isso vergonha; nem sabem que coisa é envergonhar-se. Portanto, cairão com os que caem; quando eu os castigar, tropeçarão, diz o SENHOR.
Jeremias 6:16 Assim diz o SENHOR: Ponde-vos à margem no caminho e vede, perguntai pelas veredas antigas, qual é o bom caminho; andai por ele e achareis descanso para a vossa alma; mas eles dizem: Não andaremos.
Jeremias 8:9 Os sábios serão envergonhados, aterrorizados e presos; eis que rejeitaram a
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palavra do SENHOR; que sabedoria é essa que eles têm?
Jeremias 8:10 Portanto, darei suas mulheres a outros, e os seus campos, a novos possuidores; porque, desde o menor deles até ao maior, cada um se dá à ganância, e tanto o profeta como o sacerdote usam de falsidade.
Jeremias 8:11 Curam superficialmente a ferida do meu povo, dizendo: Paz, paz; quando não há paz.
Jeremias 8:12 Serão envergonhados, porque cometem abominação sem sentir por isso vergonha; nem sabem que coisa é envergonhar-se. Portanto, cairão com os que caem; quando eu os castigar, tropeçarão, diz o SENHOR.
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Navegando com Segurança no Mar da Vida
Estamos navegando num mar de trevas de ignorância de Deus, e de maldade, e se não tivermos um farol que nos conduza em segurança ao porto da salvação, estamos perdidos.
Quem nos aponta a direção entre as trevas, é o evangelho, que é o verdadeiro farol da vida, e não de uma vida natural, de uma vida qualquer, mas da vida espiritual, celestial e eterna.
Portanto, se não cremos na mensagem do evangelho, permanecemos mortos espiritualmente, em delitos e em pecados.
E qual é a razão disto?
Simplesmente porque o único modo de se achar a vida eterna é crendo na verdade e justiça reveladas no evangelho.
Obviamente, no único e verdadeiro evangelho.
Se cremos em algo diferente, permanecemos perdidos.
Deus só pode ter a sua justiça satisfeita, que exige de nós plena conformidade à sua santidade, quando reconhecemos que sem Cristo, sem a sua justiça, estamos mortos em
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espírito, e não podemos de nenhum modo, estarmos unidos a Deus em espírito.
Deus somente poderia sentenciar a nossa culpa, e executar a sentença condenatória que repousa sobre nós, transferindo a nossa culpa para o próprio Cristo, e descarregando sobre ele toda a sua ira contra o pecado, em sua morte na cruz.
É crendo na verdade de que aquele morte foi a minha própria morte, que era eu quem estava sendo castigado em Cristo pelo meu pecado, que a minha culpa pode ser removida, e assim, ser declarado perdoado e justificado por Deus.
E isto é totalmente por graça e por fé.
Tentemos lhe acrescentar algo, como até mesmo as minhas boas obras, para que seja salvo por elas, e com isto anulo os méritos de Cristo, a sua morte na cruz, a minha própria morte com ele, e assim, permaneço perdido e sob a condenação da Lei.
Porque há somente um modo de ser livrado da justa condenação da lei de Deus, que é o de morrer para ela, sendo considerado como morto juntamente com Cristo em sua morte substitutiva.
Este é o evangelho no qual devermos crer.
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É o único farol que nos indica com segurança o caminho da salvação e da vida eterna.
É a única luz verdadeira apontando para a direção correta, entre tantas luzes foscas e enganosas.
É o único farol que pode conduzir o barco da minha vida em segurança para o céu, em meio às densas trevas da ignorância e da maldade deste mundo.
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Removendo o Mal da Fonte
É uma tentação muito grande neste nosso mundo mau, onde há tanta iniquidade e violência, fazer de conta que tudo é maravilhoso, e que o mal não é real.
Mas é muito melhor encarar o mal de frente, e no poder de Deus repreendê-lo, para que se afaste nós?
Afinal não nos ensinou o Senhor na oração do Pai Nosso, a pedir a Deus que nos livre do mal?
Decerto não removeremos todo o mal que há no mundo, porque para isto, seria necessário destruir a sua fonte, na qual habita o pecado, e, tragicamente, esta fonte somos nós.
Por isso Deus tem estabelecido um plano, de remover o mal dessa fonte, e transformar a muitos em fontes do bem, por meio da fé em Jesus.
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Afligidos na Luta Espiritual
Deus exige de nós que tenhamos um procedimento justo e santo constante.
Todavia não será por confiarmos no nosso bom procedimento que poderemos prevalecer sobre as oposições dos espíritos das trevas.
Ao contrário, eles nos atacarão tanto mais quanto mais nos santificarmos.
É somente no Senhor Jesus Cristo, nos Seus méritos, e na força do Seu poder, que deve repousar a nossa confiança.
É por vigiar o mundo espiritual, que geralmente se manifesta produzindo abatimento e fraqueza em nosso ânimo, e consequentemente um espírito ansioso e turbado, que podemos identificar estes ataques das trevas.
Pela oração e fé no Senhor sempre os venceremos para achar graça e paz para os nossos corações.
Esta batalha pode se intensificar ou se abrandar, conforme as provas que Deus permita que experimentemos para o nosso amadurecimento espiritual.
Não consideremos o bom combate da fé, no qual não há tréguas, como se fosse algo muito estranho que esteja acontecendo, porque todos os que andarem fielmente em comunhão com Jesus Cristo, passarão por esta experiência.
“1Pe 4:12 Amados, não estranheis o fogo ardente que surge no meio de vós, destinado a
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provar-vos, como se alguma coisa extraordinária vos estivesse acontecendo;
1Pe 4:13 pelo contrário, alegrai-vos na medida em que sois coparticipantes dos sofrimentos de Cristo, para que também, na revelação de sua glória, vos alegreis exultando.
1Pe 4:14 Se, pelo nome de Cristo, sois injuriados, bem-aventurados sois, porque sobre vós repousa o Espírito da glória e de Deus.
1Pe 4:15 Não sofra, porém, nenhum de vós como assassino, ou ladrão, ou malfeitor, ou como quem se intromete em negócios de outrem;
1Pe 4:16 mas, se sofrer como cristão, não se envergonhe disso; antes, glorifique a Deus com esse nome.”
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As Faculdades do Espírito
Nós lemos em Hebreus 4.12 que a Palavra de Deus separa a alma do espírito, ou seja, alma e espírito são duas realidades que formam uma unidade, mas que são de naturezas diferentes.
Enquanto não tivermos um entendimento espiritual adequado, jamais poderemos saber qual é o modo de vida que é realmente esperado de Deus, de nós.
Porque a Bíblia insistentemente nos aponta o dever de sermos espirituais, e de não vivermos dirigidos pela maneira de viver pela alma.
Para não nos alongarmos por demais, consideremos que Deus é espírito, e que Ele colocou o espírito no homem para que este vivesse segundo o Espírito e não segundo a carne, ou seja, sua natureza terrena decaída no pecado, segundo as paixões de sua alma.
Diz-se também na Bíblia que Deus é amor.
Ora, ao se fazer tal afirmação, o que se quer confirmar são as faculdades, os atributos do espírito, porque o amor ágape é exclusivo da natureza de Deus e daqueles que compartilham tal natureza.
Em I Coríntios 13, o apóstolo Paulo destaca alguns destes atributos do amor, que são por conseguinte, faculdades do espírito.
E dentre estas se ressalta a paciência cristã, a benignidade manifestada em meio a toda sorte de sofrimentos, a alegria exclusiva com a
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verdade e a justiça, e isto, certamente, só pode existir em quem vive no espírito e não na carne.
Em Gálatas 5, o mesmo apóstolo, cita o fruto do Espírito Santo, ou seja, estes atributos a que nos temos referido, que pertencem somente ao espírito, e não à alma ou ao corpo físico.
Ali se destaca o próprio amor ágape, a bondade, a perseverança, o domínio próprio, a benignidade, a fé, a paz, a alegria, a longanimidade, e podemos dizer que todas as virtudes de Cristo, são espirituais, celestiais e eternas, não desta natureza.
Elas serão vistas em nós, somente quando formos habitados ricamente pela Palavra de Deus, em procedimento santo, andando no Espírito Santo, porque é isto o que aviva e santifica o nosso espírito.
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Conhecimento Real do Deus Vivo
Quando pensamos em Deus apenas como um poder, ou mesmo como uma pessoa, como Ele é de fato, mas, desejando somente obter dele proteção, bens materiais, alívio de problemas ou qualquer outro interesse que tenhamos, ficamos muito longe do propósito para o qual fomos criados por Ele.
É muito fácil entendermos isto, até mesmo com argumentos racionais, ou seja, sem que necessitemos de alguma revelação espiritual especial.
Expliquemos com a seguinte ilustração:
É possível conhecermos e termos uma amizade íntima com uma pessoa da qual esperássemos apenas benefícios, com o comportamento que acabamos de descrever anteriormente?
Caso não nos empenhássemos com diligência e interesse em conhecê-la, a sua personalidade, seus atributos, seus desejos e modo de ser, seria possível sermos seus amigos íntimos?
Pois bem! Muitos fazem isto em relação a Deus, porque não entendem que o Seu agrado por nós, somente poderá existir caso nos disponhamos a ser Seus amigos, e conhecê-lo tal como Ele é, conforme se revelou na Bíblia.
E o que está registrado na Bíblia, passa a ser parte da nossa experiência real, porque Deus é pessoal, vivo, e somente pode ser conhecido caso nos relacionemos com Ele em espírito.
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Semeando com Lágrimas
Semeamos com muitas lágrimas nos solos secos de corações endurecidos pelo pecado.
Nossas lágrimas traduzidas em intercessões a Deus em favor deles, lhes ajudarão a serem arados e umedecidos para receberem a semente da Palavra do Evangelho.
Estes solos estão sedentos pela água viva do Espírito Santo.
Como o Evangelho é uma grande e maravilhosa notícia, ele será como água fria e fresca para as almas sedentas da justiça divina.
É em meio às tristezas produzidas pelo pecado que nossas lágrimas serão transformadas em alegria, quando tivermos a colheita de almas libertadas pelo poder Deus.
“Os que com lágrimas semeiam com júbilo ceifarão.
Quem sai andando e chorando, enquanto semeia, voltará com júbilo, trazendo os seus feixes.” (Salmo 126.5,6)
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Dando a Vida Pelos Irmãos
O apóstolo João diz em sua primeira epístola que assim como Cristo deu a sua vida por nós, também devemos dar a nossa pelos irmãos.
Paulo afirma várias vezes em suas epístolas que se gastava, que morria diariamente, por amor aos eleitos.
De fato, todos aqueles que servem fielmente a Jesus Cristo, oferecem suas vidas como sacrifícios vivos, e são reputados como ovelhas para o matadouro, porque o serviço fiel por amor ao próximo, sempre atrairá muitos ataques dos poderes das trevas sobre suas vidas, e estes ataques lhes infligirão muitas vezes abatimentos e tristezas de alma que equivalem à tristeza que sente pela morte.
Além disso, quantas renúncias terão que fazer para permanecerem fiéis.
O ministério e exercício dos dons espirituais demandarão até mesmo o abandono de coisas que seriam lícitas em outros, ou no passado, quando não serviam de modo consagrado ao Senhor, mas que agora seriam coisas inconvenientes à vista de muitos, e certamente seriam geradoras de escândalos, apesar de não serem pecaminosas em si mesmas.
Todavia, os que assim vivem acharam a verdadeira vida, o rio de água viva que flui continuamente em seus corações para a vida eterna.
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Nada lhes faz mais felizes do que se gastarem por amor ao Senhor e ao próximo.
Desapegaram-se de seus egos e perderam suas vidas antigas egoístas, e acharam a vida que jamais passará e que é movida e alimentada pelo amor do Senhor.
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Sempre Chegará a Hora da Paz e da Alegria
Nós nos sentimos como pessoas que sonham, quando recebemos boas notícias em meio aos nossos vales de aflição.
Chegamos até mesmo a pensar que não estamos acordados quando estas notícias são muito boas para nós e para aqueles aos quais amamos.
Oh! Quão grande é o alívio e a alegria, especialmente quando somos livrados das forças que nos oprimiam a alma.
E quão maior é ainda a nossa alegria e paz quando sabemos que isto nos veio de forma milagrosa da parte do Senhor Jesus.
As forças espirituais do mal que se regozijam sobre os nossos sofrimentos sempre serão frustradas pelo poder de Deus, no tempo oportuno, desde que mantenhamos a nossa confiança nEle e no Seu livramento.
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Rochas Inabaláveis
Os que creem em Jesus serão estabelecidos como a rocha inabalável.
Satanás não poderá movê-los da posição em que se acham firmados na graça (Romanos 5.2).
Nenhuma tribulação e nem mesmo o perigo da morte lhes afastará da firmeza na qual se encontram no seu Senhor.
Estão assim firmados porque Deus prometeu que assim faria em relação aos que amam a Jesus.
O Espírito Santo habita no cristão como uma muralha de fogo impenetrável, de modo que nenhum dano poderá ser produzido ao seu espírito, porque tem o selo e o penhor do Espírito Santo para ser guardado em segurança até o dia final, em que será conduzido à presença de Deus no céu.
“A quem vencer, eu o farei coluna no templo do meu Deus, donde jamais sairá; e escreverei sobre ele o nome do meu Deus, e o nome da cidade do meu Deus, a nova Jerusalém, que desce do céu, da parte do meu Deus, e também o meu novo nome.” (Apocalipse 3.12)
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Não se Cumpre em Nenhum Outro
”4 Verdadeiramente ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e carregou com as nossas dores; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus, e oprimido.
5 Mas ele foi ferido por causa das nossas transgressões, e esmagado por causa das nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados.
6 Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas, cada um se desviava pelo seu caminho; mas o Senhor fez cair sobre ele a iniquidade de todos nós.
7 Ele foi oprimido e afligido, mas não abriu a boca; como um cordeiro que é levado ao matadouro, e como a ovelha que é muda perante os seus tosquiadores, assim ele não abriu a boca.
8 Pela opressão e pelo juízo foi arrebatado; e quem dentre os da sua geração considerou que ele fora cortado da terra dos viventes, ferido por causa da transgressão do meu povo?
9 E deram-lhe a sepultura com os ímpios, e com o rico na sua morte, embora nunca tivesse cometido injustiça, nem houvesse engano na sua boca.
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10 Todavia, foi da vontade do Senhor esmagá-lo, fazendo-o enfermar; quando ele se puser como oferta pelo pecado, verá a sua posteridade, prolongará os seus dias, e a vontade do Senhor prosperará nas suas mãos.
11 Ele verá o fruto do trabalho da sua alma, e ficará satisfeito; com o seu conhecimento o meu servo justo justificará a muitos, e as iniquidades deles levará sobre si.
12 Pelo que lhe darei o seu quinhão com os grandes, e com os poderosos repartirá ele o despojo; porquanto derramou a sua alma até a morte, e foi contado com os transgressores; mas ele levou sobre si o pecado de muitos, e pelos transgressores intercedeu.” (Isaías 53.4-12)
Mais de seis séculos antes de Jesus ter vindo ao mundo para morrer por nós na cruz, de modo que pudéssemos ser justificados quanto aos nossos pecados, Deus revelou ao profeta Isaías tudo isto que lemos nesta porção do seu livro.
Tente aplicar estas palavras a qualquer outro que não seja nosso Senhor Jesus Cristo.
Dá para se encaixar alguém além dEle, nesta e nas muitas profecias bíblicas que foram dadas por Deus em relação a Ele?
O motivo disto é que antes que Ele se manifestasse, Deus, em sua grande misericórdia, revelou estas verdades por séculos seguidos, para que não tivéssemos
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qualquer dúvida quanto Àquele que é o autor e consumador da nossa fé e salvação.
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A Grande Perda
Quando se perde o espírito de contrição, o coração quebrantado pelo pecado, corremos o risco iminente de nos tornarmos mundanos, fanfarrões, insensíveis à iniquidade.
A vida cristã normal não consiste em se estar sempre alegre, com aquele tipo de alegria da carne, que se funda em coisas vãs, inúteis, passageiras, e não na justiça e verdade evangélicas.
Todavia, como é isto, o que a sociedade moderna sinaliza como sendo o grande propósito da vida, não são poucos os cristãos que se iludem entrando por este caminho, que lhes impede de alcançarem um coração quebrantado perante Deus, pelo conhecimento do quanto o Espírito Santo se entristece com este modo de viver banal e vão.
Não é sem motivo que Deus, em sua sabedoria infinita, interpôs as tribulações no nosso viver, para que possamos entender que não nos encontramos em nenhum parque de diversões eterno neste mundo, e que também não seria nisto que consistiria a bem-aventurança, enquanto aqui estivermos, porque nosso Senhor afirma que são bem-aventurados os que choram pelo pecado, ou seja, os que se entristecem, lamentam e suspiram por causa do pecado que há em si mesmos e no mundo.
A grande e verdadeira, e duradoura alegria consiste em se ter a presença de Deus na vida,
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mas não se pode ter isto enquanto não tivermos um coração quebrantado, porque Ele mesmo afirma:
“Porque assim diz o Alto e o Excelso, que habita na eternidade e cujo nome é santo: Num alto e santo lugar habito, e também com o contrito e humilde de espírito, para vivificar o espírito dos humildes, e para vivificar o coração dos contritos.” (Isaías 57.15)
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O Altar do Coração Quebrantado
“Sacrifícios agradáveis a Deus são o espírito quebrantado; coração compungido e contrito, não o desprezarás, ó Deus.” (Salmo 51.17)
A quebra do corpo de Jesus Cristo para a expiação do nosso pecado é o único sacrifício de compensação aceitável por Deus para tal propósito, mas a quebra (contrição) do nosso coração em relação ao pecado é um sacrifício de reconhecimento da nossa culpa.
Este quebrantamento de coração é a nossa preparação requerida por Deus para que a provisão feita por nós no sangue de Jesus Cristo possa ser eficaz para nos perdoar e purificar.
Por isso se nos ordena que nos ofereçamos a Deus como sacrifício vivo no altar da consagração.
Porque assim como o altar no Antigo Testamento santificava a oferta, de igual modo o nosso quebrantamento de coração é o altar no qual nos oferecemos para sermos santificados pelo Senhor.
Deus jamais rejeitará a qualquer que se aproximar dele com um coração contrito.
E isto não se aplica meramente à tristeza por pecados eventuais, mas a uma constante atitude de penitência perante Ele, por lamentarmos sermos de uma tal natureza pecaminosa.
Por isso devemos ser espirituais e não carnais, porque sem santificação, jamais conheceremos
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esta atitude interna de coração, que se entristece por causa do pecado.
Todo aquele que andar em justiça na presença do Senhor, será como Ló, que afligia sua alma justa todos os dias por causa do pecado que havia nas cidades de Sodoma e Gomorra, onde ela habitava.
É impossível que um autêntico santo não se entristeça pela presente condição da humanidade, que caminha cada vez mais de braços dados com o pecado.
O que for carnal não discernirá isto, e até poderá amar as mesmas coisas que o mundo ama, mas o que for espiritual não somente discernirá aquilo que Deus abomina na sociedade em que vive, como também se afligirá por isto, com um coração verdadeiramente quebrantado.
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Sodoma e Gomorra que Respondam
“Em verdade vos digo que menos rigor haverá para Sodoma e Gomorra, no Dia do Juízo, do que para aquela cidade.” (Mateus 10.15)
Sodoma e Gomorra se fizeram mais culpadas em seus dias do que quaisquer outras cidades, nem tanto porque tinham muitos pecadores, porque esta era a condição de todas as demais nações.
Sua grande culpa foi a de legislar aprovando como direito legal, a prática da iniquidade e da injustiça, e de tudo aquilo que fosse abominável para Deus.
Muitas nações, estados, cidades, de nossos dias, parecem seguir o mesmo padrão que submeteu aquelas duas cidades ao fogo da destruição.
Eles aprovavam como direito matar criancinhas.
E o que é o direito ao aborto?
Eles aprovavam o adultério.
A maioria das nações atuais descriminalizaram o adultério.
E tantas outras coisas que Deus clara e diretamente reprova em Sua Palavra, têm sido aprovadas ou se encontram em trâmite de aprovação, pelas autoridades que foram instituídas por Deus para fazer valer a justiça por Ele definida em Sua Palavra.
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O que se poderá esperar da parte de Deus, em relação a este crescente aumento da iniquidade que é aprovada por leis governamentais?
O FUNK com todas as suas letras de apologia ao crime, à imoralidade, à violência, foi há alguns anos, reconhecido pelo poder constituído como patrimônio cultural do Rio de Janeiro.
Neste ritmo acelerado da iniquidade embalada pela cultura da imoralidade, o que se pode esperar da parte de Deus?
Sodoma e Gomorra que o respondam por nós.
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Perdão Infinito de uma Culpa Infinita
O perdão de Deus para os nossos pecados equivale ao cancelamento de uma dívida enorme, infinita.
Nossos pecados contra um Deus perfeito e infinito são de caráter infinito, e poderiam portanto, ser apagados somente por um perdão também infinito.
Daí a necessidade de que a expiação do pecado fosse realizada por quem fosse infinito, ou seja, o próprio Deus, na pessoa de Jesus Cristo.
Somente o sangue de Jesus pode apagar as manchas do pecado de modo eficaz e eterno.
Nada mais poderia fazê-lo.
Esse é um dos principais motivos de Jesus ser tão precioso para nós, pecadores.
O que poderíamos fazer em nosso próprio favor?
Ele supriu a nossa completa insuficiência, e cumpriu por nós, o que jamais conseguiríamos obter por maiores que fossem os nossos esforços, a saber, a salvação de nossas almas.
Deus não somente perdoa os nossos pecados. Ele também nos limpa. Ele nos purifica de toda injustiça e nos livra de toda culpa.
Para este propósito, a nós cabe tão somente nos arrependermos, confessarmos nossos pecados, nos convertermos a Deus.
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Quando Há a Necessidade de se Envergonhar?
2 Tes 3.14: “Caso alguém não preste obediência à nossa palavra dada por esta epístola, notai-o; nem vos associeis com ele, para que fique envergonhado.”
É de tal ordem a resistência da natureza terrena à nova celestial e divina, que não são poucos os cristãos que conseguem viver em paz com suas consciências cauterizadas, na escolha de um modo de procedimento de vida excessivamente contrário ao determinado por Deus em Sua Palavra.
A par de todas as ordenanças de nosso Senhor Jesus Cristo, especialmente no Sermão do Monte, agem em contradição a tudo o que ali está escrito, e caminham confortavelmente dando lugar à carne e não ao Espírito.
Não têm prazer em ouvir a sã doutrina, quanto mais praticá-la, porque neles já foi silenciada a batalha da carne contra o Espírito e do Espírito contra a carne.
Apaziguaram-se com o mal procedimento antibíblico.
Por isso soa contra eles a ordenança de não se associarem aos mesmos todos aqueles que andam em conformidade com a norma bíblica.
Não para serem tidos na conta de inimigos, porque são irmãos amados, mas quão triste é, tê-los afastados da comunhão no Espírito, porque
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não lhes agrada as coisas que são celestiais, espirituais e divinas.
Cristo os ama, e por isso lhes chama ao arrependimento.
Que possam sentir vergonha do seu procedimento carnal, em vez de se regozijarem nele, conforme é comum acontecer, para voltarem a andar em comunhão com o Senhor e com seus demais irmãos na fé.
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Ser e Existir
A matéria inorgânica existe, mas pode-se dizer que ela vive?
Então, devemos apreciar de modo adequado o significado bíblico da palavra vida, quando se refere a Deus e ao homem.
O que está em foco não é a mera existência.
Lembremos dos seres inanimados.
E mesmo na consideração dos demais seres vivos, não dotados do espírito, a Bíblia nunca lhes atribui a qualidade da vida eterna, inerente à pessoa de Deus, que pode ser comunicada apenas a quem é humano.
A raiz da palavra bíblica hebraica “vida” é a mesma empregada na palavra designativa do nome de Deus, relativo à sua natureza e essência, que pode ser traduzida como “Ser”, não no sentido de mera existência, mas da condição existente em todos aqueles (Deus, homens e os anjos) nos quais habitam todas as virtudes que se encontram no caráter de Cristo.
O oposto de vida que é a morte, significa então a ausência da coparticipação na natureza divina, a qual é comunicada pela habitação do Espírito Santo naqueles que a possuem.
Daí se dizer que:
João 3:36 Por isso, quem crê no Filho tem a vida eterna; o que, todavia, se mantém rebelde contra o Filho não verá a vida, mas sobre ele permanece a ira de Deus.
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João 6:47 Em verdade, em verdade vos digo: quem crê em mim tem a vida eterna.
João 6:63 O espírito é o que vivifica; a carne para nada aproveita; as palavras que eu vos tenho dito são espírito e são vida.
João 20:31 Estes, porém, foram registrados para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome.
1João 5:11 E o testemunho é este: que Deus nos deu a vida eterna; e esta vida está no seu Filho.
1João 5:12 Aquele que tem o Filho tem a vida; aquele que não tem o Filho de Deus não tem a vida.
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Paz e Alegria na Hora da Morte
Charles Haddon Spurgeon, que viveu no século XIX disse que se alguém desejasse conhecer o poder da graça de Jesus, e o fortalecimento em paz e alegria que ele concede àqueles que o conhecem e amam, bastava ir visitar doentes em estado terminal nos hospitais, porque ali constataria a serenidade e poder espiritual em fortaleza sem qualquer temor da morte, nos enfermos, conforme testemunho de suas palavras e face exultante na grande glória do Senhor prestes a se manifestar em suas vidas.
Ele disse isto baseado em seu próprio testemunho porque pastoreara a milhares de pessoas e assistiu a muitas delas em seus momentos finais aqui neste mundo.
O que daí concluímos que é vão viver com o temor constante da morte, especialmente quando chegamos à idade avançada, conforme é o meu caso, porque Deus nos dará a graça e a força necessária na hora da nossa passagem para aquela vida melhor, para que não seja um momento angustiante e tormentoso para nós, porque ele é poderoso para nos revestir com sua paz sobrenatural, especialmente no momento da nossa partida.
Vivamos portanto, com paz e alegria em nossos corações, porque Ele fará a provisão necessária, conforme sua fidelidade, para o momento considerado como o mais difícil da nossa existência.
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A Oração e as Promessas
A oração deve ser feita em conformidade com as promessas de Deus, porque podemos ter a certeza de que a oração será ouvida, porque a promessa será cumprida, porque Deus é fiel e não pode mentir em relação ao que nos prometeu que iria fazer para honrar a nossa fé nEle e na Sua Palavra.
Não podemos esquecer, entretanto, que servimos a um Deus santo, que requer santidade de nós para que nos aproximemos dEle.
O assunto da oração não se refere portanto, somente a petições, mas também e sobretudo, quanto à nossa condição espiritual.
Por isso se requer que confessemos nossos pecados, sempre que nos dispusermos a entrar na presença de Deus.
A Bíblia está repleta de passagens que ilustram este ponto.
Entre as preciosas promessas de Deus nós temos a principal delas que é a que fez de nos salvar pela simples fé em Cristo.
Na verdade, esta é a grande porta de entrada que nos dá acesso às demais promessas do Senhor.
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Somente o Bem é e Será para Sempre
Se mantivermos nossa confiança em Deus, ela jamais será envergonhada; e, se nós prevalecermos com Ele, nossos inimigos não triunfarão sobre nós.
O Senhor nos ajudará e nos fortalecerá para que não fiquemos debaixo das tribulações que afligem as almas dos justos.
A alma do ímpio não se aflige pela causa do bem, ao contrário, ela se compraz no mal, e assim, não sabe o que é sofrer por causa da justiça e da verdade.
O diabo jamais se oporá àqueles que fazem aquilo que é segundo a sua vontade infernal.
Ao contrário, lhes incentivará, e ajudará a agirem de modo contrário à vontade de Deus.
Estes, enquanto não se converterem de seus maus caminhos, não podem contar com a instrução e a direção do Espírito Santo, para poderem viver de modo justo e santo.
Contam contudo com a sua longanimidade, porque o Senhor tem determinado dar uma grande oportunidade a todas as pessoas, na expectativa de que se convertam e vivam eternamente perante Ele, em amor.
É por causa desta longanimidade que até mesmo os ímpios vivem muito tempo aqui na terra, com o sentimento de que Deus não se importa com o mal que praticam.
Todavia, Ele tem registrado tudo em memória para o Grande Dia do Juízo Final.
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Jesus veio portanto a este mundo, não somente com o propósito de nos justificar e salvar, mas também para nos santificar, de modo que sejamos as pessoas santas e justas que Deus planejou, desde antes da fundação do mundo, que fôssemos perante Ele.
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Lutando por Algo Superior e Melhor
Nós vemos especialmente os atletas e os soldados combatentes em tudo se esforçando e se privando de muitas coisas em troca da honra da glória e da honra da vitória, e também pela compensação financeira que lhes advirá do seu empenho.
Todavia, toda esta honra, fama, glória e riquezas, se desvanecem com o tempo, e não podem ultrapassar de modo algum a fronteira da morte.
Agora, há mais do que tudo isto que acabamos de citar, para aqueles que se esforçarem para entrar no Reino de Deus.
Neste caso, a recompensa será eterna.
Então, para este propósito compensam todos os esforços, sofrimentos e perdas que possamos experimentar neste mundo.
Aqueles que ficam lamentando suas presentes condições deveriam se levantar e se inscreverem nas fileiras do Exército do Senhor Jesus Cristo, para combaterem contra os poderes do mal, especialmente em suas próprias vidas.
O bom combate da fé traz grande honra e glória a todos os que nele se empenham fielmente, lutando com as armas espirituais de Deus, da verdade, da justiça, do amor e da misericórdia do evangelho de Cristo.
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Que honra poderia ser maior e melhor do que a de habitar para sempre com Deus nas moradas celestiais eternas?
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Abatidos mas não Destruídos
Para nosso consolo e esperança Deus mandou registrar os seus grandes feitos do passado, na Bíblia, para que jamais duvidemos do Seu poder, justiça e amor, que estarão sempre atuando em favor daqueles que o amam e temem.
Tudo o que se levanta contra o Senhor haverá de cair, porque demonstrou fartamente na antiga dispensação da Lei, o que sucedeu aos inimigos de Israel quando este andava em fidelidade na Sua presença.
Ele quebra o arco do Inimigo e quebra a sua lança, e frustra todos os seus projetos malignos, transformando maldições em bênçãos.
Vivemos no meio das águas tumultuosas deste mundo exatamente para o propósito de aprendermos estas verdades, de modo prático em nossa experiência cotidiana.
A experiência do apóstolo Paulo será a mesma que viverão todos aqueles que seguirem os seus passos quanto à fidelidade que é devida a Deus, como podemos ver em suas palavras em II Cor 4.8,9:
“Em tudo somos atribulados, porém não angustiados; perplexos, porém não desanimados; perseguidos, porém não desamparados; abatidos, porém não destruídos;”
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Indestrutível
Não há rio de aflições profundo demais que possa nos submergir porque a palavra de Deus é a arca que nos eleva e nos mantém seguros nos dias tenebrosos.
A consolação do Espírito Santo é todo suficiente para nos aquietar e fortalecer em meio às maiores tempestades que tenhamos que enfrentar.
Quando os céus e a terra passarem, nós permaneceremos para sempre, sustentados pelo braço forte do Senhor.
Quando este corpo de carne e osso se desfizer, ressurgiremos num corpo glorificado que jamais poderá ser enfermado ou destruído.
Quem poderá então destruir a confiança, alegria e paz que o próprio Deus nos dá, por meio da graça de Jesus?
Ele determinou nos conduzir em plena segurança para o céu, e que força é maior do que o Seu grande poder, de modo a conseguir frustrar o Seu eterno propósito de nos fazer somente o bem?
Descansemos então em plena confiança no Senhor toda vez que o mal vier bater à nossa porta.
Honremos o nosso Deus com a nossa fé, porque nada lhe é impossível, e somente Ele é o Criador. Tudo mais é criatura e se encontra debaixo do Seu perfeito controle.
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Uma Palavra de Conforto
Que sejamos, nas mãos de Deus, instrumento de consolação, para aqueles que necessitam de conforto.
E que esta consolação não seja apenas de palavras de apoio e de conforto, mas acompanhadas pelo poder operante do Espírito Santo nas mentes e nos corações.
Não uma consolação passageira, que tal como a nuvem agora é, e de repente não mais existe, mas com a única consolação que é efetiva e duradoura, que é achada no próprio Senhor Jesus Cristo, juntamente com o testemunho das Escrituras, como vemos, por exemplo, em textos como o de Romanos 15.4:
“Pois tudo quanto, outrora, foi escrito para o nosso ensino foi escrito, a fim de que, pela paciência e pela consolação das Escrituras, tenhamos esperança.”
Veja que se diz do que foi escrito desde há muito tempo para o nosso ensino, ou seja, esta verdade não é algo novo, inventado pela imaginação dos homens.
E também se diz que tem o propósito de acharmos a paciência e a consolação destas Escrituras Sagradas, para que tenhamos esperança.
Na Bíblia encontramos tudo o que é necessário para fortalecer o coração que se encontra
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abatido, pois ali achamos o registro dos grandes feitos miraculosos de Deus, a revelação da Sua misericórdia e dos Seus juízos.
Quando vemos quão grande, poderoso e amoroso é o Deus que servimos, então achamos paz e descanso para as nossas mentes e corações.
No texto de II Tessalonicenses 2.16 lemos que é o próprio Deus quem nos deu uma consolação eterna e uma boa esperança, pela graça.
“Ora, nosso Senhor Jesus Cristo mesmo e Deus, o nosso Pai, que nos amou e nos deu eterna consolação e boa esperança, pela graça,” (II Tes 2.16)
Veja querido leitor que não é nenhum anjo ou homem que nos dá tal consolação e esperança, senão o próprio Deus.
É achando a Cristo, convertendo-se a Ele, e andando com Ele pela obediência aos Seus mandamentos conforme estão revelados na Bíblia, que se acha também a verdadeira consolação e esperança não somente para os momentos difíceis de nossas vidas, mas para todas as horas e para a eternidade.
Veja que o texto de II Tes 2.16 diz eterna consolação.
E uma tal consolação só pode ser achada num Consolador Eterno, a saber, em Deus mesmo.
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Por isso nosso Senhor Jesus Cristo, o grande e primeiro Consolador que nos foi dado por Deus Pai, enviou-nos outro Consolador depois que subiu ressuscitado ao céu, e este outro Consolador é o Espírito Santo.
Assim, os que estão se sentindo fracos e abatidos, que possam ter suas forças renovadas, fortificando-se na graça que está em nosso Senhor Jesus Cristo.
Que clamem a Deus nas horas de aflição, para que achem o conforto e a força, que procedem dEle.
É possível louvar ao Senhor e estar alegre em meio às aflições, porque o poder do Espírito Santo nos concede tal graça, para a glória e louvor de nosso Senhor Jesus Cristo, por meio de quem obtivemos acesso a tão grande bênção.
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Os Puritanos e Nós
Alguém disse apropriadamente que os puritanos históricos ingleses sabiam tanto como viver quanto como morrer, e que nós não sabemos como viver e muito menos como morrer.
Pesa em prol dos puritanos que eles não estavam em nada apegados à vida que temos neste mundo, e assim, acharam a verdadeira vida eterna na qual viviam ininterruptamente.
E quanto à morte, eles a viam como um amigo que lhes libertaria para sempre das aflições deste mundo, e que os transportaria para os braços do Pai celestial, para viverem num gozo eterno e inefável.
Não foi exatamente isto que nos recomendou e viveu o próprio Cristo?
Por isso a eles se referiu J. I. Packer dizendo que eram gigantes espirituais, e que nós não passamos de anões, quando com eles comparados.
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Sossega Coração!
“Respondeu-lhe o Senhor: Marta! Marta! Andas inquieta e te preocupas com muitas coisas.” (Lucas 10.41)
Com estas palavras Jesus repreendeu o comportamento de Marta, irmã de Lázaro, e continua repreendendo o nosso, quando nos igualamos a Marta quanto ao viver ansioso.
“Tenho que fazer isso, tenho que fazer aquilo...”
Quando permitimos ser movidos por esta roda de inquietação da alma, ficamos sobrecarregados de cuidados, e não raro, a consequência disto é o nosso afastamento da comunhão com Deus e falta de confiança na Sua providência.
Não permanecemos calmos, sossegados, tranquilos, em toda e qualquer circunstância, por uma confiança plena no cuidado de Deus, se é que chegamos a aprender isto algum dia.
As águas do rio correrão o seu curso, sempre adiante, e não voltarão atrás.
Nadar contra a correnteza dos problemas da vida, não é e nunca será uma atitude sábia para enfrentá-los.
Trabalharemos muito, nos afadigaremos nas coisas necessárias, mas que isto seja feito com paz de mente e de coração, sabendo que o Senhor luta por nós, todas as nossas batalhas, quando demonstramos a nossa confiança nEle, pela nossa paz e calma espirituais.

Edition Notes

Published in
Rio de Janeiro, Brasil

The Physical Object

Format
Paperback
Pagination
lxii, 205p.
Number of pages
205
Dimensions
21 x 14,8 x 1,2 inches
Weight
285 grams

ID Numbers

Open Library
OL25945641M

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September 13, 2016 Edited by Silvio Dutra Edited without comment.
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