An edition of I, II e III João (2015)

I, II e III João

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August 21, 2016 | History
An edition of I, II e III João (2015)

I, II e III João

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O apóstolo João escreveu suas três epístolas e o livro de Apocalipse quando se encontrava em uma prisão romana na Ilha de Patmos.
Na ocasião era o último apóstolo de Jesus que ainda se encontrava vivo, dando-se assim cumprimento à profecia que nosso Senhor havia feito em relação a ele.
João escreveu tanto para combater o erro doutrinário quanto para citar quais são as características principais que distinguem os crentes autênticos.
João destaca o amor ágape de Deus em nossas vidas como sendo o componente mais importante do fruto o Espírito Santo, assim como Paulo já havia se referido a isto em I Coríntios 13.
Em seu evangelho, João se esforçou para demonstrar a divindade de Jesus, e em sua primeira epístola se esforçou para falar da sua humanidade, em face do ataque do gnosticismo contra a verdade de que Ele havia de fato encarnado.

Publish Date
Publisher
Silvio Dutra
Language
Portuguese
Pages
79

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Edition Availability
Cover of: I, II e III João
I, II e III João
2015, Silvio Dutra
Paperback in Portuguese

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Book Details


Table of Contents

I, II e III João
Silvio Dutra
DEZ/2015
A474
Alves, Silvio Dutra
I, II e III João. /Silvio Dutra Alves. – Rio de
Janeiro, 2015.
79p.; 14,8x21cm
1. Teologia. 2. Comentário Bíblico. 3. Amor
4.Epístola. 5. Renúncia. I. Título.
CDD 230.227
Sumário
I JOÃO
I João 1 5
I João 2 17
I João 3 31
I João 4 41
I João 5 52
II JOÃO
II João 1 61
III JOÃO
III João 1 72
I JOÃO
I João 1
O Que Era Desde o Princípio
O Verbo; A Palavra, tradução do original grego logos, que dá vida eterna, e que era desde o princípio, encarnou e habitou entre nós num corpo como o nosso, de modo que pôde ser contemplado pelos olhos dos apóstolos, e sentido pelo seu tato, e Sua voz foi ouvida por eles, de forma que puderam anunciar o que viram e ouviram, quanto à comunhão espiritual que é possível ter com Deus Pai e com seu Filho Jesus Cristo (I João 1.1-3).
Palavra não é matéria. Especialmente a Palavra Viva Divina.
Mas ao encarnar, o Verbo jamais deixou de ser o Verbo, porque não é a carne a fonte da vida eterna, mas o Verbo, o espírito divino, a essência da natureza divina, da qual somos chamados a participar pela nossa comunhão com o Deus triúno, através da nossa união com o Seu Filho, que foi dado pelo Pai para ser a nossa Cabeça.
A vida de Deus em nós não é um complemento da nossa vida terrena. Ao contrário, esta vida natural está destinada a ser aniquilada para que no porvir, apenas exista aquilo que o próprio Deus é em Sua natureza, a saber: espírito.
Por isso se diz de Jesus na profecia, de Isaías 11.2 que:
“repousará sobre ele o Espírito do Senhor, o espírito de sabedoria e de entendimento, o espírito de conselho e de fortaleza, o espírito de conhecimento e de temor do Senhor.”
Uma das razões de não encontrarmos uma só linha no Novo Testamento, que fale de Jesus ou dos apóstolos se esforçando por fazer uma crítica acirrada a qualquer religião, porque esta vida do Verbo não pode ser conhecida por dogma, preceito ou culto religioso, mas por revelação do próprio Cristo às almas perdidas.
Observe que na profecia que lemos anteriormente, de Isaías 11.2, diz-se de Cristo, o mesmo que pode ser aplicado aos cristãos, pois ali se fala de terem o Espírito Santo, que foi tanto para Cristo quanto é para eles, espírito de sabedoria e de entendimento, o espírito de conselho e de fortaleza, o espírito de conhecimento e de temor do Senhor.”
É por ignorância desta verdade que alguns se entregam à ideia ilusória de tentar fazer convertidos por meio do convencimento teológico, por meio de comparação de religiões, tentando cada um de per si, comprovar que a sua é a verdadeira.
Os eleitos serão alcançados pelo evangelho, que é o poder de Deus para a salvação dos que nEle crerem, e estes serão oriundos de todas as camadas sociais, de todos os países, sem distinção de raça ou religião.
Então, é pura perda de tempo se entregar a confrontações religiosas, ou a debates teológicos, para se alcançar convertidos para Cristo, porque o próprio Deus os atrairá irresistivelmente a se entregarem a Seu filho, quer tenham sido religiosos, ateus, ou qualquer outra coisa.
Jesus é espírito vivificante.
Por isso Ele diz que é a videira verdadeira, e aqueles que se encontram nEle são como os ramos da videira.
É daqui que entendemos o vigor com que o apóstolo alerta os cristãos nesta epístola quanto aos enganadores, que pretendiam negar esta qualidade sobreexcelente, sobrenatural, especial e essencial do espírito de Cristo, mormente quanto àqueles que intentavam negar o fato de Ele ter encarnado num corpo como o nosso, porque se esta falsa doutrina fosse aceita, toda a obra da redenção seria desacreditada, porque se Cristo não encarnou não poderia ter oferecido o seu corpo como sacrifício pelo pecado, nem poderia ter ressuscitado depois da morte no Calvário, e assim todos os homens teriam que permanecer mortos em seus pecados, e sem qualquer esperança relativa à ressurreição dos seus corpos, quando nosso Senhor voltar para arrebatar os que nEle creem.
Se os apóstolos chegaram a conhecer a Jesus segundo a carne, não foi somente deste modo que o conheceram, porque o próprio apóstolo João afirma nesta epístola que é pelo Espírito Santo que conhecemos que o Senhor permanece em nós, e nós nEle (I Jo 3.24; 4.11) e que é o Espírito que dá testemunho da nossa união com Cristo (I Jo 5.7).
João não se referiu apenas ao homem divino que foi visto, ouvido e apalpado por eles, mas ao Verbo que dá a vida eterna.
É nesta condição que importa que Cristo seja conhecido.
Então, ser o Verbo, no original grego Logos, geralmente traduzido por Palavra, se refere muito mais do que simplesmente à letra das Escrituras, senão a todas as realidades espirituais que se encontram em Cristo, e que foram descritas nas Escrituras por meio de palavras.
Cristo é o Logos, mas transcende os conceitos sobre o Logos, porque estes são apenas a expressão das realidades que se encontram no Seu ser divino.
Alguém disse apropriadamente que somente falar da virtude não é ser virtuoso.
Se o Logos fosse apenas palavra, seria possível pensar que não houvesse uma correspondência entre o que se afirma e a realidade.
Por isso, ao ter falado que o Verbo se fez carne, o apóstolo se apressou em apresentar uma definição mais clara daquilo que havia afirmado dizendo que Deus é luz e que não há nEle qualquer treva (I João 1.5).
O verdadeiro conhecimento de Deus é feito na luz.
Não numa luz exterior, mas na luz que é o próprio Deus.
O apóstolo quis mostrar o caráter deste conhecimento de Deus, que é obrigatoriamente em comunhão com Ele, porque é nEle que temos a luz necessária para conhecê-lo pessoalmente.
Fora dEle há trevas espirituais.
Não há qualquer possibilidade de um verdadeiro conhecimento de Deus sem a iluminação do Espírito Santo, portanto é preciso que permaneçamos nEle, para que Ele também permaneça em nós.
É na união do Espírito Santo com o nosso espírito que podemos ter o conhecimento por Sua revelação ao nosso espírito, das coisas espirituais que estão na pessoa de Deus, e que se discernem somente espiritualmente.
Uma das principais coisas que os apóstolos viram em relação à manifestação da vida eterna, por meio de Cristo, é que a comunhão com Ele e com Deus Pai gera a mais pura alegria espiritual (Jo 1.4).
Todos os que andarem na luz e que tiverem comunhão com Deus haverão de experimentar esta alegria.
A dispensação do evangelho não é uma dispensação de terror e de tristeza, mas de paz e de alegria.
O terror que havia no Monte Sinai não existe para aqueles que se aproximam do monte Sião, porque aqui não se recebe a Lei escrita em tábuas de pedra, mas escrita no novo coração, recebido na regeneração pelo Espírito Santo.
O apóstolo João disse que é preciso andar na luz para se ter comunhão com Deus e uns com os outros.
Isto significa que é, portanto necessário, viver e andar como nova criatura, e não na carne, segundo o velho homem, porque é desta forma que nos voltamos do pecado para Deus, das trevas para a luz, por coparticiparmos da Sua natureza divina, que é quem na verdade triunfa sobre o pecado e a velha natureza.
Como não há em Deus qualquer treva não é possível ter comunhão com Ele se tivermos alguma treva em nós.
A pessoa de Deus é ilustrada por uma luz pura, sem qualquer obscurecimento.
Na verdade, não é possível contaminar a luz.
Não é possível sujar a luz.
Assim, se o ser de uma pessoa está na luz, isto significa que não há impureza num tal espírito e alma.
Esta é uma necessidade básica e importantíssima para se ter uma verdadeira vida espiritual, que cresça no conhecimento de Deus, e das realidades relativas ao Seu reino.
O apóstolo estava vendo quanto os cristãos dos seus dias estavam tentando tocar a vida cristã aparte da comunhão espiritual necessária com o Pai e com o Filho, e ainda que alguns estivessem se esforçando neste sentido, estavam errando o alvo por não levarem em conta a necessidade de se purificarem do pecado, pela sua mortificação, para que pudesse prevalecer neles o novo coração puro, recebido de Deus na conversão.
O pecado deve receber a devida consideração da parte dos cristãos.
Eles não podem fechar os olhos para os seus pecados e ainda assim tentarem agradar a Deus.
Eles já foram limpos pela Palavra do Senhor, mas necessitam ainda lavarem continuamente os seus pés, ou seja, mortificarem os resquícios do pecado que permanecem na carne, enquanto vivem neste mundo.
O Senhor viveu como pura luz neste mundo e sempre foi e será pura luz.
João queria que todos os cristãos soubessem esta verdade, para que também vivessem como luz, andando na luz, ou seja, segundo a nova natureza, impulsionada pelo Espírito Santo e pela Palavra de Deus.
É por uma constante aproximação de nosso Senhor, pela fé, que somos purificados continuamente pelo Seu sangue.
Foi por este motivo que o apóstolo disse o seguinte:
“Se dissermos que temos comunhão com ele, e andarmos nas trevas, mentimos, e não praticamos a verdade;” (v. 6).
E também:
“8 Se dissermos que não temos pecado nenhum, nos enganamos a nós mesmos, e a verdade não está em nós.
9 Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça.
10 Se dissermos que não temos cometido pecado, fazemo-lo mentiroso, e a sua palavra não está em nós.” (v. 8, 10).
João não está fazendo, como não poderia fazer, qualquer apologia em favor do pecado, no sentido de justificar o pecado ou mesmo o fato de sermos pecadores.
Mas não poderia deixar de considerar a realidade de que estamos sujeitos às tentações do diabo e da carne, e do fascínio do mundo, e por isso, necessitamos recorrer à fonte do sangue, da luz, que é nosso Senhor Jesus Cristo, para sermos purificados, pela mortificação do pecado, porque Ele é o Cordeiro que tira o pecado de nós, que o destrói, pelo lavar renovador e regenerador do Espírito Santo, quando nos dispomos a confessar que temos andado na carne, mas que não estamos dispostos a seguir em tal inclinação carnal, para que andemos no Espírito.
Como disse Paulo:
“Que diremos, pois? Permaneceremos no pecado, para que abunde a graça?
De modo nenhum. Nós, que já morremos para o pecado, como viveremos ainda nele?” (Rom 6.1,2).
Como ele prossegue nos ensinando na carta aos Romanos, devemos entender que estamos mortos com Cristo, que a Sua morte na cruz, foi também a nossa morte, a morte do nosso velho homem, para que não vivamos mais segundo a inclinação da carne, mas segundo a do Espírito, porque ressuscitamos para uma nova vida espiritual que se chama novidade de vida, quando fomos batizados na morte do Senhor, a qual é ensinada em figura no batismo das águas, assim como a ressurreição para esta nova vida no Espírito.
Não há, portanto, mais nenhuma condenação ou acusação contra o que é verdadeiramente cristão, porque ele é considerado por Deus como estando morto para tal viver na carne, tendo por isso recebido a habitação do Espírito Santo no seu novo nascimento.
O cristão é chamado a abandonar a vida que é dirigida pelo pecado, porque não está mais debaixo do domínio do pecado... o senhorio do pecado sobre ele foi destruído por Cristo, que é agora o seu novo Senhor, juntamente com a Sua graça.
Ele agora deve servir a Deus, à justiça do evangelho, à vida que é segundo a piedade.
A confissão dos pecados não tem portanto o objetivo de reduzirmos a influência do pecado sobre nós, mas para que a luz e o sangue do Senhor possam de fato exterminá-lo, pela sua mortificação.
É preciso compreender que há uma pureza absoluta na natureza de Deus, e que Ele requer também pureza de nós, ainda que de caráter evangélico, porque ela não existe em grau absoluto em nós neste mundo, isto é, a nossa santificação é também de caráter evangélico porque somos aceitos por Deus pela nossa sinceridade e fé verdadeira em buscar nEle tal pureza de coração, e não propriamente pelo grau absoluto que ela exista em nós.
Na verdade não existe esta pureza no nosso coração que é corrupto mais do que todas as coisas, e por isso é trocado por Deus de coração de pedra, para coração de carne.
Isto não vem de nós, e nem se encontra em nós, porque o recebemos do alto, do Senhor mesmo, pela fé.
Por isso é preciso estar nEle para que sejamos purificados.
É andando na luz, no Espírito Santo, numa fé sincera, com uma boa consciência na nossa busca do Senhor em espírito, que o Espírito Santo realiza o trabalho da nossa purificação, através da manifestação do Seu poder.
Por isso o apóstolo diz que são mentirosos todos aqueles que dizem que têm tido comunhão com Deus, mas nos quais falta esta sinceridade para deixarem toda forma de impureza e pecado, porque isto comprova obviamente que não estão andando no Espírito, mas segundo a carne.
A muito mais se referiu João dizendo que caso tentemos esconder a nossa condição de estar vivendo deliberadamente na prática do pecado, e ao mesmo tempo, afirmamos que não temos cometido pecado, não somente somos mentirosos, como chamamos a Deus de mentiroso indiretamente com a nossa atitude, porque Ele afirma expressamente na Sua Palavra que todos os homens são pecadores e são purificados dos seus pecados somente pelo sangue de Jesus.
Por isso o apóstolo disse que a palavra de Deus não está em nós quando dizemos que não temos cometido pecado, quando na verdade permanecemos na prática deliberada do pecado (v. 10).
Porque se a Palavra estivesse habitando ricamente em nós, não teríamos esta atitude, porque seríamos convencidos pela Palavra acerca da nossa real condição, e nos arrependeríamos e buscaríamos a graça do Senhor para sermos purificados.
“1 O que era desde o princípio, o que ouvimos, o que vimos com os nossos olhos, o que contemplamos e as nossas mãos apalparam, a respeito do Verbo da vida
2 (pois a vida foi manifestada, e nós a temos visto, e dela testificamos, e vos anunciamos a vida eterna, que estava com o Pai, e a nós foi manifestada);
3 sim, o que vimos e ouvimos, isso vos anunciamos, para que vós também tenhais comunhão conosco; e a nossa comunhão é com o Pai, e com seu Filho Jesus Cristo.
4 Estas coisas vos escrevemos, para que a nossa alegria seja completa.
5 E esta é a mensagem que dele ouvimos, e vos anunciamos: que Deus é luz, e nele não há trevas nenhuma.
6 Se dissermos que temos comunhão com ele, e andarmos nas trevas, mentimos, e não praticamos a verdade;
7 mas, se andarmos na luz, como ele na luz está, temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus seu Filho nos purifica de todo pecado.
8 Se dissermos que não temos pecado nenhum, enganamo-nos a nós mesmos, e a verdade não está em nós.
9 Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça.
10 Se dissermos que não temos cometido pecado, fazemô-lo mentiroso, e a sua palavra não está em nós.”
I João 2
Uma Questão de Vida e Não de Religião
O primeiro versículo do segundo capítulo de I João nos mostra de forma muito direta e clara qual é o caráter da santificação evangélica, isto é, a santidade que temos por meio da fé no evangelho, e não por tê-la na nossa própria natureza terrena.
João mostra que o caráter desta santificação é uma posição firme e resoluta contra qualquer forma de pecado:
“Meus filhinhos, estas coisas vos escrevo, para que não pequeis;” (v. 1a).
Mas como ainda estamos na carne neste mundo ele admite que sempre haverá necessidade de se mortificar o pecado, pelo trabalho de crucificação do carregar diário da cruz, e da confiança no trabalho de Cristo como nosso Sumo Sacerdote e Advogado à direita do Pai.
Então ele diz:
“mas, se alguém pecar, temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o justo.” (v. 1b).
Aqui se demonstra melhor o caráter da santificação evangélica, a saber, o fato de termos em Cristo um intercessor e um mediador para a purificação de todos os nossos pecados.
Então há esta oportunidade para uma constante restauração e renovação espiritual, que está baseada no sangue que Jesus derramou por nós na cruz, e no seu trabalho como nosso Advogado à direita do Pai.
Assim temos esperança e confiança apesar de nos ser exigido que não se faça qualquer concessão ao pecado, ou que se tenha qualquer atitude indulgente em relação às nossas fraquezas, as quais são obras da carne, do velho homem, porque a nova criatura é perfeita em santidade, e caso estivéssemos de fato andando no Espírito, não estaríamos vivendo em pecados, produzidos pela carne.
Por isso é requerida plena diligência, daqueles que querem agradar a Deus e serem usados por Ele na obra do evangelho (II Timóteo 2.21-26).
Aliás, este é o modo de vida que está proposto por Deus para todos os cristãos, de forma que João se dirigiu a todos eles quando lhes exortou a não pecarem.
Porque o pecado, o diabo e o mundo nos assediam bem de perto, sempre esperando a oportunidade de nos levar a pecar.
Requer constante vigilância e oração para um viver vitorioso sobre a carne, para que a carne seja mantida na condição de ter sido crucificada em nós juntamente com suas paixões e cobiças, pela nossa identificação com a morte de Cristo.
Disto depende a manutenção da nossa preciosa comunhão com o Deus Altíssimo.
Os cristãos podem se aproximar com confiança para serem purificados de seus pecados, porque há um Advogado de defesa no tribunal celestial constituído para defendê-los das acusações de Satanás contra eles, por causa dos seus pecados.
Cristo não perderá uma só causa daqueles que se aproximam dEle pedindo que seus pecados sejam perdoados.
Ele os perdoará, defenderá e absolverá.
Não há outro Advogado que possa defender a nossa causa porque somente Cristo morreu por nós.
Ele é a propiciação pelos nossos pecados que foi inteiramente aceita pelo Pai, isto é, Ele próprio foi a única oferta que Deus aceitou como sacrifício para satisfazer inteiramente a Sua justiça que determina a morte espiritual do pecador (morte espiritual = falta de conhecimento de Deus e de comunhão com Ele).
Morrendo no nosso lugar, Cristo satisfez então inteiramente à justiça de Deus.
É neste sentido que Ele não é somente a propiciação pelos pecados dos que se encontravam salvos nos dias de João, mas de todos aqueles que viessem a se salvar depois deles (I João 2.2a).
João falou sobre o modo como os cristãos devem caminhar neste mundo, a saber, na luz.
De maneira que aquele que diz que está andando na luz, deve viver e agir conforme está prescrito na Palavra de Deus.
Jesus deixou mandamentos para serem guardados pelos seus discípulos.
Estes mandamentos foram registrados pelos apóstolos nos Evangelhos e nas epístolas, enquanto viviam, de modo que o testemunho da verdade permanecesse entre nós, em todas as épocas da história da Igreja.
Cristo requer obediência a esta Palavra que Ele ordenou que deveria ser guardada por nós.
A falta de obediência a esta Palavra impede o conhecimento e o crescimento neste conhecimento de Cristo (I Jo 2.3).
João acrescenta o argumento de que aquele que diz que tem conhecido a Cristo, mas que não guarda efetivamente os Seus mandamentos é mentiroso, porque não está andando na verdade (v. 4), uma vez que a única verdade relativa à vida com Deus está somente na Palavra de Cristo, e se nós não estamos guardando esta Palavra, dá-se, por conseguinte que não estamos vivendo na verdade, em vidas santificadas, mas no erro, de um viver segundo a carne.
Não mentimos que não temos a vida do Espírito, porque como cristãos a possuímos, mas mentimos quanto ao fato de dizermos que andamos na luz, ou seja, no Espírito, porque se estivéssemos andando no Espírito, as obras da carne não prevaleceriam sobre nós.
Assim é somente naqueles que guardam a Palavra de Cristo que o amor de Deus é aperfeiçoado, porque revelará e manifestará somente a estes a Sua graça e poder.
Segundo João é por este meio que podemos saber que estamos de fato no Senhor, porque aquele que diz que está nEle, deve ser um imitador de Cristo quanto ao modo de vida que Ele viveu (v. 5, 6).
A graça produz somente santidade.
A nova criatura não tem pecado, ou seja, a nova natureza recebida do Espírito Santo na conversão.
Assim, se estamos vivendo segundo a nova natureza, comprovamos que temos vencido o pecado, porque este é o único modo dele ser vencido.
Então é nisto que consiste o caminhar na luz referido pelo apóstolo no capítulo anterior.
O Espírito Santo revelará aos que caminham de tal modo o real significado dos mandamentos de Cristo, e lhes capacitará a viverem em conformidade com estes mandamentos, como por exemplo, o de se autonegarem, carregarem a cruz, e seguirem a Cristo diariamente, sobretudo o de serem batizados e cheios do Espírito, e de andarem no Espírito para serem purificados, renovados e capacitados com poder para fazer a vontade de Deus, abundando em boas obras.
Muitos alegam terem grande conhecimento dos mistérios divinos; e conseguem fazer com que muitas pessoas fiquem aprisionadas às suas imaginações sedutoras, mas não é tanto ao que afirmam que devemos dar atenção, mas ao fruto da vida destas pessoas, se está de acordo com os mandamentos de Cristo.
É pelo fruto que se conhece a árvore.
Certamente, se o seu caminhar não é um caminhar segundo Cristo, e não andam como Ele andou; as palavras não serão também inteiramente correspondentes à verdade, porque Deus não lhes concederá o verdadeiro conhecimento que é possível somente por iluminação do Espírito.
Logo, quem está andando na luz é porque está obedecendo à verdade; não a verdade que se alega ser a verdade, por se imaginar na mente o que ela seja, e que não está plenamente em conformidade com o verdadeiro significado da revelação escrita na Bíblia, que importa ser conhecido por revelação do Espírito Santo ao nosso espírito.
Sem esta iluminação do Espírito todo o nosso conhecimento das Escrituras pode ser falso ou ineficaz.
Por isso há muitos que se declaram ortodoxos, e fazem muitas feridas nas almas de homens piedosos com o seu falso conhecimento ineficaz, porque é mera letra segundo a sua própria compreensão carnal, de uma Palavra que é espírito e vida, e que importa ser aprendida e vivida em humildade e submissão a Cristo, para que se tenha a instrução, direção e capacitação do Espírito para não somente entendê-la, mas também praticá-la.
Uma das características apontadas por João como conhecimento e prática verdadeiros da Palavra é o aperfeiçoamento no amor de Deus (v. 5), não no amor natural, mas no amor espiritual de Deus.
No amor ágape.
Isto significa que aquele que tem realmente obedecido a Palavra terá isto manifestado num viver sobrenatural em amor a Deus e a seus irmãos em Cristo.
Um amor de comunhão espiritual como o apóstolo se referiu no primeiro capítulo, porque está de fato caminhando na luz e na verdade.
Jesus colocou um desprezo no amor natural que é inconstante e mutável, que pode inclusive se transformar em ódio, quando disse que aqueles que amam aos que lhes amam nada fazem demais com isto, porque este é o amor natural que se manifesta somente quando tudo vai bem no relacionamento.
Mas, para mostrar que é preciso amar com um amor superior a este e que permanece para a eternidade, ele disse que devemos amar os nossos inimigos, porque somente com o amor espiritual que procede de Deus é possível amá-los (Mt 5.44-48).
Um dos grandes inimigos e impedimento para o amor cristão é o amor ao mundo.
Por isso o apóstolo alertou os cristãos quanto a isto nos versos 12 a 17.
Os cristãos tiveram os seus pecados perdoados por Cristo (v. 12).
Especialmente os cristãos maduros têm conhecido o modo pelo qual importa que Deus seja servido, por terem as suas faculdades exercitadas para discernirem tanto o bem quanto o mal, e por isso João os chama de pais, porque são como verdadeiros chefes da família de Cristo (v. 13a).
Os jovens, apesar de não terem a mesma experiência, têm, tanto quanto eles, já vencido o Maligno, porque todos os que estão em Cristo não estão mais sob o domínio de Satanás, já não pertencem mais ao seu reino de trevas (v. 13 b).
Mas, apesar deste conhecimento de Cristo, desta vitória sobre os poderes das trevas, desta força na graça do Senhor, os cristãos devem se guardar de muitas coisas para permanecerem num viver de verdadeira vitória espiritual, e uma destas coisas é se guardarem de amar o mundo (v. 15 a 17).
Todos devem se guardar do fascínio das coisas que há no mundo, tanto cristãos jovens quanto velhos, experientes e inexperientes, porque é possível apagar o amor de Deus em nossos corações por causa deste amor ao mundo.
Tudo aquilo que nós amarmos acima de Deus passa a ser idolatria e ele não pode tolerar isto porque deve ser amado acima de todas as coisas.
O amor ao mundo é inconsistente com o amor de Deus.
Ninguém pode amar a dois senhores. Ou se ama ao Senhor ou às riquezas. Deus é completamente incompatibilizado com Mamon.
Nós somos provados na nossa fé e no nosso amor ao Senhor pelas coisas que há no mundo, de modo que demonstremos na prática se amamos mais as criaturas do que ao Criador.
Se é o mundo que recebe a maior parte dos nossos afetos, consequentemente nós deixaremos o Senhor num segundo plano, e isto é inverter a ordem da criação, porque importa que Ele tenha a maior parte dos nossos afetos, para que possamos ter os nossos afetos pelas demais pessoas e coisas manifestado numa forma equilibrada e ordenada.
Por isso Jesus disse que não somos dignos dele, e não poderemos segui-lo, se amarmos mais aos nossos entes queridos e até a nós mesmos, mais do que a Ele.
Depois de ter alertado a Igreja quanto ao perigo do amor ao mundo, João falou do mistério da iniquidade, daqueles que têm um espírito anticristo aos quais João chamou de anticristos, porque o escárnio e blasfêmias deles contra tudo o que é de Deus e que é santo será revelado em toda a sua força e plenitude quanto o Anticristo se manifestar sobre a terra.
Assim, estes blasfemadores, desde há muito, estão preparando o caminho para ele.
Estes são aqueles que foram plantados como joio na Igreja pelo Inimigo para o propósito mesmo de aprenderem sobre as coisas de Deus para logo depois saírem blasfemando contra estas coisas (v. 18,19).
Não são poucos aqueles que ao longo da história da Igreja têm agido desta forma a serviço de Satanás para o seu grande propósito de blasfemar de modo contundente e generalizado no futuro contra o nome de Deus em toda a terra através do Anticristo e dos seus seguidores.
É por esta razão que vemos a iniquidade se multiplicando, e não diminuindo, à medida que o tempo tem avançado.
Estes que apostataram do seio da Igreja e saíram falando contra Cristo, na verdade nunca O conheceram, e eram hipócritas na profissão de fé que fizeram (v. 19).
Finalmente, o apóstolo advertiu contra o perigo da apostasia de verdadeiros cristãos, por se deixarem arrastar pelo erro destes insubordinados (v. 20 a 29).
Os cristãos verdadeiros têm a unção do Espírito Santo e conhecem a verdade conforme são ensinados pelo Espírito.
Portanto devem permanecer naquilo que ouviram dos apóstolos (e que hoje temos na forma escrita, como nesta epístola de João).
É permanecendo na Palavra do Senhor que permanecemos nEle (v. 24, 27).
Por isso Jesus disse que se nós permanecêssemos na Sua Palavra, permaneceríamos consequentemente nEle e no Seu amor (João 15.7-10).
Os cristãos devem permanecer na unção do Espírito que lhes ensina a verdade de Deus, para que não venham a ser enganados (v. 26).
Se entristecerem o Espírito com os seus pecados, por um viver carnal, não poderão contar com a permanência nesta unção.
O assunto da nossa relação com Cristo Jesus é vida eterna (v. 25) e por isso não devemos nos deixar entreter ou enganar por meros debates relativos à religião que nos afastem deste alvo supremo da promessa de Deus para os cristãos em Cristo Jesus.
Ninguém se iluda com um ensino que glorifica a Deus Pai e que desonra a Jesus Cristo, porque o próprio Pai tem determinado que será honrado pela honra que for dada ao Filho (João 5.23).
Tal é o ensino de muitos que rebaixam a Cristo da sua condição de verdadeiro Deus que Ele é, junto com o Pai e o Espírito Santo.
Por isso João afirmou no verso 23 deste capítulo:
“Qualquer que nega o Filho, também não tem o Pai; aquele que confessa o Filho, tem também o Pai.”
Isto é mais do que confissão religiosa, porque é confissão de testemunho em progresso em santificação por permanecer na verdade da Palavra por meio do poder do Espírito.
É assim que o cristão deve viver: se preparando para o seu encontro com o Senhor.
Santificação é um assunto de permanecer no Senhor, santos, inculpáveis e irrepreensíveis (v. 28) para que Ele seja glorificado no modo pelo qual vivemos neste mundo demonstrando a eficácia do poder operante da Sua graça em nós.
Esta santificação consiste num caminhar na justiça do evangelho, assim como o nosso Senhor é justo (v. 29).
Aquele no qual estiverem faltando estas coisas será vã a sua religião, por mais religioso que ele possa ser.
“1 Meus filhinhos, estas coisas vos escrevo, para que não pequeis; mas, se alguém pecar, temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o justo.
2 E ele é a propiciação pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo.
3 E nisto sabemos que o conhecemos; se guardamos os seus mandamentos.
4 Aquele que diz: Eu o conheço, e não guarda os seus mandamentos, é mentiroso, e nele não está a verdade;
5 mas qualquer que guarda a sua palavra, nele realmente se tem aperfeiçoado o amor de Deus. E nisto sabemos que estamos nele;
6 aquele que diz estar nele, também deve andar como ele andou.
7 Amados, não vos escrevo mandamento novo, mas um mandamento antigo, que tendes desde o princípio. Este mandamento antigo é a palavra que ouvistes.
8 Contudo é um novo mandamento que vos escrevo, o qual é verdadeiro nele e em vós; porque as trevas vão passando, e já brilha a verdadeira luz.
9 Aquele que diz estar na luz, e odeia a seu irmão, até agora está nas trevas.
10 Aquele que ama a seu irmão permanece na luz, e nele não há tropeço.
11 Mas aquele que odeia a seu irmão está nas trevas, e anda nas trevas, e não sabe para onde vai; porque as trevas lhe cegaram os olhos.
12 Filhinhos, eu vos escrevo, porque os vossos pecados são perdoados por amor do seu nome.
13 Pais, eu vos escrevo, porque conheceis aquele que é desde o princípio. Jovens, eu vos escrevo, porque vencestes o Maligno.
14 Eu vos escrevi, filhinhos, porque conheceis o Pai. Eu vos escrevi, pais, porque conheceis aquele que é desde o princípio. Eu escrevi, jovens, porque sois fortes, e a palavra de Deus permanece em vós, e já vencestes o Maligno.
15 Não ameis o mundo, nem o que há no mundo. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele.
16 Porque tudo o que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não vem do Pai, mas sim do mundo.
17 Ora, o mundo passa, e a sua concupiscência; mas aquele que faz a vontade de Deus, permanece para sempre.
18 Filhinhos, esta é a última hora; e, conforme ouvistes que vem o anticristo, já muitos anticristos se têm levantado; por onde conhecemos que é a última hora.
19 Saíram dentre nós, mas não eram dos nossos; porque, se fossem dos nossos, teriam permanecido conosco; mas todos eles saíram para que se manifestasse que não são dos nossos.
20 Ora, vós tendes a unção da parte do Santo, e todos tendes conhecimento.
21 Não vos escrevi porque não soubésseis a verdade, mas porque a sabeis, e porque nenhuma mentira vem da verdade.
22 Quem é o mentiroso, senão aquele que nega que Jesus é o Cristo? Esse mesmo é o anticristo, esse que nega o Pai e o Filho.
23 Qualquer que nega o Filho, também não tem o Pai; aquele que confessa o Filho, tem também o Pai.
24 Portanto, o que desde o princípio ouvistes, permaneça em vós. Se em vós permanecer o que desde o princípio ouvistes, também vós permanecereis no Filho e no Pai.
25 E esta é a promessa que ele nos fez: a vida eterna.
26 Estas coisas vos escrevo a respeito daqueles que vos querem enganar.
27 E quanto a vós, a unção que dele recebestes fica em vós, e não tendes necessidade de que alguém vos ensine; mas, como a sua unção vos ensina a respeito de todas as coisas, e é verdadeira, e não é mentira, como vos ensinou ela, assim nele permanecei.
28 E agora, filhinhos, permanecei nele; para que, quando ele se manifestar, tenhamos confiança, e não fiquemos confundidos diante dele na sua vinda.
29 Se sabeis que ele é justo, sabeis que todo aquele que pratica a justiça é nascido dele.”.
I João 3
Andar Como Filhos da Luz
O terceiro capítulo de I João é um desdobramento e aprofundamento das coisas ensinadas nos capítulos anteriores.
João começa afirmando a união vital e filial que há entre o cristão e Deus.
O caráter desta união vital e filiação é em amor espiritual.
Aqueles que amam o mundo não podem permanecer neste amor, conforme o próprio Cristo ensinou aos seus apóstolos.
A plenitude desta paternidade divina e desta filiação dos cristãos a Deus será vista em plenitude quando Cristo se manifestar na Sua volta.
Mas ainda que venhamos a trazer a plenitude da imagem e semelhança com Cristo somente na Sua volta, nós já somos filhos de Deus presentemente e esta imagem e semelhança está sendo implantada em nós pelo trabalho da graça, mediante o poder do Espírito.
De forma que todos os que são de fato de Cristo e que aguardam por esta perfeição absoluta na glória, comprovam que a sua filiação a Deus é verdadeira pelo fato de se purificarem, pela santificação do Espírito, pela Palavra, porque o seu Senhor é inteiramente puro (I João 3.3).
Todos aqueles que se rebelam contra este ensino relativo à verdade da necessidade da nossa santificação progressiva, e que permanecem na prática habitual do pecado estão em estado de rebeldia contra Deus, porque Ele classifica o pecado como rebelião à Sua santa vontade (I JO 3.4).
Os cristãos que não se purificam viverão na Igreja, em seus lares ou onde quer que seja como se fossem pessoas do mundo, porque aqueles que resistem à obra de santificação pelo Espírito, serão achados vivendo seguindo a inclinação da carne e não a do Espírito, e sabemos que a carne é inimizade contra Deus, e não está sujeita à Lei de Deus e nem mesmo pode estar, conforme dizer do apóstolo Paulo.
Os que estão na carne não podem ter prazer nas coisas de Deus.
Definitivamente os cristãos devem abandonar toda forma de impureza para que possam agradar verdadeiramente ao Senhor.
Enquanto permanecerem rebeldes contra este mandamento, não receberão graça da Sua parte tanto para viverem em vitória, sobre estas impurezas das quais devem se despojar por um andar no Espírito, quanto para praticarem o que é exigido deles em relação às boas obras de justiça, como fruto de uma fé viva e operante.
Aqueles que vivem pela esperança de que serão um dia completamente santos, devem viver de modo digno desta esperança, a saber, purificando a si mesmos no temor de Deus.
Nós vivemos em dias difíceis porque a teologia liberal conseguiu triunfar obscurecendo a verdade bíblica da diligência e perseverança para a santificação pelo Espírito.
O apóstolo diz que Jesus se manifestou exatamente para tirar os nossos pecados, e isto porque nEle não há nenhum pecado (v. 5).
De modo que todo aquele que permanece de fato nEle não viverá pecando; não terá o hábito de pecar, mas o de se santificar (v. 6a).
Mas todos os que vivem na prática deliberada do pecado não têm visto nem conhecido ao Senhor, porque se o tivessem de fato visto e conhecido se santificariam, porque seriam convencidos disto e impelidos a isto, pelo Espírito, não apenas em suas mentes, mas pelo mover e revelação do Espírito em seus espíritos lhes incentivando a se santificarem (v. 6).
O mover do Espírito no interior do cristão o conduzirá a se interessar pela causa da justiça evangélica e a praticar a justiça, porque o Senhor é justo.
Pelo Espírito, o cristão que se santifica aborrecerá o mal e amará o bem (v. 7).
Se o pai do pecado é o diabo, como podem aqueles que afirmam serem filhos de Deus permanecerem na prática deliberada do pecado?
Jesus se manifestou exatamente para destruir as obras do diabo, então nenhum cristão pode justificar o ato de permanecer na prática deliberada do pecado (v. 8).
Se forem genuínos eleitos, serão disciplinados e corrigidos por Deus, porque conforme o dizer do autor de Hebreus, não são bastardos mas filhos.
Aqueles que são do diabo fazem as obras do diabo, assim como aqueles que são de Deus fazem as obras de Deus.
Os filhos de Deus devem ser imitadores das obras do seu Pai, não simplesmente por uma questão de dever moral, mas pelo fato de ter sido implantada neles uma nova natureza na regeneração do Espírito, que é a semente de vida eterna semeada neles.
Esta semente é santa e incorruptível.
Ela não pode ser destruída.
De forma que onde há esta semente haverá uma chamada para um crescimento em santidade, e não para a permanência na prática do pecado (v. 9).
Então, esta divina semente que é uma nova natureza no cristão há de manifestar neles a sua filiação com Deus, e praticarão a justiça e amarão os seus irmãos (v. 10).
Por isso é absolutamente necessário que sejam instruídos na sã doutrina, que lhes ensinará estas verdades, para que nunca se desviem da maneira pela qual importa viverem.
Um falso ensino poderá fazer com que esta semente de vida eterna fique abafada e não germine produzindo os devidos frutos.
Como dissemos antes, o caráter da união dos cristãos com Cristo é vital.
É uma relação de Vida gerando vida.
De Vida espiritual e eterna que se manifesta na nossa vida.
Não é apenas mero relacionamento social.
O relacionamento dos cristãos com Cristo e uns com os outros é um relacionamento de manifestação de vida, que gera comunhão e comunicação espiritual de uns com os outros, porque formam no Senhor, um só espírito com Ele (I Cor 6.17).
De modo que onde houver um verdadeiro mover do Espírito há de se sentir esta unidade espiritual entre os cristãos e Deus, e deles entre si.
Os que são como Caim estarão para sempre a serviço do diabo e não podem amar com o amor de Cristo.
Mas, se ordena aos cristãos que se amem uns aos outros (v. 11), porque não são do Maligno como Caim, mas de Deus.
Os que permanecem se identificando com as obras das trevas, que não vêm para a luz de Jesus, são chamados por Jesus, e pelo apóstolo, de filhos do diabo, porque gostam de fazer as mesmas obras que ele faz.
Mas os que são de Deus são como Abel, que foi morto por seu irmão Caim, porque suas obras eram justas e as do seu irmão eram más (v. 12).
Os cristãos, especialmente depois de serem usados por Deus trazendo danos ao reino de Satanás, poderão provar as investidas que Satanás procurará fazer contra eles através destes seus instrumentos humanos, para tentar intimidá-los a não prosseguirem adiante na sua consagração à vontade do Senhor (v. 13).
No entanto, por maiores que sejam as investidas de Satanás contra os cristãos, diretamente ou através daqueles que estão debaixo da sua influência, eles sabem que já passaram da morte para a vida exatamente por causa deste amor e comunhão espiritual que privam com seus irmãos, que é uma das provas que têm a habitação do Espírito Santo em seus corações (v. 14).
Tendo falado do ódio do mundo pelos cristãos, João se apressou em esclarecer qual deve ser a atitude dos cristãos, em sentido contrário, em relação ao mundo.
Eles são odiados pelo mundo, mas devem amar a todos os que estão no mundo, sejam cristãos ou não, amigos ou inimigos.
Eles devem imitar o exemplo deixado pelo próprio Cristo que fez o bem a todos os homens, sem distinção, em Seu ministério terreno.
Deus é amor em Sua natureza, e foi por isso que João disse que todo aquele que odeia a seu irmão é homicida, e nenhum homicida pode ter a vida eterna permanecendo nele (v. 15).
Um verdadeiro cristão não odiará a seu irmão, porque o Espírito que nele habita lhe conduzirá a amar a todos os que são nascidos de Deus tal como ele.
Se Cristo deu a Sua vida pelos que são Seus, então é um dever de todo cristão amar como Cristo nos amou e dar a vida pelos seus irmãos, assim como Ele deu a sua vida por nós (v. 16).
Este amor cristão se manifestará de modo prático no atendimento de necessidades, inclusive materiais (v. 17, 18).
Então, se amarmos, não somente saberemos que somos da verdade, isto é, que somos de fato filhos de Deus, como também teremos uma boa consciência perante o Senhor, de modo que o nosso coração não nos condenará, mas ainda que a nossa consciência não seja uma boa consciência, não pelo motivo de não estarmos cumprindo o nosso dever, mas por ser uma consciência fraca e sensível, que nos condene injustamente, maior é o testemunho de Deus, de que nos tem dado a capacidade de amar e de fazer o que Lhe é agradável (v 19, 20).
Entretanto, é importante cultivar uma boa consciência de forma que o nosso coração não nos condene, por estarmos cumprindo aquilo que nos tem sido ordenado por Deus em relação a amarmos os nossos irmãos, de modo que teremos confiança para com Ele em tudo o que lhe pedirmos, sabendo que Ele ouvirá as nossas orações porque temos guardado os seus mandamentos e feito o que é agradável diante dos Seus olhos, especialmente no que se refere a mantermos a unidade do corpo de Cristo, que é a Igreja (v. 21, 22).
Afinal, tudo o que temos foi recebido pela graça.
“1 Vede que grande amor nos tem concedido o Pai: que fôssemos chamados filhos de Deus; e nós o somos. Por isso o mundo não nos conhece; porque não conheceu a ele.
2 Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não é manifesto o que havemos de ser. Mas sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele; porque assim como é, o veremos.
3 E todo o que nele tem esta esperança, purifica-se a si mesmo, assim como ele é puro.
4 Todo aquele que vive habitualmente no pecado também vive na rebeldia, pois o pecado é rebeldia.
5 E bem sabeis que ele se manifestou para tirar os pecados; e nele não há pecado.
6 Todo o que permanece nele não vive pecando; todo o que vive pecando não o viu nem o conhece.
7 Filhinhos, ninguém vos engane; quem pratica a justiça é justo, assim como ele é justo;
8 quem comete pecado é do Diabo; porque o Diabo peca desde o princípio. Para isto o Filho de Deus se manifestou: para destruir as obras do Diabo.
9 Aquele que é nascido de Deus não peca habitualmente; porque a semente de Deus permanece nele, e não pode continuar no pecado, porque é nascido de Deus.
10 Nisto são manifestos os filhos de Deus, e os filhos do Diabo: quem não pratica a justiça não é de Deus, nem o que não ama a seu irmão.
11 Porque esta é a mensagem que ouvistes desde o princípio, que nos amemos uns aos outros,
12 não sendo como Caim, que era do Maligno, e matou a seu irmão. E por que o matou? Porque as suas obras eram más e as de seu irmão justas.
13 Meus irmãos, não vos admireis se o mundo vos odeia.
14 Nós sabemos que já passamos da morte para a vida, porque amamos os irmãos. Quem não ama permanece na morte.
15 Todo o que odeia a seu irmão é homicida; e vós sabeis que nenhum homicida tem a vida eterna permanecendo nele.
16 Nisto conhecemos o amor: que Cristo deu a sua vida por nós; e nós devemos dar a vida pelos irmãos.
17 Quem, pois, tiver bens do mundo, e, vendo o seu irmão necessitando, e fechar-lhe o seu coração, como permanece nele o amor de Deus?
18 Filhinhos, não amemos de palavra, nem de língua, mas por obras e em verdade.
19 Nisto conheceremos que somos da verdade, e diante dele tranquilizaremos o nosso coração;
20 porque se o coração nos condena, maior é Deus do que o nosso coração, e conhece todas as coisas.
21 Amados, se o coração não nos condena, temos confiança para com Deus;
22 e qualquer coisa que lhe pedirmos, dele a receberemos, porque guardamos os seus mandamentos, e fazemos o que é agradável à sua vista.
23 Ora, o seu mandamento é este, que creiamos no nome de seu Filho Jesus Cristo, e nos amemos uns aos outros, como ele nos ordenou.
24 Quem guarda os seus mandamentos, permanece em Deus e Deus nele. E nisto conhecemos que ele permanece em nós: pelo Espírito que nos tem dado.”
I João 4
Não podemos esquecer que João começou esta epístola falando sobre a encarnação do Verbo (Jesus Cristo) para dar vida eterna aos homens que se convertem do mundo a Ele.
É isto que João tinha em perspectiva ao escrever tudo o que há nesta epístola.
Ele pretendia deixar registrado de modo muito claro que toda negação da pessoa de Cristo e da Sua obra, significa rejeitar a própria salvação, a vida eterna, o amor sobrenatural de Deus, a habitação do Espírito Santo, e tudo o mais que se refira aos dons que Deus tem doado pela graça aos que creem em Cristo, porque é somente nEle que é possível ter acesso a todas estas realidades espirituais.
Se negamos a Cristo, negamos a possibilidade de ter vida eterna, porque isto é possível somente por uma conhecimento íntimo e pessoal do Senhor pela participação da Sua própria vida.
É isto em resumo que João vinha dizendo ao longo da sua epístola e que continuou dizendo neste capítulo, conforme veremos adiante.
Como toda a vida que temos recebido pela fé é espiritual e revelada pelo Espírito, porque a carne para nada aproveita senão para gerar o que é terreno e carnal, devemos ter muito cuidado em provar os espíritos para saber sua a procedência, se são espíritos enganosos, ou se são espíritos que procedem de Deus.
Os espíritos dos falsos profetas que já se encontravam em operação nos dias apostólicos não provinham de Deus, porque não eram movidos pelo Espírito Santo, e não davam testemunho da verdade (v. 1).
Os gnósticos estavam atacando a Igreja nos dias de João afirmando que Jesus não havia encarnado, e então o apóstolo os classificou também como espíritos que não eram de Deus, porque todo espírito que é movido pelo Espírito de Deus confessa que Jesus veio a este mundo e encarnou para morrer pelos pecadores (v. 2, 3).
Estes gnósticos que negavam a encarnação de Jesus foram chamados por João de espíritos do anticristo, porque todos estes espíritos que se opõem ao evangelho de Cristo e ao próprio Cristo estão operando no mundo para dar sustentação às blasfêmias do Anticristo quando ele se manifestar (v. 3).
O espírito da falsidade e do engano que opera no mundo e que se levanta contra a verdade de Deus revelada em Cristo está agindo mas não fora do controle do Espírito Santo que opera na Igreja e é mais poderoso do que todos estes espíritos enganosos, que operam no mundo, seja de demônios seja de homens; de modo que não poderão prevalecer contra a Igreja, porque os crentes são assistidos pelo Espírito Santo que os conduz em vitória sobre estes espíritos do engano (v. 4).
Como estes espíritos são do mundo, e não são inspirados pelo Espírito que nos foi dado do alto, falam somente das coisas que são deste mundo porque não podem discernir e conhecer as coisas que são espirituais, celestiais e divinas.
Eles são ouvidos por aqueles que são do mundo porque eles próprios são também do mundo. Eles não são de Deus (v. 5).
Os que são do mundo não ouvem aqueles que são de Deus, porque estes falam a verdade, movidos pelo Espírito, e o mundo não ama a verdade senão a mentira, por isso os que são do mundo dão ouvidos aos espíritos do erro (v. 6).
Mas os que são pela verdade ouvirão aqueles que pregam pelo Espírito Santo. Os que conhecem a Deus ouvem aqueles que são de Deus, mas quem não é de Deus não pode ouvi-los, porque as coisas de Deus se entendem somente pelo Espírito, de forma que aqueles que resistem ao Espírito não podem conhecer a Deus e ouvir e entender as coisas que são de Deus (v. 6).
O crente ama, e especialmente os seus irmãos em Cristo. É fácil portanto de identificar quem é de Deus, porque os que conhecem a Deus amam os seus irmãos na fé. Quem não ama os crentes não conhece a Deus, porque aquele que é nascido de Deus amará a todos os que forem também nascidos dEle (v. 7 a 9).
Jesus veio para nos desarraigar deste mundo tenebroso. Assim, todo espírito que estiver a serviço de Deus pregará e ensinará isto. Mas todo espírito do mundo ama o mundo e prega e ensina o amor ao mundo. Eles pensam somente no que é mundano e o seu coração cogita somente sobre as coisas que são do mundo. O seu coração está viciado em pompa, prazer, dinheiro, fama e tudo o mais que é deste mundo. Eles falam portanto daquilo que é do mundo porque a boca fala daquilo que o coração está cheio.
O reino de Jesus não é deste mundo e os crentes apesar de estarem no mundo não são do mundo tanto quanto não é o seu Senhor. Os crentes buscarão em primeiro lugar o reino de Deus e os interesses do Seu reino, que como dissemos, não é deste mundo.
O mundo não pode viver no amor de Deus porque este amor é conhecido por uma experiência pessoal com o Espírito Santo que é quem derrama este amor sobrenatural nos nossos corações.
Por isso João continuou dissertando sobre o amor de Deus nos versos restantes deste capítulo. Ele tinha convivido pessoalmente com Cristo em Seu ministério terreno e havia testemunhado pessoalmente que Ele não tinha somente amor, mas que era o próprio amor, de modo que afirma que Deus é amor (v. 8, 16).
O amor verdadeiro espiritual que é comunicado aos crentes procede de Deus que é a fonte deste amor. O Espírito Santo é Espírito de amor. A nova natureza nos crentes é resultante deste amor do Espírito. O fruto do Espírito é amor (Gál 5.22). O amor procede do céu.
Então João disse que aquele que não ama com este amor que procede do céu não conhece a Deus, porque Deus é amor (v. 8).
E o grande argumento que comprova o amor de Deus para conosco é que Ele enviou Jesus ao mundo para que pudéssemos viver por meio dEle (v. 9), isto é, Ele não veio e nos deu vida e se foi, mas nos mantém vivos e não mortos, porque nos sustenta no Seu próprio ser, assim como uma gestante carrega o seu filho no ventre. Nós temos vida em Cristo estando ligados vitalmente a Ele, e isto é feito por uma ligação real e consciente do Senhor em relação a nós, num trabalho amoroso e paciente que está operando a nossa transformação em Seu próprio ser divino. Então é um amor de compromisso, responsabilidade, trabalho permanente em serviço dedicado que Ele tem por nós. Há uma prova de amor maior do que esta? Acrescente-se que para que tudo isto fosse possível foi necessário, ainda que Ele carregasse sobre Si, os nossos pecados e culpa, morrendo no nosso lugar na cruz.
Não há de fato e nem pode haver maior amor do que o do Senhor! Glorificado e exaltado seja para todo o sempre o Seu santo nome!
Deus tomou a iniciativa e veio ao nosso encontro se revelando a nós, embora estivéssemos desviados e perdidos em nossos pecados. Nunca poderíamos achá-l0 caso não nos tivesse amado e se revelado a nós pela operação do Espírito Santo (v. 10, 19). Mas o Espírito não poderia fazer este trabalho caso Cristo não tivesse se oferecido como propiciação pelos nossos pecados.
Se o amor de Deus por nós se revelou de tal forma, então é óbvio que os crentes devem se amar mutuamente (v. 11).
Nós somos amados e amamos um Deus invisível, mas temos a firme convicção de que o temos conhecido porque o Espírito tem aperfeiçoado o amor de Deus em nós, dando-nos crescimento espiritual, de modo que podemos testificar junto com o Espírito que Jesus foi enviado de fato ao mundo para morrer por nós e nos enviar o Espírito para nos purificar dos nossos pecados e nos capacitar a viver de modo agradável a Deus (v. 12 a 14).
De maneira que se nos amarmos uns aos outros Deus permanece em nós, e temos verdadeira comunhão com Ele (v. 12, 16), e além disso sabemos que todo aquele que confessar que Jesus é o Filho de Deus, Deus permanecerá nele pela habitação do Seu Espírito, e tal pessoa permanecerá em Deus (v. 15).
A Bíblia fala da necessidade de os crentes serem santos e irrepreensíveis, e João nos ajuda na mesma Bíblia a compreender que esta santidade e irrepreensibilidade, é sobretudo em amor, porque é deste modo que devemos viver neste mundo, de forma que no dia do juízo tenhamos confiança que não seremos condenados juntamente com o mundo, porque poderemos estar de pé diante do Senhor, sendo achados por Ele com nossas vidas transformadas pelo Seu amor (v. 17, 18).
Assim, se os crentes estiverem de fato andando no Espírito, amarão primeiramente a Deus, e por este amor que devotam ao Senhor serão capacitados pelo mesmo Espírito a amarem também os seus irmãos, de modo que João afirma que aquele que amar a Deus também amará o seu irmão, porque se não amar a seu irmão a quem vê, como poderá estar amando de fato a Deus a quem ele não vê?
O argumento do apóstolo é, em resumo, o seguinte: quem estiver amando verdadeiramente a Deus, consequentemente amará também aos seus irmãos, e é este amor espiritual pelos irmãos, que comprova que de fato estamos amando a Deus, porque não vemos ao Senhor, mas vemos aos nossos irmãos e saberemos o quanto temos sido de fato, impulsionados pelo Espírito Santo, na medida em que constatamos que há em nós este amor espiritual pelos nossos irmãos em Cristo.
Evidentemente o amor referido pelo apóstolo é o amor ágape, não o amor filéo de amizade, e muito menos eros de caráter sensual. Como já nos referimos anteriormente, este amor não é natural, mas sobrenatural, de modo que ninguém se incentive a sair praticando obras na carne a pretexto de alegar o dever de amar seus irmãos, porque não é a tal tipo de amor que Cristo se refere, porque este amor na carne está cheio de justiça própria e de orgulho, e não busca a glória exclusiva de Deus, senão obter o aplauso dos homens, mérito pessoal ou qualquer outro fim interesseiro egoísta. Que Deus nos livre deste tipo de amor na Igreja, porque é um amor falso que não edifica. Ao contrário provoca divisões e constrangimentos no corpo de Cristo.
O amor que procede de Deus fará com que seja inflamado, renovado e manifestado da maneira devida, o amor, paternal, filial, conjugal e fraternal, estando os corações unidos e vinculados pelos laços deste amor divino.
“1 Amados, não creiais a todo espírito, mas provai se os espíritos vêm de Deus; porque muitos falsos profetas têm saído pelo mundo.
2 Nisto conheceis o Espírito de Deus: todo espírito que confessa que Jesus Cristo veio em carne é de Deus;
3 e todo espírito que não confessa a Jesus não é de Deus; mas é o espírito do anticristo, a respeito do qual tendes ouvido que havia de vir; e agora já está no mundo.
4 Filhinhos, vós sois de Deus, e já os tendes vencido; porque maior é aquele que está em vós do que aquele que está no mundo.
5 Eles são do mundo, por isso falam como quem é do mundo, e o mundo os ouve.
6 Nós somos de Deus; quem conhece a Deus nos ouve; quem não é de Deus não nos ouve. assim é que conhecemos o espírito da verdade e o espírito do erro.
7 Amados, amemo-nos uns aos outros, porque o amor é de Deus; e todo o que ama é nascido de Deus e conhece a Deus.
8 Aquele que não ama não conhece a Deus; porque Deus é amor.
9 Nisto se manifestou o amor de Deus para conosco: em que Deus enviou seu Filho unigênito ao mundo, para que por meio dele vivamos.
10 Nisto está o amor: não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou a nós, e enviou seu Filho como propiciação pelos nossos pecados.
11 Amados, se Deus assim nos amou, nós também devemos amar-nos uns aos outros.
12 Ninguém jamais viu a Deus; se nos amamos uns aos outros, Deus permanece em nós, e o seu amor é em nós aperfeiçoado.
13 Nisto conhecemos que permanecemos nele, e ele em nós: por ele nos ter dado do seu Espírito.
14 E nós temos visto, e testificamos que o Pai enviou seu Filho como Salvador do mundo.
15 Qualquer que confessar que Jesus é o Filho de Deus, Deus permanece nele, e ele em Deus.
16 E nós conhecemos, e cremos no amor que Deus nos tem. Deus é amor; e quem permanece no amor, permanece em Deus, e Deus nele.
17 Nisto é aperfeiçoado em nós o amor, para que no dia do juízo tenhamos confiança; porque, qual ele é, somos também nós neste mundo.
18 No amor não há medo antes o perfeito amor lança fora o medo; porque o medo envolve castigo; e quem tem medo não está aperfeiçoado no amor.
19 Nós amamos, porque ele nos amou primeiro.
20 Se alguém diz: Eu amo a Deus, e odeia a seu irmão, é mentiroso. Pois quem não ama a seu irmão, ao qual viu, não pode amar a Deus, a quem não viu.
21 E dele temos este mandamento, que quem ama a Deus ame também a seu irmão.”.
I João 5
União Vital com Cristo
É dito tanto pelo Senhor Jesus quanto pelos apóstolos, que o cumprimento da Lei consiste em viver no amor.
De fato, se não tivermos comunhão com o Senhor em Espírito, amando-o com todo o nosso coração, alma e força, qual seria a real importância de tudo o mais que fôssemos ou fizéssemos?
Daí o apóstolo Paulo ter afirmado que sem este amor de Deus a governar nossas vidas nada somos, e os nossos melhores esforços para nada aproveitam para aquela vida que é eterna e sobrenatural e divina.
Por isso Deus afirma, que nós somente O encontramos quando o buscamos com todo o nosso coração.
Certamente é um modo diferente de se referir ao dever de buscá-Lo para um relacionamento espiritual movido pelo amor.
Não se pode conhecer verdadeiramente a Deus, de outra forma.
No quinto capítulo de I João, o apóstolo afirmou que todo aquele que crê que Jesus é o Cristo, isto é, o Messias, o Ungido prometido em Isaías 61.1-3, é porque nasceu de novo de Deus pelo Espírito, e todo aquele que ama a Deus, o qual lhe deu este novo nascimento, também amará a todos os filhos de Deus que forem gerados por Ele, pela fé em Cristo (I Jo 5.1).
Mas, para mostrar que o caráter deste amor não é meramente sentimental, mas espiritual e baseado na verdade que recebemos na implantação da nova natureza que recebemos pela fé, João afirmou que conhecemos que amamos de fato, os filhos de Deus, se amamos a Deus e guardamos os seus mandamentos (I João 5.2).
Jesus havia definido o amor a Ele como sendo a guarda dos Seus mandamentos (João 14.15; 21), isto é, aquele que O amar de fato comprovará este amor pelo ato de guardar os Seus mandamentos; ou seja, a verdadeira graça e piedade celestial e divina habitando no cristão, lhe impulsionará no seu viver diário, a produzir consequentemente este resultado de ser capacitado a guardar os mandamentos do Senhor, e a amar os seus irmãos na fé.
João acrescentou que os mandamentos do Senhor não são penosos (v. 3).
Na verdade, quando andamos no Espírito, e não somos dominados pela carne, cumprir os mandamentos do Senhor é um prazer, porque a Sua graça nos capacita a isto, e é o grande prazer do cristão fiel honrar Àquele que o salvou e que se tornou o Senhor da sua vida.
Tendo nascido de Deus o cristão vence o mundo por meio da sua fé no Senhor.
Jesus venceu o mundo, e os que estão nEle também vencem o mundo (v. 4, 5).
Ou seja, eles não agirão em conformidade com o mundo, mas de acordo com o reino de Deus e a Sua justiça.
Esta fé do cristão, que lhe foi dada como um dom de Deus está bem fundada, em evidências que dão testemunho da missão divina de Jesus Cristo.
João disse que Jesus veio pela água e pelo sangue, e o Espírito Santo dá testemunho dEle, sendo Espírito da verdade.
João viu sair água e sangue do lado de Jesus quando ele foi perfurado pela lança de um soldado romano quando estava na cruz.
A purificação de pecados no Velho Testamento estava tipificada pelo uso da água e do sangue, e era uma figura da purificação que é realizada por Jesus Cristo, pelo sangue e água que Ele derramou na cruz.
Além deste testemunho na terra que é dado pelo Espírito, pela água e pelo sangue, há também o testemunho acerca de Jesus que é dado desde o céu, pelo Pai, pelo Espírito e pelo próprio Cristo.
Ele havia dito em Seu ministério terreno que não dava testemunho de Si mesmo quanto à Sua missão divina, porque este testemunho era dado pelo Pai, e seria dado também pelo Espírito quando fosse enviado por Ele como outro Consolador para estar para sempre com os cristãos (v. 6 a 9).
O testemunho que o Pai e o Espírito deram do Filho nas Escrituras foi inteiramente cumprido em Seu ministério terreno, e o Pai também testificou desde o céu que Ele era o Messias esperado, quando falou a João Batista que Ele era o Seu Filho amado, e quando também falou com os apóstolos no monte da transfiguração que deveriam ouvir a Cristo.
O Espírito Santo tem dado testemunho acerca dEle até hoje em dia e continuará dando até que Ele volte, confirmando assim que as palavras e promessas de Jesus são fiéis e verdadeiras.
Então a missão de Cristo não está fundada no testemunho dos homens, mas no testemunho que o próprio Deus e o Seu sangue derramado e a água que saiu do Seu lado dão pela purificação de milhões de pessoas, que têm achado a salvação nEle, e das muitas que ainda serão salvas por Ele dos seus pecados.
Nos versos 10 a 13 deste quinto capítulo, João afirma que os cristãos têm em si mesmos o testemunho de que Cristo é realmente o Salvador e Senhor, porque isto se comprova pelas suas vidas transformadas pelo Espírito.
Transformação esta que ocorreu na regeneração (novo nascimento espiritual), e que tem progredido na santificação pelo mesmo Espírito, por causa da sua fé em Cristo.
Além desta transformação há a testificação do Espírito com o espírito do cristão, confirmando que ele é agora filho de Deus, e que alcançou a vida eterna por meio de Jesus Cristo, por causa da sua união com Ele.
É realmente somente pela íntima comunhão com Jesus que se pode crescer na graça e no amor de Deus.
A vida eterna está nEle, e se comprova de modo quase visível, que há crescimento nesta vida somente quando se permanece em Cristo pela fé.
Tal é a relação vital que há entre os cristãos que permanecem em comunhão com Cristo, por guardarem os Seus mandamentos, que tudo o que pedirem ao Pai em oração, e que seja segundo a vontade de Deus, lhes será concedido que sejam ouvidos, não propriamente por causa deles, mas por estarem assim tão intimamente associados a Cristo, que obteve todos os méritos junto ao Pai, para atender a todas as nossas necessidades.
O Pai nos atenderá porque pedimos em nome do Seu Filho, e porque estamos efetivamente nEle (v. 14).
A resposta da oração poderá não ser dada imediatamente, mas se nossa petição for feita pela intercessão do Espírito Santo, e segundo a vontade de Deus, é certo que seremos atendidos no momento mesmo em que fizermos a nossa petição, ainda que a resposta leve algum tempo para chegar a nós (v. 15).
João se referiu a um pecado que é para a morte, e pelo qual não se deve orar.
Não se trata de um tipo específico de pecado, este que é para morte, mas situações que ensejam um juízo de morte da parte de Deus (v. 16).
Não se trata também de se pecar contra o Espírito Santo, que é o único pecado que não será perdoado aos homens, porque os cristãos não podem cometer tal pecado, porque não resistiram ao Espírito. Ao contrário, eles possuem a Sua habitação.
Apesar de toda injustiça ser pecado, Deus reserva para Sua exclusiva autoridade exercer juízos de morte física sobre aqueles que praticam determinados pecados, não propriamente pela natureza destes pecados, mas por causa da Soberania do Seu juízo (v. 17).
Entretanto, nenhum cristão verdadeiro, o qual nasceu de novo de Deus, não vive na prática deliberada do pecado, e o Senhor Jesus encarnou nascendo na manjedoura de Belém, exatamente para o propósito de livrar os cristãos de viverem escravizados ao pecado, de modo que fossem retirados de debaixo do domínio do diabo (v. 18,19).
Jesus é o verdadeiro Deus e a vida eterna. Veja que é dito que Ele é a própria vida eterna.
Ele é o verdadeiro Deus e a verdadeira vida.
É nEle que temos a vida eterna, fluindo do Seu próprio ser para o nosso espírito, em nossa comunhão vital com Ele (v. 20).
O Senhor mesmo é quem nos dá entendimento espiritual pela revelação do Espírito Santo, para conhecermos a Ele próprio, que é a verdade e a vida.
João fechou sua epístola com uma exortação para que os cristãos se guardassem da idolatria (v. 21), uma vez que há somente um único e verdadeiro Deus, sendo o único que é digno de todo o nosso amor e adoração.
A Ele seja a glória pelos séculos dos séculos. Amém!
“1 Todo aquele que crê que Jesus é o Cristo, é nascido de Deus; e todo aquele que ama ao que o gerou, ama também ao que dele é nascido.
2 Nisto conhecemos que amamos os filhos de Deus, se amamos a Deus e guardamos os seus mandamentos.
3 Porque este é o amor de Deus, que guardemos os seus mandamentos; e os seus mandamentos não são penosos;
4 porque todo o que é nascido de Deus vence o mundo; e esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé.
5 Quem é o que vence o mundo, senão aquele que crê que Jesus é o Filho de Deus?
6 Este é aquele que veio por água e sangue, isto é, Jesus Cristo; não só pela água, mas pela água e pelo sangue. E o Espírito é o que dá testemunho, porque o Espírito é a verdade.
7 Pois há três que dão testemunho no céu: o Pai, a Palavra e o Espírito Santo; e estes três são um.
8 E três são os que dão testificam na terra: o Espírito, a água, e o sangue; e estes três concordam.
9 Se admitimos o testemunho dos homens, o testemunho de Deus é este, que de seu Filho testificou.
10 Quem crê no Filho de Deus, em si mesmo tem o testemunho; quem a Deus não crê, mentiroso o faz, porque não crê no testemunho que Deus dá de seu Filho.
11 E o testemunho é este: Que Deus nos deu a vida eterna, e esta vida está em seu Filho.
12 Quem tem o Filho tem a vida; quem não tem o Filho de Deus não tem a vida.
13 Estas coisas vos escrevo, a vós que credes no nome do Filho de Deus, para que saibais que tendes a vida eterna.
14 E esta é a confiança que temos nele, que se pedirmos alguma coisa segundo a sua vontade, ele nos ouve.
15 e, se sabemos que nos ouve em tudo o que pedimos, sabemos que já alcançamos as coisas que lhe temos pedido.
16 Se alguém vir seu irmão cometer um pecado que não é para morte, pedirá, e Deus lhe dará a vida para aqueles que não pecam para a morte. Há pecado para morte, e por esse não digo que ore.
17 Toda injustiça é pecado; e há pecado que não é para a morte.
18 Sabemos que todo aquele que é nascido de Deus não vive pecando; antes o guarda Aquele que nasceu de Deus, e o Maligno não lhe toca.
19 Sabemos que somos de Deus, e que o mundo inteiro jaz no Maligno.
20 Sabemos também que já veio o Filho de Deus, e nos deu entendimento para conhecermos aquele que é verdadeiro; e nós estamos naquele que é verdadeiro, isto é, em seu Filho Jesus Cristo. Este é o verdadeiro Deus e a vida eterna.
21 Filhinhos, guardai-vos dos ídolos.”. (I João 5.1-21)
II JOÃO
II João 1
O autor da epístola se intitula o presbítero, palavra grega que significa ancião. Não padece dúvida pela semelhança de conteúdo e estilo que se trata do mesmo autor de I João.
Quando João escreveu esta epístola já se encontrava em idade muito avançada, e todos os demais apóstolos já haviam morrido.
Jesus o manteve em vida até além dos noventa anos de idade para dar cumprimento à palavra que havia proferido acerca dele de que deveria permanecer até que voltasse (João 21.22).
Jesus disse estas palavras em relação a João porque Pedro lhe havia perguntado o que ocorreria com ele, já que a Pedro revelou que a sua morte seria em martírio.
Estas palavras de Jesus indicam que João não seria martirizado como a maioria dos apóstolos, mas que o manteria em vida por um tempo prolongado, porque quando a Igreja estava debaixo de forte perseguição, e quase todos os apóstolos haviam sido martirizados, o Senhor consolou o Seu povo através dos escritos de João, especialmente do livro de Apocalipse, que foram todos produzidos por João, por direção divina, quando a Igreja precisava ser fortalecida por alguém que tinha sido testemunha ocular do ministério de Jesus e da Sua ressurreição.
O velho e honorável apostolo estava agora grandemente experimentado no serviço santo, e tinha visto e provado mais do céu, do que quando creu no princípio.
Por decênios ele havia sustentado o testemunho fiel da verdade, em pleno conhecimento da vontade de Deus conforme lhe fora revelado pessoalmente pelo Senhor, e depois pelo Espírito, conforme promessa que Jesus havia feito aos apóstolos de que seriam instruídos em toda a verdade, pelo Espírito Santo.
Então ele sustentou e manteve a mesma doutrina (ensino do evangelho) conforme havia transmitido durante toda a sua vida, e manifesta esta verdade nas poucas, mas significativas palavras que escreveu nesta epístola.
Nesta sua segunda epístola, ele saudou a senhora eleita e os seus filhos. Uma provável forma em código de se referir a uma determinada igreja local.
Ele protesta o seu amor baseado na verdade revelada pelos crentes desta igreja que ele chama de senhora eleita, porque a Igreja é composta pelos eleitos de Deus (v. 1).
E diz que não somente ele os amava, como também todos os que conhecem a verdade, por causa da verdade que permanece nos crentes e que para sempre estará com eles (v. 1,2).
A verdade à qual João se refere é o próprio Cristo, que havia se definido aos apóstolos em Seu ministério terreno como sendo Ele próprio, o caminho, e a verdade e a vida.
O mesmo Cristo havia proferido a eles que todo o que viesse a Ele de maneira nenhuma seria lançado fora, e é por isso que João afirma que a verdade permanecerá para sempre naqueles que a têm conhecido por uma experiência pessoal com ela.
O Espírito Santo habita nos crentes como um selo, um penhor, uma garantia da salvação deles; de que nada mais os separará do amor de Deus que está em Cristo Jesus.
Então João disse que a graça, a misericórdia e a paz da parte de Deus Pai e da parte de Jesus Cristo, serão com os crentes em verdade e amor (v. 3). Isto é, estes dons permanecerão continuamente com os crentes que permanecerem na verdade e no amor, porque Jesus havia dito que aquele que permanece nEle, permanece no Seu amor, e aquele que guarda os Seus mandamentos é aquele que o ama.
João não está falando portanto que os crentes podem experimentar o amor de Deus e andarem na verdade, ainda que eles vivam contrariamente aos mandamentos de Cristo. Ele está dizendo que aquilo que Deus tem dado aos crentes Ele não retirará, mas o modo de se desfrutar estas graças divinas é pela perseverança no amor e na verdade, isto é, na obediência aos mandamentos de Cristo.
Por isso ele disse que muito se alegrou no fato de ter achado alguns dos filhos da senhora eleita andando na verdade, segundo o mandamento que recebemos de Deus Pai (v. 4). Na verdade sempre haverá em cada Igreja não somente joio que não poderá andar na verdade, porque não são salvos, como também crentes desobedientes à verdade, e por isso João diz que o motivo da Sua alegria era por aqueles que estavam vivendo de modo obediente à vontade de Deus, porque não há como se alegrar de fato com aqueles que andam contrariamente aos mandamentos de Deus e que por conseguinte entristecem o Espírito Santo, e assim não entristecem apenas ao Espírito, mas todos aqueles que têm andado no Espírito.
Assim, para o propósito de reafirmar a doutrina de Cristo àquela Igreja, ele lhes rogou que permanecessem no mandamento que haviam recebido desde o princípio do Senhor, de que se amassem uns aos outros assim como Cristo lhes havia amado, isto é, com o amor divino, e disse-lhes que eles sabiam que não estava lhes pedindo para cumprir um novo mandamento, senão o que havia sido ordenado por Cristo desde o Seu ministério terreno (v. 5).
João sabia por experiência própria, que não foi sem razão que Jesus deixou um novo mandamento para ser cumprido pela Igreja além dos mandamentos morais da Lei de Moisés.
Amar com o próprio amor de Deus demanda que se tenha comunhão íntima com Deus porque Ele é a fonte do amor.
É principalmente por este amor que o coração de pedra é quebrado, e que se recebe em seu lugar um coração de carne, porque é impossível amar com o amor de Cristo, com um coração de pedra.
É possível cumprir muitos mandamentos com um coração de pedra, mas é absolutamente impossível amar com um tal coração.
Então o crente que for cumprir este mandamento terá primeiro que permitir a Deus que seja quebrado por Ele, de maneira que terá que se autonegar para poder amar com um amor que não se encontra nele próprio e que lhe virá do alto, segundo o poder operante do Espírito Santo.
O amor de Deus é derramado nos nossos corações pelo Espírito Santo (Rom 5.5).
Então ao falar no mandamento do amor, tanto Jesus quanto João estavam incluindo o cumprimento de muitos mandamentos, de maneira que Paulo diz que aquele que ama tem cumprido a Lei.
E Jesus havia afirmado que o amor ao próximo é o cumprimento de toda a Lei e os Profetas.
Então João confirma tudo isto no verso 6 dizendo que o amor é que andemos segundo os mandamentos de Cristo, e que este mandamento foi dado à Igreja desde o princípio para que ande nele.
Está muito claro para nós agora porque Paulo diz em I Cor 13 que se não tivesse amor nada seria e teria, ainda que fizesse muitas boas obras, e tivesse muitos dons espirituais, porque é pelo amor a Deus e ao próximo que se comprova o quanto temos realmente tido comunhão com Deus e uns com os outros.
Como é muito comum, transferir o grande objetivo da religião para muitos alvos, o velho e experimentado apóstolo apontou novamente para o Norte do evangelho, indicando qual o caminho a ser seguido.
Assim ele alertou a Igreja quando aos muitos enganadores que haviam saído pelo mundo afora, não confessando que Jesus veio em carne, isto é, que Ele não havia de fato encarnado num corpo como o nosso, porque era puro espírito.
Este era o ensino dos gnósticos nos dias de João e que permaneceu atacando a Igreja nos primeiros séculos.
João os chamou de enganadores e anticristos.
Eles estavam a serviço de Satanás procurando demolir a sã doutrina, e assim afastarem as pessoas da possibilidade de serem salvas por Cristo, e também para enfraquecerem a fé dos crentes, quanto ao fato de que não tinham em Cristo um substituto que se ofereceu no lugar deles na cruz para livrá-los dos seus pecados e da condenação eterna (v. 7).
Então o apóstolo advertiu os crentes para que olhassem por si mesmos, isto é, que vigiassem contra estes enganadores, e permanecessem na sã doutrina, conforme haviam sido instruídos pelos apóstolos, porque poderiam perder o fruto do trabalho que os apóstolos haviam feito com eles, de maneira que perderiam galardões caso permitissem serem desviados da verdade apostólica (v. 8).
Em Apo 3.11 Jesus fez a mesma advertência que o apóstolo João fizera no verso 8:
“Venho sem demora; guarda o que tens, para que ninguém tome a tua coroa.” (Apo 3.11).
O que temos alcançado com esforço em nossa obediência ao evangelho é muito precioso e deve ser guardado com toda vigilância e cuidado através de uma vida piedosa de oração e obediência à verdade, num viver perseverante e diligente.
Tal é o cuidado que se deve ter com a doutrina de Cristo, que aquele que não permanece nela não tem a Deus, porque é somente permanecendo nos mandamentos de Cristo, no Seu ensino, que temos tanto ao Pai quanto ao Filho. Esta é a única maneira de permanecermos nEle e Ele em nós, a saber, sendo obedientes à Sua Palavra (v. 9).
Esta é também a única maneira de sabermos que somos verdadeiramente salvos, porque os que foram salvos perseverarão na fé e na obediência à Palavra de Deus.
Aquele que tem se desviado da Palavra tem portanto se desviado do próprio Cristo. Por isso Ele nos advertiu seriamente quanto a isto em Seu ministério terreno.
É tão importante e vital para nossa vida espiritual e vitória neste viver cristão, quanto ao zelo necessário para que vivamos na doutrina de Cristo, que João disse que se alguém vem ter conosco, isto é, para um relacionamento de comunhão, e não traz esta doutrina verdadeira, não devemos receber tal pessoa em nossa casa, nem sequer saudá-la com a graça e paz do Senhor, conforme era o costume dos cristãos antigos. Isto quer dizer que não podemos ter como amigos do peito quem não é amigo do peito dos mandamentos de Jesus. Não podemos compartilhar num mesmo espírito com aqueles que não andam na verdade do Senhor (v. 10).
João diz que aquele que simplesmente saúda uma tal pessoa, participa de suas más obras, porque está no mesmo espírito de quem está no erro e não na verdade (v. 11).
Quem anda no amor de Deus detestará o mal, o pecado, e jamais será cúmplice daqueles que andam nas obras infrutíferas das trevas.
Isto mostra de modo muito claro que o amor a que João se refere como o cumprimento do novo mandamento do Senhor é o amor ágape que demanda pureza de coração e unidade de espírito em obediência ao Senhor.
Finalmente o apóstolo se despede daquela Igreja dizendo que tinha ainda muitas coisas para escrever, mas esperava visitá-los e instruí-los face a face, para que a alegria deles, e a sua própria, fossem completas. Certamente esta alegria é o fruto do Espírito que é decorrente de um andar na verdade. Por isso João pretendia ir ter com eles, de maneira que na comunhão no mesmo Espírito, por estarem em obediência à vontade do Senhor, ele sela esta comunhão dos crentes e o Seu agrado nela, gerando grande alegria espiritual em seus corações (v. 12). Ele fala na saudação final da epístola, que uma outra igreja, à qual ele chama de “tua irmã, a eleita” estava saudando a senhora eleita, à qual havia destinado esta sua epístola. Certamente se tratava da igreja onde João se encontrava quando escreveu esta epístola.
“1 O ancião à senhora eleita, e a seus filhos, aos quais eu amo em verdade, e não somente eu, mas também todos os que conhecem a verdade,
2 por causa da verdade que permanece em nós, e para sempre estará conosco:
3 A graça, a misericórdia, e a paz, da parte de Deus Pai e da parte de Jesus Cristo, o Filho do Pai, serão conosco em verdade e amor.
4 Muito me alegro por ter achado dentre teus filhos aqueles que andam na verdade, assim como recebemos mandamento do Pai.
5 E agora, senhora, rogo-te, não como te escrevendo um novo mandamento, mas aquele mesmo que desde o princípio tivemos: que nos amemos uns aos outros.
6 E o amor é este: que andemos segundo os seus mandamentos. Este é o mandamento, como já desde o princípio ouvistes, para que nele andeis.
7 Porque já muitos enganadores saíram pelo mundo, os quais não confessam que Jesus Cristo veio em carne. Tal é o enganador e o anticristo.
8 Olhai por vós mesmos, para que não percais o fruto do nosso trabalho, mas para receberdes pleno galardão.
9 Todo aquele que vai além da doutrina de Cristo e não permanece nela, não tem a Deus; quem permanece neste ensino, esse tem tanto ao Pai como ao Filho.
10 Se alguém vem ter convosco, e não traz esta doutrina, não o recebais em casa, nem tampouco o saudeis.
11 Porque quem o saúda participa de suas más obras.
12 Embora tenha eu muitas coisas para vos escrever, não o quis fazer com papel e tinta; mas espero visitar-vos e falar face a face, para que a nossa alegria seja completa.
13 Saúdam-te os filhos de tua irmã, a eleita.”
III JOÃO
III João
Esta epístola foi destinada pelo apóstolo João a um certo Gaio, ao qual ele chama de amado (v. 1,2).
João não se identifica como apóstolo, mas como presbítero (ancião, pastor) como era seu costume em suas demais epístolas.
O apóstolo Pedro também costumava se identificar como um presbítero entre os demais presbíteros, porque afinal, a principal missão dos apóstolos era também a de apascentar o rebanho de Cristo (I Pe 5.1).
E esta missão de apascentar o rebanho do Senhor deve ser realizada sobretudo em amor. No amor do Espírito que une os corações daqueles que são do Senhor e que andam na verdade. Daí João dizer que amava a Gaio na verdade.
O voto para que Gaio tivesse saúde, foi vertido do termo original grego hugiaíno, que tem vários usos no Novo Testamento como por exemplo: são, sadio, saudável em muitas passagens dos evangelhos, como por exemplo em Lc 15.27; e de sadio na fé como em Tito 2.2; sãs palavras, em II Tim 1.13, e sã doutrina, como em II Timóteo 4.3; de maneira que não se restringia simplesmente nas palavras do apóstolo a votos de saúde física, mas de um viver saudável em todos os sentidos, especialmente no que é relativo à saúde espiritual.
Quanto à referência que fizera de prosperidade da alma de Gaio, a palavra no original grego para próspera é eudóo, que é encontrada também em outras duas passagens do Novo Testamento, a saber, em Rom 1.10, em que tem o sentido de jornada próspera, bem sucedida, e em I Cor 16.2, em que se refere à prosperidade em recursos materiais e financeiros; sendo que nesta última passagem, não se fala de riqueza, mas de ser liberal em ofertar segundo as suas posses; Isto é, que cada um deve contribuir segundo as suas próprias possibilidades; e não com o que não possui.
Portanto, estes votos de João a Gaio não servem de base como muitos costumam fazer para apoiar a doutrina da prosperidade material que ensina falsamente que todo crente deve possuir progressivamente cada vez mais, bens deste mundo, e nem da saúde sempre perfeita, que afirma que nenhum crente fica enfermo, senão somente aqueles que não têm fé.
Cabe destacar que ao falar de prosperidade, João não se referiu a prosperidade material, mas prosperidade de alma (v. 2).
Agora, devemos admitir que um espírito próspero no Senhor ajuda a nos manter saudáveis física e emocionalmente.
O amor de Gaio pela verdade, e o seu caminhar na verdade eram testemunhados pelos irmãos acerca dele (v. 3).
E a verdade que foi testemunhada acerca de Gaio era relativa ao amor que ele tinha pelos irmãos e pelos interesses da Igreja do Senhor; e do modo fiel como ele agia, segundo a vontade de Deus, não somente quanto aos crentes da Igreja local na qual ele congregava, como também para com os irmãos itinerantes, especialmente evangelistas que iam ter com eles, aos quais ele recebia com verdadeiro amor cristão.
O modo digno como Gaio recebeu estes irmãos que foram visitar a sua igreja foi elogiado por João, uma vez que, tais homens haviam saído em Nome do Senhor, nada recebendo dos gentios para tal, somente confiando na assistência que receberiam dos santos para ministrar-lhes a verdade do evangelho, do qual eles eram cooperadores (v. 7, 8).
Esta regra foi estabelecida pelo próprio Senhor, de que aqueles que pregam o evangelho são dignos de serem mantidos pelo próprio evangelho, através daqueles aos quais ministram.
João escreveu para incentivar Gaio a continuar procedendo com a mesma fidelidade que vinha agindo até então para com a obra do evangelho, ao mesmo tempo em que reprovou o comportamento de um certo Diótrefes que agia como se fosse o dono da Igreja, que não recebia não somente os que eram enviados pelo Senhor para lhes ministrar, como se opunha também ao próprio apóstolo João, proferindo contra ele palavras maliciosas, valendo-se da sua ausência entre eles.
Este jamais deve ser o comportamento de um verdadeiro crente, porque a fé opera pelo amor. Amor ao Senhor, amor aos irmãos, amor à obra do evangelho, e isto demanda morrer para o nosso eu e vontade, para conhecer e fazer tão somente a vontade do Senhor. Isto incluirá receber em amor aqueles que Ele nos enviar para a nossa edificação, e dar-lhes o tratamento digno que eles merecem porque são embaixadores do evangelho, enviados para a nossa própria edificação.
Então quão repreensível e contra o evangelho era o comportamento de Diótrefes; e por isso João disse a Gaio que quando fosse ter com eles, traria à memória do tal Diótrefes, quão irregularmente ele vinha procedendo em relação à Igreja, lançando fora da mesma aqueles que lhes eram enviados.
A razão deste comportamento carnal é citada por João no verso 11, no qual diz que quem faz o mal não tem visto a Deus. Como poderia então o tal Diótrefes agir de modo correto se não tinha nenhuma comunhão com o Senhor?
Estes que procedem ainda hoje, tal como ele, como donos da Igreja do Senhor, não podem fazer a vontade de Deus, por maior que seja o zelo que eles possam alegar ter por Sua obra; porque no fundo querem notoriedade, fama, reconhecimento pessoal egoísta, e não servir a Cristo e aos irmãos por um amor verdadeiro e desinteressado, que é segundo o Espírito.
Portanto, Gaio deveria permanecer na prática da verdade e do amor tal como vinha fazendo até então, e não seguir jamais o mau exemplo de Diótrefes (v. 11).
Graças a Deus que levanta crentes fiéis para servirem de apoio, exemplo e incentivo para o comportamento dos muitos Gaios da Sua igreja, tal como Demétrio, cujo testemunho foi também elogiado pelo apóstolo João, do qual este disse que até a própria verdade dava testemunho acerca de Demétrio, assim como todos os crentes (v. 12).
Crentes fiéis virão portanto a receber bom testemunho de todos que andam na verdade. Este é um bom indicativo para sabermos de até que ponto, temos de fato nos consagrado ao serviço do Senhor de maneira fiel.
Certamente não teremos nenhum louvor da parte dos Diótrefes, mas os Gaios e Demétrios darão bom testemunho acerca de nós, quando estivermos andando na verdade, compromissados com o reino de Deus, do mesmo modo que eles estiveram em seus dias.
Irmãos que andam na verdade são verdadeiros amigos, porque aqueles que guardam os mandamentos de Cristo não são apenas Seus amigos como também de todos aqueles que também praticam a Sua Palavra.
Não há como haver verdadeira amizade fora destas bases, porque é somente andando na verdade e no Espírito, que se pode viver o caráter da verdadeira amizade cristã.
Por isso João se refere aos crentes que andam na verdade como sendo amigos, e que estes devem se saudar mutuamente como amigos que são em Cristo Jesus.
“1 O presbítero ao amado Gaio, a quem em verdade eu amo.
2 Amado, desejo que te vá bem em todas as coisas, e que tenhas saúde, assim como é próspera a tua alma.
3 Porque muito me alegrei quando os irmãos vieram, e testificaram da tua verdade, como tu andas na verdade.
4 Não tenho maior alegria do que esta, a de ouvir que os meus filhos andam na verdade.
5 Amado, procedes fielmente em tudo o que fazes para com os irmãos, e para com os estranhos,
6 Que em presença da igreja testificaram do teu amor; aos quais, se conduzires como é digno para com Deus, bem farás;
7 Porque pelo seu Nome saíram, nada tomando dos gentios.
8 Portanto, aos tais devemos receber, para que sejamos cooperadores da verdade.
9 Tenho escrito à igreja; mas Diótrefes, que procura ter entre eles a primazia, não nos recebe.
10 Por isso, se eu for, trarei à memória as obras que ele faz, proferindo contra nós palavras maliciosas; e, não contente com isto, não recebe os irmãos, e impede os que querem recebê-los, e os lança fora da igreja.
11 Amado, não sigas o mal, mas o bem. Quem faz o bem é de Deus; mas quem faz o mal não tem visto a Deus.
12 Todos dão testemunho de Demétrio, até a própria verdade; e também nós testemunhamos; e vós bem sabeis que o nosso testemunho é verdadeiro.
13 Tinha muito que escrever, mas não quero escrever-te com tinta e pena.
14 Espero, porém, ver-te brevemente, e falaremos face a face.
15 Paz seja contigo. Os amigos te saúdam. Saúda os amigos pelos seus nomes.”.

Edition Notes

Published in
Rio de Janeiro, Brasil

The Physical Object

Format
Paperback
Pagination
vii, 79p.
Number of pages
79
Dimensions
21 x 14,8 x 0,6 inches
Weight
139 grams

ID Numbers

Open Library
OL25938138M

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Religião cristã

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