An edition of Testemunho da Verdade (2016)

Testemunho da Verdade

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September 2, 2016 | History
An edition of Testemunho da Verdade (2016)

Testemunho da Verdade

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Uma das principais evidências de uma genuína conversão a Cristo é encontrada no desejo e empenho de se dar testemunho do Evangelho com o fim de conduzir a outros à mesma experiência do conhecimento pessoal de Deus através da fé em Jesus Cristo.
Isto sucede pelo impulsionar do Espírito Santo que passa a habitar no coração de todo aquele que crê para a salvação.
Jesus disse que o Espírito Santo seria derramado em todas as nações da terra para dar testemunho dEle e para ensinar tudo o que Ele havia ordenado para ser cumprido por aqueles que o amam.
Então, não apenas nós sustentamos o testemunho de Cristo e da verdade, como também o Espírito Santo o faz através de nós, como o Senhor disse que ocorreria, e conforme podemos ver registrado em suas próprias palavras no texto de João 15.26.27:

“Mas, quando vier o Consolador, que eu da parte do Pai vos hei de enviar, o Espírito da verdade, que procede do Pai, ele testificará de mim. E vós também testificareis, pois estivestes comigo desde o princípio.”

Publish Date
Publisher
Silvio Dutra
Language
Portuguese
Pages
85

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Edition Availability
Cover of: Testemunho da Verdade
Testemunho da Verdade
2016, Silvio Dutra
Paperback in Portuguese

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Book Details


Table of Contents

Testemunho da Verdade
Silvio Dutra
FEV/2016
A474
Alves, Silvio Dutra
Testemunho da verdade./ Silvio Dutra Alves. –
Rio de Janeiro, 2016.
58p.; 14,8x21cm
1. Vida Cristã. 2. Pregação. 3. Verdade.
I. Título.
CDD 230
Sumário
Introdução................................................................. 4
Testemunho.............................................................. 5
João Batista Testemunhou que a Graça e a Verdade Vieram por Jesus..................................
7
As testemunhas de Cristo testificam que Ele é a luz do espírito.............................................
11
“Vivei, acima de tudo, por modo digno do evangelho de Cristo” (Filipenses 1.27)..........
18
“Assim andai nele." (Colossenses 2.6)......... 20
Mortos, mas Ainda Falam.................................. 22
O Martírio de Hugh Latimer............................. 25
"Vós sois de Cristo." (I Cor 3.23) 35
Sal para o Sacrifício................................................ 37
Lutando Pela Causa Certa.................................. 47
O Que é Não Negar o Senhor? ........................ 51
Aprendendo do Exemplo de Charles Simeon.........................................................................
53
Introdução
Uma das principais evidências de uma genuína conversão a Cristo é encontrada no desejo e empenho de se dar testemunho do Evangelho com o fim de conduzir a outros à mesma experiência do conhecimento pessoal de Deus através da fé em Jesus Cristo.
Isto sucede pelo impulsionar do Espírito Santo que passa a habitar no coração de todo aquele que crê para a salvação.
Jesus disse que o Espírito Santo seria derramado em todas as nações da terra para dar testemunho dEle e para ensinar tudo o que Ele havia ordenado para ser cumprido por aqueles que o amam.
Então, não apenas nós sustentamos o testemunho de Cristo e da verdade, como também o Espírito Santo o faz através de nós, como o Senhor disse que ocorreria, e conforme podemos ver registrado em suas próprias palavras no texto de João 15.26.27:
“Mas, quando vier o Consolador, que eu da parte do Pai vos hei de enviar, o Espírito da verdade, que procede do Pai, ele testificará de mim. E vós também testificareis, pois estivestes comigo desde o princípio.”
Testemunho
A arca da aliança era chamada de arca do testemunho (Êx 39.35), porque continha as duas tábuas de pedra nas quais Deus havia escrito os 10 mandamentos.
O testemunho não era a arca, mas as tábuas, porque continham a escrita do próprio Deus relativa à Sua vontade. Disto aprendemos que o testemunho é a própria Palavra revelada de Deus a nós, nas Escrituras, tanto do Velho quanto do Novo Testamento.
No Novo Testamento temos o testemunho de Jesus e do Espírito Santo, escrito pelos apóstolos. Os apóstolos e os discípulos de Jesus eram suas testemunhas, porque foram incumbidos de dar o seu testemunho ao mundo. Cabe à testemunha testificar a verdade.
Assim, o próprio Jesus foi testemunha da verdade do Pai testificando dela em Seu ministério terreno; o Espírito Santo continua sendo testemunha da verdade, e com ele são testemunhas todos os crentes porque têm sido feitos participantes da verdade por meio da regeneração e santificação do Espírito.
A garantia que temos de que a Palavra de Deus é a verdade, nos vem do testemunho interno do Espírito Santo em nossos corações, especialmente pela aplicação da Palavra em nossas próprias vidas.
É-nos dado pelo Espírito, como crentes, não somente crermos que a Palavra é a verdade, como também participarmos das coisas em que cremos, pois são traduzidas como realidades na nossa fé em Cristo.
Por exemplo, a Palavra afirma que se nos arrependermos e crermos em Cristo somos transformados em novas criaturas, e isto de fato ocorre quando nos convertemos. Assim, a verdade vivida dá testemunho da verdade prometida.
Todas as demais promessas da Palavra passam pelo mesmo teste de veracidade, comprovando a completa fidelidade de Deus em cumprir tudo o que tem prometido.
De tal forma o testemunho está ajustado à nossa própria vida, que é comum se dizer que devemos dar testemunho de Cristo com nossas vidas exemplares.
Vidas santificadas é o melhor testemunho de que servimos de fato a um Deus que é santo, e nos santifica.
Por que o crente deve ser testemunha de Jesus e da Sua Palavra?
Não somente porque este dever lhe é imposto por Deus, mas porque o testemunho de Jesus é o espírito da profecia (Apo 19.10), ou seja, o Espírito Santo que habita no crente move-o a falar do evangelho, pois este é também o ministério do próprio Espirito Santo nesta dispensação da graça.
João Batista Testemunhou que a Graça e a Verdade Vieram por Jesus
João batista, deu um testemunho maravilhoso, pertencendo ele, ainda, à dispensação do antigo testamento, tendo morrido pouco antes de Jesus instituir o novo testamento (nova aliança) com o Seu sangue derramado na cruz.
O maravilhoso testemunho de João Batista, demonstra o quanto havia sido separado por Deus, para preanunciar o ministério do Messias.
Ele distinguiu perfeitamente, pela revelação que lhe fora feita por Deus, que a antiga aliança que havia sido instituída com a mediação de Moisés, baseada na Lei, seria revogada para dar lugar à Nova Aliança em Jesus Cristo, baseada no poder da graça, e na revelação da verdade relativa à salvação que é segundo a referida graça.
São suas palavras, as que lemos João 1.15-18:
“15 João testificou dele, e clamou, dizendo: Este era aquele de quem eu dizia: O que vem após mim é antes de mim, porque foi primeiro do que eu.
16 E todos nós recebemos também da sua plenitude, e graça sobre graça.
17 Porque a lei foi dada por Moisés; a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo.
18 Deus nunca foi visto por alguém. O Filho unigênito, que está no seio do Pai, esse o revelou.”.
João Batista, disse que Jesus viria após ele, mas que já existia antes dele ter vindo ao mundo, e que era dEle que nós recebemos da sua plenitude e graça sobre graça (v. 15, 16), e a razão disto é que Ele não veio nos trazer a Lei tal como ela fora dada a Moisés, mas a graça e a verdade do evangelho, pelas quais somos salvos e transformados em novas criaturas (v. 17).
Jesus é a expressa imagem de Deus Pai, porque é da mesma essência que Ele, de maneira que o Deus invisível que ninguém nunca havia visto, foi revelado por meio do Seu Filho unigênito (v. 18).
Jesus se manifestou cheio de graça e de verdade para poder repartir da Sua plenitude dando-os como dons aos homens de fé.
Ele tem toda a suficiência de graça e de verdade para salvar os pecadores e torná-los semelhantes a Ele próprio.
Nós devemos então olhar para Jesus com os olhos da fé, da maneira que convém ser olhado, isto é, como alguém que está completamente cheio de toda graça, virtude, verdade, dons, enfim, tudo o que for necessário para o nosso aperfeiçoamento espiritual, e para que tenhamos um viver em verdadeira vitória perante Ele, recebendo dEle toda a provisão que necessitamos.
Ele está cheio de graça e de verdade e os que esperam nEle não terão falta alguma.
Ele é uma fonte inesgotável, e o Espírito que nos tem dado é um rio de águas vivas que flui para a eternidade e cujas águas jamais se esgotarão.
Nunca devemos portanto, ficar satisfeitos e imóveis com a medida de graça que tivermos no presente, porque somos chamados a avançar de medida de graça sobre graça até à perfeita maturidade em Cristo Jesus.
O apóstolo Paulo havia experimentado abundantemente desta fonte e viu que sempre havia muito mais para ser experimentado, e assim ele falou de uma graça superabundante, de uma suprema riqueza da graça inescrutável de Cristo (Rom 5.20; Ef 1.7; 2.7; 3.8).
É graça sobre graça para fazer avançar a própria graça na nossa vida, e não propriamente para atender a desejos caprichosos terrenos.
Das nossas necessidades terrenas Deus cuidará, mas elas não podem nos melhorar e aperfeiçoar um só milímetro, por isto a graça é concedida para que sejamos revestidos da plenitude de Deus em nosso próprio ser.
Uma graça é para melhorar, confirmar e aperfeiçoar outra graça.
Nós somos transformados à imagem divina de glória em glória. De um grau de graça glorioso para outro (II Cor 3.18).
Por isso se diz que àquele que tem, ser-lhe-á dado mais, porque onde há a verdadeira graça ela será aumentada por Deus, e tanto mais, quando for mais abundante (Lc 8.18; Tg 4.6).
Muitos seminários teológicos têm partido do pressuposto errado de que é necessário colocar a filosofia como o fundamento do todo do ensino teológico. No entanto, onde há espaço na filosofia secular para definir o que é espiritual e divino?
Onde há espaço por exemplo, para falar sobre esta graça sobre graça?
É preciso vigiar nestes dias difíceis para que não sejamos desviados da verdade, conforme está revelada nas Escrituras e confirmada na experiência daqueles que têm feito a vontade de Deus e que assim têm conhecido que a doutrina de Cristo veio do céu, da parte de Deus Pai para nós (Jo 7.17).
As testemunhas de Cristo testificam que Ele é a luz do espírito
Jesus é a luz do mundo, mais especificamente a luz que dá vida e entendimento aos nossos espíritos que se encontram mortos por causa do pecado, enquanto não somos iluminados pela sua maravilhosa Luz.
Nós lemos o seguinte em João 1.6-14:
“6 Houve um homem enviado de Deus, cujo nome era João.
7 Este veio para testemunho, para que testificasse da luz, para que todos cressem por ele.
8 Não era ele a luz, mas para que testificasse da luz.
9 Ali estava a luz verdadeira, que ilumina a todo o homem que vem ao mundo.
10 Estava no mundo, e o mundo foi feito por ele, e o mundo não o conheceu.
11 Veio para o que era seu, e os seus não o receberam.
12 Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no seu nome;
13 Os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus.
14 E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade.”
A luz é essencial para que possamos enxergar.
Então, sem Jesus, que é a luz do espírito, não podemos enxergar as realidades espirituais celestiais e divinas.
Isto, não apenas num sentido místico, sobrenatural, mas também, pela revelação da verdade e da graça que nos liberta da escravidão ao pecado, que ele nos transmitiu em seu ensino em palavras, ensino este, que o apóstolo João registrou em seu evangelho, e também todos os demais que foram inspirados por Ele na produção das Escrituras.
Por isso, o apóstolo diz que João Batista havia sido enviado por Deus para dar testemunho da luz, não sendo ele a fonte desta luz maravilhosa, mas da fonte da verdadeira luz que é Cristo.
João Batista veio para testificar da luz, clamando no deserto para que todos cressem nAquele que é a luz e que é a única que pode iluminar a todo homem que chega à existência neste mundo.
Fora dEle há somente trevas e morte. Mas os que estão nEle encontram luz e consequentemente a vida.
Jesus criou o mundo, e se manifestou ao mundo, mas o mundo não pode conhecê-lo, senão aqueles que vêm para a Sua luz, para serem iluminados, de modo a entenderem para viverem as realidades espirituais do céu (v. 10).
Este testemunho de João que ele havia aprendido diretamente do próprio Cristo de ser Ele o criador do mundo, acaba com todo o debate acerca da divindade de Jesus, porque ninguém, a não ser somente um ser divino poderia ter criado o mundo.
João usa o verbo no passado “estava no mundo”, ao se referir ao Senhor, porque vários anos já haviam se passado desde que Ele havia ressuscitado e subido ao céu, quando João escreveu este seu evangelho.
Então ele está dizendo do que havia visto acerca do ministério terreno de Jesus, e especialmente da sua rejeição pelos judeus, rejeição esta que continuaria ocorrendo por causa do endurecimento deles, até que o Senhor volte para resgatar o remanescente de Israel, conforme profetizado pelo profeta Isaías.
Estes que não receberam a Jesus, e aos quais João se refere dizendo que Ele “veio para o que era seu”, não são portanto propriamente os eleitos de Deus, mas o Israel segundo a carne, configurado na nação israelita, tanto da Judeia, quanto da dispersão, porque Deus lhes havia escolhido para se revelar ao mundo através deles, dando-lhes o privilégio de evangelizarem o mundo, no entanto eles o recusarem porque não reconheceram que Jesus é o Messias. Não permitiram ser iluminados pela Sua luz, e assim, permaneceram nas trevas (v. 11).
A nação de Israel se recusou em receber ao Senhor, mas todos aqueles que dentre os judeus, e todos os gentios, que O têm recebido, a estes Ele tem dado o poder de se tornarem filhos de Deus, pela simples fé nEle, pela qual alcançam o arrependimento, a justificação, a regeneração, a santificação e a glorificação que são por meio dEle (v. 12).
Estes que são tornados filhos de Deus, foram regenerados pelo Espírito Santo, conforme a vontade de Deus em relação a eles, e não por nascimento natural (laços de sangue), nem da vontade da carne, nem da vontade do homem.
Não foi por um planejamento dos desejos e nem da vontade da alma do homem que alguém é transformado em filho de Deus, mas pelo Seu exclusivo poder e vontade (v. 12, 13).
O novo nascimento não ocorre através de geração natural de nossos pais.
Não é do sangue nem da vontade da carne, mas de semente incorruptível (I Pe 1.23), a saber, pelo Logos, pela Palavra da Verdade, a Palavra de Deus.
A graça não corre no sangue, mas nas veias de Emanuel, de quem recebemos esta vida que é pela graça.
Leis escritas pelos homens não podem regenerar e santificar uma alma.
Caso pudessem, o novo nascimento seria pela vontade do homem.
Foi para este propósito que Jesus (o Verbo) encarnou e veio a este mundo tendo habitado entre os homens, e manifestado aos seus discípulos a sua glória como Filho unigênito de Deus Pai, estando cheio de graça e de verdade.
Jesus não deixou de ser o Verbo e luz quando encarnou.
A sua grande humilhação não consistiu somente em ter deixado a glória celestial para encarnar neste mundo, e nem mesmo o fato de ter sido rejeitado pelos judeus e por aqueles que não são eleitos de Deus, mas sobretudo por ter deixado a perfeição do céu para vir habitar neste mundo de trevas.
Isto é muito duro para Alguém que é completamente elevado, santo e perfeito.
Mas Ele se humilhou até o ponto de ter descido da glória celestial para habitar com míseros pecadores, para poder conduzir a muitos deles à mesma glória celestial.
Que grande e maravilhoso exemplo de humildade e condescendência o Senhor nos deu na Sua encarnação, de maneira que devemos seguir-Lhe os passos quanto a isto, não no sentido de termos alguma própria glória de nós mesmos que devemos deixar, mas de sermos condescendentes com todas as pessoas, não fazendo acepção de qualquer pessoa, julgando-nos superiores a elas por conta do grau da nossa santificação em Deus, porque não houve e jamais haverá maior santo que o próprio Senhor, e Ele consentiu receber os pecadores, e não os julgou e condenou pela miséria espiritual em que eles se encontravam.
De maneira que todo aquele que estiver sendo instruído verdadeiramente por Cristo, agirá tal como Ele, seguindo o exemplo que Ele nos deixou.
Ele não habitou entre nós por apenas uns poucos dias, mas por um longo tempo, e não em circunstâncias agradáveis, mas difíceis, nem tendo onde reclinar a Sua cabeça.
Ele renunciou a qualquer tipo de conforto para nos deixar o exemplo de que não devemos deixar de ser gratos e obedientes a Deus por causa de alguma circunstância difícil que estejamos vivendo.
Mas, é somente nEle, em íntima comunhão com Ele que podemos achar o mesmo poder desta vida cheia da graça e da verdade de Deus.
Muitos haviam permanecido no batismo de João e não avançaram além disto, e assim não chegaram a conhecer a verdadeira luz da qual o próprio João veio dar testemunho, como a luz da fonte que é Cristo que ardeu no próprio João por um breve tempo, no seu curto ministério no deserto.
João não era o Noivo, mas o amigo do Noivo. Não era o Príncipe, mas o seu precursor. Não era a luz, mas o reflexo da luz. O próprio João reconheceu que não era ele que deveria ser seguido, mas o Cristo do qual ele dava testemunho.
De igual maneira, nós não devemos ser seguidores e adoradores dos ministros do evangelho, mas somente dAquele para o qual eles devem apontar, que é Cristo.
Eles não são nossos senhores, e nem têm domínio sobre a nossa fé, mas são apenas ministros por meio de quem nós cremos porque deram testemunho da luz como mordomos na casa de Deus.
Ninguém deve se deixar conduzir por uma fé cega nos homens, por mais santos que eles sejam, porque não são eles aquela luz que veio ao mundo e pela qual os homens recebem uma nova vida de Deus, mas temos que dar atenção e receber o testemunho deles porque são enviados pelo próprio Deus como testemunhas da luz que dá vida aos homens.
Se João Batista tivesse fingido ser ele próprio a luz, ele não teria sido uma testemunha fiel da luz de Jesus.
Assim, aqueles que usurpam a honra e a glória de Cristo terão que prestar contas a Deus do mau uso que fazem da mordomia deles.
“Vivei, acima de tudo, por modo digno do evangelho de Cristo” (Filipenses 1.27)
A palavra "vivei” do texto é vertida do original grego politeúomai, que tem o significado de viver a vida de um cidadão, cumpridor dos deveres de sua cidadania, e no caso do evangelho, de uma maneira digna da pátria celeste de cujo corpo de cidadãos somos membros. Esta palavra carrega portanto um significado relativo a todo o curso de nossa vida e comportamento no mundo. A palavra grega significa as ações e os privilégios da cidadania, e, portanto, nos é ordenado que nossas ações, como cidadãos da Nova Jerusalém, sejam dignas do evangelho de Cristo.
Que tipo de vida é essa? Em primeiro lugar, o evangelho é muito simples . Assim, os cristãos devem ser simples e claros em seus hábitos. Deve haver em nossos modos, nossa fala, nossas vestes, todo o nosso comportamento, aquela simplicidade que é a alma da beleza.
O evangelho é eminentemente verdadeiro, é ouro sem escória, e a vida do cristão será sem brilho e sem valor, sem a joia da verdade. O evangelho é um evangelho ousado, sem temor, ele proclama a verdade, se os homens gostam ou não; temos que ser igualmente firmes e fiéis.
Mas o evangelho é também muito gentil . Tem este espírito marcado em seu Fundador: "uma cana trilhada não será quebrada". Alguns ministros do evangelho são mais cortantes do que uma sebe de espinhos; tais homens não são como Jesus. Procuremos ganhar os outros pela gentileza de nossas palavras e atos.
O evangelho é muito amoroso. É a mensagem do Deus de amor a uma raça perdida e caída. A última ordem de Cristo aos seus discípulos foi: "Amai-vos uns aos outros." Oh, para uma mais real união de coração e por amor a todos os santos, para uma mais terna compaixão para com as almas dos piores e mais vis dos homens!
Não devemos esquecer que o evangelho de Cristo é santo . Ele nunca desculpa o pecado: ele o perdoa, mas somente através de uma expiação. Se a nossa vida deve se assemelhar ao evangelho, devemos então evitar, não apenas os vícios mais grosseiros, mas tudo o que possa dificultar a nossa perfeita conformidade com Cristo. Por causa dele, para o nosso próprio bem e por amor aos outros, devemos nos esforçar a cada dia para que nossa conversação e comportamento sejam mais de acordo com o seu evangelho.
Texto de Charles Haddon Spurgeon, em domínio público, traduzido e adaptado pelo Pr Silvio Dutra.
“Assim andai nele." (Colossenses 2.6)
Se recebemos o próprio Cristo em nossos corações, a nossa nova vida se manifestará em íntima familiaridade com ele por uma caminhada de fé nele .
Andar implica ação . Nossa religião não deve ser confinada ao nosso quarto, é preciso haver um efeito prático no que cremos. Se uma pessoa caminha em Cristo, então ela agirá do mesmo modo como Cristo agiria, porque Cristo é nela, a sua esperança, o seu amor, a sua alegria, a sua vida, ela é o reflexo da imagem de Jesus, e os homens dizem a seu respeito: “Ele é como o seu Mestre; ele vive como Jesus Cristo".
Andar significa progresso. "Assim, andai nele"; agindo de graça em graça, correndo para a frente até chegar ao limite do grau de conhecimento que o homem possa alcançar sobre o nosso Amado.
Andar implica continuidade. Deve haver uma perpétua permanência em Cristo. Quantos cristãos pensam que devem estar na companhia de Jesus, somente pela manhã e à noite, e que podem, então, dar o seu coração para o mundo todo o dia; mas isso é um viver pobre; devemos sempre estar com ele, pisando em seus passos e fazendo a sua vontade.
Andar também implica hábito. Quando falamos do caminhar e da conversação de um homem, queremos nos referir aos seus hábitos, o teor constante de sua vida. Agora, se, algumas vezes, desfrutamos de Cristo, e depois o esquecemos; se às vezes o chamamos de nosso, e logo perdemos a sua companhia; isto não é um hábito, nós não andamos nele. Temos que permanecer nele, agarrarmo-nos a ele, nunca deixá-lo ir, mas vivermos e termos o nosso ser nele.
"Como recebestes o Senhor Jesus Cristo, assim também andai nele"; perseverando da mesma forma como você havia começado, e, como no início Jesus Cristo era a confiança de sua fé, a fonte de sua vida, o princípio de sua ação, e a alegria de seu espírito, de igual modo ele deve ser até o final da sua vida, mesmo quando você andar pelo vale da sombra da morte, e celebrar a alegria e o descanso que permanecem para o povo de Deus. Que o Espírito Santo nos permita obedecer a esse preceito divino.
Texto de autoria de Charles Haddon Spurgeon, traduzido e adaptado pelo Pr Silvio Dutra.
Mortos, Mas Ainda Falam
Hebreus 13.7: “Lembrai-vos dos vossos guias, os quais vos pregaram a palavra de Deus; e, considerando atentamente o fim da sua vida, imitai a fé que tiveram.”
Aqueles aos quais somos ordenados pela Palavra a lembrar de tudo o que foram e ensinaram são chamados de guias, do grego hegouménon, palavra usada para governo, regência, liderança, principais oradores, líderes principais. Aqui se diz também que a fé que tiveram (indicando que já haviam morrido) deveria ser imitada.
Disto concluímos pelo menos três coisas:
Primeiro que estes modelos são de caráter espiritual. Sua liderança é espiritual e aponta para as verdades do reino de Deus.
Segundo, eles não são tantos, comparados com o grande número daqueles que compõem o rebanho de Cristo.
Terceiro: apesar de já terem morrido, devem ser imitados e seguidos em sua liderança espiritual por tudo o que fizeram e escreveram, inspirados pelo Espírito Santo, para a instrução e direção dos cristãos na verdade.
Vejam as vidas piedosas e úteis para o evangelho, de John Piper, Paul Washer, Augusto Nicodemus, John MacArthur, D. M. Lloyd Jones, John Stott, David Wilkerson, Leonard Ravenill, homens deste nosso século e do século XX, entre tantos outros servos valorosos de Deus, que tiveram seus caracteres transformados e moldados pelo Espírito de Deus pela influência que haviam recebido especialmente pela leitura dos escritos de outros grandes homens de Deus do passado, como por exemplo, Charles Haddon Spurgeon, George Whitefield, Jonathan Edwards, entre outros; que por sua vez haviam sido influenciados por outros que haviam vivido antes deles, como Mattew Henry, John Owen, Richard Baxter, Thomas Watson, e muitos outros. No caso dos irmãos Wesley, John e Charles, tiveram suas vidas influenciadas por Martin Law, Henry Venn, por Zinzerdoff, e outros. Todos estes haviam bebido na fonte de Wiliam Perkins, Wiliam Tyndale, e antes destes, de John Wiclyff, John Huss, dos chamados pais da Igreja, dos apóstolos de Jesus, do próprio Cristo, dos profetas e das vida de todos os homens de Deus registradas nas Escrituras.
A graça cristalina do evangelho não flui em fontes contaminadas pelo erro. Ela tem os seus canais consagrados por onde continua sendo transmitida àqueles que são dirigidos pelo Espírito Santo a beber das mesmas.
Bem-aventurados são todos aqueles cujos corações se inclinam para a verdade, e que têm fome e sede de justiça, porque haverão de ser conduzidos pelo Espírito Santo a serem saciados nestes muitos oásis onde achamos a verdade celestial não contaminada e cheia daquele vigor espiritual transformador de vidas, porque todos estes que viveram e morreram pela verdade do evangelho, estavam cheios de doçura e do poder do Espírito para continuarem falando através das sucessivas gerações.
Heb 2:1 Por esta razão, importa que nos apeguemos, com mais firmeza, às verdades ouvidas, para que delas jamais nos desviemos.
O Martírio de Hugh Latimer
No ano de 1539, Gardiner e outros eclesiásticos romanistas ganharam uma influência considerável sobre a mente do rei, e o ato de seis artigos foi aprovado, que restaurou alguns dos pontos principais do papado. Em razão disso Latimer renunciou ao seu bispado, e com muita alegria voltou à vida privada; no entanto, foi conduzido à Torre por instigação do bispo Gardiner, e embora o rei não permitisse a seus inimigos darem contra ele em toda a extensão que desejassem, ele foi mantido prisioneiro durante os seis anos restantes daquele reinado.
Com a ascensão de Eduardo VI, Latimer foi libertado. Ele foi pressionado a reassumir seu bispado, mas recusou mais uma vez o encargo, por conta de sua idade e enfermidades que, no entanto, não o impediram de prosseguir com diligência os seus estudos, e para este propósito era seu costume levantar-se às duas horas da madrugada. Ele também sempre pregou o evangelho, tanto na corte e em várias partes do país.
Sua residência principal durante este período foi a Cranmer Lambeth, onde muitos vieram ter com ele para aconselhamento quanto aos seus sofrimentos e erros de natureza temporal, bem como para aconselhamento espiritual.
Um exemplo notável disto temos no caso de John Bradford, que, em suas cartas ao Padre Traves, repetidamente, mencionava ter recorrido a Latimer em busca de conselho, e isto foi citado também por ele em um de seus sermões perante o rei e a corte.
"Eu não posso me dedicar ao meu livro", disse ele, "porque pessoas pobres vêm a mim, para falar a respeito de seus problemas." O estado deplorável da administração da justiça naqueles tempos, é muitas vezes severamente advertida em seus sermões.
Fox o historiador dos mártires da igreja cristã, descreve, da seguinte forma, os trabalhos de Latimer durante este reinado:
"Assim como a diligência deste homem de Deus nunca cessou, durante todo o tempo do Rei Eduardo, para o lucro da igreja, tanto publica quanto privadamente, assim, entre outras ações em que ele foi observado, isto não pode deixar de ser considerado, mas é digno de ser observado, porque Deus não somente lhe deu o seu Espírito de forma plena e consoladora para pregar a sua palavra à sua igreja, mas também pelo mesmo Espírito ele mostrou de forma evidente e profetizou acerca de todos os tipos de pragas que aconteceriam depois. E, no tocante a si mesmo, ele sempre afirmou que a pregação do evangelho custaria a sua vida, para o que ele alegremente se preparou, e se sentiu certamente convencido de que Winchester (bispo Gardiner) foi mantido na Torre por este motivo, como o caso também verdadeiramente provou."
Quando a rainha Maria, a sanguinária, subiu ao trono, Latimer foi ao bairro de Coventry, e o concílio enviou uma citação para que ele comparecesse diante deles. O objetivo daquela intimação era evidente, e John Careless, um tecelão protestante daquela cidade, que depois morreu na prisão por causa da verdade do evangelho, apressou-se em informar a Latimer sobre a aproximação do oficial. O venerável mártir, foi assim, avisado com seis horas de antecedência, durante as quais ele poderia ter escapado, e mesmo depois, ele teve ainda mais oportunidades, porque o oficial somente deixou a citação e foi embora, sem fazer qualquer contato com a pessoa de Latimer. É provável que os conselheiros da rainha, tivessem desejado conduzir o velho Latimer à rainha, do que exibi-lo ao povo como um sofredor pela verdade.
Como Fox observa: "Eles sabiam muito bem que a sua constância e firmeza o levariam ao papado, e que confirmaria a santidade na verdade."
Mas Latimer sentiu que, depois do público e decidido testemunho que ele havia dado das verdades do evangelho, que era seu dever não se encolher e fugir do sofrimento por causa delas, e sua idade e enfermidades não lhe davam oportunidade de servir o seu Senhor e Mestre em qualquer outra forma que fosse provavelmente tão rentável para as almas dos outros.
Ele estava plenamente consciente do destino preparado para ele, e como ele passou por Smithfield, em sua chegada a Londres, ele disse:
"Aquele lugar há muito tempo gemia por mim", à espera de ser conduzido às chamas onde tantos haviam sido queimados em anos anteriores. Com a mesma constância e alegria de espírito, quando novamente preso na Torre, e quando chegava o inverno, disse ao tenente, que "a menos que eles permitissem que ele fosse queimado, ele iria decepcioná-los, porque eles tinham intentado fazer dele um miserável ardendo no fogo, mas ele deveria morrer de frio."
Como o número de presos aumentou, Cranmer, Ridley e Bradford foram confinados na mesma cela com Latimer.
Em abril de 1554, os três bispos foram removidos para Oxford, onde eles foram designados para argumentarem em público contra o sacramento.
Um relato completo do que se passou foi elaborado pelo bispo Ridley.
Quando os romanistas pressionavam com suas distinções acadêmicas e argumentos dos padres sobre Latimer, ele imediatamente lhes disse que tais alegações não tinham nenhum efeito sobre ele, que os padres muitas vezes foram enganados, e ele não via nenhuma razão para depender deles, exceto quando eles dependiam da Escritura. Depois destas disputas, Cranmer, Ridley e Latimer foram condenados, e mantidos na prisão por muitos meses, tempo durante o qual se ocuparam em conferências sobre assuntos religiosos, em fervorosa oração, ou por escrito, para a instrução e apoio de seus irmãos. Fox diz: "Latimer, por razão da debilidade de sua idade, foi o que menos escreveu de todos eles neste último momento de sua prisão; ainda em oração, ele estava fervorosamente ocupado, onde, muitas vezes, ele continuou assim por muito tempo de joelhos, porque ele não era capaz de se levantar sem ajuda." Os principais assuntos de suas orações estão relacionados por Fox, e foram como se segue:
“Em primeiro lugar, que, assim como Deus lhe havia designado para ser um pregador de sua palavra, assim também ele lhe daria graça para sustentar a sua doutrina até a sua morte, e ele poderia dar o sangue de seu coração para isto. Em segundo lugar, para que Deus por sua misericórdia restaurasse o evangelho novamente na Inglaterra, e acrescentou estas palavras, "mais uma vez , uma vez novamente," ele fez isso repetidamente como se tivesse visto a Deus diante dele, e falado face a face com ele. Em terceiro lugar orou para a preservação da majestade da rainha, que agora era a Rainha Elizabeth, de quem em suas orações ele estava acostumado a citar, e por quem pedia a Deus sinceramente que pudesse ser feita um conforto para a o reino da Inglaterra." Estas eram orações de fé e, como tal, não foram oferecidas em vão.
No dia 30 de setembro de 1555, Ridley e Latimer foram perante os comissários nomeados pelo papa examiná-los e condená-los. A aparição de Latimer é assim descrita: "Ele segurava o chapéu na mão, tendo um lenço na sua cabeça, e sobre ele um boné, e uma grande capa, como era comum o uso dos citadinos.”
Na manhã do dia 16 de outubro de 1555, Latimer e Ridley foram levados para o local preparado para a sua queima, na parte da frente do Baliol College, em Oxford. Eles se ajoelharam e oraram separadamente, e depois conversaram juntos. Um sermão foi pregado em seguida, em que suas doutrinas e seus caracteres foram difamados, mas eles foram impedidos de responder. "Bem", disse Latimer, "não há nada escondido, mas isto será aberto."
O carcereiro, em seguida, tirou as roupas superiores, para prepará-los para a estaca, quando foi visto que Latimer tinha colocado uma mortalha como roupa de baixo, e, embora ele tivesse a aparência de um velho enrugado, e seu corpo curvado sob o peso do anos, ele agora "ficou de pé, como um pai gracioso e com um poder que qualquer um poderia contemplar."
Tudo estava preparado, uma tocha acesa foi trazida e colocada aos pés de Ridley. Latimer, então, se virou e se dirigiu aos seu companheiros de sofrimento, com estas palavras memoráveis e enfáticas: "Tende bom conforto, Mestre Ridley, e seja homem; nós seremos neste dia como uma vela, pela graça de Deus, na Inglaterra, assim como eu creio que jamais se apagará.” O fogo queimava ferozmente; Ridley sofreu muito com grande firmeza e constância, mas Latimer foi logo entregue. Ele exclamou em voz alta : "Ó Pai do céu, recebe a minha alma." Curvado sob as chamas ele parecia abraçá-las, e banhava as mãos nelas, e rapidamente partiu. Quando o fogo queimava baixo, e os espectadores lotavam em volta das brasas mortais, eles viram que o seu coração não fora consumido, e uma quantidade de sangue jorrou dele, lhes lembrando da sua oração já mencionada. Ele tinha realmente derramado o sangue do seu coração como um testemunho da verdade das doutrinas que ele havia pregado.
Este terrível testemunho da verdade não foi inútil. Julius Palmer, um companheiro do Magdalen College, estava presente, ele tinha sido um papista fanático, mas sua mente estava animada para examinar as doutrinas sustentadas por aqueles que sofreram o martírio, para que pudesse verificar o que lhes permitiu passar por tão cruéis tormentos impassivelmente. Ele esteve presente nos exames e na queima de Ridley e Latimer, e a firmeza cristã deles foi o meio de dissipar seus preconceitos. Ele mesmo, pouco depois, sofreu por causa da verdade, mas tinha sido ensinado a calcular o custo, e antes da hora do sofrimento chegar, ele declarou:
"Na verdade, é uma questão difícil para eles queimarem aquilo que está ligado na mente, na alma e no corpo, assim como o pé do ladrão é amarrado em um par de grilhões; mas se um homem é capaz, pela ajuda do Espírito de Deus, de separar e dividir a alma do corpo, porque para ele não é mais difícil queimar, do que para mim, o ato de comer este pedaço de pão." Há também uma razão para crermos que os sofrimentos de Latimer e Ridley, e de outros mártires, foram úteis para pelo menos um dos eclesiásticos espanhóis que estavam naquele tempo na Inglaterra.
A característica distintiva de Latimer era a sinceridade, ou zelo fiel à verdade; - em um seguidor de Cristo estas qualidades são inseparáveis. Elas foram especialmente apresentadas nos seus sermões, e a atenção de seus ouvintes foi fixada pelo animado estilo alegre em que ele entregou as verdades do evangelho, e pela reprovação das más práticas dos homens. Quando pregava, frequentemente apresentava histórias e depoimentos detalhados, numa forma que parece singular em um pregador moderno; mas isso é para ser contabilizado pelos costumes dos tempos em que viveu, e sua ansiedade para se valer das oportunidades de utilidade tão peculiarmente apresentada por ele. Muitas destas ilustrações parecem duras aos ouvidos modernos, mas eram bem adequadas para fazer uma boa impressão sobre as mentes quase totalmente não familiarizadas com as Escrituras, e essa ignorância era tão geral, naqueles dias, que era suficientemente responsável por seu excepcional detalhamento dos acontecimentos da história sagrada.
A pregação de Latimer foi assim descrita: "O método e curso de sua doutrina era, para definir a lei de Moisés diante dos olhos das pessoas em todas as severidades e maldições que, assim, as colocava em temor de pecar, e para colocar por terra a confiança deles em suas próprias realizações, e, assim, levá-los a Cristo, convencendo-lhes da sua necessidade dele, e de fugirem para ele por meio da fé evangélica. Ele falou contra a opinião de obtenção de perdão do pecado e salvação, através de cerimônias religiosas. Ele ensinou, pelo contrário, que somente Cristo foi o autor da salvação, e que ele, por uma só oblação de seu corpo, santificou para sempre todos aqueles que acreditam nele - que era a chave de Davi, e que ele abria, e ninguém podia fechar, e que aquilo que ele fechou, ninguém podia abrir. Ele pregou que Deus amou o mundo, e o amou entregando o seu Filho único para ser morto, para que todos os que daí em diante acreditarem nele não pereçam, mas tenham a vida eterna; que ele foi um propiciação por nossos pecados e, portanto, somente sobre ele devemos lançar toda a nossa esperança, e que, embora, os homens estivessem carregados de pecados, eles nunca pereceriam por causa dAquele que não conheceu o pecado, e que nenhum deles deixaria de crer nele." Estes foram os tons espirituais contidos nos sermões de Latimer, e este é o relato do homem culto, Sir R. Morryson, que viveu naqueles dias, e afirma: "Jamais alguém floresceu, eu digo, não somente na Inglaterra, mas em qualquer país do mundo, desde os apóstolos, que tenha pregado o evangelho mais sincera, pura e honestamente do que Hugh Latimer, bispo de Worcester.”
Nota do tradutor: nosso principal objetivo com este breve relato do testemunho de um mártir do evangelho não é o de reacender o sentimento abominável e reprovável que vingou muito em dias passados em ressentimentos mútuos, por motivo de disputas religiosas, mas deixar registrado que quando se ama a Cristo e o evangelho isto é feito acima do amor que temos por nossa própria segurança e vida, conforme ficou patentemente demonstrado no testemunho de Hugh Latimer.
Apocalipse 12.11: “Eles, pois, o venceram por causa do sangue do Cordeiro e por causa da palavra do testemunho que deram e, mesmo em face da morte, não amaram a própria vida.”
"Vós sois de Cristo." (I Cor 3.23)
"Vós sois de Cristo." Vós sois dele por doação, pois o Pai vos deu ao Filho; sois dele, comprados com seu sangue, pois se lhe foi imputado o preço da vossa redenção; sois dele por dedicação, pois fostes consagrados a ele; dele por parentesco, pois sois chamados pelo seu nome e feitos um de seus irmãos e co-herdeiros.
Trabalhai de modo prático para mostrar ao mundo que sois o servo, o amigo, a noiva de Jesus. Quando tentados a pecar dizei: "Eu não posso fazer tamanha perversidade, porque eu sou de Cristo.” Princípios imortais proíbem um amigo de Cristo pecar. Quando a riqueza estiver diante de vós para ser ganha através do pecado dizei que sois de Cristo, e não a toqueis. Estais expostos a dificuldades e perigos? Permanecei firmes no dia mau, lembrando-vos que sois de Cristo. Estais entre os ociosos que sentam-se de braços cruzados, sem fazer nada? Levantai-vos para o trabalho com todas as vossas forças, e quando o suor cair pela vossa testa, e fordes tentados a parar, dizei, "Não, eu não posso parar, porque eu sou de Cristo. Se eu não tivesse sido comprado com o seu sangue, eu poderia ser como Issacar, agachado entre dois fardos; mas eu sou de Cristo, e não posso demorar-me.” Quando o canto de prazer da sereia vos tentar a sair do caminho certo, respondei. "a tua música não pode encantar-me; eu sou de Cristo". Quando a causa de Deus vos convidar, dai os vossos bens e entregai-vos vós mesmos, porque sois de Cristo. Nunca negueis a vossa profissão. Sede sempre um daqueles cujas maneiras são cristãs, cujo discurso é como o do Nazareno, cuja conduta e conversa são tão impregnadas do céu, que todos que vos verem saberão que sois do Salvador, reconhecendo em vós as feições do amor dele e seu semblante de santidade. Dizer "Eu sou um romano!" era antigamente uma razão para integridade; muito mais, então, seja o vosso argumento para a santidade: "Eu sou de Cristo!"
Texto de Charles Haddon Spurgeon, Traduzido por Silvio Dutra.
Sal para o Sacrifício
Partes de um sermão de Charles Haddon Spurgeon, traduzidas e adaptadas pelo Pr Silvio Dutra.
"E todas as tuas ofertas dos teus alimentos temperarás com sal; e não deixarás faltar à tua oferta de alimentos o sal da aliança do teu Deus; em todas as tuas ofertas oferecerás sal.” (Levítico 2.13)
Os verdadeiros israelitas traziam muitas oblações e ofertas de diferentes tipos a Deus. E estou convicto de que, se o Senhor tem incendiado nossos corações em chamas com o Seu próprio amor, que, também, estaremos frequentemente dizendo: "Que darei eu ao Senhor por todos os Seus benefícios? "Será o hábito do cristão, como era o hábito do devoto israelita, estar trazendo continuamente oblações ao seu Deus.
Como isso pode ser feito? Esse é o ponto. Nós precisamos, cada um de nós, dizer com Paulo: "Senhor, o que queres que eu faça?" E podemos acrescentar outra pergunta: "Como queres que eu faça?" Porque o culto voluntário não é agradável a Deus se Lhe trouxermos o que Ele não pedir, e que certamente não será recebido. Nós só devemos apresentar a Ele o que Ele requer de nós e devemos apresentá-lo à Sua própria maneira, pois é um Deus zeloso.
Eu chamo a sua atenção para o fato de que, nesse versículo, o Senhor três vezes ordena expressamente que, as ofertas de cereais e todas as demais ofertas deveriam ser oferecidas com sal. Será que o grande Deus que fez o céu e a terra tem interesse no sal? Será que Ele condescende com esses detalhes minuciosos em Seu serviço como para decretar que a ausência de um punhado de sal fosse a causa de um sacrifício inaceitável - e que a presença do mesmo seria absolutamente necessária para a oblação ser recebida por Ele? Então, meus irmãos, nada no serviço de Deus é insignificante! Uma pitada de sal pode parecer a nós que não seja importante, mas diante do Senhor não pode ser assim. No serviço de Deus, a alteração de uma prescrição de Cristo pode parecer ser uma questão de indiferença, e ainda em que a alteração não possa destruir os pontos vitais da prescrição, ocorrerá uma destruição total de seu significado. Isto é seu e é meu - manter a letra da Palavra de Deus, bem como o espírito dela, lembrando que está escrito: "Aquele que violar um destes mais pequeninos mandamentos e assim ensinar aos homens, será chamado o menor no Reino dos Céus.”
Se você ler todo o segundo capítulo de Levítico, vai notar que outras coisas eram necessárias em conexão com os sacrifícios dos israelitas. Seus sacrifícios eram como símbolos e emblemas e precisavam de incenso quando eram oferecidos a Deus. Deus não sentiria o cheiro suave no novilho, carneiro, ou cordeiro, a menos que fossem adicionadas especiarias aromáticas. O que isso nos ensina, senão que as melhores performances de nossas mãos não devem aparecer diante do Seu trono sem o mérito de Cristo misturado a elas?
Deve haver aquela mistura de mirra, aloés e cássia com a qual as vestes de nosso Príncipe são perfumadas para fazer o nosso sacrifício ser um doce aroma para o Altíssimo! Tome cuidado em seus sacrifícios para que você traga o incenso sagrado.
Outra coisa que era acrescentada era o azeite – o óleo é sempre o tipo do bendito Espírito de Deus. Qual é a utilidade de uma pregação se não houver unção nela? O que é unção, senão o Espírito Santo? O que é a oração sem a unção que vem do Espírito Santo? O que é louvor a menos que o Espírito de Deus esteja nele para dar aquela vida que o faz subir para o céu? O que vai para Deus deve primeiro vir de Deus. Precisamos do azeite - não podemos ministrar sem ele.
Então, havia um terceiro requisito, ou seja, o sal. Se você ler o versículo 11, você verá que o Senhor proibiu os israelitas de apresentarem qualquer mel. "Nenhuma oferta de alimentos, que oferecerdes ao Senhor, se fará com fermento; porque de nenhum fermento, nem de mel algum, oferecereis oferta queimada ao Senhor.”
O mel está cheio de doçura - e Deus não pede doçura, Ele pede sal.
Qual é o significado de tudo isso? Nós não podemos pronunciar qualquer significado tipológico com certeza a menos que tenhamos a Escritura para nos dirigir, mas ainda, usando o nosso melhor julgamento, o que vemos, em primeiro lugar, é que o texto é autoexplicativo. Observe, "e não deixarás faltar à tua oferta de alimentos o sal da aliança do teu Deus".
Parece, então, que o sal era o símbolo da Aliança. Quando Deus fez um pacto com Davi, está escrito: "O Senhor deu o reino a Davi para sempre por um Pacto de sal "- o que significava que era uma Aliança imutável, incorruptível, que duraria como o sal faz uma coisa ser preservada, de modo que não é susceptível de apodrecer ou se corromper.
"O sal da Aliança" significa que sempre que você e eu estamos trazendo qualquer oferta ao Senhor, devemos tomar cuidado para que nos lembramos da Aliança. Parados no altar com a nossa oferta, servindo a Deus com o nosso serviço diário, ofereçamos sempre o sal da aliança em todos os nossos sacrifícios.
Aqui está um homem que está fazendo boas obras, a fim de ser salvo. Você está sob o Pacto errado, meu amigo, você está sob o Pacto de Obras e tudo o que vai ganhar dessa forma é uma maldição, porque, "Maldito é todo aquele que não permanece em todas as coisas que estão escritas no Livro da Lei, para fazê-las." "Portanto", diz o Apóstolo, "todos quantos são das obras da lei estão debaixo da maldição."
Chegue-se a esse outro Pacto que tem sal nele, a saber, o Pacto da Graça, a Nova Aliança do qual Cristo é a Cabeça! Não podemos chegar a Deus sem o sal da fé em Cristo, ou nossas ofertas serão uma espécie de anticristo. Um homem que está tentando salvar a si mesmo está em oposição com o Salvador. O que pensa do mérito das suas próprias boas obras, despreza o mérito da obra consumada de Cristo!
Ele está oferecendo a Deus aquilo que não tem sal e não pode ser recebido.
Precisamos desse sal da Aliança em tudo o que fazemos, em primeiro lugar, para nos preservar de cair na legalidade. Aquele que serve a Deus por salários esquece a palavra - "O dom de Deus é a vida eterna." Isto não é salário, mas um dom, um presente, pelo qual você viverá. Se você se esquecer que está sob um pacto de pura graça, no qual Deus dá aos indignos e salva aqueles que não têm nenhum mérito para qualquer bênção da Aliança, você vai viver numa base legalista. E, uma vez em terreno legal, Deus não pode aceitar o seu sacrifício, pois determinou salvar e abençoar somente por graça.
Com todas as tuas ofertas ofereça o sal do Pacto da Graça, para que não seja culpado de legalismo em sua oferta.
Devemos também lembrar de exercer gratidão no Pacto.
Sempre que penso em Deus entrando em Aliança comigo, a qual nunca será desfeita, meu amor por Ele cresce. Oh, aquela gratidão sentida por tudo o que vem a nós pelo Pacto da Graça
Oh, isso torna a vida muito doce – receber tudo das mãos de um Deus do Pacto e ver em cada misericórdia uma nova promessa da Aliança de fidelidade! Isto torna a vida feliz e também inspira um crente a fazer grandes coisas pelo seu Deus gracioso.
Isso tende a despertar a nossa devoção a Deus. Quando nos lembramos de que Deus tem entrado em aliança conosco, então não fazemos o nosso trabalho para Ele de uma maneira fria, morta – mas dizemos: "Eu sou um dos amados da aliança de Deus." Ele tem feito uma aliança eterna comigo, em tudo bem ordenada e segura; portanto, minha alma vai buscá-lo, embora seja só para cantar um hino, ou ficar de joelhos em oração, isto deve ser feito intensamente, como por aquele que está em aliança com Deus, que está, portanto, obrigado a servir de todo o coração e com toda a sua alma, e com toda a sua força.
Onde você está se estiver fora da Aliança com Deus? Você está sob a maldição da Antiga Aliança, se você não está sob a bênção da Nova! Mas se o Senhor Jesus Cristo tem sido um Fiador em seu nome e feito uma Aliança contigo, você vai servir a Deus com entusiasmo e prazer – e Ele aceitará o seu serviço como uma oferta de cheiro suave em Cristo Jesus.
Esse é o primeiro significado do texto. Mas, em segundo lugar, o sal é o sinal da comunhão. No Oriente, especialmente, é o símbolo de comunhão. Quando um oriental tem uma vez comido sal de um homem, ele não lhe fará mal algum.
Sempre que você estiver tentando servir a Deus, tome cuidado para que o faça em espírito de comunhão com Deus. Tome cuidado para que não deixe este sal faltar à sua oferta de cereais. Ofereça-o em comunhão com Deus.
Amados, nós nunca servimos a Deus alegremente, se sairmos da comunhão com Ele. "Seus servos o servirão e eles verão a Sua face." Não há como servir a Deus agradavelmente, a menos que você veja Seu rosto. Uma vez que você sentir seu amor a Deus morrendo e a Presença de Deus retirada, você pode viver pela fé, mas você não pode trabalhar com conforto. Você deve sentir uma doce amizade com Deus, ou então não terá tanto gosto em entregar-se ao serviço de Deus como os santos devem fazer.
O sal é também o emblema da SINCERIDADE. "Com todas as tuas ofertas oferecerás sal." Deve haver uma sinceridade intensa sobre tudo o que fazemos para Deus.
A isto se contrapõe o mel. Há uma espécie de uma piedade melosa que eu nunca poderia tolerar. É sempre, "Querida isso", e, "Querido aquilo". É uma espécie de conversa melada em que uma pessoa nunca fala a pura verdade. Ele fala como familiarmente como se soubesse tudo sobre você e daria sua vida por você, embora nunca tenha colocado os olhos em você antes e nunca iria dar um tostão para salvar a sua vida! Essas pessoas evitam repreender o pecado, porque para elas isto é "cruel". Evitam denunciar erros. Eles dizem: "Esta visão querido irmão difere ligeiramente da minha.”
Quando o mel vem ao fogo, ele azeda. Toda esta doçura fingida, quando testada no fogo, azeda - não há amor verdadeiro nisso. Mas o sal, que é afiado e quando chega à ferida gera formigamento, no entanto, faz um bom serviço.
Sempre que você vier diante de Deus com as suas ofertas, não venha com a pretensão de um amor que você não sente, mas venha diante do Senhor de forma sóbria, sincera e verdadeira.
Quando trouxermos o nosso coração e aplicá-lo intensamente no serviço de Deus, que é uma forma de sal, vamos tomar cuidado para que tudo o que fizermos seja espiritualmente realizado - não feito com a mão externa, ou lábios, ou olhos, mas feito com a alma, com o mais íntimo do nosso ser!
Caso contrário, será simples carne e, sem sal, ela será vista como corrupta e rejeitada no altar de Deus.
Quando você tenta orar e de joelhos tem a sensação de que não orou, então não deixe o propiciatório, mas ore até que esteja orando de fato!
Nós comemos nossas devoções desagradáveis sem sal – e o Senhor as rejeita. Nós tivemos alguns minutos em oração na manhã e, talvez, apenas alguns minutos cansados à noite. Percorremos um capítulo da Bíblia, mas sem qualquer vida. Ou temos pregado, mas tem sido uma mera exposição de palavras - não houve vida ou vigor na mesma.
Oh, não o faça! Não traga a Deus seus sacrifícios sem sal, mas deixe o sal de sinceridade saborear tudo. É melhor dizer: "Eu não orei", do que dizer: "Eu orei" e apenas ter cumprido uma formalidade.
Por último, o sal é o tipo de purificação de todos os nossos sacrifícios.
O sal na carne afasta a corrupção. Ele a preserva.
Há certos homens dos quais pode-se dizer que é um santo no exterior e um diabo em casa. Deus irá estimá-lo pelo que ele é em casa - e não pelo que faz no exterior. Ele pode trazer o sacrifício sobre o altar, mas se for levado para lá com as mãos sujas e com um coração profano, Deus não terá nada a ver com isso! "Sem santidade nenhum homem verá o Senhor" e, certamente, sem santidade ninguém pode servir o Senhor. Temos as nossas imperfeições, mas o pecado conhecido e intencional, nos afasta de Deus.
Lembre-se que a Graça de Deus traz santificação com ela e que o dom de Deus é a libertação do pecado - e se permanecermos em pecado não podemos ser filhos de Deus!
Precisamos, queridos amigos, trazer com todas as nossas oblações o sal em nós mesmos, que deve purificar nossos corações de corrupção interior.
Não sabeis que os santos são o sal da terra? E se nós somos o sal para os outros, temos de ter sal em nós mesmos. Como podemos vencer o pecado nos outros, se o pecado está invicto em nós mesmos? Como podemos dar uma luz que nunca vimos?
Irmãos e irmãs, precisamos ser santos! Devemos ser santos, ou senão deixaremos de ser o que somos. Deus nos traga isto - que a cada oblação possamos oferecer enormes punhados de sal! Que possamos sempre ser aceitos em Cristo, aceitos com um sabor santo e agradável a Deus porque o Seu Espírito nos fez santos e nos mantém diante dEle. O Senhor te abençoe sempre! Amém.
Lutando Pela Causa Certa
Defender e até mesmo morrer pela fé e verdade do Evangelho que professamos, para sustentar especialmente a doutrina da salvação por Jesus Cristo pela graça, mediante a fé somente, e não pelas obras da Lei, é um dever que está imposto por Deus sobre todo verdadeiro cristão.
O cristão deve manter uma firme posição na afirmação de todos os valores morais e mandamentos divinos revelados na Bíblia, para a presente dispensação da graça, procurando inclusive sensibilizar aqueles que detêm o poder político, especialmente nos países que se denominam tradicionalmente cristãos, para a importância de fazerem constar das leis promulgadas por cada nação o que seja condizente com a citada sadia moralidade, sem que isto implique necessariamente em se tentar impor à sociedade como um todo, que esta professe a fé cristã, ou mesmo que se dê ao Estado a atribuição de tornar Cristo e o Evangelho conhecidos, pois isto é uma tarefa que foi atribuída por Deus exclusivamente à Igreja.
Agora, é algo muito diferente disto a que nos temos referido, abrigar e lutar pela visão utópica de tentar reconciliar o mundo como um todo com Cristo – pois o mundo odeia o crente fiel, como afirma o próprio Cristo, e isto não mudou e jamais mudará.
Seria pelos ditames de liberdade, igualdade e fraternidade da Revolução Francesa de 1789, que procuraríamos o mesmo para a nossa nação nestes presentes dias? Aquela “liberdade” política serviu para acelerar a ridicularização e esfriamento do Evangelho em todo o território francês e em todas as nações que abraçaram o ideal proclamado pela referida Revolução. Veja a diferença do que ocorreu na Inglaterra no mesmo período, onde em vez da reviravolta política francesa, ocorreram avivamentos com Wesley, Whitefield e outros, e nos EUA com Jonathan Edwards. Cabe destacar que o Evangelho não foi espalhado a partir da França, mas da Inglaterra e dos Estados Unidos. Os crentes nestas nações não estavam envolvidos prioritariamente com política, mas com os interesses eternos do Reino de Deus, diferentemente da maioria dos crentes da França.
É possível que mesmo nos dias da Igreja Primitiva, que alguns crentes judeus incautos seguiam o exemplo de Barrabás para tentar livrar Israel do jugo Romano, mas, certamente, outros crentes sábios seguiam a Pedro, João e os demais apóstolos na pregação do Evangelho para libertar pessoas do jugo do pecado; e foi por meio destes que Cristo seria proclamado às gerações seguintes.
Por oportuno, lembremos que há poderes satânicos operando o mistério da iniquidade na Terra em sua fase final, e isto seguirá adiante independentemente de nossa ação em tentar barrá-lo, pois importa que antes que Cristo volte, se manifeste o Anticristo, os escândalos, a apostasia, e tudo isto tem sido observado presentemente por nós.
Há um Poder Maior que está acima de todo poder terreno, inclusive o de Satanás e seus demônios, e tudo está sob o Seu perfeito controle, e nada impedirá que seus propósitos se cumpram na Terra, assim como previu no passado através de Daniel o levantamento futuro dos Impérios da Pérsia, da Grécia e de Roma, quando Babilônia era o Império dominante em seus dias. Ele rege sobre os governantes da Terra e dá o poder de governar a quem quer.
Tenhamos então o cuidado de não estarmos como crentes, empenhados numa batalha errada, que não seja o bom combate da fé, no poder do Espírito Santo, na proclamação do evangelho da verdade.
“É por eles que eu rogo; não rogo pelo mundo, mas por aqueles que me deste, porque são teus;” (João 17.9)
“14 Eu lhes tenho dado a tua palavra, e o mundo os odiou, porque eles não são do mundo, como também eu não sou.
15 Não peço que os tires do mundo, e sim que os guardes do mal.
16 Eles não são do mundo, como também eu não sou.
17 Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade.
18 Assim como tu me enviaste ao mundo, também eu os enviei ao mundo.
19 E a favor deles eu me santifico a mim mesmo, para que eles também sejam santificados na verdade.” (João 17.14-19)
O Que é Não Negar o Senhor?
O testemunho do evangelho é a fé irrestrita no Cristo crucificado e ressuscitado para a nossa justificação.
Jesus é a Pedra de Esquina do edifício espiritual que Deus está erigindo com pedras vivas (os que creem), pelo poder do Espírito Santo.
O que fica aquém disso é negar o Nome do Senhor e a Sua Palavra.
Dizer que cremos na Bíblia, que cremos em Deus, e no final das contas afirmarmos que temos dúvidas quanto ao fato de que Jesus seja o único e suficiente Salvador, nos leva a errar totalmente o alvo quanto ao fundamento da nossa salvação que foi colocado por Deus Pai inteiramente ao cuidado do Seu Filho Unigênito.
A eleição se confirma não por mero procedimento religioso, mas por nossa ligação real ao Salvador.
Sem Cristo não há reconciliação com Deus. Não há perdão de pecados. Não há o recebimento do Espírito Santo como um dom de Deus a nós.
Não afirmar em nosso testemunho de modo aberto e com todas as letras que Jesus é o Senhor e o Salvador, e o Único Mediador entre nós e Deus, equivale a nos envergonharmos do Seu nome.
Por isso Ele mesmo diz na Bíblia:
Mateus 10:32 Portanto, todo aquele que me confessar diante dos homens, também eu o confessarei diante de meu Pai, que está nos céus;
Mateus 10:33 mas aquele que me negar diante dos homens, também eu o negarei diante de meu Pai, que está nos céus.
Marcos 8:38 Porque qualquer que, nesta geração adúltera e pecadora, se envergonhar de mim e das minhas palavras, também o Filho do Homem se envergonhará dele, quando vier na glória de seu Pai com os santos anjos.
Apo 3:8 Conheço as tuas obras—eis que tenho posto diante de ti uma porta aberta, a qual ninguém pode fechar—que tens pouca força, entretanto, guardaste a minha palavra e não negaste o meu nome.
Apo 3:9 Eis farei que alguns dos que são da sinagoga de Satanás, desses que a si mesmos se declaram judeus e não são, mas mentem, eis que os farei vir e prostrar-se aos teus pés e conhecer que eu te amei.
Apo 3:10 Porque guardaste a palavra da minha perseverança, também eu te guardarei da hora da provação que há de vir sobre o mundo inteiro, para experimentar os que habitam sobre a terra.
Aprendendo do Exemplo de Charles Simeon
Nos seus primeiros anos de ministério, o pastor da Igreja Anglicana, Charles Simeon (24 de setembro de 1759 - 13 de novembro de 1836) era um homem rude e agressivo. Certo dia, foi visitar um pastor amigo numa povoação próxima da sua casa. Após a visita, as filhas do amigo queixaram-se ao pai sobre o comportamento de Simeon. O pai, então levou as suas filhas para o quintal, e disse-lhes: “Apanhai um daqueles pêssegos para mim.” Era o início do verão e os pêssegos estavam verdes. As meninas perguntaram-lhe por que é ele queria fruta verde, que ainda não estava madura. Ele respondeu-lhes: “Bem, minhas queridas, agora ele está verde e nós precisamos esperar; um pouco mais de Sol, um pouco mais de chuva e o pêssego estará maduro e doce. É assim com o Senhor Simeon.”
Charles Simeon no tempo devido realmente mudou. O calor do amor de Deus, as “chuvas” dos mal-entendidos e as decepções foram os meios pelos quais ele se tornou num homem gentil e humilde.
Charles Simeon foi pastor da Igreja Anglicana, na Trinity Church, em Cambridge, na Inglaterra de 1782 a 1836. Ele foi nomeado para lá por um dos bispos da Igreja Anglicana, contra a vontade dos seus paroquianos, que se opuseram a ele, não por que ele fosse mau pregador ou exercesse mal o seu “húmus partoral”, mas porque Charles Simeon era “evangélico.” Isto é, Charles Simeon cria na Bíblia como a Palavra de Deus e regra de fé, desafiava as pessoas para a necessidade da conversão ao Novo Nascimento espiritual, e aos crentes nascidos de novo desafiava-os para a santidade pessoal e apelava às “Igrejas” e aos crentes individualmente para o desafio da evangelização do mundo e a terem amor pelas almas dos não convertidos ao SENHOR Jesus.
Durante 12 anos os seus paroquianos não permitiram que ele pregasse o sermão de domingo, à tarde. E, durante todo esse tempo, também eles boicotaram o culto dominical matinal e bloquearam os bancos da Igreja para que ninguém pudesse se sentar neles. Deste modo Charles Simeon viu-se obrigado a pregar ao seu rebanho durante 12 anos nos corredores do templo!
«Nesse estado das coisas, eu não vi outro remédio, a não ser ter fé e paciência. O trecho das Escrituras que dominava e controlava a minha mente era este: “Ao servo do Senhor não convém contender.” (2 Tim 2:24) Era doloroso ver o templo da igreja, com exceção dos corredores, quase abandonado; porém, eu pensava que se apenas Deus concedesse uma bênção dobrada à Congregação que ali estava, no todo haveria tanto bem como se a congregação fosse o dobro e a bênção limitada apenas à metade dessa porção. Isso confortou-me muitas e muitas vezes, quando, sem essa reflexão eu teria sucumbido sob o meu pesado fardo.»
De onde obteve Charles Simeon a garantia, de que seguindo o caminho da paciência ele o conduziria à bênção sobre o seu trabalho, que compensaria a frustração de ter todos os bancos da “Igreja” bloqueados? Ele a obteve de versículos da Bíblia que prometiam a graça futura, do versículo da Palavra de Deus: “Como são felizes todos os que nEle esperam!” (Isa 30:18). A Palavra de Deus venceu a incredulidade e a fé na Graça futura venceu a impaciência.
Cinquenta e quatro anos depois destes tristes acontecimentos, Charles Simeon estava às Portas da Eternidade. As semanas se arrastavam, como tem ocorrido com muitos santos moribundos. Aprendemos, ao lado de muitos crentes às portas da morte, que a batalha contra a impaciência pode ser muito intensa no leito de morte.
Em 21 de outubro de 1836, os crentes e familiares que estavam ao lado da sua cama, ouviram-no dizer as seguintes palavras, muito lentamente e com longas pausas:
“A infinita sabedoria dispôs tudo com infinito amor; e o infinito poder capacita-me a descansar nesse amor. Estou nas mãos do Pai amado, tudo está seguro. Quando olho para Ele, não vejo nada a não ser fidelidade, e imutabilidade, e verdade; e tenho a paz mais doce, não posso ter mais paz do que a que tenho!»
A razão para Simeon morrer assim foi a disciplina que exerceu durante 54 anos indo amiúde às Escrituras e nelas se apropriando das promessas da graça futura e de usá-las para vencer a incredulidade da impaciência.
Ele aprendeu a usar a espada do Espírito para batalhar o combate da fé na graça futura. Pela fé, na graça futura, aprendeu a esperar com Deus no lugar não planeado da obediência, e a andar com Deus no passo não planeado da obediência. Com o salmista, Charles Simeon disse: “Espero no Senhor com todo o meu ser, e na sua palavra ponho a minha esperança.” (Slm 130:5)
Tanto na vida como na morte, Charles Simeon tornou clara e com impacto a promessa: “O Senhor é bom para com aqueles cuja esperança está nele, para com aqueles que o buscam.” (Lam 3:25)
Qual o segredo espiritual de Charles Simeon, que suportou imensas dificuldades no seu poderoso pastorado de cinquenta e quatro anos, na “Trinity Church”, em Cambridge, na Inglaterra?
A profunda influência espiritual para o bem dos pecadores e para a glória de Deus procede de homens e mulheres que se dedicam à oração e à meditação.
R. Housman, um dos amigos de Charles Simeon, que viveu com ele na mesma casa durante alguns meses diz alguma coisa sobre a sua devoção, sobre o seu grande fervor de piedade, sobre o seu grande zelo e amor.
“Invariavelmente, Charles Simeon levantava-se cada manhã, mesmo no Inverno, às quatro horas da madrugada. E depois de acender o fogo, dedicava as primeiras quatro horas do dia à oração particular e ao estudo devocional das Escrituras.”
Este era o segredo da sua grande graça e do seu vigor espiritual. Ao receber instrução dessa fonte e ao procurá-la com diligência, Charles Simeon era confortado em todas as suas provações e obtinha preparação para todos os seus deveres.
Isto é verdade tanto para os crentes individualmente como para as “Igrejas”. Sem oração persistente não temos qualquer ofensiva na batalha contra o mal. Tanto individualmente e como “Igrejas” estamos destinados a invadir e a despojar as fortalezas de Satanás.
Que o exemplo de Charles Simeon nos impulsione tanto individualmente como “Igrejas” não somente às orações ocasionais, mas a uma vida de oração, como disse Housman, com “consistência e à realidade da devoção.”

The Physical Object

Format
Paperback
Pagination
xiii, 85p.
Number of pages
85
Dimensions
21 x 14,8 x 0,5 centimeters
Weight
135 grams

ID Numbers

Open Library
OL25938058M

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