An edition of O Bom Praticante (2017)

O Bom Praticante

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Last edited by Silvio Dutra
April 18, 2017 | History
An edition of O Bom Praticante (2017)

O Bom Praticante

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Uma excelente e essencial exposição sobre a importância da prática da Palavra, e sobre o perigo de descansar no mero conhecimento doutrinário sem a referida prática.

Publish Date
Publisher
Silvio Dutra
Language
Portuguese
Pages
56

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Edition Availability
Cover of: O Bom Praticante
O Bom Praticante
2017, Silvio Dutra
Paperback in Portuguese

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Book Details


Table of Contents

O Bom Praticante
Título Original: The Good Practitioner
Por Thomas Watson (1620-1686)
Traduzido, Adaptado e Editado
por Silvio Dutra
Abr/2017
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W474
Watson, Thomas 1620 - 1686.
Uma nova criatura / Thomas Watson
Tradução , adaptação e edição por Silvio Dutra – Rio de
Janeiro, 2017.
56p.; 14,8 x 21cm
Título original: The Good Practitioner
1. Teologia. 2. Vida cristã 2. Graça 3. Fé. 4. Alves,
Silvio Dutra I. Título
CDD 230
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Introdução pelo Tradutor:
A exigência da justiça de Deus em relação às Suas criaturas morais (anjos e homens) é que sejam perfeitamente santos assim como Ele é santo. Essa perfeição que atende à Sua justiça só é possível quando se está em união completa com Ele. Deus é justo nesta exigência porque foi para o propósito de serem santos e perfeitos como Ele, que os criou.
Os anjos que se apartaram de Deus ficaram desprovidos de justiça em si mesmos, pois como vimos é impossível permanecer justo, separado de Deus, e sem esta justiça divina não há vida, e por isso se tornaram demônios.
Quando o primeiro homem pecou tendo, por conseguinte se separado de Deus, sujeitou à referida separação toda a Sua descendência. Todavia, aquilo que aos anjos caídos foi negado, tem sido concedido àqueles que dentre os homens desejam retornar à união com Deus.
É neste ponto que entra a necessidade da justificação pela fé em Jesus Cristo, uma vez que a referida união não pode ser consolidada por nenhum outro meio, já que o homem necessita de uma justiça perfeita para poder estar unido a Deus, e é bem sabido que tal justiça perfeita não existe em nenhum homem.
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Todavia, a justificação não consiste em transformar um pecador em um santo, pois ela realiza apenas a expiação da culpa do pecador, o seu perdão, a sua remoção de debaixo da condenação da Lei, mas não opera qualquer transformação moral em sua natureza.
O pecador é justificado pela redenção que há no sangue de Cristo, para que tendo retornado ao favor de Deus, e à comunhão com ele, possa então ser regenerado e santificado pelo poder do Espírito Santo.
A regeneração, que lhe dá uma nova natureza celestial e espiritual, é realizada simultaneamente com a justificação, no momento mesmo em que ele crê em Cristo de uma forma salvífica.
A santificação começa com a regeneração e deve progredir paulatinamente operando a transformação moral à semelhança do próprio Cristo.
Entendemos então a justificação como a abertura da porta do caminho da salvação, a partir da qual há uma longa caminhada a ser feita através do processo da santificação que é realizada pela agência do Espírito Santo, mediante a instrumentalidade da aplicação da Palavra de Deus em nossas vidas. É nisto que consiste o que se costuma chamar de prática da Palavra.
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É nesta prática e não no mero conhecimento da Palavra que consiste a santificação. É sobre esta prática santificante que discorre Thomas Watson neste seu livro abençoado e edificante.
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"Se sabeis estas coisas, bem-aventurados sois se as praticardes." (João 13:17)
Neste capítulo, nosso bendito Salvador, o grande Instrutor da igreja, ensina Seus discípulos. Ele lhes ensinou:
1. Por doutrina. Versículo 34: "Um novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei a vós, que também vós vos ameis uns aos outros.”
Cristo agora estava saindo do mundo; e como um pai, quando está morrendo, deixa uma ordem para seus filhos se amarem mutuamente, assim que nosso salvador deixa este encargo solene a seus discípulos de se amarem um ao outro.
2. Ele lhes ensinou por alegoria. Versículo 4: "Ele se levantou da refeição, tirou a sua roupa exterior e enrolou uma toalha em torno de Sua cintura". Ele assim ensinou-lhes por uma alegoria sagrada como Ele se envolveu com a nossa carne. Os anjos abençoados ficaram imaginando como a natureza divina poderia ser cingida com a natureza humana.
3. Ele lhes ensinou pelo exemplo. Versículo 5: "Depois disso, Ele derramou água em uma bacia e começou a lavar os pés de Seus discípulos, secando-os com a toalha que estava envolvida ao redor dele".
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Ele ensinou-lhes humildade por Seu próprio exemplo. Ele se inclinou para o ofício mais baixo. "Ele lava os pés de Seus discípulos", e isto Ele fez para sua imitação. Versículo 14, "vocês também devem lavar os pés uns dos outros." Agora, nosso Senhor Jesus Cristo, tendo assim ensinado os Seus discípulos por doutrina, alegoria e exemplo, fez uso de tudo nas palavras do texto: "Se você sabe estas coisas, feliz será você se as fizer".
Este é um texto que merece ser gravado em letras de ouro em nossos corações; um texto que, se bem observado, nos ajudará a tirar proveito de todos os outros textos. Um sermão nunca é ouvido corretamente, até que seja praticado. Por conseguinte, farei que este sermão seja, pela bênção de Deus, como uma torneira, para manter o resto dos sermões que você ouve fluindo. Deve ser um sermão maravilhoso, que o ajudaria a colocar em prática todos os outros sermões que você ouviu.
“Se você souber estas coisas”. Pelas palavras "estas coisas", nosso Salvador, reúne todos os assuntos da verdadeira religião; embora mais particularmente aquelas duas coisas que Ele citou imediatamente antes de falar de amor e humildade. No texto há:
1. Uma suposição, "se você sabe estas coisas e as faz."
2. Uma bênção, "feliz é você."
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A partir destes dois pontos, vemos esta doutrina: Não é o conhecimento dos pontos da religião, mas a prática deles, o que torna um homem verdadeiramente feliz. Se Cristo tivesse dito: "Se você conhece essas coisas, feliz você é", e houvesse parado e não ido mais longe, teríamos pensado que o conhecimento seria suficiente para fazer alguém eternamente feliz e abençoado. Porém, Cristo não para aqui, mas vai mais longe: "felizes são vocês se o fizerem". Cristo não põe a felicidade em conhecer, mas em fazer. Não é conhecimento, mas prática, que torna um homem verdadeiramente feliz e abençoado.
Esta proposição consiste em dois ramos, e eu os tratarei distintamente.
I. O conhecimento sozinho, nas verdades das Escrituras - não fará um homem eternamente feliz e abençoado. Mateus 7:21. Lucas 6:46: "E por que me chamais: Senhor, Senhor, e não fazeis o que eu vos digo?" Não é o mero conhecimento e aceitação das mais gloriosas verdades do Evangelho, que trará um homem ao céu. Se um homem pudesse fluentemente discursar sobre todas as verdades bíblicas, se sua cabeça fosse um tesouro de sabedoria, um oceano de aprendizagem, contudo isso não poderia dar-lhe direito à felicidade. Seu conhecimento poderia fazê-lo admirado, mas não abençoado. Se um homem conhecesse e acreditasse em todas as doutrinas da Escritura, isso não poderia coroá-lo de felicidade.
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Na verdade, o conhecimento das doutrinas da Escritura, tem uma beleza nele ao lado da pérola da graça; este ouro é o mais precioso. O conhecimento é o enriquecimento da mente. É uma guirlanda justa para olhar - mas é como Raquel. Embora ela fosse linda - contudo sendo estéril ela disse: "Dê-me filhos ou eu morro!" Da mesma forma, se o conhecimento não produzir o filho da obediência, ele morrerá e virá a nada.
Eu não iria de modo algum menosprezar o conhecimento. O conhecimento é o piloto que nos guia em nossa obediência. Se o zelo não é de acordo com o conhecimento, é adoração da vontade; está estabelecendo um altar para um Deus desconhecido. O conhecimento deve introduzir obediência. É tão abominável para Deus oferecer os animais cegos como os coxos. A ignorância finalmente destrói! Oséias 4: 6, "Meu povo é destruído por falta de conhecimento". A palavra hebraica é que eles são cortados ou derrubados como árvores. Portanto, há uma necessidade de conhecimento. O conhecimento é a irmã mais velha - mas a obediência é melhor que o conhecimento; e aqui o ancião deve servir o mais jovem. O conhecimento pode nos colocar no caminho da felicidade, mas é somente a prática que nos leva lá. Esse conhecimento por si só não pode fazer um homem eternamente feliz e abençoado – e vou provar por três demonstrações:
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1. Conhecimento sozinho, não faz um homem melhor; portanto, não pode fazê-lo eternamente feliz e abençoado. O conhecimento nu não tem influência; não deixa uma tintura espiritual de santidade. O conhecimento informa e não transforma. O conhecimento, por si só, não tem poder sobre o coração para torná-lo mais divino. O mero conhecimento é como um remédio fraco, que não funciona. Não aquece as afeições nem purga a consciência; não traz a virtude de Cristo para secar a sangrenta questão do pecado. Um homem pode receber a luz da verdade, mas não amar a verdade: "e com todo o engano da injustiça para os que perecem, porque não receberam o amor da verdade para serem salvos." (2 Tessalonicenses 2:10). O Apóstolo chama isso de "forma de conhecimento", Romanos 2:20. Conhecimento sozinho, é apenas uma forma morta, não tendo nada para animá-lo. Aquele que só tem conhecimento - é um nascido-morto espiritual! Ele parece um cristão, mas não tem apetite nem movimento. O conhecimento sozinho, faz homens monstros na religião - todos eles são cabeça, mas não pés! Eles não andam em Cristo, Colossenses 2: 6.
Um homem pode ter o conhecimento correto, e ser descuidado de seu dever. Plutarco disse dos gregos que eles sabiam o que era justo, mas não praticavam a justiça. Um homem pode ter conhecimento bíblico, e ainda ser profano! Ele pode ter uma cabeça clara e um coração imundo! O entendimento pode ser
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iluminado, quando o pé pisa em caminhos profanos. Se o conhecimento é divorciado da prática, e não faz um homem melhor, então ele não pode fazer um homem eternamente feliz e abençoado.
2. O conhecimento sozinho, não salvará; portanto, não pode fazê-lo eternamente feliz e abençoado. Se o conhecimento puro salvará - então todos os que tiverem conhecimento serão salvos. Mas isso não é verdade, porque então Judas seria salvo, pois ele tinha conhecimento suficiente. Então o diabo seria salvo! Um homem pode ter conhecimento correto, e não ser melhor do que um diabo! O inferno está cheio de cabeças instruídas! Agora, se o conhecimento por si só não salvará, então não colocará um homem em estado de bem-aventurança.
3. Somente o conhecimento torna o caso de um homem pior; portanto, não pode fazê-lo eternamente feliz e abençoado. O conhecimento tira toda a desculpa. João 15:22, "Se eu não viera e não lhes falara, não teriam pecado; agora, porém, não têm desculpa do seu pecado." O conhecimento aumenta o tormento de um homem. "Ai de ti, Corazin! Ai de ti, Betsaida, eu digo que haverá maior tolerância para a terra de Sodoma no dia do juízo do que para você!" Seria melhor ser pagão do que ser como os cristãos professos que vivem em contradição com o seu conhecimento. Lucas 12:47: "O servo que soube a vontade do seu senhor, e não se aprontou, nem fez
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conforme a sua vontade, será castigado com muitos açoites." Conhecimento sem prática, serve apenas como uma tocha para iluminar os homens para o inferno - quanto mais brilhante a luz, mais quente o fogo! Se um rei faz com que sua proclamação seja publicada, e o sujeito a conhece, mas a desobedece - isso incendeia o rei ainda mais contra ele. Ele punirá aquele homem por desprezo malicioso. Melhor ser ignorante da verdade bíblica, do que ser conscientemente desobediente a ela. Agora, então, se o conhecimento sozinho torna o caso de um homem pior, então está longe de fazê-lo eternamente feliz e abençoado.
Aplicação: Obtenha o conhecimento das Escrituras, mas não descanse nele. Você descansará naquilo que não o fará eternamente feliz e abençoado? Nesse sentido, "aquele que aumenta o conhecimento, aumenta a tristeza", Eclesiastes 1:18. Seu conhecimento servirá apenas para condená-lo. Se o conhecimento separado da prática tornasse os homens eternamente felizes e abençoados, o povo da Inglaterra seria um povo feliz. Não lhes falta conhecimento. Nunca desde a época dos Apóstolos, a luz bíblica brilhou mais clara; mas aqui está o problema: a maioria das pessoas sabe somente para conhecer. Pode-se dizer da generalidade das pessoas, como diz Sêneca - elas preferem disputar bem do que viver bem. Eles teriam conhecimento para arruiná-los, em vez de santificá-los. Infelizmente, o
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conhecimento por si só nunca os tornará eternamente felizes e abençoados. Os homens podem construir seus ninhos entre as estrelas, e ainda assim fazerem a sua cama no inferno. Eles podem ter conhecimento para os coroar, e Deus para condená-los. Oh professante, que te glorias em teu conhecimento de cabeça nua - em que você excede um hipócrita? Onde você supera o diabo? Ele conhece todos os artigos do credo. Ele poderia dizer a Cristo: "Está escrito". Não é triste que um homem não tenha melhores evidências para mostrar para o céu do que o diabo?
Quão inútil é uma gama de conhecimento da cabeça? Aquele que está cheio de conhecimento, é como um copo cheio de espuma. Que coisa vã, tola é, ter conhecimento e não fazer uso espiritual dele! É como se um homem tivesse várias fontes em seu jardim, mas nunca regou suas flores com elas; ou como se um burro fosse carregado de feno, mas não comesse nada do mesmo. Da mesma forma, muitos homens possuem um grande conhecimento sobre eles, mas não se alimentam da doçura dele nem digerem seu conhecimento em prática.
Conhecer apenas para saber - é como alguém que conhece certos países pelo mapa e pode discursar sobre eles, mas nunca viajou até eles nem provou as especiarias doces desses países. Da mesma forma, o gnóstico na religião tem ouvido e lido muito da beleza
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da santidade, mas nunca viajou para a piedade ou provou quão bom o Senhor é. Que lucro há nisso - ter a Bíblia em nossas cabeças, mas não em nossos corações? Podem meras noções serem cordiais quando chegarmos à morte?
Para concluir isso, os homens não podem ser adequadamente chamados cristãos por seu conhecimento sozinho. Você não chama de um artesão aquele que não trabalha em seu ofício. Que um homem seja sempre tão instruído - contudo você não o chama um ourives se nunca refinou um recipiente ou provou o ouro. Embora um homem tenha conhecimento em cirurgia - contudo você não o chama de um cirurgião se nunca lancetou uma ferida. Assim, é impróprio chamar de um cristão quem tem conhecimento, mas nenhuma prática. Ele sabe que deve mortificar o pecado, mas não o faz. Ele sabe que deve mostrar obras de misericórdia, mas ele não as pratica. Ele nunca operou no ofício da piedade.
II. Passo ao segundo ramo da doutrina, que é a prática da verdadeira religião, que faz um homem eternamente feliz e abençoado. Conhecimento sem prática é como uma árvore sem fruto. A arte da prática é a arte mais nobre. O sangue vital da religião percorre as veias da obediência. Aqui eu vou mostrar por que deve haver prática, e que é apenas a parte
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prática da religião que faz um homem eternamente feliz e abençoado.
1. A razão pela qual deve haver prática, é porque é somente a prática que responde ao fim de Deus ao nos dar Sua Palavra, tanto escrita quanto pregada. Levítico 18: 4, "Os meus preceitos observareis, e os meus estatutos guardareis, para andardes neles. Eu sou o Senhor vosso Deus." Deuteronômio 26:16: "Neste dia o Senhor teu Deus te manda observar estes estatutos e preceitos; portanto os guardarás e os observarás com todo o teu coração e com toda a tua alma." Você não somente deve conhecê-los, mas segui-los. A Palavra de Deus não é apenas uma regra de conhecimento, mas uma regra de dever. Se você falar com seus filhos e dizer-lhes o que sua mente está em um assunto, não é só para que eles possam conhecer a sua mente, mas fazê-lo. Deus nos dá Sua Palavra não apenas como uma imagem a ser vista, mas como uma cópia para ser escrita depois. O mestre dá a seu servo um instrumento não para olhar, mas para trabalhar.
A luz da Escritura é para guiar nossos pés para o caminho da obediência; e assim Davi chama a Palavra de Deus, não uma lâmpada para os seus olhos, mas uma "lâmpada para os seus pés", Salmo 119: 105, sugerindo que a luz da Palavra é mais para andar do que para ver. Deus nos dá Sua Palavra como Sua vontade e testamento, para que nós a
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cumpramos. Se Deus somente tivesse tido Suas leis para serem conhecidas ou faladas, Ele poderia tê-las entregado aos papagaios! Se Ele as tivesse mantido seguras, Ele poderia ter "com pena de ferro, e com chumbo, fazer com que fossem para sempre esculpidas na rocha!", Jó 19:24. Mas, portanto, Ele entrega os registros do céu aos homens para que eles sejam obedecidos.
O Senhor nos dá seus preceitos como um médico dá ao paciente suas prescrições - para serem tomadas e aplicadas. Para este fim são todos os institutos de Deus, para que possamos, pela prática, aplicá-los para a purgação do pecado e trazer a alma em um temperamento mais saudável. Deus nos dá Sua Palavra como a mãe dá à criança o peito - não só para olhar, mas para sugar. Muitos têm ido ao inferno com o peito em suas bocas, porque não o sugaram para transformar o leite da Palavra em alimento sagrado!
2. É somente a parte prática da religião, que faz um homem eternamente feliz e abençoado. Isso é claro se consultarmos a Escritura ou a razão.
Ela aparece pela Escritura. A Escritura não conhece outro caminho para a felicidade, senão pela prática. Salmo 15: 5, "que não empresta o seu dinheiro a juros, nem recebe peitas contra o inocente. Aquele que assim procede nunca será abalado." O salmista não diz, aquele que conhece estas coisas nunca
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perecerá, mas aquele que as fizer. Ser um praticante da Palavra dá direito à bem-aventurança. Tiago 1:25, "Entretanto aquele que atenta bem para a lei perfeita, a da liberdade, e nela persevera, não sendo ouvinte esquecido, mas executor da obra, este será bem-aventurado no que fizer." Não por sua ação, como o papista erradamente interpretou - mas em sua ação. A obediência é mais uma prova de bem-aventurança do que uma causa de bem-aventurança.
Procure de um lado da Bíblia para o outro, e você encontrará a coroa ainda colocada sobre a cabeça da obediência! Os santos de renome sempre receberam seus elogios e títulos de honra de sua obediência. "Moisés era um homem poderoso em palavras e obras", Atos 7:22. Quando Cristo pronunciar a sentença de absolvição, veja como ela correrá: "Então dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai. Possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo; porque tive fome, e me destes de comer; tive sede, e me destes de beber; era forasteiro, e me acolhestes; estava nu, e me vestistes; adoeci, e me visitastes; estava na prisão e fostes ver-me." (Mateus 25: 34-36). Cristo não diz que no último dia recompensará os homens de acordo com seu conhecimento, mas por suas ações. "Eis que cedo venho e está comigo a minha recompensa, para retribuir a cada um segundo a sua obra." (Apocalipse 22:12). Então, se a Bíblia, aquela vara de medição infalível, não aponta
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nenhum outro caminho para a felicidade senão a prática, então é inútil esperá-la de outra maneira.
Isto aparece pela razão. A felicidade não é atingível, senão no uso dos meios. Agora, o uso de meios implica prática. A salvação não só deve ser buscada pelo conhecimento, mas operada pela prática, "efetuai a vossa salvação com temor e tremor.", Filipenses 2:12. Não pode haver coroa sem correr, nem recompensa sem diligência. Se a felicidade vem somente no uso dos meios, então não é imaginável nem real sem a prática.
Se é somente a parte prática da religião, que faz os homens eternamente felizes e abençoados - então repreende vivamente aqueles que sabem muito – e ainda não fazem nada. Eles falam de Deus, mas não andam com Deus. Os homens são todos para o conhecimento, porque é contado como um ornamento. Eles seriam adornados com esta flor alegre, mas uma folha da árvore da vida vale toda a árvore do conhecimento. É melhor praticar uma verdade, do que conhecer todas as verdades. Aqui a maioria dos cristãos são defeituosos; eles têm como Raquel, bons olhos, mas eles são estéreis. Mefibosete caiu e ficou coxo nos seus pés, 2 Samuel 4: 4. Da mesma forma, desde a queda de Adão, os homens são coxos em seus pés. Eles não andam nos caminhos da obediência.
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Os homens sabem que a cobiça é um pecado. A palavra grega para cobiça significa um desejo imoderado de conseguir, como Midas, que desejava que tudo que ele tocasse pudesse ser transformado em ouro. As várias espécies de pecado crescem sobre esta raiz de cobiça, 2 Timóteo 3: 2. No entanto, os homens vivem neste pecado, e nada pode curá-los deste câncer de cobiça. Amós 2: 7, "pisam a cabeça dos pobres no pó da terra."
“Pois a terra está cheia de adúlteros; por causa da maldição a terra chora, e os pastos do deserto se secam. A sua carreira é má, e a sua força não é reta.”, Jeremias 23:10. “Perguntou-me o anjo: Que vês? Eu respondi: Vejo um rolo voante, que tem vinte côvados de comprimento e dez côvados de largura. Então disse-me ele: Esta é a maldição que sairá pela face de toda a terra: porque daqui, conforme a maldição, será desarraigado todo o que furtar; assim como daqui será desarraigado conforme a maldição todo o que jurar falsamente.” Zacarias 5: 2,3 - contudo eles não deixarão este pecado. Eles sabem que a embriaguez é um pecado. Há morte no cálice, contudo o bêbado vai bebê-lo! Os homens conhecem a imoralidade como pecado, Êxodo 20:14; desperdiça sua força, mancha seu nome, fere sua consciência, ofende sua posteridade e amaldiçoa suas almas! Apocalipse 22:15. Contudo eles seguirão este pecado e queimarão em luxúria, embora queimem no inferno.
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Os homens sabem que devem ser alados com atividade, nos deveres da piedade, mas podem contentar-se em deixar esses deveres sozinhos. Eles sabem que devem mortificar a carne, orar em suas famílias, ser justos em suas negociações e dar esmolas aos pobres. Mas se não houvesse outra Bíblia que nos ensinasse essas coisas do que a vida da maioria, não saberíamos que havia tais deveres ordenados! Para a maior parte, os homens não são mudados. O que eram vinte ou trinta anos atrás - eles são os mesmos ainda - tão orgulhosos e não reformados como sempre. As melhores ferramentas foram quebradas ou desgastadas em seus corações rochosos - ainda assim elas estão tão sem corte do que nunca. Os foles são queimados, os pulmões dos ministros de Deus são desperdiçados, contudo quanta prata reprovada ainda permanece em muitas de nossas congregações! Se ninguém é eternamente feliz e abençoado, senão os praticantes da Palavra, quão poucos serão salvos!
Por que poucos chegam à parte prática da religião? Certamente é:
1. Falta de prática, é por falta de HUMILIDADE profunda. Aquele que tem o espírito de escravidão solto sobre ele apreende-se, por assim dizer, na esperança desesperada. Ele vê o mar de seus pecados diante dele pronto para engoli-lo, e a justiça de Deus por trás perseguindo e pronta para alcançá-lo! Ele
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clama como Paulo, Atos 9: 6, "Senhor, o que queres que eu faça?" Queres que eu me arrependa ou creia? O pecador humilde não disputa, mas obedece. A semente que não tinha a profundidade da terra, secou e veio a nada, Mateus 13: 5-6. A razão pela qual os homens não produzem os frutos da obediência, é porque não têm profundidade de terra. Eles nunca foram profundamente humilhados pelo pecado. Um homem orgulhoso jamais obedecerá. Em vez de pisar seus pecados sob seus pés, ele pisoteia as leis de Deus sob seus pés, Jeremias 43: 3-4. Aquele que se inclina na humildade é o mais provável para colocar o pescoço sob o jugo de Cristo. Aquele que se vê dentro de uma polegada do inferno, faz a pergunta do carcereiro, "o que eu devo fazer para ser salvo?" Atos 16:30. O que um homem condenado não fará, por um perdão!
2. Falta de prática, é por falta de fé. Isaías 53: 1: "Quem creu na nossa pregação?" Isso faz sermões serem como chuva caindo sobre uma rocha! Eles não são apaziguados, nem frutificam, porque os homens são em parte, infiéis. Preferem disputar do que acreditar. Os que vivem como céticos, morrem como ateus. Se os homens realmente acreditassem que o pecado era tão amargo, e que a ira e o inferno o seguiam - eles não tirariam esta serpente do seu seio? Se eles realmente acreditassem que havia uma beleza em santidade, se eles acreditassem que a piedade era ganho, que havia alegria no caminho para o céu no
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final - eles não iriam voltar seus pés para o caminho de Cristo? Os homens têm alguns pensamentos passageiros ligeiros dessas coisas, mas suas mentes não estão totalmente convencidas, nem sua consciência cativada completamente na crença delas. Esta é a obra-prima de Satanás, sua rede pela qual ele arrasta milhões para o inferno, mantendo-os na incredulidade.
3. O atraso dos homens para a prática, é a DIFICULDADE da parte prática da religião. É fácil ouvir uma verdade, dar algum assentimento, elogiá-la, fazer uma profissão dela. Mas digerir uma verdade na prática é difícil, porque os homens estão cheios de preguiça! Eles se odeiam por se colocarem em atividade em demasia, "A preguiça traz um sono profundo". Provérbios 19:15. Podem os homens cavar para o ouro e não para a pérola de grande preço! Podem eles ter dores na perseguição de seus pecados - e eles não estarão em nenhuma dor para a salvação de suas almas! Eu ouso dizer, que custa a muitos pecadores mais suor e trabalho em labutar por suas luxúrias - do que custa a um santo servir ao seu Deus!
4. Falta de prática, é porque o MUNDO entra e dificulta. Os espinhos sufocam a semente da Palavra. Os homens gastam tanto no mundo, que não têm tempo para praticar coisas melhores! O mundo é como um moinho alto - faz tal barulho em corações carnais, que afoga o som da trombeta de prata de
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Deus. As afeições dos homens às vezes são acesas pela pregação da Palavra, e começamos a esperar que a chama da piedade brote em suas vidas; mas então vem a terra - e apaga este fogo! Quantos sermões estão enterrados nos corações terrenos!
Oh, que a falta de prática nesta época, foi mais por falta de coração! Esta é uma lamentação: muitos professantes são todo ouvidos. Se víssemos uma criatura composta de nada além de ouvidos, seria um monstro na natureza! Quantos monstros existem em nossas igrejas? Eles ouvem e ouvem, e nunca são melhores!
Alguns se satisfazem com ter ordenanças. Juízes 17:13: “Então disse Mica: Agora sei que o Senhor me fará bem, visto que tenho um levita como meu sacerdote.” Mas o que é o remédio, se não for aplicado? O que é ter o som da Palavra em nossos ouvidos, a menos que tenhamos o Salvador em nossos corações? Será pouco conforto para os homens em seus leitos mortais, pensar que Cristo foi pregado em suas ruas, e eles foram levados para o céu nos governos do Evangelho, quando sua consciência lhes disser que foram profanos e não reformados. Eles entraram na casa de Deus como os animais fizeram na arca: eles vieram impuros e saíram da arca imundos.
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Isso exorta todos a se tornarem praticantes da religião. Há três etapas que levam ao céu: conhecimento, assentimento e prática. Não é dar os dois primeiros passos - mas o terceiro passo que o fará eternamente feliz e abençoado. A obediência é o grande preceito da lei e do evangelho. Nisto está o dever de um cristão, nisto consiste a sua felicidade. 1 Samuel 15:22, "Obedecer é melhor do que sacrificar." É grato a Deus, e gracioso para um cristão.
Qual é a excelência de uma coisa, senão sua praticidade e utilidade? Que são as belas penas de um pássaro se não pode cantar? O que é uma planta, embora adornada com folhas, se não der fruto? O que recomendamos em um cavalo, seus olhos ou sua boa índole? Cantares 5: 5, "as minhas mãos destilavam mirra." Não só os lábios de um cristão devem deixar cair o conhecimento, mas suas mãos e seus dedos devem deixar cair a mirra, isto é, trabalhando as obras da obediência.
Deixe-me usar alguns MOTIVOS divinos para atrair os cristãos para a parte prática da piedade:
1. Obediência ao Evangelho é uma prova de sinceridade. Como nosso Salvador Jesus Cristo disse em outro sentido, João 10:25: "As obras que faço, dão testemunho de Mim". Embora nenhum homem jamais tenha falado como Cristo - contudo, quando
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vier se submeter a uma provação, ele não será julgado por suas palavras, mas por suas obras. "Elas dão testemunho de Mim". Assim também, não são as palavras de ouro dos cristãos, senão suas obras que testificam dele. Salmos 119: 59, "Voltei os meus pés para os teus estatutos." Davi não só voltou seus ouvidos para o testemunho de Deus, mas voltou seus pés para eles - ele andou neles. Nós não julgamos a saúde de um homem, por sua cor, mas pelo pulso do braço onde o sangue opera principalmente. Exatamente assim, não julgamos a solidez de um cristão por seu conhecimento ou expressões altas. O que é isso, senão cores? Saul pode estar entre os profetas, mas a estimativa de um cristão deve ser tomada por suas ações em obediência para com Deus.
2. Ser praticantes da religião não só nos torna bons, mas também aos outros. Isto honrará a religião e a propagará.
Honrará a religião. O evangelho pode ser comparado a uma bela rainha. As vidas frutíferas dos professantes são as muitas joias, que adornam esta rainha e a fazem brilhar em maior glória e magnificência. Que honra era para a piedade, quando o Apóstolo poderia dizer que a fé dos romanos foi trombeteada em todos os lugares! Romanos 1: 8, "Primeiramente dou graças ao meu Deus, mediante Jesus Cristo, por todos vós, porque em todo o mundo
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é anunciada a vossa fé." Isto é, a fé florescendo em obediência. 1 Tessalonicenses 1: 2-3, "Sempre damos graças a Deus por vós todos, fazendo menção de vós em nossas orações, lembrando-nos sem cessar da vossa obra de fé, do vosso trabalho de amor e da vossa firmeza de esperança em nosso Senhor Jesus Cristo, diante de nosso Deus e Pai." Os cristãos deveriam ser ambiciosos para manter o crédito da religião.
A prática dessas verdades que conhecemos, irá propagar grandemente a religião. A prática é o melhor argumento que podemos usar, para prevalecer com os outros. Isso os confirmará na verdade da religião. O imperador Joviniano disse aos cristãos: "Não posso julgar sua doutrina, mas posso julgar suas vidas". Sua prática pregaria mais alto. Se os outros nos veem fazer uma profissão, e ainda viver em uma contradição com o que professamos; se eles ouvirem a voz de Jacó, mas virem as mãos de Esaú - eles acharão que a religião não é mais que uma farsa devota. Por que o pai proíbe seus filhos de jurar - quando ele próprio jura? Você ganharia muitos prosélitos à religião? Sejam praticantes da Palavra. Digam como Abimeleque disse aos seus companheiros: "O que me vistes fazer, apressai-vos a fazê-lo também.", Juízes 9:48. Vocês seriam como ímãs para atrair seus filhos e servos para o céu? Estabeleça a prática da santidade. Basílio observa
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que a religião cristã floresceu grandemente pela santidade e liberalidade daqueles que a professaram.
3. Assim mostramos o nosso amor a Cristo. João 14:21: "Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é o que me ama". Costumávamos dizer: "Se você me ama, faça tal coisa". Este deve ser um grande argumento para a obediência. Pelo amor que você tem a Jesus Cristo - obedeça Sua Palavra. Seria pensado de todo homem que ame a Cristo, sim, mas experimente o seu amor por esse teste - você é lançado em um molde do Evangelho? Você obedece? É uma coisa vã para um homem dizer que ama a pessoa de Cristo, quando despreza seus mandamentos.
4. Sem prática você ficará aquém daqueles que ficaram aquém do céu. "Herodes fez muitas coisas", Marcos 6:20. Ele era, em muitas coisas, um praticante do ministério de João. Aqueles que descansam na parte especulativa da religião, não são tão bons quanto Herodes.
5. Que conforto indizível a obediência produzirá tanto na vida como na morte!
Em vida. Não é um consolo para um homem quando ele está lançando suas contas, para descobrir quanto ele ganhou em seu comércio? Vocês vêm aqui no uso das ordenanças, a Palavra e a oração, para negociar com o céu. Agora, se você encontrar em uma
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verdadeira conta que você ganhou no comércio da piedade e está cheio com os frutos do Espírito - isso não será um grande conforto para você? Aquele que está cheio de boas obras, Deus colherá o fruto e abençoará a árvore!
Na morte. A obediência dá conforto à morte. Que alegria foi para Paulo, quando ele veio a morrer, que ele poderia fazer esse apelo doce, 2 Timóteo 4: 7, "Eu tenho guardado a fé!" Isto é, Paulo tinha mantido a doutrina da fé, e tinha vivido a vida da fé. Oh, que consolo para um cristão deitar sua vida para baixo, quando ele colocou sua vida no serviço de Deus! Este era um leito de morte cordial ao rei Ezequias. Isaías 38: 3, "Lembra-te, Senhor, rogo-te como andei em verdade diante de ti." Um homem pode arrepender-se de seu conhecimento infrutífero, mas nunca algum homem se arrependeu de sua obediência quando veio a morrer! Nunca algum cristão que vai descansar com Deus, arrepende-se de ter andado com Ele.
6. Qual é a finalidade de todas as administrações de Deus, senão obediência? Quais são todas as promessas de Deus, senão persuasões para a obediência? Qual é o fim de todas as ameaças de Deus, que permanecem como o anjo com uma espada flamejante em sua mão, senão para nos levar à obediência! Deuteronômio 11:28, "A maldição se você não obedecer." Que é a voz da misericórdia, senão para nos chamar ao dever? O pai dá dinheiro a
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seu filho para incentivá-lo à obediência. O fogo das misericórdias de Deus, é para fazer com que a água doce da obediência destile de nós. "Misericórdia", como disse Ambrósio, "é um remédio que Deus nos aplica para curar nossa esterilidade". Quais são todos os exemplos da justiça de Deus sobre os outros, senão alarmes para nos despertar do leito da preguiça e nos colocar em uma postura de serviço? A vara de Deus sobre os outros, é uma vara para nos apontar para a obediência. Se Deus não tem Seu fim no que diz respeito ao dever, não podemos ter nosso fim com respeito à glória.
7. Considere o que é uma desobediência de pecado! Jeremias 44:16 é uma triste Escritura: "Quanto à palavra que nos falaste em nome do Senhor, não faremos".
1. A desobediência é um pecado contra a razão. Somos capazes de resistir a ele, em desafio a Deus? 1 Coríntios 10:22, "Ou provocaremos a zelos o Senhor? Somos, porventura, mais fortes do que ele?" É como se os espinhos se colocassem em batalha contra o fogo! O pecador vai medir braços com o grande Deus! O que Salomão disse do riso, Eclesiastes 2: 2, o mesmo pode ser dito da rebelião, "é loucura".
2. A desobediência é um pecado contra a equidade. Temos a nossa subsistência de Deus, "nele vivemos, nos movemos e temos nosso ser". Não é justo e
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apropriado que, enquanto vivemos sobre Ele, devemos viver para Ele? Não é justo e apropriado que, como Deus nos dá o nosso subsídio, devemos dar-lhe a nossa fidelidade? Se o general dá o pagamento ao seu soldado, o soldado deve marchar a seu comando, pela lei da equidade.
3. A desobediência é um pecado contra a consciência. Deus, pela criação, é nosso Pai, de modo que a consciência liga-se ao dever. Malaquias 1: 6: "Se eu sou Pai, onde está a minha honra?"
4. A desobediência é um pecado contra nossos votos. Nós fizemos o juramento de lealdade, "Vossos votos estão sobre mim, ó Deus", Salmo 65:12. Nós temos muitos votos sobre nós - nosso voto batismal, nosso sacramental, nosso nacional, e nossos votos do doente. Aqui estão quatro cordas para nos chamar à obediência, e se nós deslizarmos nesses nós sagrados e lançarmos estas cordas de nós, Deus não virá sobre nós por perjúrio? Se nossos juramentos não nos amarrarem, Deus tem correntes que o farão!
5. A desobediência é um pecado contra as nossas orações. Oramos: "Que a Vossa vontade seja feita". De modo que, por não-obediência, nos confundimos e vivemos em contradição com nossas próprias orações. Aquele homem que é autoconfuso, é autocondenado.
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6. A desobediência é um pecado contra a bondade de Deus. É um grande pecado; é um retrocesso contra o amor de Deus, um desprezo das riquezas de Sua bondade, Romanos 2: 4. Portanto, o Apóstolo liga estes dois pecados juntos, 2 Timóteo 3: 2, desobediência e ingratidão; e isso tinge um pecado com uma cor carmesim. Um chama-se ingratidão, o seminário de todo o pecado. A ingratidão de Brutus foi mais profunda para o coração de César, do que a facada.
7. A desobediência é um pecado contra a natureza. Toda criatura em sua espécie obedece a Deus. Criaturas animadas o obedecem. Deus falou ao peixe para pôr Jonas em terra, e o fez imediatamente, Jonas 2:10. Quais são os hinos agradecidos dos pássaros, como Ambrósio os chama, senão tributos de obediência?
(Nota do tradutor: É pela obediência que se consuma a conformação à santidade de Deus, de modo a satisfazer aquela justiça perfeita à qual nos referimos na parte introdutória deste livro. Não está portanto em foco uma obediência servil, mas filial, uma obediência que nos leva a ser como é o nosso Pai, o padrão segundo o qual devem estar ajustadas as nossas ações, pensamentos e palavras. Assim como Ele é e age, também devemos ser nós, pois foi para este propósito que fomos criados por Ele.
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Em sendo uma obediência de caráter filial, ela deve ser por conseguinte voluntária e por amor. Amor sacrificial ao pai e aos irmãos. Deus é amor, e sendo a fonte do amor, não se poderia esperar de seus filhos que não vivessem no mesmo amor do Pai.
Não se pense portanto no mero cumprimento de deveres, quando se fala em obediência, pois isto não deve ser entendido segundo o homem natural, senão por aquele que agora não é mais carne, senão espirito, pois tem a habitação, a direção, a instrução, a unção, a manifestação, o poder do Espírito Santo operando tudo isto em sua vida, para conduzi-lo a viver no centro da vontade de Deus.)
Criaturas inanimadas obedecem a Deus. "As estrelas em seu curso lutaram contra Sísera", Juízes 5. "O vento e o mar obedecem a Ele", Marcos 4:41. As próprias pedras, se Deus lhes dá uma comissão, clamarão contra os pecados dos homens. Habacuque 2:11, "pois a pedra clamará da parede, e a trave lhe responderá do madeiramento." Se os homens se calassem - as pedras, de alguma maneira, teriam testificado de Cristo, Lucas 19:40. Na paixão de Cristo as rochas se fenderam, Mateus 27:51; que retórica retumbante foi aquela voz para dizer ao mundo que o Messias estava agora crucificado. Toda criatura deve obedecer a Deus, menos o homem? Oh, homem, pense assim consigo mesmo: "Se Deus me tivesse feito uma pedra, eu teria obedecido a Ele, e
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agora que Ele me fez ser racional, eu me recusarei a obedecer?" Isso é contra a natureza. Não há quem desobedeça a Deus, senão o homem e o diabo. Não podemos encontrar ninguém com quem se juntar, senão o diabo?
8. A desobediência é um pecado contra a autopreservação. A deslealdade é traição, e por traição o pecador está preso à ira de Deus. 2 Tessalonicenses 1: 7-9, " e a vós, que sois atribulados, alívio juntamente conosco, quando do céu se manifestar o Senhor Jesus com os anjos do seu poder em chama de fogo, e tomar vingança dos que não conhecem a Deus e dos que não conhecem a Deus e dos que não obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus; os quais sofrerão, como castigo, a perdição eterna, banidos da face do senhor e da glória do seu poder." Aquele que se recusar a obedecer à vontade de Deus ao comandar, certamente obedecerá Sua vontade ao punir. O pecador, enquanto pensa em desatar o nó da obediência, torce o cordão de sua própria condenação!
Assim vistes o pecado de desobediência exposto nas suas cores sangrentas. "Agora, pois, ó reis, sede prudentes; deixai-vos instruir, juízes da terra. Servi ao Senhor com temor, e regozijai-vos com tremor. Beijai o Filho, para que não se ire, e pereçais no caminho; porque em breve se inflamará a sua ira.
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Bem-aventurados todos aqueles que nele confiam." (Salmo 2: 10-12).
8. Outro motivo, é o benefício da obediência. Salmo 19:11: "Cumprindo os Seus preceitos há grande recompensa." A obediência é coroada de felicidade! Assim o texto diz, "feliz é você." Se esse argumento não prevalecer, o que será?
QUESTÃO. Mas de que felicidade você está falando?
RESPOSTA. Todos os tipos de bênçãos são derramados sobre a cabeça da obediência, como o óleo precioso foi derramado sobre a cabeça de Arão.
1. Bênçãos temporais. "E todas estas bênçãos virão sobre ti e te alcançarão, se ouvires a voz do Senhor teu Deus: Bendito serás na cidade, e bendito serás no campo. Bendito o fruto do teu ventre, e o fruto do teu solo, e o fruto dos teus animais, e as crias das tuas vacas e das tuas ovelhas. Bendito o teu cesto, e a tua amassadeira. Bendito serás quando entrares, e bendito serás quando saíres. O Senhor entregará, feridos diante de ti, os teus inimigos que se levantarem contra ti; por um caminho sairão contra ti, mas por sete caminhos rugirão da tua presença. O Senhor mandará que a bênção esteja contigo nos teus celeiros e em tudo a que puseres a tua mão; e te abençoará na terra que o Senhor teu Deus te dá. O Senhor te confirmará para si por povo santo, como te
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jurou, se guardares os mandamentos do Senhor teu Deus e andares nos seus caminhos." (Deuteronômio 28: 2-9). Aquele que tem coração frutífero, terá uma colheita frutífera. Deus o fará prosperar em sua propriedade; e seu cesto não será apenas cheio, mas abençoado. Deus abençoará o que tem. Aqui está não só o saco cheio de trigo, mas o dinheiro na boca do saco.
2. Bênçãos espirituais. Êxodo 19: 5, "Agora, pois, se atentamente ouvirdes a minha voz e guardardes o meu pacto, então sereis a minha possessão peculiar dentre todos os povos, porque minha é toda a terra." Tu serás Minha porção, Minhas joias, a menina dos Meus olhos. Eu vou dar reinos para o teu resgate. Jeremias 7:23: "Obedeça, e eu serei o teu Deus." Eu me entregarei a você por uma ação de dom. Que misericórdia superlativa soberana é esta! Salmo 14: 4, "Feliz é o povo cujo Deus é o Senhor."
3. Bênçãos eternas. Hebreus 5: 9, "Cristo tornou-se o autor da eterna salvação, para todos os que obedecem a Ele.” Oh, então, quem não estaria apaixonado pela obediência! Enquanto agradamos a Deus, nós nos deleitamos. Vocês veem, irmãos, que vocês não são perdedores pela obediência.
Vou estabelecer algumas regras para ajudar os cristãos em sua obediência, que pode ser o sacrifício
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de um doce aroma para Deus. A obediência deve ter esses quatro ingredientes nela:
1. A obediência deve ser CORDIAL. Deuteronômio 26:16: "Neste dia o Senhor teu Deus te manda observar estes estatutos e preceitos; portanto os guardarás e os observarás com todo o teu coração e com toda a tua alma.” Romanos 6:17, "Vocês obedeceram de coração". Obediência sem o coração, é como fogo no altar sem incenso. O coração é a fonte do amor, e é o amor que perfuma todos os deveres. O coração torna o serviço uma oferta livre, ou então é apenas um dever morto. Caim trouxe seu sacrifício, não seu coração. Obediência sem o coração é hipocrisia! "Como você pode dizer 'Eu te amo”, quando seu coração não está comigo?" Juízes 16:15.
2. Obediência deve ser EXTENSIVO. Deve alcançar todos os mandamentos de Deus, 1 Reis 9: 4, Lucas 1: 6.
QUESTÃO. Mas quem pode chegar a isso?
RESPOSTA. Embora não possamos manter legalmente todos os mandamentos de Deus - contudo podemos evangelicamente:
Um verdadeiro cristão consente à equidade de toda a lei. Romanos 7:12: "A lei é santa, justa e boa". Ele fixa seu selo em todas as leis.
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Um verdadeiro cristão tem consciência de toda lei. Davi respeitou todos os mandamentos de Deus, Salmo 119: 6; seu olho estava sobre todos os preceitos. Cada comando tem tal autoridade sobre um cristão, que ele não pode dispensar. Embora ele falhe em cada dever, ainda não se atreve a negligenciar qualquer dever.
O filho de Deus deseja guardar todos os mandamentos. Salmo 119: 5, "Oh, sejam os meus caminhos dirigidos de maneira que eu observe os teus estatutos!" O que um filho de Deus carece de força - ele compensa em vontade. Romanos 7:18, "o querer está em mim." O regenerado permanece dobrado a todos os preceitos de Deus.
A alma graciosa lamenta que não possa fazer melhor. Quando ele falhar, ele clama: "Ó homem miserável que eu sou!" Romanos 7:24. "Oh, este coração incrédulo, como estou obstruído pela corrupção!" Assim, um filho de Deus lamenta as suas falhas e julga-se por elas, e isto é, no sentido evangélico, guardar toda lei.
Corações insensíveis, como eles são leves em sua obediência - assim eles são parciais em sua obediência. Eles dispensarão alguns deveres; para satisfazer alguns pecados. "Que o Senhor me perdoe nesta única coisa", 2 Reis 5:18. O hipócrita andará em alguns dos estatutos de Deus, não em todos. Ele é
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como um cavalo coxo, que não põe todos os pés no chão. Há cristãos coxos que se detêm e mancam e se favorecem em algumas coisas, embora seja para o perigo de suas almas. Herodes morreria tão cedo quanto deixaria seu incesto. Mas a verdadeira obediência é universal. Devemos ao nosso Deus uma obediência ilimitada.
3. O terceiro ingrediente na obediência é a FÉ. Hebreus 11: 6, "Sem fé é impossível agradar a Deus"; portanto, é chamada a obediência da fé, Romanos 16:26. De Abel é dito ter oferecido pela fé, um sacrifício melhor do que Caim. A fé é um princípio vital; sem fé todos os nossos serviços estão mortos. Portanto, a Escritura fala de obras mortas, Hebreus 6: 1.
QUESTÃO. Mas por que esse fio de fé de prata atravessa toda a obra da obediência?
RESPOSTA. Porque a fé olha para Cristo em cada dever, e assim a pessoa e a oferta são aceitas. Efésios 1: 6, "Ele nos aceitou no amado". Não somos aceitos por nossos deveres, mas por meio do Amado. A fé olha para o mérito de Cristo para tirar a culpa, e o Espírito de Cristo para tirar a sujeira que se fecha aos serviços mais angélicos. Assim, ela adquire aceitação.
Não, a fé não olha somente para Cristo, mas une-se a Cristo. Os crentes são parte de Cristo. Cristo e os santos formam um só corpo. Não é de admirar, então,
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se Deus lança um aspecto favorável sobre os serviços que os crentes lhe apresentam.
4. A obediência deve ser CONSTANTE. Apocalipse 2:26, "Ao que vencer, e ao que guardar as minhas obras até o fim, eu lhe darei autoridade sobre as nações." A fé deve liderar a caravana e a perseverança deve proteger a retaguarda.
Há algo que ainda resta para um cristão fazer, e ele não deve deixar o trabalho até que a noite da morte venha. "Um antigo discípulo", Atos 21:16. Que honra é que sejamos loucos de piedade. Que crédito quando se deve dizer dele: "Suas últimas obras são melhores do que as primeiras!" Apocalipse 2:19. Um bom cristão é como o vinho que é bom até a última gota. Um artista faz seu último trabalho mais completo e hábil. Bem-aventurado aquele homem que, quanto mais próximo está da morte, move-se mais rápido para o céu!
Nota do tradutor: não poderíamos perder a oportunidade de agregar a este sermão de Thomas Watson, o breve sermão de William Bacon Stevens intitulado A Lei de Crescimento Espiritual que trata do mesmo tema da prática da Palavra, pois se em Watson temos os argumentos em relação ao dever da prática, em Stevens, temos o modo como deve ser realizada.
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"Exercita-te pessoalmente na piedade." (1 Timóteo 4: 7)
No texto Paulo coloca diante de nós um grande alvo: a piedade.
O meio pelo qual pode ser obtida: por exercício.
E nosso dever pessoal de lutar para obtê-la, pela exortação: "Exercita-te na piedade".
O homem que se contenta em passar uma existência sem objetivo; ou que procura apenas suprimentos para as necessidades diárias, sem olhar esperançosamente para o futuro, e nunca procurando vencer; faz injustiça à sua natureza superior, e se arrasta em um plano, senão pouco elevado acima das exigências da existência animal.
Nenhum objetivo pode assim chamar todos os poderes da mente humana, e da alma, como o da busca de Deus. Pois, o que é a piedade? Não é semelhança com Deus? Alguém que procura ser como Deus? No entanto, a questão surge imediatamente: como o homem pode ser como Deus?
Deus é infinito - o homem é finito.
Deus enche a imensidão - o homem está em um pequeno mundo.
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Deus habita a eternidade - o homem tem o seu hálito nas narinas, florescendo como a relva de hoje, e amanhã é cortado e secado.
No entanto, com toda esta disparidade, a Bíblia nos exorta a colocar o Senhor sempre diante de nós, e a crescer em Sua semelhança.
O que pode ser chamado de atributos físicos de Deus, aqueles que pertencem a Ele como Criador de todas as coisas - Governante sobre a estrelas e sistemas, o Sustentador do universo; estes, o homem não pode compreender nem copiar, eles estão além de seu alcance, e é sobre eles, que a Bíblia pergunta: "Quem por procurar pode descobrir Deus?"
São as qualidades morais de Deus que devemos copiar e emular. Estas são reveladas a nós em Sua santa Palavra; e embora estas, como os outros atributos de Deus, sejam infinitos, contudo são colocadas diante de nós como padrões para admirarmos e copiarmos.
Todos os atributos morais de Deus, estão compreendidos em Sua santidade. Pois a santidade é a perfeição moral. Aplicada a Deus, a santidade significa a totalidade e completude da natureza divina, da qual nada pode ser tomado, e à qual nada pode ser acrescentado. Inclui, portanto, a verdade, o amor, a misericórdia, a bondade e coisas semelhantes; porque a ausência de qualquer um
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marcaria a falta de integridade e da completude do caráter divino. A presença de toda virtude é necessária para tornar completo o círculo da santidade, e todas elas são encontradas em perfeita plenitude em Deus.
Quando Deus então nos ordena na Bíblia: "Sede santos, porque eu sou santo"; quando somos exortados a "seguir a santidade, sem a qual ninguém verá o Senhor"; quando de nós é expressamente dito que "Deus não nos chamou à impureza, mas à santidade"; devemos saber que por estas palavras, que Ele nos chama à piedade, ou semelhança com Deus, para sermos como Ele em todas essas qualidades morais, pelas quais podemos andar nos Seus caminhos, e copiar Seus atos, e manifestar Seu espírito.
Na linguagem do salmista, o Senhor está sempre colocado diante de nós, assim como o artista sempre coloca seu modelo diante dele; e, dia a dia, com um processo lento e cuidadoso, trabalha sua pintura, ou sua estátua, à forma e ao espírito do original.
O homem, então, que coloca diante de si o objetivo de ser como Deus, coloca sobre si o objetivo mais grandioso que uma mente criada pode alcançar. Ele nunca pode, de fato, alcançá-lo plenamente; contudo, como o apóstolo Paulo, "esquecendo-se das coisas que ficam para trás e avançando para aquelas
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que estão adiante", ele se encaminha para o alvo de seu alto chamado.
Quanto maior o objetivo, maior a aspiração. Quanto mais puro o objeto da ambição do coração, mais puro se torna o coração que o busca. Daí a importância dos objetivos sagrados, do exercício de si mesmo para a piedade.
A piedade, então, como falada no texto, é apenas outro nome para a santidade em ação, isto é, a Piedade Prática. E, de fato, em um lugar nos Atos dos Apóstolos, a palavra é traduzida santidade.
A piedade, então, ou a santidade, é aquilo que cada ser humano deveria buscar e se esforçar para obter. Em sua pureza, supera todos os objetivos humanos, pois só ele é perfeitamente santo. Em seu poder de elevação sobre pensamento e coração, ele supera todos os chamados de ambição terrena. Na grandeza das bênçãos que resultam de buscá-la, ultrapassa tudo o que o mundo pode oferecer aos seus mais ilustres devotos. A duração da bem-aventurança que ela comunica, vai muito além do que a terra pode oferecer, como a eternidade em si mesma estende os limites do tempo.
Mas, você pode dizer que esta santidade, ou piedade, não é atingível. Não é, em toda a extensão do Original que você é chamado para copiar, porque há dois
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elementos na santidade de Deus que nunca podem existir no homem, enquanto ele tabernacular na carne, a saber, a completa ausência de pecado, e a completa perfeição de cada virtude. Não é assim com o homem; ele é sempre uma vítima do pecado, e nunca apresenta um conjunto completo de virtudes. Algumas ou mais virtudes sempre faltam, mesmo nos mais perfeitos caracteres humanos. Algumas ou mais virtudes são sempre desproporcionais, ou imperfeitamente desenvolvidas, de modo que o círculo não é completo em todas as suas partes, nem harmonioso em todas as suas operações. E assim o homem nunca pode ser como Deus.
No entanto, há um sentido, e um mais importante, no qual podemos ser como Deus. Se não fosse assim, a exortação do texto seria uma zombaria. Esse sentido é que, tomando os elementos do caráter moral de Deus como os encontramos na Bíblia - Sua verdade, Seu amor, Sua pureza, Sua misericórdia, Sua bondade, Sua longanimidade, etc, esforcemo-nos para torná-los os princípios orientadores de nossas vidas.
A própria contemplação desses atributos de Deus, faz com que o pecado pareça excessivamente pecaminoso; porque lança a pura luz da santidade de Deus nas câmaras cheias de pecado do coração, e revela seus horrores e sua vergonha!
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Enquanto a tentativa de imitar essas excelências, fortalece todo o sentido moral, dá tom e vigor a cada colocação do poder espiritual, e torna a alma, uma vez fraca que afundou diante de cada provação, se levanta e luta virilmente em uma força não propriamente sua, e assim ganha vitórias onde até agora tinha encontrado apenas derrotas. Isso dá a um homem um caráter divino, e eventualmente o coroa com piedade. Isto é aquilo pelo que todos podem lutar, e guardar.
Paulo exorta Timóteo a "seguir a justiça, a piedade, a fé, o amor, a paciência, a mansidão". Pedro nos diz para "ter toda a diligência para acrescentar à nossa fé a virtude, e à virtude, o conhecimento, e ao conhecimento, a temperança, à temperança, a paciência, à paciência, a piedade, à piedade, a fraternidade, e à fraternidade o amor. No Antigo Testamento, pela boca do profeta, Deus diz do homem: "Eu o formei para a minha glória". No Novo Testamento, o apóstolo diz: "Glorifiquem a Deus, portanto, em seu corpo e em seu espírito, que são de Deus". E Jesus Cristo declara: "Nisto é glorificado o meu Pai, em que deis muito fruto".
Frutificação espiritual, fruto da justiça, frutos do Espírito, demonstração de amor, alegria, paz, longanimidade, mansidão, bondade, fé, temperança – é nestas coisas, que manifestamos a nossa piedade, e glorificamos a Deus. Estes são objetivos que
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podemos atingir; alturas, que podem ser escaladas e alcançadas. . .
Pelo olho que olha para Jesus,
Pelo pé que se prende na fenda da Rocha,
E pela mão da fé, que nunca deixa ir seu alcance do crucificado.
O resultado dessa piedade se manifestará de várias maneiras.
Isso dará a um homem a vitória sobre si mesmo. A autoconquista é a mais dura de todas as conquistas. Isso decorre do fato de que nunca podemos realmente nos conhecer, porque nossos corações são "enganosos acima de todas as coisas". Daí a frase de ouro, "Conhece-te a ti mesmo", inscrita no templo de Delfos, foi dito ser o fundamento de toda a sabedoria humana. Nenhum homem pode jamais conhecer a si mesmo como um ser moral, enquanto ele se mede pelo padrão de sua própria consciência não esclarecida; ou compara-se com seus semelhantes; ou anula a lei de Deus. Somente o homem que se exercita na piedade, e olha para o seu caráter à luz da Palavra de Deus, mede-se pelo padrão da santa lei de Deus, e vendo quais são seus defeitos, e aprendendo como somente eles podem ser remediados - ele procura o Agente divino, por cujo poder somente podemos alcançar qualquer bondade, por aquela
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força e graça, que o capacita a dominar-se e guiar-se, de modo que ande retamente e com segurança no caminho do Senhor.
O cultivo dessa santidade permitirá ao homem vencer o mundo. Não no sentido de conquistadores humanos, vencendo exércitos, nações, territórios, e levantando tronos, e balançando cetros, e dominando sobre o povo subjugado. Tais conquistas, tão ansiosamente procuradas e compradas com tanto trabalho, e coragem, sacrifício e talento, não são o que o homem piedoso procura.
Suas vitórias sobre o mundo são morais - sobre suas armadilhas, suas seduções, suas tentações, suas variadas influências para o mal, que o cercam de todos os lados; e persistem em seus ataques com uma energia incansável que não conhece cansaço ou relaxamento.
Ele olha para o mundo à luz do semblante de Deus. Ele mede suas honras pela linha de medição da lei de Deus. Ele pesa suas riquezas nos saldos do santuário. Ele o examina, não como se vê nas luzes espalhafatosas e falsos refletores que o Príncipe deste mundo estabelece para atrair e enganar; mas no exame calmo e claro de uma mente cheia de pensamentos elevados e santos, consciente de sua glória futura, e sabendo que o mundo e tudo o que está nele logo será queimado na conflagração final.
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Assim, a fé em Jesus Cristo, o grande princípio fundamental de toda piedade, permite-lhe vencer o mundo. Ele encontra a verdade das palavras de Paulo, que "a piedade tem a promessa da vida que agora é, assim como da que está por vir".
Esta piedade, tão grande em si mesma, e em seus resultados, pode ser assegurada, apenas por se exercitar para alcançá-la. Não vem. . .
Por si só,
Nem por meditação,
Nem por oração fervorosa,
Nem pela diligente leitura da Palavra de Deus.
Todas estas coisas são socorros e adjuntos - mas nenhuma delas, nem todas combinadas, nos darão piedade. É o resultado de princípios morais colocados em exercício ativo, e exige o esforço pleno e extenuante da mente.
Há muito sentido na palavra original que o apóstolo aqui usa, e que é traduzida por "exercício". A tradução literal é - seja ginasta em piedade. É uma palavra da qual o termo gymnasium é desenvolvido. Segundo Platão, a ginástica, ou o mero exercício e cultivo do poder muscular, constituía uma terceira parte da educação grega. Não havia, provavelmente,
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qualquer cidade grega que não tivesse seu ginásio; e nenhum menino grego saudável, que não foi disciplinado em seu exercício severo. O ponto culminante desta disciplina encontrou seu expoente nas festividades nacionais da Grécia, os jogos de Istmo perto de Corinto, e as competições mais comemoradas de Olímpia.
Paulo, durante sua morada em Corinto, tinha sido trazido em estreito contato com essas cenas, e viu com seus próprios olhos, quanta labuta e sacrifício os homens suportariam para ganhar a notoriedade de ser um conquistador no Istmo, ou em Olímpia. Dia após dia, semana após semana e mês após mês - esses aspirantes à honra dedicar-se-iam à luta, ao boxe, à corrida, ao salto e a qualquer outro exercício de ginástica, com paciência, em meio a privações; sem queixa de sua severidade de disciplina; sem hesitação para suportar sua dureza; na esperança de que o arauto um dia gritaria seus nomes como vencedores para as multidões reunidas e ligaria seus nomes à Olimpíada em que eles foram vencedores.
A ideia, então, do apóstolo é que, para alcançar a piedade, devemos ser ginastas morais, dispostos a usar disciplina severa; dispostos a sofrer privações dolorosas; dispostos a suportar como um exercício torturante de carne e sangue; como fez o ginasta, que treinou para ganhar a coroa de hera no festival de
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Istmo, ou a guirlanda de oliva que coroou o conquistador em Olímpia.
E por que não deveríamos? Os objetivos e as recompensas são infinitamente maiores. A arena em que devemos realizar este exercício, é na Igreja de Deus. Os métodos pelos quais devemos fazê-lo são tão diferentes como os nossos vários temperamentos, gostos, posições, talentos e oportunidades. Não há ninguém que não possa fazer algo; e sobre todos é estabelecido o dever de viver para a glória de Deus.
Assim, a verdadeira religião é uma coisa muito pessoal e prática. Pessoal, porque é você mesmo que deve fazer o exercício; é um ato individual, e nenhuma quantidade de exercício feito por aqueles ao seu redor na mesma família, na mesma igreja; pode aproveitar para seu benefício. É você quem deve ser o ginasta moral neste combate espiritual.
E é prático, porque as coisas em que devemos nos exercitar para a piedade estão em toda a nossa vida diária. Devemos exercitarmo-nos em restringir um temperamento violento, em verificar a impaciência, em frear a língua, em governar o espírito, em erradicar defeitos pessoais da mente e do coração; na superação das tentações à luxúria, do orgulho, da inveja, do ódio e da contenda; em suportar as fraquezas dos outros, em ser manso em censura, em
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não murmurar nas dispensações de Deus, em subjugar o pecado interior.
E a este trabalho repressivo, que exige um exercício constante, deve-se acrescentar uma obra agressiva - uma observação das oportunidades para o bem, uma saída para o campo do esforço cristão ativo, uma entrega de alguma parte do tempo às obras do amor e do dever cristãos; a prontidão para dar liberalmente, para ensinar amorosamente, para sacrificar alegremente o nosso conforto, para fazermos bem aos pobres, aos ignorantes, ao proscritos, ao prisioneiros, ao doentes, aos aflitos. E se não pudermos fazer mais, podemos dar um copo de água fria a algum dos que sofrem e que são de Cristo, e que "não perderá a sua recompensa".
Poderes morais, como os músculos do corpo, são desenvolvidos pelo exercício.
O braço não usado se encolhe;
A mão não utilizada perde sua destreza;
O cérebro não utilizado perde sua força.
A lei do crescimento físico e da força, é o exercício.
A lei do crescimento espiritual e da força são exercícios espirituais - fazendo com o nosso poder o que nossas mãos encontram para fazer, trabalhando
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com toda a diligência para tornar nosso chamado e eleição seguros, trabalhando enquanto é dia e dando nossos corpos para serem "sacrifícios vivos, santos, aceitáveis a Deus."
Nosso caráter moral é uma coisa de crescimento, e de crescimento lento; primeiro a haste, depois a espiga, depois o grão cheio na espiga. O caráter é um princípio posto em prática, e desenvolvido em provações. Esta luta com as dificuldades, com as tentações, com as decepções - desenvolve a força e brio da mente; e faz forte e firme, as afeições do coração. É uma sucessão de. . .
Pequenas vitórias diárias sobre pequenas provas diárias;
Pequenas resistências diárias a pequenas tentações;
Pequenos exercícios diários de esforços sérios e verdadeiros para o bem,
Que vão compor um caráter bem desenvolvido.
O escultor, na vivacidade de sua imaginação, descreve mentalmente a figura que ele vai esboçar no bloco de mármore diante dele; mas antes que seu ideal se torne realidade, antes que sua mão modele o que sua imaginação retratou - quantas semanas e meses ele deve "se exercitar" em sua arte, com um paciente martelo, com um formão hábil, com mão
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cautelosa - antes que o mármore respire com a vida do artista, e a pedra fale dos pensamentos do escultor.
Assim é com a produção da piedade. Não é o produto de um dia, o trabalho de algumas resoluções mentais. É o resultado do exercício extenuante - o trabalho silencioso, sério, persistente, inflexível e cotidiano do coração que anseia pela glória de Deus, lutando para se tornar como Deus.
O treinamento do soldado que lhe convém para a luta, é um exercício preciso e diário de evolução e manipulação de armas, cada um por si só, sendo do caráter mais trivial. As batalhas do soldado são poucas - mas seu treinamento é em todos os dias. É este treinamento diário em pontos pequenos, que o habilita para a batalha; e ele nunca poderia estar preparado para a guerra, senão por esta disciplina diária no manual de armas, e nas táticas do campo.
Assim também com a vida cristã. Tem poucas épocas grandes, e quando estas ocorrem, nunca podem ser encontradas com sucesso, a menos que tenha havido exercício diário na prática da piedade. Não é muito, talvez, que ele possa fazer qualquer dia; mas é o paciente fazendo de muitas coisas pequenas que se multiplicam dia a dia, para o que é grande e influente.
Quanto desse tipo de exercício de si mesmo, é exigido pela exortação, "carregai os fardos uns dos outros, e
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assim cumprireis a lei de Cristo". Que autoexercícios estão envolvidos aqui, para suportar o fardo de pobreza, de aflição, de doença, de desapontamento! Em cada um deles para um irmão que está sofrendo, prova-se o coração fervoroso e a mão forte de um irmão.
Exercitamo-nos em ajudar uns aos outros espiritualmente. Ajudando...
O pecador, quanto a vencer a sua pecaminosidade;
O buscador de Cristo, para encontrar a Cristo;
O penitente, ao grande Doador de perdão;
A consciência perturbada, ao Consolador.
Ajude seu irmão. . .
Para lançar fora suas dúvidas e incredulidade;
Voltar-se de suas apostasias e negligência do dever;
de sua mornidão e indiferença.
Ajudem-no . . .
Para andar no caminho do dever,
Para aprender a vontade de seu Mestre,
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Para vencer suas propensões ao mal,
Para afastar hábitos errados,
Para conter a língua,
Para governar seu espírito.
Ajudem-no . . .
Em oração,
Em boas obras,
No cultivo das graças do Espírito.
Tome uma extremidade de todos os seus fardos, e ajudem-no a carregá-los por amor de Jesus.
Exercite-se. . .
Em oração,
Em autoexame estrito,
Em esmolas conscientes,
Na leitura diligente da Palavra de Deus,
Em trabalhos pessoais para a salvação das almas.
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Exercite-se em ministrações diárias para os pobres, doentes e aflitos.
Exercite a si mesmo em copiar linha por linha, e característica por característica, as virtudes de Jesus, que andou fazendo o bem, de modo que. . .
Sua vida possa moldar sua vida,
Seu espírito guiar seu espírito,
Suas palavras moldarem suas mentes,
Suas ações estimularem seus atos;
E assim, como um espelho terrenal mantido ao sol do meio-dia - você possa refletir a partir da superfície de sua graça, o coração polido, a luz e a glória, reduzida de fato em tamanho e em força, mas ainda a luz refletida e a glória do Sol da justiça.
Assim, exercitando a si mesmo para a piedade, você se torna cada vez mais apto para a herança dos santos na luz; e antes de muito tempo, entra naquele mundo de luz onde tudo é puro, e verdadeiro, e bom, porque é a morada de um Deus Santo!

Edition Notes

Published in
Rio de Janeiro, Brasil

The Physical Object

Format
Paperback
Pagination
i, 56p.
Number of pages
56
Dimensions
21 x 14,8 x 0,7 centimeters
Weight
96 grams

ID Numbers

Open Library
OL26245393M

Work Description

Religião cristã

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April 18, 2017 Edited by Silvio Dutra Edited without comment.
April 18, 2017 Edited by Silvio Dutra Edited without comment.
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