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O Conhecimento do Bem e do Mal

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Last edited by Silvio Dutra
November 23, 2016 | History
An edition of O Conhecimento do Bem e do Mal (2016)

O Conhecimento do Bem e do Mal

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Temos aqui um profundo comentário sobre a condição citada pelo apóstolo Paulo nas seguintes palavras: "Pois não faço o bem que quero, mas o mal que não quero, esse faço." (Romanos 7:19)

Publish Date
Publisher
Silvio Dutra
Language
Portuguese
Pages
31

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Edition Availability
Cover of: O Conhecimento do Bem e do Mal
O Conhecimento do Bem e do Mal
2016, Silvio Dutra
Paperback in Portuguese

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Book Details


Table of Contents

O Conhecimento do Bem e do Mal
Título original: The Knowledge of Good and Evil
Por J. C. Philpot (1802-1869)
Traduzido, Adaptado e
Editado por Silvio Dutra
Nov/2016
2
P571
Philpot, J. C. – 1828 -1901
O conhecimento do bem e do mal / J. C. Philpot (1802-
1869)
Tradução , adaptação e edição por Silvio Dutra – Rio de
Janeiro, 2016.
30p.; 14,8 x 21cm
Título original: The Knowledge of Good and Evil
1. Teologia. 2. Vida Cristã 2. Graça 3. Fé. 4. Alves,
Silvio Dutra I. Título
CDD 230
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"Pois não faço o bem que quero, mas o mal que não quero, esse faço." (Romanos 7:19)
Às vezes, as dúvidas irão atravessar a mente quanto à verdade e à inspiração das Escrituras; mas as dúvidas cruzarão mais frequentemente a mente quanto à verdade e à realidade de nossa própria experiência. Agora, há certas considerações que são calculadas para atender a essas dúvidas, se elas surgem da infidelidade, ou se elas brotam da incredulidade. Por exemplo, se descobrimos que vários filhos de Deus em lugares distintos e em circunstâncias diferentes, todos dão testemunho dos mesmos sentimentos, e se encontramos nos nossos corações os mesmos sentimentos, temos até agora uma evidência de que as Escrituras são genuínas. Assim, se acharmos a experiência dessas pessoas e nossa experiência, semelhante à delas, registrada na Palavra de Deus, é uma confirmação, não apenas da verdade da Escritura, mas também a da nossa experiência.
Vou ilustrar isso pelo que me ocorreu desde que estive em Londres. Pouco tempo atrás, fui ver uma pobre mulher que ficou acamada há mais de quatro anos, e durante esse espaço de tempo quase nunca esteve livre de dor por um quarto de hora. Agora, ela me disse que todas as dores corporais que ela sofreu foram como nada em
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comparação com o conflito interno produzido por um corpo de pecado e morte lutando contra a vida de Deus em sua alma. Posso dizer o mesmo. Eu tive minhas provações; provas de corpo, provas de circunstâncias, provações de mente, provações de diferentes tipos; mas nunca encontrei nenhuma provação igual ao conflito interno causado por um corpo de pecado e morte. Pouco tempo depois, fui ver outra mulher acamada, que estava confinada a um leito de dor no mesmo espaço de tempo. Falando de seus sofrimentos corporais, sem que eu mencionasse o que sentira, ela disse: "toda essa dor e languidez não é nada em comparação com a dor que sinto pela ação do pecado na minha mente carnal". Havia a mesma evidência independente distinta, e a mesma resposta em meu peito.
Quando vejo a Palavra de Deus, vejo o apóstolo Paulo expressando exatamente os mesmos sentimentos: "Ó homem miserável que eu sou, quem me livrará do corpo dessa morte?" Quando ele estava sofrendo sob perseguição, não houve nenhum grito tão lamentável. Quando as pedras vieram grandes e rápidas em direção à sua cabeça, nós não lemos de tal gemido lamentável. Sim, ele nos diz, que "tinha prazer em fraquezas, em perseguições, em angústias por amor de Cristo". Isto não arrancou nenhum grito de seu peito. Na prisão de Filipos, com as costas doloridas de feridas, e os seus pés
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amarrados no tronco, ele e seu companheiro de prisão cantavam louvores a Deus (Atos 16:25). Mas a ação do pecado na sua mente carnal, a oposição da sua natureza depravada à graça de Deus - foi isso, e só isso, que o fez sentir-se verdadeiramente um "homem miserável".
Agora não é esta uma confirmação dos dois pontos a que aludi? Não é, primeiro, um impressionante testemunho da verdade da Escritura, quando encontramos nela nossa própria experiência traçada? E não é, em segundo lugar, uma confirmação da verdade e genuinidade da nossa experiência, quando a encontramos consistente, não só com a Escritura, mas também com a experiência daqueles em quem vemos distintamente a graça de Deus?
E isso, creio eu, é a grande bênção que a igreja retira do sétimo capítulo da Epístola aos Romanos. Deus, tendo inspirado seu santo Apóstolo para escrever sua própria experiência pessoal, e retratar em cores vivas a obra interior da lei e a pressão do corpo do pecado e da morte, encontrou um tal eco e encontrou tal resposta no seio da família de Deus, como para provar-lhes uma e outra vez uma rica mina de conforto e força.
Ao considerar as palavras do texto, procurarei falar sobre elas de acordo com as duas frases,
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como estão diante de nós: "Pois não faço o bem que quero, mas o mal que não quero, esse faço."
I. "Pois não faço o bem que quero." Quando o homem caiu, caiu completamente. Ele não caiu no meio do caminho, mas caiu completamente. E, de fato, uma criatura que cai completamente da justiça nunca pode cair de outra maneira que senão completamente. Quando os anjos caíram, caíram até a extensão da natureza angélica; e quando o homem caiu, ele caiu ao mais profundo da natureza humana. A queda dos demônios e a queda do homem só diferiram nisto - que um caiu em toda a extensão da natureza angélica, e o outro em toda a extensão da natureza humana. Porque não há meio, nem compromisso, nem meio caminho; mas o homem em queda, caiu para o ponto mais profundo ao qual a natureza humana poderia cair.
Quando o Senhor se alegra, por uma obra da graça no coração, para levar seu povo ao conhecimento de si mesmo, ele concede a eles o que é comunicável de sua própria natureza, como lemos "participantes da natureza divina". Agora, quando o Senhor comunica à alma esta nova natureza, dá-lhe um novo entendimento; uma nova consciência, uma nova vontade e novas afeições. A compreensão do coração do homem por natureza é escura, depravada, obscurecida e aborrecida; portanto, necessita
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de um novo entendimento, de um novo entendimento espiritual, para perceber as coisas espirituais; pois "o homem natural não percebe as coisas do Espírito de Deus". Nenhuma compreensão natural, por mais elevada ou refinada que seja, pode jamais receber, conhecer ou apreciar coisas espirituais. Tendo "Os olhos de seu entendimento sendo iluminados." Isso é chamado na Escritura de, "a abertura dos olhos".
Mas, além disso, a consciência do homem, por natureza, é cauterizada; não pode distinguir entre o bem e o mal; é incapaz de sentir a espiritualidade da lei de Deus, ou de distinguir coisas que diferem; é incapaz de acreditar que o que Deus ordenou deve ser obedecido, e o que Deus tem ameaçado deve ser realizado.
Mas, ainda mais; a vontade do homem por natureza é tão depravada quanto sua compreensão e sua consciência. Este homem carnal escolherá e se deleitará no mal, e não tem nenhum desejo exceto na gratificação do ego e na indulgência de suas concupiscências. O homem, portanto, precisa de uma nova vontade, para que sua nova vontade possa escolher o que Deus aprova, e se afastar daquilo que ele proíbe; que sua nova vontade possa ser alistada do lado de Deus e da verdade, para amar as coisas que ele ama e odiar as coisas que ele odeia.
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As afeições do homem também, por natureza, são terrenas, carnais e sensuais, totalmente voltadas para a gratificação do eu. Ele precisa, pois, da comunicação de afeições novas, santas e espirituais, segundo as quais a sua vontade não apenas escolhe o que é bom, mas também as afeições, as ternas afeições do coração fluindo para isto, desejando-o e centrando-se nisto.
Ora, esta nova natureza que o Senhor cria assim na alma, constituída por este novo entendimento, nova consciência, nova vontade e novas afeições, é sempre alistada do lado de Deus e da verdade. Ela deve sempre aprovar o que Deus aprova; e sempre deve abominar o que ele odeia. Mas, enquanto estivermos neste tabernáculo, teremos nosso velho entendimento, nossa velha consciência, nossa velha vontade e nossos velhos afetos. E sendo estes não suscetíveis de melhoria, não sofrerão qualquer processo pelo qual eles são refinados, purificados e melhorados, sempre estarão inclinados para o mal em que caíram quando nosso primeiro progenitor caiu da pureza original. Nossa compreensão natural será sempre escurecida, nossa consciência natural sempre será dura, nossa vontade natural sempre será para o mal, e nossas afeições naturais sempre se ligam ao mundo e à carne. (Nota do tradutor: Não há qualquer exagero da parte do autor em afirmar que em tudo em nós se inclina para o mal, pois o que se enfoca aqui
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não é meramente o bem moral ou natural, do qual se encontram resquícios mesmo em nossa natureza caída, mas a referência é àquela vida espiritual e sobrenatural que existe em Deus e que dele procede, da qual estamos natural e completamente destituídos, e podemos começar a recobrar somente por nossa associação com Jesus Cristo. Então é correto afirmar que somos inteiramente inclinados para o mal, pois de nós mesmos não podemos topar com o bem que procede da natureza de Deus, quando não a temos em nós por um novo nascimento espiritual.)
Daí nasce o conflito. Minha compreensão iluminada e minha compreensão escurecida; minha nova consciência e minha velha consciência; minha vontade renovada e minha vontade não regenerada; meus afetos celestiais e minhas afeições terrenas, sempre lutarão um contra o outro - "porque a carne luta contra o Espírito e o Espírito contra a carne, e estes são contrários um ao outro, de modo que não possais fazer o que seja de vosso querer."
O Apóstolo sentiu o conflito que brota do funcionamento interior destes dois princípios distintos no seu seio, quando disse: "Pois não faço o bem que quero, mas o mal que não quero, esse faço." Se você observar, ele fala da vontade como alistada ao lado de Deus; seu coração, seu novo coração, estava inclinado para Deus -
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sincera, fervorosa e espiritualmente, desejando conhecer a vontade de Deus e fazê-la. Havia seu novo coração, sua compreensão iluminada, sua consciência espiritual e seus afetos celestiais todos alistados ao lado de Deus; e ainda assim, pela depravação de sua natureza caída, ele foi continuamente desviado do caminho pelo qual caminharia alegremente, e continuamente desviado para aquele caminho tortuoso no qual ele sempre temia cair.
Mas vamos, com um pouco mais de clareza e distinção, traçar alguns dos detalhes em que "o bem que quero não faço."
1. ADORAMOS a Deus em espírito e em verdade. Isso é uma coisa boa. É um dos bons dons que descem do Pai das luzes; é o que todo homem regenerado deseja sentir e seguir; é o que toda alma vivificada ama executar. Mas, quando desejássemos adorar a Deus em espírito e em verdade, quando desejássemos que seu olho estivesse sobre nós, quando derramássemos nosso coração diante dele em simplicidade e sinceridade santa, quando oferecêssemos sacrifícios espirituais e fizéssemos adoração aceitável, "O bem que queremos não fazemos." Algo baixo, carnal, sujo, ou autojustiça brota de nossa natureza depravada que nos torna totalmente incapazes de fazer as coisas que nós desejamos. Não podemos adorar a Deus como queremos em espírito e em verdade. É uma
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misericórdia ser capaz de oferecer o culto espiritual por cinco minutos - sim, devo limitá-lo ainda mais? - um minuto! Uma verdadeira adoração espiritual, um sensível sentimento de presença de Deus, uma prostração sincera do espírito diante dele, o derramamento de nossa alma, simples e espiritualmente, em seu seio - um minuto de adoração espiritual desta natureza vale a pena um dia inteiro de oração sem isto. Mas não podemos fazer isso; é somente até onde o Senhor opera em nós a vontade e o efetuar de seu próprio prazer que podemos oferecer esses sacrifícios espirituais.
2. Nós ACREDITAMOS no Senhor da vida e da glória. Nós o recebemos em nosso coração como nosso Senhor e nosso Deus. Vivemos de seu sangue expiatório como nosso único sacrifício. Confiamos em sua propiciação pelo pecado, como nosso único perdão e paz. Nós olhamos para a sua gloriosa justiça, como a única túnica em que podemos ser aceitos diante de Deus. Mas ,não podemos fazê-lo. Assim que o desejo de fazê-lo brotar no coração; tão logo não mais existe a simplicidade infantil de uma alma crente, que olha, confia e se apoia unicamente no seio do Senhor da vida e da glória, e brotam alguns ímpios, incrédulos, blasfemos, obscenos, ousados, presunçosos pensamentos vis que atravessam nossa mente, e somos absolutamente incapazes de olhar para o
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Senhor Jesus e adorá-lo da maneira que espiritualmente desejamos.
3. Teríamos um só olho para a glória de Deus em tudo o que fazemos. Consultaríamos sua vontade. Agiríamos simplesmente como o Senhor ordenou em sua palavra. Teríamos motivos puros, espirituais e ternos. Teríamos tal sinceridade e honestidade da alma de Deus, que tudo o que dissermos, tudo o que pensarmos, e tudo o que fizermos, brotará da unicidade dos olhos voltados para a glória de Deus. Este é um bem no qual a nossa alma às vezes está empenhada. Mas, "o bem que nós queremos não fazemos". Um motivo sensual, algum pensamento vago e vanglorioso, algum desejo orgulhoso, algum desejo secreto de si mesmo, por sua própria exaltação, brota. Nosso olho se obscurece; a glória de Deus é posta fora de vista; e não podemos fazer as coisas, não podemos falar santamente, não podemos viver nem agir para a glória de Deus como gostaríamos.
4. Nós faríamos da Palavra de Deus o nosso governo e guia em todas as coisas. Nós a colocamos como um padrão ao qual nossas vidas devem ser conformadas; desejamos obedecer aos seus preceitos e seguir implicitamente seus mandamentos com fé infantil. É uma coisa que desejamos fazer; uma conquista pela qual aspiramos nos movimentos de nossa alma para Deus. Mas, a vontade própria
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muitas vezes cruza a santa Palavra de Deus; a vontade própria luta contra o motivo puro que funciona na mente espiritual, desejando que a vontade de Deus seja nossa vontade. A tentativa é derrotada; a flor é esmagada no botão antes que desabroche.
5. Nós sentiríamos a presença do Senhor em nossa alma. Teríamos dado o testemunho de que somos do Senhor. Teríamos sorrisos e beijos do Senhor da vida e da glória. Teríamos sinais de que estamos interessados em seu precioso amor e sangue. Isto é uma coisa boa. É bom que o coração seja assim estabelecido com graça. Mas, não podemos fazer as coisas que gostaríamos; não podemos adquirir esses sorrisos de amor, beijos de amor e testemunhos de amor. Às vezes, nosso coração é tão duro, nossa mente tão escura, e nossas afeições tão afastadas do Senhor, que nem sequer temos o desejo de sentir em nossas almas a presença daquele cujo amor é o céu iniciado aqui embaixo.
6. Desejamos ter a mente e a semelhança de Jesus estampada em nossa alma. Desejamos ser levados a uma comunhão com seus sofrimentos, e sermos conformados à sua morte. Teríamos em nós a sua santa imagem. Seríamos revestidos de humildade segundo seu padrão. Caminharíamos em seus passos - que era manso e humilde de coração. Mas não
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podemos fazer o bem que gostaríamos. Não podemos, como gostaríamos de fazer, ter impresso em nossa mente a semelhança e a imagem de Jesus; e se o temos por alguns instantes, carimbado em nossos corações, é como uma criança escrevendo seu nome na areia junto à praia; a primeira onda que vem apaga o nome, e não deixa um traço sequer para trás. Assim, se por alguns momentos nos sentimos gentis, humildes, quietos, mansos de coração, e temos comunhão com o Senhor da vida e glória nos seus sofrimentos; se uma lágrima escorrendo às vezes destila do olho chorando; se houver alguma sensação de quebrantamento em relação ao sofrimento, do cordeiro sangrante de Deus – tão logo tenha o Espírito traçado a escrita em nosso coração, uma onda de corrupção vem sobre as marcas de seus dedos graciosos, de modo que mal podemos ler a impressão que seu toque deixou. "O bem que queremos não fazemos."
7. Para viver em todos os aspectos agradáveis ao evangelho; de modo que, quando injuriado, não devolver a injúria sofrida; quando ferido em uma face, oferecer a outra; viver uma vida de comunhão com Deus, de separação do mundo, morrer para as coisas do tempo e do sentido, de olhar e viver verdadeiramente para o Senhor da vida e da glória, de modo a viver uma vida de fé e de oração operada pelo poder do Espírito no coração - isto é uma coisa boa; gostaríamos de
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fazê-lo; gostaríamos de senti-lo; nós desejamos que isto fosse realizado em nossa vida e conversa. Mas, infelizmente! Disso também devemos dizer: "O bem que quero não faço".
8. Que nossas palavras pudessem ser tais que fossem consistentes com nossa profissão; que nossas ações não devessem ser tais que os inimigos do evangelho, e até mesmo os amigos do evangelho, pudessem justamente apontar como impróprias – isto é um bem que às vezes desejamos; especialmente quando temos sido perfurados pela picada de culpa, ou quando tivemos algumas visões do Senhor da vida e da glória, e tínhamos alguns ardores de coração para que pudéssemos conhecê-lo, e o poder de sua ressurreição. "Mas o bem que queremos não fazemos." Ego, orgulho, vanglória, pecado, corrupção em várias formas, se entrelaçam com cada pensamento, falam em cada palavra e correm como em um fluxo através de cada ação.
Comparei às vezes o pecado ao fio que marca a corda dos navios em serviço de Sua Majestade. Cada corda e cada vela tem um fio vermelho correndo através dele; você pode cortar a corda ou cortar a vela em mil partes, ainda há o fio vermelho para servir como uma marca para detectá-lo caso seja saqueado. Assim é espiritualmente. Corte seu coração em pedaços, rasgue-o em fios, mutilando-o em mil fragmentos - o fio do pecado permanece
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entrelaçando-se e misturando-se com cada pensamento, cada desejo e cada imaginação. Lá está; você pode cortar o coração em pedaços, mas você não pode colocar esse fio para fora.
Agora é isso que torna o povo do Senhor um povo tão sobrecarregado; que os torna tão oprimidos em suas almas que clamam diariamente, e às vezes de hora em hora, que são o que são; que eles seriam espirituais, ainda que carnais; que eles seriam santos, mas são ímpios; que eles creem no Senhor, mas muitas vezes são incapazes de levantar qualquer fé em seu nome; que teriam comunhão doce com Jesus ressuscitado, e ainda assim teriam tal união sensual com as coisas do tempo e do sentido; que eles seriam cristãos em todas as partes, em palavras, pensamentos e ações, mas, apesar de tudo, sentem sua mente carnal, sua miserável depravação entrelaçando, jorrando, contaminando com seu fluxo poluído tudo no exterior e interior, de modo a fazê-los suspirar, gemer, e chorar sendo sobrecarregados. "Que homem miserável eu sou, quem me livrará deste corpo de morte?" (Romanos 7:24)
II. "Mas o mal que eu não quero, esse faço." Mas há outra parte nessa imagem. Podemos virá-la, e olhar para o outro lado do quadro. "O mal que eu não quero, esse eu faço." Pode ser esta a experiência de um cristão? Isso pode ser um filho de Deus? O Espírito Santo pode habitar em
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tal coração? Isso está sendo conformado à imagem de Cristo? É este ser um peregrino viajando pelo deserto? Esta é uma ovelha do rebanho de Cristo? É este um membro do corpo de Cristo? Esta é a Esposa do santo Cordeiro de Deus? Bem, os homens podem dizer que o Apóstolo não descreveu sua própria experiência, se eles não sentiam nada do mesmo tipo em suas próprias almas. Se eles nunca gemiam, como Paulo, estando sobrecarregados, não me admiro que eles digam que "esta foi a sua experiência antes de se converter".
Certamente, tal descrição como esta - "O bem que eu quero, eu não faço, e o mal que não quero, esse eu faço" – “certamente essas palavras não são as palavras de um cristão, de um Apóstolo, de quem esteve no terceiro céu, que conheceu a Jesus, e o poder de sua ressurreição, seguramente esta devia ter sido a inclinação de sua mente antes de ser vivificado pela graça divina." Assim argumenta o livre-arbítrio e a santidade da carne no coração de um fariseu. Mas, que misericórdia é para você e para mim, que conhecemos a praga do nosso coração, que suspira e geme cotidianamente sendo carregado por um corpo de pecado e morte, e às vezes nos sentimos como o mais sujo dos sujos, o mais vil dos vis e culpado dos culpados - que misericórdia é para esses pobres vermes contaminados, tais répteis rastejantes,
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tais pecadores autocondenados, descobrirem que o Apóstolo Paulo tinha esse conflito no seu seio e foi comissionado pelo Pai das Luzes para escrevê-lo, para que você e eu possamos sugar neste peito de consolação, tendo-o aberto na experiência da nossa alma.
"O mal que eu não quero, esse eu faço." Se você observar, a vontade é alistada do lado de Deus; e esta é a diferença entre um morto no pecado, e aquele que tem a vida de Deus em sua alma. "O teu povo estará disposto no dia do teu poder". Um povo disposto! A vontade para o bem, a vontade para com Deus, a vontade para com as coisas que Deus ama; e tudo o que pode acontecer a um filho de Deus, porém o pecado habita nele, essa vontade permanece inalterada. Se for levado ao pecado, é atraído contra a sua vontade. Se ele não faz o que ele deseja fazer, ainda assim sua vontade é fazê-lo; sua vontade permanece inalterada. Ele pode cair no pântano mais profundo do pecado; mas ainda a vontade de sua nova natureza é Deus, embora ele possa ser mergulhado na lama.
Vamos, então, como tentamos descrever "o bem que faríamos, e não o faremos", agora inverta-o e olhe para o outro lado, "o mal que nós não faríamos, e que fazemos".
1. Estar continuamente descrente e duvidar da verdade da palavra de Deus, e da obra da graça
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sobre a alma; para ficar cheio de infidelidade e incredulidade - isso não é um mal? Não é isto como algum mal quase contínuo? Não é sentido como uma lepra, uma mancha de praga no coração de muitos da família vivificada de Deus? Agora, por nossa vontade não faríamos isso. Aqui está a diferença entre o piedoso e o ímpio; o verdadeiro infiel, e o filho de Deus que carrega a infidelidade em seu seio. O incrédulo real gosta de descrer; ele não tem vontade de acreditar na verdade. O ímpio duvida e adora duvidar; ele nunca quer conhecer a verdade; ele nunca quer se livrar de suas blasfêmias, mas sim busca coisas para confirmá-las; qualquer argumento, qualquer livro, qualquer pessoa que fortaleça sua infidelidade e confirme sua incredulidade, mas ele não tem nenhum desejo para vencê-lo, destruí-lo e removê-lo.
Agora, o filho de Deus tem um conflito de infidelidade trabalhando em sua mente. Ele sente a incredulidade e a infidelidade lutando em seu coração; mas busca as coisas para fortalecê-las ou superá-las? Ele procura argumentos para confirmar sua fé, ou suas suspeitas e descrenças? Esta é a diferença entre um incrédulo morto e (devo usar a expressão?) Um incrédulo vivo. Ter um princípio em sua carne que se apega à incredulidade é um mal, e é considerado um mal. Os filhos de Deus não se gloriam e se regozijam de suas corrupções; eles não alimentam a sua incredulidade, ou a
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acariciam como um bebê nos braços de sua mãe; eles não se orgulham disto, e pensam que a incredulidade é maior quanto cristãos mais amadurecidos eles sejam. O que é atribuído a eles por seus inimigos é uma calúnia, pois é a sua tristeza e sua angústia tal condição; tire esse corpo de morte deles e você conferiria a eles uma bênção.
2. Ser de mente carnal, e incapaz de levantar nossas afeições para as coisas celestiais, mas, pelo contrário, ir rastejando aqui embaixo, enterrado sob um monte de estrume de carnalidade e sujeira, é um "mal".
Os filhos de Deus sabem por experiência dolorosa que ser carnal é a morte; que isto traz trevas em suas mentes, esterilidade em suas almas, dureza em sua consciência, dor em seus corações. Mas, eles são carnais de espírito, apesar de todos os seus desejos de serem espirituais. Eles sentem a carnalidade como um mal que lhes aflige diariamente. Compare os momentos em que estamos espiritualmente ocupados com os momentos em que somos carnais; pese-os em uma balança; quantos são os momentos durante o dia em que somos carnais? Como cada inclinação da natureza; como tudo sobre nós; cada visão que temos; cada som que ouvimos; cada objeto que tocamos; o mundo inteiro com o qual estamos cercados; como todos alimentam nossas mentes carnais! Eu não
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posso ir para a rua, sem alimentar a minha mente carnal; eu mal consigo ouvir um som, sem alimentar minha mente carnal; eu mal consigo abrir meus olhos, sem alimentar minha mente carnal; não posso entrar numa loja, nem pegar um livro, não posso falar, ou ouvir os outros falarem, sem que mais ou menos alimente minha mente carnal. E, no entanto, estou continuamente atormentado, aflito e perturbado por isto. "O mal que não quero, esse faço."
3. Que devemos buscar a exaltação do ego é um mal, um mal amargo, conhecido por ser assim para o povo de Deus. Em nossas mentes corretas, pisaríamos o ego sob os pés; teríamos Cristo exaltado em nossos próprios corações; não faríamos coisas religiosas para agradar a nós mesmos; eu, como um pregador, para exaltar a mim mesmo; você como um ouvinte, para gratificar a si mesmo. Acima de tudo, que um ministro nas mesmas coisas que são ditas serem para a glória de Deus, deve fazer essas mesmas coisas para a glória de si mesmo; que este insaciável redemoinho deveria sugar tudo de bom; que este redemoinho deveria engolir em sua gargalhada tudo que é gracioso; que este vórtice no fundo do coração deveria estar bebendo em autoexaltação, em detrimento de tudo o que ele ama - faz uso de um Deus santo, de um Cristo santo, de uma santa Bíblia - tudo o
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que é divino e sagrado para alimentar o maldito ego – isto não é um mal?
Às vezes, quando tenho pregado a uma grande congregação, como costumo fazer em Londres, longe de ser levado em meus sentimentos ao ver tantas pessoas reunidas, tive que enterrar a cabeça na almofada do púlpito com vergonha e aborrecendo a mim mesmo, porque o eu egoísta tão intruso apresentou sua cabeça amaldiçoada, e eu não poderia ser sincero e espiritual - não poderia sentir um desejo real pela glória de Deus - mas o sujo e contaminado ego queria ter sua porção. Este miserável deve ter sua parte, e muitas vezes se apossa das verdades sagradas de Deus, buscando um bocado para satisfazer a si mesmo, o diabo e o orgulho. E quando voltei para casa depois de pregar, em vez de ficar satisfeito com a popularidade, rompi num dilúvio de lágrimas, porque meu coração era tão vil, que procurava sua própria graça amaldiçoada em detrimento de tudo o que minha mente espiritual considerava sagrado e querido. Essa autoexaltação e gratificação na religião é um mal que não faríamos; e no entanto é um que se intromete diariamente. Corte isto em pedaços por um ministério espiritual – o ego vai invadir sua cabeça odiosa no próprio santuário de Deus. Não há lugar, nem tempo, nem postura livre de sua intrusão. Mas é uma misericórdia odiá-lo, embora não possamos mantê-lo fora.
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4. A indulgência para com o pecado em nosso coração carnal é um mal, um mal horrível - e, no entanto, quem se atreve a encarar Deus na face e dizer que é um mal que nunca praticou? Não estou aqui aludindo à prática externa do mal. Não estou falando agora de um homem que cai na embriaguez, no adultério ou em pecados que até os olhos naturalmente iluminados consideram inconsistentes com a vontade e a palavra de Deus; mas falo de um homem que deseja e se deleita no pecado imaginário interior. Quem pode dizer que ele é puro aqui? Quem pode dizer que ele purificou seu coração desses males? É um mal; sentimos que é um mal, a chafurdar em uma imaginação perversa, para alimentar-se do lixo mais vil. Mas, houve algum pecado que não tivesse uma contrapartida em nosso coração carnal? Vemos o carvalho, o carvalho nobre na floresta. Esse carvalho não veio de uma bolota (semente)? Quantas bolotas de pecado temos em nosso coração carnal, que se tornaram carvalhos, se é permitido chegarem à maturidade? A bolota está no coração, e se tivesse sido permitido a ela crescer, logo teria surgido, expandido seus braços, e florescido no alto em todas as suas formas gigantescas.
5. Falta de amor e afeição ao povo de Deus, apontando suas falhas, vendo suas imperfeições e magnificando-as, e não observando as nossas próprias - esquecendo a trave em nosso próprio
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olho, e olhando para o cisco no dos outros - não é isto um mal? Que conflito brota disso? Que confusão na igreja de Deus? Cada homem vendo tão claramente os ciscos nos olhos de outros homens, mas tão imperfeitamente olhando a trave no seu próprio.
6. Como é difícil em todos os momentos e em todos os lugares falar a verdade! Como é difícil representar uma coisa exatamente como ela é! Como é difícil não dar uma sombra de cor; não aumentar, nem diminuir, nem aparar um canto aqui, nem colocar uma proeminência acolá! Quão difícil é falar com aquela simplicidade, honestidade, retidão e ternura de consciência que nos tornam filhos de Deus; e quantas vezes temos que lamentar, que com todos os nossos desejos de falar a verdade por amor dela, "o mal que não queremos, esse fazemos."
Agora, aqui está a diferença entre uma alma viva sob o ensino divino, e uma totalmente morta no pecado - que a alma vivente sabe o que é bom como revelado na Palavra de Deus; seu entendimento é iluminado para percebê-lo; sua consciência é tocada para senti-lo; sua vontade está inclinada a persegui-lo; e suas afeições fluem para isto. Este é o estado e a condição de um homem sob ensinamento divino - ele o faria, mas não pode fazê-lo. Há um obstáculo, há aquilo que cruza todos os esforços, que faz fugir cada tentativa, que espalha armadilhas no
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caminho, enlaça os pés e o joga para baixo, por mais ansioso que esteja inclinado para correr com paciência a corrida que lhe está proposta. Ele não estaria enredado nessas armadilhas por dez mil mundos; ele odeia os males de seu coração e lamenta as corrupções de sua natureza. Eles fazem cair a lágrima de seus olhos, e o soluço escapar de seu peito; fazem dele um homem miserável, e o enchem dia após dia de tristeza, amargura e angústia; ainda assim ele faz, e não pode mais abster-se de fazer o mal que ele não faria, do que ele pode fazer o bem que ele faria.
Agora, marque isto - não estou falando aqui de um homem que vive no pecado; não estou falando de um homem caído em profunda e aberta iniquidade; tal como traz desgraça sobre a causa e aflige durante sua vida a sua própria alma; mas estou falando do funcionamento interior dos males interiores. "O coração é enganoso acima de todas as coisas, e desesperadamente perverso." Ora, estas coisas estão ocultas aos olhos dos outros, embora estejam acontecendo diariamente nas câmaras do nosso próprio coração. Os homens podem olhar para nós; e eles podem ver, ou não podem ver, que há um conflito. Eles podem ver pouco em nossa vida para encontrar falha; contudo todo o tempo o sofrimento interior e a tristeza de nossa alma serão, o bem que quero, não faço, e o mal que não quero, esse faço.
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Agora, você não acha que isso acontece assim? Basta olhar para estes dois pontos. Você tem o seu entendimento sendo iluminado para ver o que é bom, e você acredita que a vontade de Deus revelada na Palavra é a única regra do bem? Você já viu uma beleza e glória no que é do bem? Você tem visto que este bem é a coisa que toda alma vivente deseja seguir, embora cortando a carne, embora contrário ao ego, embora opondo-se à tendência natural de nossa mente? Será que sua vontade abraçará isto? A sua consciência cairá sob o poder disto? Será que os seus afetos, algumas vezes, fluirão para isto, e se estabelecerão sobre isto? Se assim for, Deus lhe tem renovado no espírito de sua mente (Ef 4.23).
Por natureza, não podemos ver o que é bom, não podemos sentir o que é bom, não podemos escolher o que é bom, não podemos amar o que é bom. Que possamos ter o que é bom de nós mesmos – algum padrão próprio – alguma moralidade própria aprovada por Deus – a nossa própria virtude moral ou nossa própria religião, que esteja conformada com a sua verdade divina. Mas, aquilo que é celeste, espiritual, santo e divino – assim como a mente renovada, que a vontade renovada abraça, e uma consciência renovada aprova, as afeições renovadas abraçam - ninguém, senão as almas que vivem podem ter isto, e sentir o deleite que disto provém.
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Por outro lado, ninguém, senão uma alma vivificada, sob o ensino divino, pode ver o que é o mal, e chorar e suspirar sob a depravação, a corrupção, a incredulidade, a carnalidade, a maldade e a sedução do seu coração maligno desnudado. Os homens não regenerados poderão ver o princípio do trabalho do mal no coração dos outros. Homens como Lord Chesterfield, e outros, que têm estudado a humanidade, podem ver o funcionamento do egoísmo e - outros males no coração, e mesmo assim nunca se lamentar, gemer e chorar debaixo deles.
Homens de observação aguçada podem ver o que é o bem natural, e o que é o mal natural; e podem dizer à distância, o que é um bom homem e o que é um homem mau - quão honorável e reto aquele homem é, e quão mau e depravado é este. Mas, quanto a qualquer íntima convicção interior, sentimento e sensação de pecado, qualquer luto e gemido sob isto, qualquer senso de um conflito interno e pesado fardo, de modo a levá-lo a dizer no fundo de sua alma "Oh que homem miserável eu sou" – para expor assim a amargura de um coração ferido, só pode ser produzido por ensinamento divino. Um homem pode subir ao mais alto pináculo da profissão religiosa, e ainda assim nunca conhecer o próprio mal do seu coração. Um homem pode deleitar-se com os pecados mais
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vis, e ainda assim nada saber da corrupção interior da natureza humana.
Mas, no filho de Deus, há estes princípios - luz para ver, e vida para sentir o bem e o mal, a vontade de escolher o bem e rejeitar o mal, uma vontade de escolher o bem e rejeitar o mal, e afetos que fluem para abraçar aquilo que Deus ama e comanda. Portanto, este conflito interior, este agravo dolorido, esta carga interna, que todos na família de Deus estão aflitos com ela, é uma marca e a prova que a vida e graça de Deus estão em seu seio. Isso vai acabar bem. Os aflitos, contritos e sobrecarregados filhos de Deus serão mais do que vencedores, porque o poder se aperfeiçoa na sua fraqueza. Ele está olhando para o Senhor da vida e glória. Ele sabe que é um pecador arruinado. Portanto, ele olha e se inclina sobre o Senhor Jesus Cristo.
Mas, um professante cristão morto negligencia as advertências de uma consciência culpada, os movimentos de um coração mau, o funcionamento da depravação interior, e todo o mistério da iniquidade interno. Mas, um dia será lançado fora para sua confusão. Ele é algo como uma pessoa que varre toda a sujeira da sala para o canto, onde se encontra oculta e encoberta; mas, aos poucos isto será arrastado para fora do esconderijo, para a sua vergonha.
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Enquanto o hipócrita pode manter o exterior limpo, ele é como quem varre toda a sujeira e lixo da sala para um quarto, em vez de varrê-lo para a rua, e assim manter a casa arrumada.
Mas, o Senhor virá e procurará Jerusalém com lanternas, e descobrirá o orgulho e hipocrisia, e depravação que estão escondidos nos cantos do coração. Aqueles, que nunca têm visto e conhecido esta corrupção interior – que nunca se entristecem, gemem, lamentam e choram por causa deste corpo de pecado e de morte- que têm negligenciado, menosprezado e esquecido tudo isto - que nunca sentiu a necessidade de uma implementação do sangue expiatório - que nunca sentiu a necessidade do ensino interior e do testemunho do Espírito Santo, nem a realidade da presença interior de Deus, estão descendo nessa cova, e limpando-a - mas estão lavando meramente o copo da profissão religiosa no seu exterior - eles não são um mero sepulcro caiado, que está no seu interior cheio de ossos de homens mortos e impurezas?
Mas, uma alma que vive, que sabe que é um infeliz, um monstro de depravação, tão cheio de tudo o que Deus odeia, mas que não deseja entrar em hipocrisia, ter nenhuma profissão caiada, nenhum envernizamento de duplicidade, que busca ser honesto e sincero, que vem diante de Deus, e lhe diz aquilo que ele é, e diz: "Senhor, eu sou vil – e coloco a minha
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boca no pó, eu sou um pecador, purifica-me, e me ajude, limpa-me, e faça de mim o que o Senhor quiser.” Ninguém, senão um filho de Deus pode usar sinceramente tal linguagem como esta; ninguém senão aquele que pode sentir a lepra do pecado, e a ação da iniquidade em seus próprios órgãos vitais, e ainda experimentar as operações do Espírito de Deus.
Assim, enquanto um vive e morre como um hipócrita envernizado, com nada senão uma profissão externa, o ano de lucro nada fora ocupação, o outro, um pobre coitado desanimado, talvez com a maior parte de seus dias vivendo duvidando, temendo, angustiado, e gemendo, suspirando, olhando para cima para, pedir e lutar com o Senhor do mais profundo do seu coração, será tomado como Lázaro, no seio de Jesus enquanto aquele que se vestia de púrpura e linho fino, e se regalava esplendidamente todos os dias, desprezando o pobre mendigo leproso no seu portão, será conduzido em última análise para uma perdição merecida e interminável.
Desejo deixá-los com estas palavras. Raramente sou levado a começar com introdução e, também raramente, acabar com sermões de despedida. Portanto, como eu comecei sem introdução, assim eu termino sem uma despedida. Mas, eu sei isto, que as palavras que eu tenho dito vão produzir bastante bem todos
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os dias que vivermos. Teremos, mais ou menos, desse conflito interno, contanto que estamos na carne. Será nossa experiência, mais ou menos, de dia para dia. E quanto mais estamos familiarizados com a nossa própria depravação e corrupção mais devemos desejar, na simplicidade e sinceridade de Deus, conhecer o Senhor da vida e glória. E assim, iremos viver tranquilamente todos os dias da nossa vida, na amargura da nossa alma; embora ainda sejamos habilitados para alegrar-nos, por vezes, no Senhor Jesus Cristo, a quem "Deus fez para nós sabedoria, justiça, santificação e redenção."

Edition Notes

Published in
Rio de Janeiro, Brasil

The Physical Object

Format
Paperback
Pagination
i, 31p.
Number of pages
31
Dimensions
21 x 14,8 x 0,2 inches
Weight
71 grams

ID Numbers

Open Library
OL26201728M

Work Description

Religião cristã

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November 23, 2016 Edited by Silvio Dutra Edited without comment.
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