An edition of Bênçãos de Sião (2016)

Bênçãos de Sião

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Last edited by Silvio Dutra
November 9, 2016 | History
An edition of Bênçãos de Sião (2016)

Bênçãos de Sião

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Como em todos os seus escritos, também neste, J. C Philpot, exibe todo o seu profundo conhecimento do significado das Escrituras, sobretudo em seu sentido espiritual, ao discorrer sobre as bênçãos prometidas por Deus àqueles que estão associados pela fé a Jesus Cristo.

Publish Date
Publisher
Silvio Dutra
Language
Portuguese
Pages
35

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Edition Availability
Cover of: Bênçãos de Sião
Bênçãos de Sião
2016, Silvio Dutra
Paperback in Portuguese

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Book Details


Published in

Rio de Janeiro, Brasil

Table of Contents

Bênçãos de Sião
Título original: Sion's Blessings
Por J. C. Philpot (1802-1869)
Traduzido, Adaptado e
Editado por Silvio Dutra
Nov/2016
2
P571
Philpot, J. C. – 1828 -1901
Bênçãos de Sião / J. C. Philpot (1802-1869)
Tradução , adaptação e edição por Silvio Dutra – Rio de
Janeiro, 2016.
35p.; 14,8 x 21cm
Título original: Sion's Blessings
1. Teologia. 2. Vida Cristã 2. Graça 3. Fé. 4. Alves,
Silvio Dutra I. Título
CDD 230
3
Sumário
Introdução..................................................................
4
A Provisão de Sião..................................................
8
O Pão de Sião.............................................................
15
Os Sacerdotes de Sião...........................................
26
Os Santos de Sião.....................................................
30
4
Introdução
“Abençoarei abundantemente o seu mantimento; fartarei de pão os seus necessitados. Também vestirei os seus sacerdotes de salvação, e os seus santos saltarão de alegria.” (Salmo 132.15,16)
O leitor mais desatento da Escritura deve perceber que grandes coisas são ditas na Palavra de Deus em relação a Sião. Como a Bíblia está agora aberta diante de mim, meu olho repousa sobre nove Salmos, e dos nove Salmos em cinco, eu observo Sião sendo mencionada e as bênçãos pertencentes a ela. Este é apenas um exemplo de muitos, e um que acabou de me atingir, onde vemos que "coisas gloriosas são faladas de Sião" (Salmo 87: 3).
Mas, qual é o significado de Sião para que tais bênçãos devam pertencer a ela? Sião, literalmente, era uma colina em Jerusalém em que o templo foi construído; e foi essa circunstância que lançou as bases para um significado espiritual. O que significava, então, o templo? Pois, na bênção de Sião, Deus não abençoou o monte literal de Sião, mas abençoou o que estava sobre Sião, o templo que estava edificado sobre aquele monte. Mas o que esse templo representava? Uma vez que não podemos pensar que Deus atribuiria Suas bênçãos meramente a um edifício erguido por
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mãos humanas; porque o grande Deus "que fez o mundo e tudo o que nele há, sendo ele Senhor do céu e da terra, não habita em templos feitos por mãos de homens” (Atos 17:24). Mas a razão pela qual "o Senhor ama as portas de Sião mais do que todas as moradas de Jacó", e porque "o próprio Altíssimo a estabelece" (Salmo 87: 2, 5), é porque era típico daquilo em que os olhos e o coração de Deus estão fixos perpetuamente (2 Crônicas 7:16).
O TEMPLO, então, tipificou e representou duas coisas. Primeiro, ele tipificou a natureza humana do Senhor Jesus; como Ele próprio disse: "Destrua este templo, e em três dias eu o levantarei". E o evangelista acrescenta: "Mas Ele falava do templo de Seu corpo" (João 2:19, 21). O templo, então, no Monte Sião era típico daquela santa natureza humana do Senhor Jesus, que está indissoluvelmente unida à Sua Divindade eterna; e em quem "agradou ao Pai que toda a plenitude habitasse", para que "da sua plenitude pudéssemos receber graça sobre graça" (Cl 1:19, João 1:16).
Mas, há outra coisa que Sião tipificou, isto é, a Igreja do Deus vivo, como diz o apóstolo Paulo: "Mas tendes chegado ao Monte Sião, e à cidade do Deus vivo, à Jerusalém celestial, a miríades de anjos; à universal assembleia e igreja dos primogênitos inscritos nos céus, e a Deus, o juiz de todos, e aos espíritos dos justos aperfeiçoados." (Hb 12:22, 23).
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A Igreja nunca teve uma existência senão em Cristo. Se pudéssemos ver a Igreja por um momento, distinta de Cristo, não veríamos mais do que uma carcaça morta, a cabeça sendo cortada dela. Mas, como a Igreja é um corpo vivo, ela só pode estar eternamente conectada com sua Cabeça; e portanto a Igreja de Deus nunca pode ser vista por um momento senão em sua posição em Cristo, seu eterno ser no glorioso Mediador, "Emanuel, Deus conosco". E esta é a razão pela qual o templo não apenas expôs a natureza humana do Senhor Jesus, mas também tipificou a Igreja, visto que existe uma união vital e indissolúvel entre a Cabeça e os membros.
Se olharmos para os versículos que precedem imediatamente o texto, acharemos sendo dito de Sião: "Porque o Senhor escolheu a Sião; desejou-a para a sua habitação, dizendo: este é o meu repouso para sempre; aqui habitarei, pois o desejei." (Salmo 132: 13, 14). Que o Senhor deva escolher Sião, desejá-la para Sua habitação, eternamente descansar e morar nela, não pode ser verdade para qualquer colina literal, ou templo material. Isto só pode, portanto, ser espiritualmente entendido como aplicável à natureza humana de Cristo, que é a habitação de Deus (Colossenses 2: 9), e à Igreja, que é "Seu corpo, a plenitude daquele que preenche todas as coisas" (Efésios 1:23). "Não sabeis vós”, diz o apóstolo, que sois o templo de Deus, e que o Espírito de Deus habita em vós?" (1 Coríntios
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3:16). Quando o texto diz: "Abençoarei abundantemente o seu mantimento; fartarei de pão os seus necessitados. Também vestirei os seus sacerdotes de salvação, e os seus santos saltarão de alegria”, ele fala da provisão de Sião, do pão de Sião, dos sacerdotes de Sião e dos santos de Sião. Assim, ao ver o texto, devemos entende-lo em sua conexão com Sião, a Igreja do Jeová vivo.
Tendo visto, então, o que Sião representa, podemos entrar no significado da palavra, "sua", que é tão frequentemente repetida no texto; e se o Senhor, o Espírito, se agradar em nos levar à sua importância espiritual, podemos juntar um pouco das doces promessas nela contidas. Eu, com a bênção de Deus, os tomarei na ordem em que estão apresentados diante de mim.
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I. A PROVISÃO DE SIÃO.
A primeira promessa é esta: "Abençoarei abundantemente a sua provisão". Marque a ênfase colocada no pronome "seu/sua". Você vê como tudo corre, "sua provisão", "seus pobres", "seus sacerdotes", "seus santos". E a repetição do pronome pessoal possessivo parece insinuar como se Deus, que é "um Deus ciumento", excluísse de qualquer apropriação das promessas no texto, exceto aqueles que têm um eterno interesse em Cristo; como se Ele não permitisse que o pão dos filhos fosse dado aos cães; mas guardaria as promessas que Ele fez à Sua Igreja por aquela limitação especial e repetida.
"Eu abençoarei abundantemente sua provisão." Temos aqui uma "provisão", e esta disposição é limitada a Sião. Não é dispersa para fora para que cada pessoa reivindique, ou para qualquer um, indistintamente, se alimentar dela; mas é dito como uma provisão distinta, separada e reservada especialmente para Sião.
Mas, o que é essa "provisão"? Creio que é a plenitude das bênçãos espirituais que são armazenadas no Filho de Deus, como "Cabeça sobre todas as coisas para a Igreja". Como diz o apóstolo: "Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos abençoou com
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todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo" (Ef 1: 3). E novamente o apóstolo João diz: "E de sua plenitude temos todos recebido, e graça sobre graça". Esta "provisão", então, é a plenitude de Cristo como a Cabeça de Sua Igreja e seu povo. E Deus deu à Igreja esta rica "provisão", que guardou em Cristo, para que os pobres e necessitados dos filhos de Sião possam "comer e ser satisfeitos".
Mas, o Senhor promete "abençoar" esta "provisão", e "abundantemente". Não é então suficiente para a Igreja do Deus vivo que deva haver uma plenitude para ela armazenada em sua Cabeça da aliança; que deve ser "abençoada"; que isto deve ser retirado do armazém, e em seu coração. José, instruído pela sabedoria divina, recolheu nos sete anos em armazéns, e quando os egípcios clamavam por pão, a resposta de Faraó a todas as suas súplicas era: "Ide a José" (Gênesis 41:55). Ele manteve a chave. Mas se José nunca tivesse destrancado os armazéns? Todos deveriam ter perecido de fome. Aquele que guardava os celeiros, ao abri-los, salvou suas vidas da destruição. Assim, o "José espiritual" tem "a chave de Davi", e dele se diz: "Ele abre e nenhum homem fecha, e fecha e nenhum homem abre" (Ap 3: 7). "Em tais momentos, de tal maneira, e em tal medida, como "parece bem" a Seus próprios olhos.
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Mas, quais são os canais ou condutos através dos quais flui esta provisão que Deus prometeu assim abençoar?
1. Um dos canais ou condutos através dos quais esta disposição flui é o evangelho. E o que é o evangelho? É a revelação de uma graça de salvação livre, a manifestação na Palavra de Deus de perdão, misericórdia e amor para um povo peculiar através da obra acabada do Filho de Deus. O evangelho, então, é a proclamação e a publicação dos tesouros que estão armazenados em Cristo; e através do evangelho, que é a revelação do amor e da misericórdia de Deus, esta "provisão" fluirá, como por um canal abençoado, para o coração do povo de Deus.
Deus prometeu abençoar o evangelho e, onde quer que o evangelho seja pregado pelos servos enviados por Deus, é abençoador de almas; não de quaisquer obras executadas por eles; não porque sejam pobres e necessitados; mas porque Deus armazenou provisão para eles na Cabeça de sua aliança e porque o evangelho pregado é um dos canais abençoados de transporte através dos quais essa provisão flui em seu coração.
Você ou eu podemos ter uma soma de dinheiro depositada para o nosso uso nas mãos de um banqueiro; mas isso não nos beneficiaria se não tivéssemos a liberdade de fazer um cheque ao
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banqueiro. Podemos perecer de fome, e ainda ter uma grande soma depositada em suas mãos para nosso uso. Assim é com o evangelho. Uma alma vivente não pode ficar satisfeita com o conhecimento de que há um tesouro guardado para a Igreja em Cristo. Algumas moedas colocadas em suas mãos pelo evangelho o enriquecerão mais sensatamente e farão sua alma mais rica do que todos os tesouros de misericórdia e graça em Cristo a que ele não tiver acesso. Eu posso imaginar um pobre, um morador de rua, ou um mendigo que vive de esmolas andando pelo Banco da Inglaterra, e sabendo perfeitamente que há milhões em seus cofres. Mas isso vestirá sua nudez? Isso aliviará seu apetite faminto? Isso o elevará da pobreza à riqueza? O simples conhecimento de que há dinheiro no Banco não aliviará sua pobreza.
E assim você e eu podemos saber em nossa provação, como uma questão de especulação doutrinária, que há em Cristo toda a plenitude entesourada. Isso nos beneficiará? Devemos ter a comunicação disso e a sua manipulação; a doce manifestação disso, para que nossas almas possam ser benignamente abençoadas. E o evangelho nas mãos do Espírito faz isto. Quando Deus tem o prazer de abençoar o evangelho, pela pregação ou leitura (e às vezes sem um ou o outro), e comunica através dele um gosto das riquezas de Cristo, da beleza de Cristo e da salvação que está em Cristo, Ele abençoa
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abundantemente esta provisão para os corações de Seu povo.
2. Mas, ainda, as promessas de Deus são também canais de comunicação, através dos quais a provisão armazenada em Cristo flui para os corações do povo de Deus. Por isso, são mencionados nas Escrituras como sendo "seios de consolação", em que se alimentam os recém-nascidos da casa da fé. Somos também ditos "sermos feitos coparticipantes da natureza divina" (1 Pedro 1: 4), sendo canais de comunicação celestial através dos quais a graça flui para nos renovar no espírito de nossas mentes.
Mas, o que são as promessas a menos que sejam aplicadas, trazidas para casa com poder, seladas com uma influência divina, de modo que possamos apreciá-las, alimentarmo-nos delas e provarmos a doçura que há nelas? Mas quando as promessas voltam para casa com poder, quando se aprecia uma doçura nelas, e o coração é cheio com a medula e gordura delas, então as promessas são canais de comunicação através dos quais a provisão armazenada em Cristo flui na alma.
3. As ordenanças, também, da casa de Deus, o Batismo e a Ceia do Senhor, quando Deus tem o prazer de abençoá-las, são canais pelos quais a graça e a misericórdia fluem para a alma. Eles
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são, de fato, nada em si mesmos, absolutamente sem valor como meras fórmulas; mas quando são abençoados por Deus, são canais de comunicação, através dos quais Deus tem o prazer de manifestar Seu amor e misericórdia a Seu povo.
Mas, o Senhor prometeu abençoar abundantemente a provisão de Sião. Ele não dá, então, a contragosto, como se lamentasse o que concedeu; mas o que dá, Ele concede como um Deus, como um Príncipe, livremente, abundantemente, excessivamente fluente, digno de um Jeová infinito, eterno e autoexistente! "Ele dá a todos liberalmente, e não o lança em rosto" (Tiago 1: 5). "Os dons e o chamado de Deus são sem arrependimento" (Romanos 11:29); isto é, Ele nunca se arrepende do que dá e faz por Seu povo. E assim, quando abençoa, abençoa "abundantemente", para tornar a alma como Naftali, "satisfeita com o favor e cheia com a bênção do Senhor" (Deuteronômio 33:23). "Você os alimenta da abundância da sua própria casa, deixando-os beber de seus rios de prazer!" (Salmo 36: 8)
Mas, quem são as pessoas que Deus assim abundantemente abençoa? Se Ele abençoa a provisão de Sião, Ele abençoa somente os pobres e necessitados, famintos e nus, que não têm nada e nada são; e portanto só podem ter o que Deus lhes dá, sentir o que Deus opera neles,
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e ser o que Deus os faz ser. Para tal propósito a provisão do evangelho é armazenada em Cristo abundantemente.
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II. O PÃO DE SIÃO.
Mas passemos a considerar o segundo ramo de bênçãos prometido a Sião. "Eu satisfarei seus pobres com pão." Como eu mencionei antes, veja como o Espírito Santo limita a expressão "seus pobres!" E o que nos diz essa limitação? Que há pobres que não são pobres de Sião. Diz-se de muitos professantes mendigos em nossas ruas de Londres que são impostores, vestidos de fato com trapos e usando todas as aparências de pobreza, mas você poderia segui-los até suas adegas, você os veria jogando fora todas as suas aparentes misérias e festejando iguarias que os pobres honestos não podem adquirir. Não existem tantos mendigos falsos no mundo religioso? Não há muitos que, na oração, professam ter toda pobreza e vazio, e no momento seguinte começam a se vangloriar dos poderosos atos que o livre-arbítrio pode realizar? Estes são mendigos falsos, impostores, que têm farrapos de pobreza e nada além dos trapos da pobreza; que usam de fato expressões que podem quase nos fazer pensar que são realmente pobres e necessitados, enquanto que todo o tempo eles não têm senso de sua pobreza diante de um Deus que busca o coração.
E, ainda, há pessoas em uma profissão calvinista de religião que aprenderam, se posso usar a
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expressão, "o canto da pobreza". Você sabe que o mendigo "meramente professante" sempre implora em um certo tom de lamentação; ele nunca fala com seu sotaque natural - ele tem um tipo de lamento profissional. E assim ocorre com muitos, eu temo, que professam amar a verdade. Eles têm a indigência da pobreza; eles têm o verdadeiro lamento profissional. Mas se você pudesse olhar para os seus corações, você não os acharia realmente pobres e necessitados de uma obra da graça em suas almas; mas, são como a igreja de Laodiceia, "sou rico, e estou enriquecido, e de nada tenho falta". Agora, não é daqueles falsos pobres que Deus fala no texto - esses impostores religiosos, esses mendigos burlões, esses aleijados amarrados, que ao se afastarem da companhia religiosa, são tão alegres quanto o mendigo de Londres entre seus companheiros. O texto não faz promessas aos tais, mas limita a bênção a "seus pobres;" Como se Deus, que olha para o coração, tivesse visto que havia muitos que se declaravam pobres que não eram de fato pobres de Sião.
Os pobres de Sião são verdadeiros mendigos, verdadeiros mendicantes, dependentes sinceros da esmola; eles não têm nada e não são nada em si mesmos, a não ser pobreza, miséria e trapos; eles sabem disso e o sentem; e quando eles dizem a Deus sobre isso, não é um lamento profissional, nem lamentação religiosa que eles
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aprenderam com outros, mas os sentimentos genuínos de seus corações partidos.
Agora vocês, meus amigos, (alguns de vocês pelo menos, que aprovam a pregação experimental), sabem que o povo de Deus é espiritualmente um povo pobre e necessitado. Mas olhem em seus corações. Vocês professam pobreza espiritual. Mas Deus realmente te fez pobre? O próprio Senhor te despojou? Ou você aprendeu as palavras, e não aprendeu os sentimentos? Você alcançou as meras expressões, sem conhecer a falência e insolvência diante de um Jeová que procura o coração? Agora, meus amigos, se vocês não tiverem aprendido pelo ensinamento divino o que é a pobreza da alma, vocês não têm nenhum interesse presente manifestado nesta promessa.
A pobreza natural é uma coisa que nos encolhe naturalmente, e a pobreza espiritual é uma coisa que encolhe espiritualmente; e quando as pessoas se encontram, em circunstâncias naturais embaraçosas, tentarão usar de todos os meios para evitar afundar em mendicância – assim também espiritualmente, quando Deus começar a tirar um homem de sua riqueza imaginada, ele se esforçará a fim de escapar daquela visão terrível de ser pobre e necessitado diante de um Deus que busca o coração. Há muitas pessoas que pensam que o padrão em
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religião geralmente é definido muito alto. Eu li a observação, e eu concordo inteiramente com ela, que em geral não é colocada suficientemente baixa. Há poucas pessoas pobres o suficiente para Cristo; eles não se afundam o suficiente em problemas da alma para serem apanhados pelo consolo do evangelho. Ainda não foram listados no Diário Oficial; a falência não tem ocorrido; eles ainda não chegaram a uma insolvência completa; eles não foram trazidos para aquele lugar do qual o Senhor fala o seguinte: "Quando eles não tinham nada a pagar, ele francamente os perdoou".
A maioria das pessoas - sim, e entre elas muitos dos próprios filhos de Deus - não são suficientemente pobres para o evangelho. Talvez haja aqui alguns que estão de vez em quando dizendo: "Eu não posso me alegrar em Cristo como eu poderia desejar, não consigo ver meu nome no livro da vida como eu desejo, eu não tenho aqueles doces consolos que outros do povo de Deus falam a respeito deles." Devo lhe dizer o motivo? Devo ser honesto com você? Você ainda não é suficientemente pobre; você ainda tem "uma pequena loja" em casa; o pão não desapareceu do armário; o último centavo ainda não é gasto fora de seu bolso; você tem algo ainda na mão; você ainda não é suficientemente pobre para Cristo – espiritualmente falando.
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Mas, quando você se torna tão pobre que não tem nada, e se afunda nas profundezas da miséria da criatura, e "não tem nada para pagar", o Senhor lhe perdoará gratuitamente e manifestará Sua graça, misericórdia e verdade aos seus necessitados de alma nua.
Agora o Senhor deu uma promessa especial aos pobres de Sião. "Eu satisfarei seus pobres com pão." Nada mais? Pão! Isso é tudo? Sim, isso é tudo o que Deus prometeu, pão, o sustentador da vida. Mas o que ele quer dizer com "pão"? O próprio Senhor, nesse bendito capítulo, de João 6, explica o que é o pão. Ele diz: "Moisés não lhes deu esse pão do céu, mas meu Pai lhes dá o verdadeiro pão do céu". "Eu sou", diz Ele, "o pão da vida". E ainda: "Eu sou o pão vivo que desceu do céu, se alguém comer deste pão, viverá para sempre" (João 6:35, 51). O pão, então, que Deus dá aos pobres de Sião, é a carne e o sangue de seu próprio Filho amado; não recebido nos elementos, como o Papismo e o Puseismo ensinam, mas alimentados pela fé viva, sob as operações especiais do Espírito Santo no coração.
Mas, não devemos ter apetite antes que possamos nos alimentar do pão? O homem rico que festeja continuamente com carne suculenta e molhos saborosos não poderia existir somente com o pão. Descer para viver com comida tão simples como o pão – é porque,
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ele deve estar realmente com fome para ficar satisfeito com isso. Assim é espiritualmente. Um homem alimentado por noções e um número de doutrinas especulativas não pode descer para a simplicidade do evangelho. Para se alimentar de um Cristo crucificado, um Jesus sangrando! Ele não é suficientemente levado para o ponto de fome para saborear tal alimento espiritual como este.
Antes, então, que ele possa se alimentar deste pão da vida eterna, ele deve ser espiritualmente pobre; e quando ele é trazido para ser nada mais que uma massa de miséria, sujeira e culpa, quando ele sente sua alma afundando sob a ira de Deus, e dificilmente tem uma esperança para animar o seu pobre coração vacilante; quando ele encontra o mundo lhe amargurando, e ele não tem nenhum objeto de que possa colher qualquer consolo permanente, então quando o Senhor se alegra em abrir sua consciência e trazer um sabor do amor e sangue de Seu querido Filho em seu coração, ele começa a provar o pão do evangelho. Estando desmamado de se alimentar de cascas e cinzas, e doente "das vinhas de Sodoma e os campos de Gomorra", e sendo trazido para saborear o simples alimento do evangelho, ele começa a provar uma doçura em Cristo crucificado que ele nunca poderia conhecer até que ele fosse feito pobre de forma experimental. O Senhor prometeu satisfazer os tais.
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E que doçura há na palavra "satisfazer!" O mundo não pode satisfazer você e eu. Nós não tentamos, e alguns de nós talvez por muitos anos, obtivemos alguma satisfação dele? Mas a esposa ou o marido podem "nos satisfazer"? Filhos ou parentes podem nos satisfazer? Pode tudo o que o mundo chama de bom ou grande nos "satisfazer"? Podem os prazeres do pecado "nos satisfazer"? Não há em todos um vazio doloroso? Não colhemos insatisfação e decepção de tudo o que é da criatura e da carne? Não descobrimos que há pouco mais que tristeza a ser colhida de tudo neste mundo?
Tenho certeza de que encontrei, e descobri por alguns anos, que há pouco mais a ser recolhido do mundo, senão decepção, insatisfação, "vaidade e vexação de espírito". A pobre alma olha ao redor do mundo e da criatura, sobre todas as ocupações, divertimentos e relações de vida, e encontra toda uma colheita melancólica, de modo que tudo o que colhe é tristeza, perplexidade e insatisfação.
Agora, quando um homem é trazido aqui, para desejar satisfação, algo para fazê-lo feliz, algo para preencher o vazio doloroso, algo para amarrar ossos quebrados, feridas sangrentas e feridas leprosas, e depois de ter olhado para tudo, para doutrinas, opiniões, noções, especulações, formas, ritos e cerimônias na religião, no mundo com todos os seus encantos
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e em si mesmo com todos os seus variados trabalhos, e não encontrou senão amargura de espírito, vexação e problemas em todos eles, e assim afunda como um infeliz miserável; por que, então, quando o Senhor abre a ele algo do pão da vida, encontra uma satisfação naquilo que nunca poderia ganhar de qualquer outra parte. E essa é a razão, meus amigos, porque o Senhor aflige assim o Seu povo; por que alguns carregam com eles tabernáculos tão fracos e sofridos, por que alguns têm tantos problemas familiares, por que os outros estão tão profundamente imersos na pobreza, por que os outros têm filhos tão rebeldes e por que os outros são tão visitados com dores espirituais que mal sabem o que será o fim. É tudo para um propósito, para torná-los miseráveis fora de Cristo, insatisfeitos, exceto com o alimento do evangelho; para torná-los tão miseráveis e desconfortáveis que só Deus pode fazê-los felizes, e sozinho possa dar consolo para as suas mentes perturbadas.
Meus amigos, se houver qualquer jovem aqui cujo coração Deus tenha tocado com Seu Espírito, e você ainda esteja procurando alguma satisfação do mundo; se a sua saúde e os seus espíritos ainda não foram quebrados e se estiverem a fim de colher uma "colheita de prazer" da "criatura", depender dela, se são filhos de Deus, ficarão decepcionados. O Senhor cortará pelas raízes todo o seu prazer
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antecipadamente. Ele efetivamente derrubará sua felicidade mundana. Ele nunca permitirá que você tenha um Paraíso terrestre, e é sua misericórdia que Ele assim o faça. Se você está procurando a felicidade da esposa ou do marido, dos negócios, do mundo, do que quer que seu coração carnal esteja procurando para depender dele, Deus não deixará que você desfrute continuamente o prazer que o mundo dá, mas cortará pelas raízes todos os seus prazeres terrenos. Ele destruiria todos os seus planos mundanos e lhe levará a este lugar, para ser um miserável sem Cristo, para ser uma criatura arruinada sem as manifestações do Filho de Deus para a sua alma.
E quando você não pode encontrar nenhum prazer no mundo, nenhuma felicidade nas coisas do tempo e do sentido, mas sente a miséria em sua alma, e está temendo que a miséria eterna seja sua parcela no mundo, você terá então o mesmo caráter daqueles que Deus vai confortar pelo evangelho e dar-lhe um interesse manifestado na promessa feita a Sião: "Satisfarei os pobres com pão". Você não será então uma daquelas almas cheias que odeiam o favo de mel, mas uma daquelas almas famintas para quem toda coisa amarga é doce. E isto é uma misericórdia, para mim e para vocês, que por meio de aflições e provações venhamos a não achar nosso prazer no mundo. Se pudéssemos achá-lo, eu sei onde eu estaria e o
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que seria! Eu estaria perseguindo as imaginações vãs de meu coração carnal, e tentando colher o prazer onde a felicidade real nunca pode ser encontrada; afastando-me do evangelho e de todas as bênçãos prometidas do evangelho, como os filhos de Israel se afastaram do maná: "Nossa alma aborrece este pão vil".
Religião! O que você gostaria da religião espiritual se você pudesse amar e apreciar o mundo? Ora, o coração de um homem é tão orgulhoso e mundano que não tocaria na religião vital, espiritual, a menos que fosse absolutamente forçado pela mão de Deus em sua alma. Ele absolutamente não olharia para ela, a menos que a tristeza do coração, a perplexidade da mente, a angústia do espírito, as aflições e uma consciência carregada de culpa o fizessem buscar a felicidade lá, porque qualquer outro caminho para a felicidade está efetivamente bloqueado!
(Nota do tradutor: Este texto foi produzido há mais de dois séculos, e eu não poderia deixar de fazer meu comentário alusivo à diferença que vemos no ponto de vista do verdadeiro evangelho aqui apresentado, plenamente condizente com o ensino de Jesus e dos apóstolos sobre a necessidade de se não se amar o mundo, e nem o nosso ego, senão que devem ser crucificados e mortificados - com o do falso evangelho que anda em voga há bastante tempo
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em que é exatamente proposto o contrário, a saber – que os crentes busquem a alegria mundana em seus corações e em suas próprias igrejas e devoções. Isto nos cheira muito à Laodiceia citada em Apocalipse.)
Agora o Senhor diz: "Eu saciarei os pobres com pão". E eles serão satisfeitos. Pois Ele diz: "Comei, amigos, bebei abundantemente, ó amados." (Cantares 5: 1). Ele os fará beber "do rio dos seus prazeres" (Salmo 36: 8); porque "há um rio, cujas correntes alegram a cidade de Deus" (Salmo 46: 4). E se alguns de vocês, meus amigos, estão de luto, suspirando e gemendo, e às vezes levantando-se com rebelião e impaciência irritada, porque não podem ter o que desejam naturalmente desfrutar, ou porque não podem concretizar seus planos terrenos e têm pouco mais do que tristeza de coração e problemas de alma, vocês estão sendo muito mais favorecidos do que se pudessem ter tudo o que o coração poderia desejar. Deus, que lhes fez miseráveis para que encontrem felicidade nEle, não lhes deixará viver e morrer em sua miséria. Ele vai amarrar cada ferida sangrando, e derramar o óleo de alegria em seus corações turbados.
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III. OS SACERDOTES DE SIÃO.
"Eu também vestirei seus sacerdotes com salvação." Ainda temos aqui a mesma limitação que vimos antes, "seus sacerdotes". E como "seus pobres" eram divinamente marcados e limitados, então "seus sacerdotes" estão fechados no mesmo limite; e eu acho que em nossos dias, quando o Papismo e o Puseismo são tão desenfreados, esta é uma limitação muito doce e sábia. Quem então são os "sacerdotes", no sentido evangélico da palavra? Homens sobre os quais o Bispo colocou as mãos santas? Homens ordenados por um conclave de ministros dissidentes? Homens que aparecem diante do povo em um vestido, e chapéus litúrgicos, e anéis de ouro? Homens que em suas cartas e nas placas de latão de suas portas se chamam, "Rev., Sr., Dr. etc?" São os sacerdotes de Sião? Não. Direi que nenhum deles é sacerdote do evangelho; e que estes sinais externos não os fazem nem os manifestam como sendo assim. Passemos então dessas invenções do homem para o que o Espírito Santo disse sobre este assunto. O que lemos lá?
"Quem nos fez reis e sacerdotes para Deus" (Apocalipse 1: 6). E outra vez - "Você é uma geração escolhida, um sacerdócio real, uma nação santa, um povo peculiar" (1 Pedro 2: 9). Então os verdadeiros sacerdotes, "sacerdotes de
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Sião", são as pessoas espiritualmente ensinadas de Deus; todos os que, como diz o apóstolo, são "pedras vivas edificadas como casa espiritual, sacerdócio santo, para oferecer sacrifícios espirituais, aceitáveis a Deus por Jesus Cristo" (1 Pedro 2: 5). O povo que ora a Deus, então, que tem seu coração quebrantado, chorando, clamando, suplicando; pessoas em cujos corações o Espírito do Deus vivo intercede com gemidos indecifráveis e opera neles os sacrifícios de um coração quebrantado que na visão de Deus são de grande preço - estes, e estes apenas, são os sacerdotes de Sião.
Meus amigos, não se deixem enganar por pretensões. Não pensem que há algo no ministério sob o evangelho semelhante ao velho sacerdócio judeu. Não seja conduzido por um sacerdócio. Vocês são sacerdotes, se Deus lhes deu um coração partido; você é um "santo, um sacerdócio real", se Deus está acendendo os sacrifícios de oração e louvor em sua alma. E estes são os únicos sacerdotes de Sião, seja dentro ou fora do ministério. Todos os outros são sacerdotes de Baal. E eles podem clamar desde a manhã até a noite, eles podem cortar sua carne com lancetas, e infligir sobre si todas as austeridades autoimpostas por líderes religiosos - não haverá "voz, nem ninguém para responder, nem ninguém para considerá-los" (1 Reis 18:29). Não haverá fogo santo vindo do céu, nenhuma voz ainda que pequena sussurrando
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perdão e paz; como experimentam os sacerdotes de Sião, que "adoram a Deus em Espírito e em verdade".
Você sabe então o que é a oração suplicante? Você conhece alguma coisa de suspiros secretos e clamor a Deus? Você sabe o que é ansiar por Jesus, como o cervo anseia pelos riachos de água? Sua alma está viva para Deus, procurando Sua face, gemendo pelas manifestações de Sua misericórdia? Então você é um sacerdote, embora "mãos santas" nunca tenham sido impostas sobre você para ordená-lo.
Deus prometeu que "Ele vestirá estes sacerdotes com salvação"; e não que os vestirá com roupas litúrgicas - Ele não faz nenhuma promessa desse tipo; mas que os vestirá de salvação. E essa é a única roupa que vai servir aos sacerdotes de Sião. Pois o sacerdote de Sião tem o coração quebrantado e o espírito contrito, tendo recebido o espírito de oração comunicado a ele, e ansiando por Deus, o Deus vivo, quer uma salvação manifestada. Ele não quer o louvor dos homens, ou ser estimado como algum "homem santo" designado por Deus para comunicar bênçãos; ele abomina tal sacerdote. O que ele quer é a manifestação espiritual e a aplicação divina da salvação à sua alma - a salvação em toda a sua doçura - salvação do pecado, do eu, da maldição da lei, da ira de Deus, das ciladas de
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Satanás, das tentações que ele está acometido, dos problemas que ele está passando - salvação em toda a sua plenitude rica, gloriosa e completa. Agora Deus prometeu que "vestirá estes sacerdotes com salvação". Ele lançará ao redor deles essa bela vestimenta, este manto da justiça de Cristo; ele os cobrirá com ele, "como um noivo se enfeita com ornamentos, e uma noiva se adorna com suas joias" (Isaías 61:10).
Se vocês ainda não sabem o que é suspirar, clamar e gemer ao Senhor, e oferecer estes sopros de coração ferido, não têm nenhum interesse manifesto na promessa: "Vestirei os seus sacerdotes com salvação." Oh, é uma misericórdia ser um pecador quebrantado de coração! Em minha mente correta, eu preferiria ser um pecador quebrantado de coração do que o mais "elevado professor" vivo. Preferiria cair aos pés de Jesus com um espírito contrito e um coração partido, sentir as abençoadas emoções da tristeza divina, prendê-lo em meus braços como meu Senhor e meu Deus, e provar os raios luminosos de misericórdia brilhando em minha alma - o Sol da justiça, do que ser o mais eloquente, o mais popular ou o mais eminente pregador que jamais se levantou em um púlpito. Eu não cobiço tais bugigangas. A verdadeira coisa que eu cobiço, quando em meu juízo correto, é cair aos pés do Senhor abençoado, e senti-Lo ser precioso para a minha alma.
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IV. OS SANTOS DE SIÃO.
"E os seus santos saltarão de alegria". Oh que limitação de novo! O Senhor deve estar sempre protegendo suas promessas, para que os cães não as agarrem? O Senhor deve manter a sua própria mão firmemente fixada sobre elas, para que aqueles a quem elas não pertencem não as invadam e agarrem? Mesmo assim; o Senhor deve limitá-las; pois, apesar de todas as suas limitações positivas, os homens ainda irão atravessar a cerca.
Seus santos. Quem é um santo? Um homem solenemente perspicaz? Um homem de jejum? Um homem que macera seu corpo com austeridades? Estes não são santos de Deus. Eles são aqueles que os homens carnais podem olhar para cima com admiração; mas eles não são santos de Sião, a quem o Senhor prometeu que "saltarão de alegria". Quem então são eles? Aqueles a quem Deus eternamente santificou escolhendo-os em Cristo antes do mundo começar; aqueles em cujos corações Ele colocou o Espírito de santidade, para que eles possam ser um "povo peculiar, vasos de misericórdia, santificados e aptos para o uso do Mestre". Aqueles em quem Ele está trabalhando "para querer e fazer a Sua boa vontade". São os santos de Sião. Os santos de Sião são todos "pecadores"; ou seja, todos eles são "pecadores
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sensíveis"; e quanto mais santos, mais pecadores; isto é, quanto mais Deus os ensina em suas almas, os santifica e separa para Seu próprio uso, mais vis, imundos, baixos e poluídos eles se sentem diante dEle.
Como você deve julgar sua santidade? Tornando-se cada dia mais e mais santo, cada vez mais puro, cada vez mais piedoso, cada vez mais religioso? Essa é uma falsa santidade que só alimenta a carne; que é apenas "natureza" mascarada e caiada. Mas o santo de Sião cresce para baixo, em autoaborrecimento, autoaversão, com quebrantamento de coração, contrição de espírito, baixas visões de si mesmo. E assim como ele cresce para baixo em si mesmo, ele vai crescer para cima em adorar, admirar e amar o Senhor da vida e glória.
E o que então? Será que este pecado lança raízes fora dele? Os santos são participantes de uma natureza santa, e esta "natureza divina", como a Escritura chama, neles lhes dá a conhecer, mas não extirpa a sua pecaminosidade. Um santo é mais um que clama a Deus por causa da sua sinceridade, que se aborrece a si mesmo por causa de sua vileza, que não vê nada em si mesmo espiritualmente bom, e se odeia no pó e na cinza.
Agora, o Senhor prometeu aos santos de Sião (porque há "santos fingidos", assim como "falsos
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mendigos"), que "saltarão com alegria". Eles não estarão sempre de luto e clamando; não estarão sempre gemendo do peso do coração e do sofrimento da alma; mas eles devem "saltar em alegria!" Quando, onde e como? Quando o Senhor abençoa suas almas, quando Ele as visita com Sua graciosa presença e derrama Seu amor no exterior em seus corações, então eles "saltarão com alegria". Não porque eles são santos; não por causa de suas poderosas vitórias sobre o pecado, o mundo e o diabo; não porque se tornem mais decididamente piedosos e mais eminentemente religiosos; não porque tenham um pouco de santidade agradável na carne que podem olhar e admirar.
Desses, que dizem: "Espera, eu sou mais santo do que vós", diz Deus, "eles são como um fedor em suas narinas". Mas aqueles que veem e se sentem como sendo imundos, baixos monstros de iniquidade, répteis rastejantes, culpados, contaminados e poluídos, com um coração que busca a Deus, quando estes recebem em suas almas um Cristo precioso, em Seu amor e sangue, em Sua graça e glória, eles "saltam de alegria" - não por causa das obras poderosas que eles fizeram, ou estão fazendo, mas por causa do que o Senhor fez por eles, e pelo que o Senhor fez e está fazendo neles.
Vejam, meus amigos, como Deus limitou essas promessas! Elas não são jogadas para baixo para
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alguém pegar indistintamente, mas elas são limitadas; e eu não me levantaria como um homem fiel e temente a Deus se eu não as limitasse. Elas permanecem limitadas na Palavra de Deus, e elas chegam ao meu coração limitadas, e, portanto, devem sair da minha boca limitadas. Mas felizes são aqueles que estão dentro dos limites; felizes são aqueles que são "um povo peculiar", que estão cercados pelas promessas de Deus e com a misericórdia de Deus! Eles estão dentro de uma cerca, para nunca serem afastados dos propósitos eternos de Deus e do amor eterno de Deus. Bem-aventurados os que Deus ajuntou com Suas próprias mãos abençoadas, para que eles sejam "um jardim fechado", no qual o Senhor anda, e "as especiarias fluem" enquanto Ele visita e entra neste jardim abençoado e fechado. (Cant 4:12, 16).
Você, então, cujo coração Deus tocou, não se ofenderá porque Ele fez limitações. Isso faz com que haja doçura nas promessas, porque são limitadas para que você (oh maravilha das maravilhas!) tenha um interesse salvador nelas. Oh meus amigos, quem sou eu, e quem são vocês, para que o Senhor tome conhecimento de nós? Esteve tão longe da salvação quanto você e eu - alguém tão orgulhoso, tão hipócrita, tão egoísta, tão loucamente apaixonado pelo pecado, algum servo do diabo, como você e eu fomos? E se Deus nos deu atenção, a quem
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atribuí-la? Às vezes penso que de todas as pessoas que foram sempre chamadas pela graça, eu era o mais distante do rebanho de Deus, o mais indigno, e o menos provável que Deus tirasse do mundo e me fizesse e manifestasse como "um vaso de honra apto para o uso do Mestre." Não que eu estivesse vivendo em pecado aberto, ou pelo menos naqueles comprimentos aos quais outros se foram. Mas tão orgulhoso e mundano, e tão enterrado nas coisas do tempo e do sentido, era eu, que parece-me que não era apenas um milagre, senão um duplo milagre, que Deus arrancasse para sempre a minha alma culpada das ruínas da queda e me trouxesse a este lugar para estar agora pregando Sua verdade em Seu nome. E creio que é a convicção sincera, de todos os que temem a Deus, que de todos os demais eram os mais distantes do reino dos céus, e de todos eles eram os menos propensos para olhar para o Senhor. Todos foram trazidos para o local para o qual o Senhor trouxe Rute, quando ela se perguntou se Boaz "deveria tomar conhecimento dela, visto que ela era uma estranha". (Rute 2:10)
Então você e eu não temos nenhuma razão para brigar com a limitação de Deus de Suas promessas. Se o Senhor nos colocou dentro dos limites, lembre-se que Ele nos mantém neles - assim como mantém os outros fora! E se Ele não nos mantivesse dentro, nós cairíamos logo para
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fora através de alguma abertura. Mas o Senhor, por meio de Suas limitações, mantém o Seu povo dentro e mantém o mundo fora - e assim, mantendo o Seu povo dentro, Ele o preserva até o fim e deixa os ímpios perecerem em sua justa merecida condenação.
Portanto, não contendamos com o Senhor e digamos que Ele é um "Deus arbitrário". Reconhecemos Sua soberania; nós nos curvamos diante dele com santa adoração e submissão implícita. Nós não brigamos com Ele porque Ele é um Soberano - mas nós o adoramos e o bendizemos para que Sua soberania seja exibida em um caminho de misericórdia para nós - e não em um caminho de ira. Não discutimos com Ele por limitar Suas promessas - mas que Ele nos dê um nome e um lugar entre Seus filhos, para que Ele te dê e a mim, o mais vil, o mais baixo e o mais indigno, uma posição em Sua Igreja e família - que, na verdade, é uma misericórdia, e que de fato é uma maravilha de graça incomparável!
E, portanto, tão longe de nos importunarmos com a limitação de Deus, e indagarmos sobre o modo como Deus tem cercado alguns e afastado outros, em nossa mente correta, sob o doce gozo das bênçãos do evangelho, somente o bendiremos e o louvaremos mais, e nos prostraremos diante dEle, atribuindo honra e poder, e salvação e glória a Deus e ao Cordeiro!

The Physical Object

Format
Paperback
Pagination
v, 35p.
Number of pages
35
Dimensions
21 x 14,8 x 0,3 inches
Weight
75 grams

ID Numbers

Open Library
OL26197714M

Work Description

Religião cristã

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November 9, 2016 Edited by Silvio Dutra Edited without comment.
November 9, 2016 Edited by Silvio Dutra Edited without comment.
November 9, 2016 Created by Silvio Dutra Added new book.