An edition of Crónica dos Dias Pardos
(2015)
Crónica dos Dias Pardos
Romance de caserna
by Joaquim Murale
- 0 Ratings
- 0 Want to read
- 0 Currently reading
- 0 Have read
Share
×Close
Romance. Based on true events from the fall of the Estado Português da Índia.
Check nearby libraries
Buy this book
Showing 1 featured edition. View all 1 editions?
| Edition | Availability |
|---|---|
1
Crónica dos Dias Pardos: Romance de caserna
2015, Seda Publicações
Paperback
in Portuguese
9898735163 9789898735164
|
aaaa
Libraries near you:
WorldCat
|
Book Details
Table of Contents
Prefácio
de Manuel de Seabra
1.
Pobre soldado de infantaria, nem o sangue se lhe aproveitou
sugado pelas areias deixou apenas uma leve mancha de morte
brilhando estranhamente ao sol
2.
— A Sicília fica naquela direcção. — Alguém explicou,
apontando o mar, mas os olhos só reconheciam água.
3.
Os impérios são uma espécie de inchaço, uma dilatação
que faz rebentar o corpo para lá do seu espaço natural mas
que, passada a febre, o faz regressar às primitivas fronteiras.
4.
Goa tinha atractivos raros, como todas as cidades onde se
cruzam culturas. Na traça eminentemente oriental sobressaíam
as igrejas e fortificações que os portugueses haviam erguido em
sinal do seu domínio.
5.
Houve alarme geral nas casernas quando a rádio difundiu o
ultimato da União Indiana. Os termos eram claros na fixação
do prazo para a retirada das tropas portuguesas
6.
“Salta-me essa vala, estúpido!”; “Abre-me esses olhos,
cara--de-caralho!”; “Mexe-me esse cu, Amélia!”
7.
Nas terras pequenas de província o estatuto de homem chega
cedo pelo trabalho mas a dependência da autoridade paterna
mantém-se por muito tempo.
8.
— Estava um mendigo num jardim gozando o sol quando se
lhe dirigiu um indivíduo que lhe perguntou assim:
“Diga-me, por favor: o banco fica aqui perto?”
9.
Gabriel não conseguia segurar o contentamento. Qualquer
coisa não lhe cabia no peito, só semelhante ao que sentira
a primeira vez que tivera Clara nos braços, e saía-lhe num
riso que lhe rasgava as faces ao exagero.
10.
— Quando eu afastei as canas e vi a minha mãe deitada
na erva debaixo de um amigo do meu pai... fiquei sem fala.
11.
— Aquele tenente era um déspota. Torturava-nos na parada,
minutos a fio em sentido sob sol ou chuva, quase contendo a
respiração. Não mexem, não respiram, nem que vos passe
um caralho p´la boca!, berrava-nos em cada formatura.
12.
Já era noite fechada quando o Manuel Formiga se aproximou
do caminho estreito que o levava a casa dos pais.
13.
José Carlos estava alerta quando viu o sargento de guarda
aproximar-se. Já na formatura na parada notara o seu
olhar colar-se nele.
14.
Tomás chamava-lhe a Messalina. A comparação tinha muito
a-propósito pois também D. Ausenda, esposa de brilhante
oficial de carreira, se dava a prazeres com soldados
15.
Os oficiais superiores de qualquer exército são uma espécie
de refugo social sem préstimo que se socorre da guerra para
justificar os impostos com que se sustenta, arrancados ao
suor do cidadão comum.
16.
Num espírito pequeno nunca cabem grandes coisas nem
muitas coisas. São espíritos vocacionados para as acções
insignificantes e para os pequenos sacrifícios.
17.
Ângela deixou que, demoradamente, os olhos se lhe prendessem
ao fascínio e brilho das pedras incrustadas nos colares, nos anéis,
nos brincos, nas pulseiras e nos broches da patroa.
18.
Não obstante a farda que usa, um soldado não pode evitar que
o pensamento o assalte.
19.
O tempo passava com o império ignorando os avisos que a rádio
repetia insistentemente. Quando tudo começou foi inesperado.
20.
As notícias eram tardias e poucas. Os pais de Gabriel viviam
a aflição própria dos momentos em que o sangue corre perigo.
21.
Aos soldados não foi dado muito tempo para pensar. Foram
divididos em grupos com missões determinadas.
22.
Frustrada que fora a vontade de ver regressar o seu exército
devidamente acondicionado em urnas individuais, o império
viu-se confrontado com a situação de ter de negociar a liberdade
23.
Era estranha aquela terra. Após o período de calor sufocante e
húmido seguiam-se meses de chuva ininterrupta acompanhada
por trovoadas assustadoras que incendiavam o céu com o fulgor
dos relâmpagos
24.
O barco navegava em bom ritmo, desde que largara do porto de
Carachi. Repentinamente porém, já no Mediterrâneo, a marcha
foi reduzida ao ponto de parecer imóvel
25.
José dos Santos, a conselho de médico, iniciara um longo
período de repouso e recuperação.
Edition Notes
Contributors
The Physical Object
ID Numbers
Work Description
Os factos reais da queda de Goa para o domínio da União Indiana, ou a perda da primeira possessão por parte do império colonial português, constituem esta ficção, que o autor escreveu nos anos oitenta do século passado mas que só recentemente viu a luz. Este romance, mais uma obra realista do autor, tem a particularidade de não ter uma personagem principal que sirva de condutora da história. É a evolução dos acontecimentos que guia o desenvolvimento da trama, abordada, por opção política do autor, na perspectiva dos soldados, os filhos do povo que são a carne para canhão em qualquer guerra. São os soldados, filhos e maridos de gente com nome e rosto, as personagens fundamentais que dão corpo a esta obra.
Este livro é um libelo contra a guerra, contra o militarismo, contra todas as formas de sujeição de um povo a outro. O império, orgulhoso mas decadente, é o pano de fundo deste romance.
Do 'site' «escritores.online».
Community Reviews (0)
Feedback?
History
- Created August 1, 2015
- 6 revisions
Wikipedia citation
×CloseCopy and paste this code into your Wikipedia page. Need help?
| August 22, 2020 | Edited by ISBNbot2 | normalize ISBN |
| August 1, 2015 | Edited by Antonio Jose Rocha | Edited without comment. |
| August 1, 2015 | Edited by Antonio Jose Rocha | Edited without comment. |
| August 1, 2015 | Edited by Antonio Jose Rocha | Edited without comment. |
| August 1, 2015 | Created by Antonio Jose Rocha | Added new book. |