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O Que é a Igreja de Cristo

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August 9, 2016 | History
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O Que é a Igreja de Cristo

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A igreja verdadeira é aquela que está edificada sobre a Rocha que é Cristo, numa união espiritual, e não nominal, com Ele.
E Ele mesmo ensinou que este firme fundamento consiste na prática efetiva da Sua Palavra. Então podemos concluir que se pessoas se reúnem ainda que debaixo do nome de cristãos ou de Cristo, mas se a prática da Palavra foi abandonada, não somente no culto, mas na forma de vida diária de todos os seus membros, então esta não é uma Igreja de Cristo. Ela pode até mesmo ser formada por pessoas que nasceram de novo do Espírito, mas pela condição delas de terem sido vencidas pelo pecado, faz com que quando se reúnem, não sejam a Igreja de Cristo.

Publish Date
Publisher
Silvio Dutra
Language
Portuguese
Pages
125

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Edition Availability
Cover of: O Que é a Igreja de Cristo
O Que é a Igreja de Cristo
2016, Silvio Dutra
Paperback in Portuguese

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Book Details


Published in

Rio de Janeiro, Brasil

Table of Contents

O que é a Igreja de Cristo
Silvio Dutra
FEV/2016
A474
Alves, Silvio Dutra
O que é a igreja de Cristo./ Silvio Dutra Alves. –
Rio de Janeiro, 2016.
Pg 124.; 14,8x21cm
1. Igreja. 2. Ministérios. 3. Jesus. I. Título.
CDD 207
Sumário
Reflexões Sobre a Natureza da Igreja Verdadeira..............................................................................
4
Ovelha Fora do Aprisco....................................... 47
Nem Toda Separação de Igrejas é Cisma (divisão)......................................................................
49
As Imperfeições da Igreja aqui neste Mundo.........................................................................
90
O Modo de Crescimento Regular da Igreja............................................................................
95
A Igreja à Luz das Escrituras............................ 112
Reflexões Sobre a Natureza da Igreja Verdadeira
O primeiro princípio do metodismo era o de somente pregar o evangelho, e não administrar sacramentos, como por exemplo, a ceia e o batismo, o que eles deixavam a cargo dos clérigos da Igreja Anglicana.
As sociedades metodistas nos dias de Wesley não eram uma denominação, e eles se consideravam ministros extraordinários chamados por Deus para provocarem a zelos os ministros ordinários da Igreja Estatal Inglesa.
Hoje, Deus está chamando profetas extraordinários, tal como fizera com Amós e outros nos dias do Antigo Testamento, para sustentarem o testemunho da verdade em vidas santas, tal como os metodistas fizeram no passado.
E esta chamada não significa que estes homens e mulheres de Deus devem atuar nas mesmas bases que os metodistas atuaram nos dias de Wesley.
As primeiras sociedades metodistas recebiam anglicanos, quakers, presbiterianos ou pessoas de qualquer denominação, sem que elas tivessem que deixá-las.
Os irmãos Wesley saíram somente pregando o evangelho nas igrejas, ou em qualquer outro lugar em que houvesse ouvidos prontos para atenderem à sua pregação.
Não muito depois, um jovem chamado Thomas Maxfield, se ofereceu a servir os Wesleys como um filho no evangelho. E então outro, Thomas Richards, e um pouco depois um terceiro, Thomas Westell. Eles não foram recebidos como pastores governantes, mas como profetas, para somente pregarem o evangelho.
Em 1744 houve a primeira conferência dos pastores metodistas e nenhum deles sonhava com o direito de administrar os sacramentos, além do dever de pregar o evangelho.
Isto trouxe um grande avivamento do Espírito Santo e de certo modo um retorno à prática comum dos três primeiros séculos do cristianismo, antes de Constantino, que fundiu todos os ofícios da Igreja Cristã na pessoa do bispo (pastor governante). Mas não era assim antes de Constantino, porque eram bem distintas e definidas as funções de apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e mestres (Ef 4.11). Os três primeiros estavam relacionados à fundação de igrejas, pela pregação do evangelho, e os dois últimos (pastores e mestres) à edificação do rebanho de cada congregação local.
Hoje, em face da condição em que a Igreja se encontra, impõe-se não pela vontade do homem, mas pela vontade de Deus, que se busque um caminho de atuação prática, em que aqueles crentes que estão privados em suas congregações da verdadeira adoração e da pregação da genuína Palavra de Deus, e que se sintam chamados pelo Senhor a se renovarem espiritualmente, possam contar com estes profetas e evangelistas itinerantes que se reúnem para adorar ao Senhor em Espírito e em verdade, para manter a chama do evangelho acesa na terra.
Grupos de oração por um avivamento espalhados por toda a parte do mundo, estão sendo levantados para o último e grande derramar do Espírito.
Estes grupos necessitam de liderança espiritual especialmente de pessoas que saibam manejar bem a Palavra da verdade, e que estão sendo preparadas para tal fim pelo próprio Espírito.
As condições presentes são muito diferentes dos dias da Reforma e da época do próprio Wesley, que tinha a imposição de se render aos ditames de uma Igreja Estatal.
Nos dias dos reformadores houve mais um resgate doutrinário e de esforço de purificação cerimonial, do que propriamente de um viver cheio do Espírito e de vidas com um real testemunho de santidade.
Na Igreja Medieval era colocada ênfase no inferno, no purgatório, nas obras da lei, enquanto se ocultava a verdade sobre a justificação pela fé; sobre a graça e a longanimidade de Deus.
Hoje em dia, a igreja faz muita ênfase na graça e na justificação, e não propriamente na santificação. Pouco ou nada se prega sobre o inferno e o juízo de Deus.
Há necessidade portanto, de se buscar um equilíbrio no conteúdo da pregação que nunca deve abandonar a justificação e a graça, mas também, por outro lado não pode deixar de enfatizar a santificação e o juízo, porque o tempo se aproxima, e o Senhor está às portas, e sem santificação ninguém verá a Deus.
A iniquidade se tem multiplicado, e isto demanda uma forte e densa pregação contra o pecado, especificamente quanto à necessidade de crucificação da carne, pelo Espírito.
No entanto, o modo de se fazer isto, permanece como um desafio.
Como pregaremos esta verdade?
Fundando Igrejas? Ordenando pastores?
Somente pregando e orando nos chamados grupos de oração, formados com pessoas de todas as denominações?
Parece que o grande alvo nunca deve ser o de formar uma nova denominação ou mesmo revitalizar as existentes, porque todas as tentativas de se reformar a Igreja por este caminho sempre caiu com o passar do tempo no mesmo lugar comum. Veja-se por exemplo o próprio caso do metodismo, que acabou se transformando numa denominação tradicional e corporativa, como todas as demais, perdendo a sua vitalidade inicial de movimento do Espírito Santo, para promover a santificação dos crentes e alcançar os perdidos pela pregação do genuíno evangelho.
O metodismo tinha por pressuposto básico que à medida que crescemos numa relação de santidade com Deus, nossa mudança também tem que afetar o mundo que nos cerca. Para os Wesley era inconcebível falar de santidade pessoal sem santidade social, isto é, a santificação não deve ser algo que vise simplesmente ao aperfeiçoamento pessoal, mas nos tornar úteis nas mãos de Deus para alcançar o mundo para Cristo.
Agora temos que repensar não propriamente qual seja a natureza da Igreja, isto é, qual é a sua essência, porque não necessitamos disto, porque já foi fixado pelo próprio Cristo.
Com base no que Ele definiu como sendo a Sua Igreja, e com base no que foi ensinado pelo Espírito aos apóstolos e fundado por eles, é que nós temos que nortear os nossos pensamentos e ações.
Por exemplo, a Palavra fala de uma igreja como sendo a reunião dos santos de uma determinada localidade com os respectivos pastores e diáconos.
O problema está, pelo nosso costume, em pensar em pastores e diáconos como funções clericais de uma determinada corporação, em razão do modelo que passou a vigorar na Igreja desde Constantino e que se materializou principalmente na Igreja Romana, e até mesmo na Anglicana, nas quais a estrutura de poder secular sempre falou mais alto do que tudo mais.
Então é preciso resgatar o conceito relativo à natureza da Igreja com base no que existiu nos três primeiros séculos, e particularmente nos dias do Novo Testamento, enquanto viviam os apóstolos.
Se fizermos isto, não veremos o pastor como uma pessoa necessariamente preparada em seminários teológicos institucionais e ordenados por uma estrutura eclesiástica formal, senão como as pessoas levantadas pelo Espírito para estarem à frente de um determinado rebanho local.
O diácono, também, por seu turno, deixa de ser a pessoa dotada de autoridade eclesiástica distintiva, para se tornar o servo dos servos, porque era assim que eles eram designados na Igreja Primitiva, porque tinham a seu encargo cuidar especialmente das necessidades materiais da congregação local à qual pertenciam.
Lembremos que as Igrejas locais no início do cristianismo funcionavam nas residências de determinados membros, e isto pressupõe que não havia um grande número de membros reunidos e nem sequer qualquer estrutura formal para o funcionamento das reuniões de adoração. E a Igreja de Filadélfia, em contraste com Laodiceia, nas palavras do Senhor em Apocalipse, é fiel apesar da sua pouca força. E que pouca força é esta senão que não possui a estrutura gigantesca e formal de Laodiceia? Isto pressupõe que a igreja fiel dos últimos dias possui até mesmo pequenos grupos de comunhão que permanecem como um remanescente fiel à verdade.
O edifício de reunião - templo, a corporação, a designação formal de clérigos não é uma garantia para o cumprimento da missão da Igreja, particularmente da adoração em espírito e em verdade, e a pregação do genuíno evangelho.
Muitas pessoas, ainda que nascidas de novo, podem se reunir não como igreja, mas apenas socialmente.
O compromisso para a comunhão, para a exortação mútua, com vistas à santificação e edificação conjunta não é decorrente de qualquer estrutura corporativa ou institucional, e nem depende disto.
Além de tudo não podemos esquecer que a Igreja tem contra si a oposição das portas do inferno, que prevalecem contra tudo neste mundo, mas que não podem prevalecer contra a verdadeira Igreja de Cristo. Então este é um bom critério para sabermos se uma reunião de crentes é ou não de fato a Igreja de Cristo, porque sobre a Sua Igreja Jesus disse que as artimanhas e todos os poderes de Satanás e de todos os demônios, e pessoas que estão a serviço deles, não podem prevalecer contra a Igreja.
O diabo, ao longo dos séculos tem usado de várias formas de ataques contra a Igreja, quer violentas produzindo mártires, como na Igreja Primitiva por exemplo, quando atua como dragão, quer através de heresias dissimuladas, quer através de mundanismo, ou qualquer outro artifício brando mas destrutivo, quando atua disfarçando-se em anjo de luz, como lobo em pele de ovelha, ou como um falso cordeiro (Apo 13.11).
Impõe-se então a necessidade de a Igreja prevalecer contra os poderes infernais que atuam contra ela.
Isto nos ajuda a definir a natureza de uma verdadeira igreja. Roma por exemplo está flagrantemente vencida por estes poderes, então não é parte da verdadeira Igreja de Cristo. O mesmo pode ser dito de todas as igrejas protestantes que se deixaram vencer por heresias ou pelo mundanismo. Estas foram vomitadas da boca do Senhor. O seu castiçal foi removido, ainda que mantenham a forma estrutural de culto e seus locais de reuniões.
A igreja verdadeira é aquela que está edificada sobre a Rocha que é Cristo, numa união espiritual, e não nominal, com Ele.
Ele mesmo ensinou que este firme fundamento consiste na prática efetiva da Sua Palavra. Então podemos concluir que se pessoas se reúnem ainda que debaixo do nome de cristãos ou de Cristo, mas se a prática da Palavra foi abandonada, não somente no culto, mas na forma de vida diária de todos os seus membros, então esta não é uma Igreja de Cristo. Ela pode até mesmo ser formada por pessoas que nasceram de novo do Espírito, mas pela condição delas de terem sido vencidas pelo pecado, faz com que quando se reúnem, não sejam a Igreja de Cristo.
Desde o início do cristianismo Satanás tem logrado desviar muitas congregações e até mesmo denominações, da verdade evangélica, pela introdução dissimulada de heresias destruidoras. Ele tem conseguido portanto acabar com congregações, mas não com a Igreja, porque Deus sempre terá um povo fiel que sustente o testemunho da verdade.
A manutenção da Igreja depende, portanto, da santificação dos seus membros na verdade e na resistência às oposições que eles sofrem da parte de Satanás, que sempre procurará desviá-los da sua firmeza em Cristo e na Sua Palavra.
Impõe-se, portanto, como Igreja, defender antes de tudo a verdade, e não propriamente a estrutura congregacional ou denominacional, porque uma vez perdida a primeira (a verdade) será em vão manter a estrutura organizacional, seja da congregação local, seja da denominação à qual ela pertence.
É basicamente contra a edificação da Igreja em Cristo (o fundamento, a rocha) que o inferno está em oposição. Portanto, o edifício espiritual deixa de existir sempre que as pedras vivas não estão unidas sobrenaturalmente pela fé no mesmo e único fundamento que é Cristo e Sua vontade. As pessoas poderão continuar a se reunirem regularmente, mas se estiverem fora do fundamento, não se pode dizer delas que sejam a Igreja de Cristo.
Se a Igreja é o corpo de Cristo, importa que Ele atue efetivamente como a cabeça deste corpo, da qual devem emanar todas as funções vitais do corpo.
Se não é Cristo que rege pelo Seu Espírito, a vida e as ações das pessoas reunidas, ainda que o façam em nome dEle, não se pode dizer que esta reunião seja a Sua Igreja.
Enquanto algumas poucas pessoas se deixam conduzir pela carne ou pelo diabo, para causarem divisões na Igreja, mas se a liderança permanece firme e mantém a disciplina, como se deu em relação à Igreja de Corinto, nos dias de Paulo, então não há o perigo de remoção do castiçal. Mas se todos vêm a apostatar da verdade, pela formação de diversos partidos, então já não há como se impedir a remoção do castiçal pelo Senhor, e já não haverá mais aquela igreja local, por ter perdido a função de irradiar a luz de Cristo.
Clemente de Roma, um dos chamados pais da Igreja, afirmou que alguns crentes movidos pelo orgulho tentaram depor os seus presbíteros, mas estes conseguiram manter a boa ordem na igreja.
Evidentemente a mão de Satanás estava por detrás de tudo isso porque, como vimos, o grande alvo dele é tentar fazer com que as portas do inferno prevaleçam contra a Igreja, pela tentativa de arrancá-la do fundamento que é Cristo.
John Owen havia afirmado antes de Wesley que a forma que a igreja cristã passou a ter depois de Constantino foi o resultado da operação do mistério da iniquidade referido por Paulo em II Tes 2.7. E é este mistério da iniquidade que opera com o objetivo final de conduzir o Anticristo ao poder. Então este espírito anticristo tem por fim se opor a tudo o que se refira à ação do Senhor através da Igreja. Não é portanto difícil concluir que a forma de governo da Igreja a partir de Constantino nada tem a ver com Cristo, mas com o Anticristo.
Daí que nem sempre se pode pensar que é uma igreja verdadeira aquela que se apresenta como tal, por ter uma forma e estrutura assemelhada ao modelo oficial, estatal implantado por Constantino, sem se levar em conta a necessidade do poder e direção do Espírito Santo.
A ordem de uma igreja verdadeira deve seguir a que foi instituída pelos apóstolos, e estar debaixo da autoridade do Senhor quanto ao seu governo, e não propriamente a que é criada pela instituição de homens em períodos posteriores. Nenhum valor terá qualquer ordem institucional que não possua a vida interior, nobre e espiritual da adoração ao Senhor.
Assim, à luz destas considerações, não podemos considerar que haja cisma, isto é, espírito de divisão, entre aqueles que se reúnem para adorar a Cristo em espírito e em verdade, que sejam egressos de uma congregação cujo castiçal foi removido pelo Senhor. Mas serão culpados deste grave pecado todos aqueles que agem em oposição para criar divisões numa Igreja que tem servido fielmente a Deus, por estar fundamentada em Cristo e em Sua Palavra. E os tais devem ser disciplinados como aqueles que atuam contra a unidade do corpo de Cristo, seja em qual congregação local for.
Sempre que a Igreja procura trazer seus membros debaixo da obediência do evangelho de Cristo, sempre se encontrarão no pecado de divisão, todos aqueles que agirem contra a ordem dos trabalhos da congregação.
No entanto, a separação de alguém que deseja servir fielmente a Deus, de uma Igreja que não ande na verdade, não somente não é o pecado de divisão, como também é ordenada pela própria Bíblia.
O terrível pecado de cisma ou divisão é praticado sobretudo contra os oficiais da Igreja, e particularmente contra o pastor, porque é a eles que Cristo tem dado a incumbência de governarem o Seu povo, e daí se ordenar na Palavra que as ovelhas estejam sujeitas aos que as presidem no Senhor.
Mesmo quando estas divisões e oposições não são diretamente contra a liderança, mas entre os membros entre si, elas são um pecado contra os líderes, porque eles se empenham para manter o corpo em unidade, conforme é da vontade do Senhor, para que o poder do Espírito e o vínculo do amor permaneçam na Igreja.
À luz destas considerações nós podemos entender que as sociedades metodistas nos dias de Wesley não figuravam um corpo cismático, que estivesse dividindo a Igreja, porque eles buscavam efetivamente viver dentro dos princípios do evangelho de Cristo, na busca de uma santificação real, comprometida com a causa do Senhor.
De igual maneira, todos os grupos independentes, não filiados a qualquer denominação tradicional, não podem ser tidos na conta de cismáticos, caso sejam norteados por uma ação que esteja em conformidade com os padrões da Palavra a que nos temos referido. E não estarão promovendo divisões caso recepcionem crentes de quaisquer denominações. Ao contrário, estarão contribuindo para que estes sejam confirmados e fundamentados na verdade.
Se um crente frequenta um local de reunião que não seja a sua congregação local, mas no qual o nome de Cristo é efetivamente honrado e santificado, ele não peca, ao contrário, ele contribui para a edificação do corpo do Senhor em sua unidade espiritual em amor. Se os fundamentos são mantidos e pregados, então temos uma verdadeira igreja de Cristo, independente do número de membros ou de sua forma organizacional. Mas se estes fundamentos são negados e abandonados então não há nenhuma igreja verdadeira, por maior que seja a sua organização ou número de membros.
Há dezenas de denominações evangélicas no mundo, e se um crente fiel, que seja membro de alguma destas denominações não participa dos serviços de culto das demais, ele não pode ser considerado cismático em relação a elas, porque não pertencem a nenhuma delas. De igual modo, não pode ser chamado de cismático por uma determinada igreja local, quem não pertença ao seu rol de membros.
Do mesmo modo que não se pode excluir da comunhão de uma igreja local, a qualquer pessoa que nunca foi incluída no seu rol de membros, da mesma maneira não se pode acusar uma tal pessoa de estar produzindo divisão (cisma) no corpo local, pelo motivo de não pertencer a ele.
Agora, todo membro de uma igreja local que esteja buscando andar na verdade, pela edificação de seus membros no fundamento que é Cristo, deve ter todo o cuidado para não dar lugar a diferenças e divisões entre eles, de maneira que não seja achado culpado do pecado de dividir o corpo do Senhor.
Como a Igreja é a casa de Deus e coluna e esteio da verdade (I Tim 3.15), ela está incumbida pelo Senhor Jesus a sustentar o testemunho da verdade no poder do Espírito Santo. Desta forma, o Espírito jamais ficará refém de corporações desviadas da verdade, como tem sido comprovado ao longo da história da Igreja, e sustentará o testemunho através daqueles que Ele mesmo chama para pregar ("como pregarão se não forem enviados"). E estes, não serão achados muitas vezes, dentro das chamadas igrejas institucionais, como foi o caso na Idade Média, quando Deus operou através de Pedro Valdo na Itália; de John Wiclif na Inglaterra, e John Huss na Boêmia, por exemplo.
Pregar o evangelho em todo o mundo sempre foi e sempre será a grande comissão que o Senhor deu à Igreja. E não a pregação de um outro evangelho, mas a do verdadeiro evangelho. Isto impõe e define portanto, em consequência, qual é a missão da verdadeira Igreja: sustentar o testemunho da verdade no poder do Espírito Santo, porque importa que a verdade seja testemunhada por Ele através de canais humanos santificados pela verdade da Palavra e pelo próprio Espírito Santo.
Então, tudo o que fugir a esta regra não pode ser chamado de verdadeira Igreja de Cristo, ainda que tenha dado bom testemunho no passado.
É daí que entendemos a Palavra de advertência dada por Jesus às igrejas locais, quanto à ameaça de remover o seu castiçal na falta de arrependimento, quando elas apostatam da verdade.
Ele faz isto porque não pode continuar se manifestando entre aqueles que viraram as suas costas para a prática da Palavra de Deus; porque quando isto acontece já não existe mais nenhuma verdadeira Igreja, caso não venham a se arrepender no prazo que lhes é dado pelo Senhor para tal.
Nós estamos vendo o quanto é complexa a definição, na prática, de quem seja de fato uma igreja verdadeira, porque se há esta incumbência de se pregar a verdade, consequentemente impõe-se o conhecimento e a prática desta verdade, especialmente por aqueles que lideram as igrejas locais. Quando isto não acontece, por falta de preparo deles, não propriamente nas chamadas instituições regulares de ensino teológico (seminários), mas por obediência à chamada deles, por aprenderem com aqueles que forem levantados pelo Espírito para formá-los direta ou indiretamente (por presença pessoal ou através de livros ou qualquer outro meio indireto de obterem formação no conhecimento da verdade).
Quando não há conhecimento da verdade, que testemunho verdadeiro se pode dar a respeito dela? Como pode se chamar de Igreja aqueles que estão debaixo de uma liderança que lhes conduz à prática do erro, em vez da verdade? Quando os que ensinam não são modelos de santidade para os seus discípulos?
Então este assunto não pode ser considerado de modo sentimental, mas da única maneira que convém ser considerado, que é pelo empenho verdadeiro em conhecer e praticar a verdade, conforme está revelada na Bíblia, quanto ao ministério da Nova Aliança, que deve ser exercido pela Igreja de Cristo neste período da dispensação da graça, o qual é ministério do espírito e não da letra.
Se a missão principal da Igreja é a de edificação do corpo de fiéis na verdade, como esta edificação poderá acontecer se falta este conhecimento da verdade?
"Quando vier, porém, aquele Espírito da verdade, ele vos guiará a toda a verdade; porque não falará por si mesmo, mas dirá o que tiver ouvido, e vos anunciará as coisas vindouras." (Jo 16.13).
"Santifica-os na verdade, a tua palavra é a verdade." (Jo 17.17).
"E é quem viu isso que dá testemunho, e o seu testemunho é verdadeiro; e sabe que diz a verdade, para que também vós creiais." (Jo 19.35).
"aos quais nem ainda por uma hora cedemos em sujeição, para que a verdade do evangelho permanecesse entre vós." (Gál 2.5).
"antes, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo," (Ef 4.15).
"Mas nós devemos sempre dar graças a Deus por vós, irmãos, amados do Senhor, porque Deus vos escolheu desde o princípio para a santificação do espírito e a fé na verdade," (II Tes 2.13).
"Procura apresentar-te diante de Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade." (II Tim 2.15).
"que se desviaram da verdade, dizendo que a ressurreição é já passada, e as sim pervertem a fé a alguns." (II Tim 2.18).
"e não só desviarão os ouvidos da verdade, mas se voltarão às fábulas." (II Tim 4.4).
"não dando ouvidos a fábulas judaicas, nem a mandamentos de homens que se desviam da verdade." (Tito 1.14).
"Já que tendes purificado as vossas almas na obediência à verdade, que leva ao amor fraternal não fingido, de coração amai-vos ardentemente uns aos outros," (I Pe 1.22).
"E o Espírito é o que dá testemunho, porque o Espírito é a verdade." (I Jo 5.7).
"Não tenho maior alegria do que esta: a de ouvir que os meus filhos andam na verdade." (III Jo 4).
Considerando que a unidade que deve existir entre os crentes e entre as igrejas locais é de natureza espiritual, e antes de tudo é unidade de fé na verdade, é de se esperar, como sempre ocorre, que aqueles que estejam de fato vivendo na verdade não podem estar divididos entre si, ao contrário, eles se sentirão participantes do mesmo corpo, compartilhando a mesma fé, e vivendo num só espírito.
Então não há nenhum problema, antes uma solução, que crentes se associem como igreja local, debaixo de uma liderança constituída pelo Espírito Santo sobre eles, ainda que fora das chamadas denominações tradicionais.
Assim, os insubordinados a que Paulo se refere em I Tes 5.14, os quais devem ser admoestados, não configuram pessoas que estejam recusando se submeterem aos mandamentos de homens, mas que estão se insurgindo à ordem prescrita por Cristo para a Sua Igreja. Estes são aqueles que se recusam obedecer a sã doutrina, e que em permanecendo nesta posição, devem ser excluídos da comunhão.
"Mas, se alguém não obedecer à nossa palavra por esta carta, notai-o e não tenhais relações com ele, para que se envergonhe;" (II Tes 3.14).
"Rogo-vos, irmãos, que noteis os que promovem dissensões e escândalos contra a doutrina que aprendestes; desviai-vos deles." (Rom 16.17).
Estas medidas são necessárias para que a Igreja continue na verdade, e assim permaneça verdadeiramente como Igreja do Senhor.
Estão debaixo desta regra de disciplina todos aqueles que forem membros da Igreja e que andam segundo a carne, dando mau testemunho público, por um viver impuro e sensual, segundo o mundo.
Como poderão viver em comunhão com tais pessoas os crentes que são chamados por Deus a viverem em pureza e santidade?
Se estas pessoas não fazem parte do rol de membros, não há nenhuma disciplina a ser aplicada a elas, porque não fazem parte do corpo visível de Cristo.
Elas estão na Igreja mas não são da Igreja, e portanto, não serão um impedimento para o avanço do reino, e nem colocam a Igreja em risco de ter o seu castiçal removido pelo Senhor, por causa dos pecados do joio que porventura exista entre os santos.
Nem sequer se deve pensar em confrontação ou exclusão, nestes casos, porque não se pode excluir a quem nunca foi incluído. Por isso os pastores devem ter muito cuidado ao incluírem alguém no rol de membros, para não correrem o risco de admitirem na membresia de suas igrejas pessoas que não nasceram de novo do Espírito.
Apesar de os sete mil fiéis dos dias de Elias configurarem, por assim dizer, a igreja antiga contemporânea ao profeta, no entanto, eles não podiam se reunir visivelmente, apesar de estarem espalhados por todo o território de Israel e serem conhecidos de Deus.
Hoje, salvo por situações excepcionais, se impõe que os crentes se reúnam para a adoração e para se edificarem mutuamente na fé, porque Cristo estabeleceu a convivência fraterna na Igreja como a base das operações do Espírito Santo, para se dar testemunho ao mundo, e para que Deus seja glorificado pela manifestação aos principados e potestades nas regiões celestes, da dispensação do mistério que esteve oculto desde os séculos em Deus, das riquezas insondáveis de Cristo (Ef 3.8-11). Este é o principal propósito da Igreja e do evangelho, e não propriamente o bem estar das pessoas. É a glória de Cristo que deve ser manifestada não somente aos homens, mas aos principados e potestades, através da Igreja.
E como poderia ser garantida a realização de tal propósito divino através da Igreja, sem unidade e santidade?
Por isso se afirma em Ef 5.25-27 que: "Cristo amou a igreja, e a si mesmo se entregou por ela, 26 a fim de a santificar, tendo-a purificado com a lavagem da água, pela palavra, 27 para apresentá-la a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem qualquer coisa semelhante, mas santa e irrepreensível." (Ef 5.25-27).
Isto é muito mais do que cuidar das pessoas necessitadas, de dar alimento e vestes aos pobres e tudo o mais que poderia ser feito sem que houvesse santidade de vida.
Efésios 5.25-27 define de modo muito claro que os crentes devem se submeter ao trabalho de purificação operado pelo Espírito Santo, mediante aplicação da Palavra de Deus, para que possam ser considerados Igreja de Cristo.
É de suma importância aprender e viver estas coisas, porque o Senhor tem determinado operar através da Igreja, e não propriamente da ação individual e isolada de determinadas pessoas.
É a unidade dos membros que define o corpo, e o corpo deve ter cabeça. E é devido a esta necessidade de união cooperativa entre os membros que é usada a metáfora do corpo em comparação à Igreja. É neste corpo que a cabeça está ligada e expede as Suas ordens.
Agora, a unidade deste corpo não é natural, não é física. É sobrenatural e espiritual. É unidade de fé e de amor.
À luz destas considerações nós podemos deduzir que na maioria das vezes são exatamente aqueles que mais protestam a favor da unidade da membresia em suas igrejas locais, que costumam ser aqueles que mais atuam contra a unidade da Igreja de Cristo, porque a visão deles da unidade da Igreja é apenas local, e impedem qualquer tipo de associação de suas ovelhas com outras igrejas verdadeiras de Cristo, pelo temor de que venham a perder alguma destas ovelhas para outras congregações. Este sentimento é sectário. É contra a unidade dos crentes. Não pode ser, de modo algum, aprovado por Cristo.
É fato patente que um pastor de uma igreja local, não tem qualquer autoridade pastoral sobre outra igreja, mas isto não significa que não deva se empenhar em ação cooperativa com os líderes das demais igrejas, respeitando-se eles, mutuamente.
A igreja de Cristo é universal mas não no sentido de que todos os seus membros devem estar debaixo de um mesmo poder central humano, e nem algo que deve ter uma forma específica para que possa ser chamada universal. Mas é uma coleção de todas as igrejas locais de Cristo existentes no mundo, que atendam às características que estamos comentando até este ponto.
Assim, não podemos reconhecer que Cristo tenha designado papas, ou quaisquer prelados com poderes hierárquicos sobre mais de uma igreja local. Veja o caso dos próprios apóstolos que promoviam a eleição de pastores (presbíteros, bispos) para assumirem a liderança de cada igreja local. Eles próprios, a saber, os apóstolos, não exerciam domínio sobre eles, nem mesmo sobre o rebanho. A soberania de cada igreja local era respeitada.
O pastor de cada igreja local é o responsável pelo seu rebanho, e responde diretamente perante Cristo sobre o modo como lhe tem conduzido.
Toda estrutura de governo que torna os pastores das igrejas locais, empregados, serviçais, de pessoas ou organizações que se colocam sobre eles, não é o modo de governo que Jesus e os apóstolos estabeleceram para a Igreja.
É possível portanto, que haja mesmo no meio protestante, igrejas afiliadas debaixo da autoridade central de uma liderança, típica à de um papa. Quando isto acontece, a igreja local perde a independência que Cristo previu para ela. É por isso que não vemos o apóstolo Paulo ordenando que a igreja de Filipos seguisse o modo de adoração de Tessalônica, ou que esta se submetesse aos anciãos de Éfeso, e vice-versa, porque as respeitava como igrejas locais independentes, cada uma com os seus respectivos oficiais. É por isso que nós lhe vemos se dirigindo às igrejas da maneira como pode ser observada na sua saudação inicial na epístola que dirigiu aos filipenses:
"Paulo e Timóteo, servos de Cristo Jesus, a todos os santos em Cristo Jesus que estão em Filipos, com os bispos e diáconos:" (Fp 1.1).
Nós vemos aqui claramente que ele se dirigiu à Igreja de Filipos, e que a Igreja não eram os seus oficiais e clérigos, mas "todos os santos em Cristo Jesus que estão em Filipos", e então ele faz referência ao fato de que eles estavam com os seus pastores (bispos) e diáconos.
A igreja não é o edifício (templo), não é o corpo de oficiais, mas todos os santos, inclusive seus oficiais.
A autoridade dos pastores provém diretamente do próprio Cristo e é reconhecida pela membresia das suas respectivas igrejas, e não de Sínodos ou Concílios, e nem mesmo pelo reconhecimento destes, senão somente da respectiva igreja local que elegeu o pastor debaixo da direção do Espírito Santo.
Não admira que todos os que são chamados por Cristo para fazerem o trabalho de fundarem igrejas como evangelistas, sejam chamados a viver pela fé, para não se sentirem tentados a fazer da Igreja um negócio secular ou um meio de vida, segundo as suas cobiças relativas ao amor ao dinheiro. Certamente que eles viverão do evangelho por pregarem o evangelho, mas Deus se encarregará de prover as necessidades deles, tal como vem fazendo ao longo da história da Igreja Cristã.
Tudo o que foge a esta regra, tem gerado escândalos e situações constrangedoras que são de conhecimento geral, especialmente quando se formam redes de igrejas debaixo da autoridade de uma corporação ou de uma ou mais pessoas específicas, que têm por alvo enriquecerem às custas do evangelho.
O modelo de independência das igrejas locais que vemos no Novo Testamento é a única cura para este tipo de tentação.
Entretanto, aqueles que são chamados de fato a viverem exclusivamente pela fé, não se deixarão vencer por este tipo de tentação porque o seu coração está empenhado em servir a Cristo desinteressadamente, e não a fazer do evangelho ocasião de ganho pessoal. Este sentimento é oposto à fé e anula a fé.
Assim, quando um obreiro que foi chamado por Deus para fundar igrejas, se entrega ao sonho de formar um patriarcado, ele se expõe automaticamente a este tipo de tentação, e se desviará da missão que lhe foi confiada por Deus.
Com que alegria e disposição espiritual criadas pelo próprio Cristo não sentiriam todos aqueles que fossem chamados por Ele a abrirem frentes de trabalho e para edificarem na verdade as pessoas que o Senhor lhes trouxesse?
Quão alegremente também eles não se empenhariam em lhes instruir quanto a tudo o que devem fazer para viverem como uma igreja verdadeira?
Entretanto, esta alegria será acompanhada de muitas lutas e oposições que trarão muitas dores e tristezas ao obreiro, em meio à sua alegria, porque como vimos no início destas reflexões, o mistério da iniquidade sempre operará para tentar impedir o avanço do trabalho ou até mesmo o seu começo.
Este trabalho é árduo, é uma luta constante contra os poderes das trevas, e assim, nenhum obreiro deve se empenhar no serviço de Cristo com a ideia de que tudo será um mar de flores e que terá somente alegrias no seu trabalho.
Por isso deve se cercar do pensamento que deve estar preparado até mesmo para sofrer ingratidões e decepções, que geralmente são nascidas no inferno com o propósito de paralisar as suas ações. Mas nada disto deve impedi-lo de prosseguir porque lhe é ordenado pelo Seu Senhor que avance sem recuar na fé. As vitórias sobre as provações trazem grande glória a Cristo, e por elas o obreiro poderá provar que o Seu amor pelo Senhor é maior do que a tudo o mais.
É preciso lutar para manter os crentes reunidos num só espírito e em comunhão em amor, porque esta é a vontade de Deus. Um crente poderá continuar sendo um crente, ainda que não congregue em qualquer igreja local, mas se fizer isto, ele enfraquecerá na fé, porque está designado pelo Senhor que a edificação pessoal dos crentes ocorra na comunhão dos santos, especialmente pela necessidade da adoração conjunta, da comunicação dos dons espirituais, da aprendizagem da sã doutrina, para a participação da ceia do Senhor, para a exortação mútua e para a realização de todos os serviços espirituais designados aos santos.
Quanto ao modo de filiação a uma determinada igreja local, o modo geral e normal é o da conversão e associação à congregação em que se converteu. Dizemos que é o modo geral, porque há casos em que a pessoa pode se converter numa igreja e ser chamada a servir o Senhor em outra.
É possível também que com o passar do tempo, alguns destes crentes se sintam chamados a congregarem em outras igrejas locais.
Não podem ser considerados casos de divisão estas partidas de qualquer igreja quando os que saem o fazem sem discussão, discrepância e julgamento e condenação de outros, mas por seguirem as suas consciências quanto a sentirem que já não fazem parte da comunhão espiritual da congregação da qual sentem que devem sair.
É possível também, como já comentamos anteriormente, que estes crentes percebam que suas igrejas já não seguem as ordenanças de Cristo e têm apostatado da verdade, assim, é dever de todo crente fiel abandonar tal tipo de congregação.
Na verdade, todas estas reflexões têm por objetivo nos levar à conclusão que se faz sempre necessário manter a Igreja de Jesus Cristo liberta dos cabrestos dos homens, sejam eles oriundos do poder do Estado, seja da ação particular de qualquer pessoa ou corporação.
Deus age através de instrumentos humanos, mas nunca seria admissível conceber que o próprio Deus viesse a se sujeitar ou mesmo a Sua vontade ao poder humano. Sempre deve ocorrer o oposto em qualquer Igreja verdadeira. Deus é soberano e tudo deve dirigir, quer no que tange às deliberações da liderança quer da membresia de cada igreja local.
A nossa ação ministerial deve ser norteada por estes princípios gerais para que nunca venhamos a ser achados em apuros, ou então para não anularmos uma possível obra que Deus intente realizar através de nós.
Se nos propusermos a servir aos homens e não propriamente a Deus, nunca poderemos ser achados como verdadeiros servos de Cristo.
Serviremos aos homens, colocando-nos debaixo da direção deles, quando observarmos que são chamados pelo Senhor para liderar, e quando eles próprios se colocam debaixo das ordens de Deus.
"servindo de boa vontade como ao Senhor, e não como aos homens." (Ef 6.7).
"sabendo que do Senhor recebereis como recompensa a herança; porque é a Cristo, o Senhor que estais servindo." (Col 3.24).
Finalmente, não podemos esquecer que o modo de se unir a uma congregação de qualquer pessoa que se converta a Cristo, é por consentimento pessoal voluntário, e ninguém deve ser constrangido a se tornar membro de qualquer congregação específica.
O ato de congregar numa igreja é um dever imposto por Cristo, mas isto deve ser feito voluntariamente, tal como é o ato da conversão.
Como o ato de se unir é voluntário, o de deixar algum dia aquela congregação deve ser também voluntário, salvo os casos de exclusão decorrentes da aplicação da disciplina aos crentes impenitentes, depois de passarem por todas as etapas previstas em Mateus 18.
Jesus está voltando e todo crente fiel tem o dever de se santificar para o encontro com ele entre nuvens, e deve se esforçar para alertar os seus demais irmãos em Cristo para esta necessidade.
Ninguém pode ser acusado de estar promovendo divisões nas igrejas por estar pregando a verdade do evangelho.
Se igrejas, assim chamadas, têm mantido os seus membros debaixo de uma sonolência espiritual ou até mesmo desviados dos ensinamentos da verdade, não lhes é dado qualquer poder da parte de Deus para exercerem domínio sobre a consciência dos crentes que estão sendo enganados por estes pastores, que são lobos em peles de ovelhas. E a ninguém que seja levantado para despertar os crentes, e até eles próprios, do sono em que se encontram, poderá ser acusado de estar promovendo divisões na igreja. Muito ao contrário, este dever é imposto por Cristo a todos os seus servos, porque Ele mesmo chama ao arrependimento a todas as igrejas que estejam se afastando da verdade.
Ninguém se sinta, portanto, intimidado ou constrangido a não pregar a verdade, por saber que foi-lhe aberta tal oportunidade pelo Espírito, mas que venha a conhecer que o povo ao qual pregará está dormindo por terem sido privados da pregação do verdadeiro evangelho, especialmente da obra da cruz para a crucificação do velho homem.
Devemos lembrar que os apóstolos receberam a ordem de pregarem primeiro o evangelho aos judeus, nas próprias sinagogas deles, e eles o fizeram apesar de terem sofrido dura perseguição.
Tudo o que Cristo ensinou devemos pregar a todos, e abertamente, em cima dos telhados.
As portas do inferno não podem prevalecer contra a igreja verdadeira que cumpre fielmente a sua missão na terra.
O próprio Espírito Santo nos concederá o que falar, ainda que seja na presença de reis e outros governantes deste mundo.
A verdade deve ser proclamada e vivida para que o nome do Senhor seja glorificado.
Lembremos que o nosso direito e dever de pregar a verdade não se fundamenta em estarmos perfeitos na prática de toda a verdade, mas pelo fato de sermos aceitos por Deus por nos empenharmos na busca da perfeição. Sabemos que nunca a atingiremos enquanto vivermos neste mundo, mas sabemos também que é possível fazer um progresso cada vez maior em santificação, e é isto o que agrada ao coração de Deus.
Nossas próprias igrejas sempre serão achadas com imperfeições, mas o que conta é o fato de não nos rendermos a isto, e nos esforçarmos para manter pura a adoração a Deus. Enquanto o fizermos haverá progresso espiritual e o Senhor honrará o nosso trabalho. Sempre haverá casos para aplicação de disciplina. Sempre haverá necessidade de admoestar os insubmissos. O problema não é portanto, que haja tal realidade, mas o ato de abrir mão da necessidade de exortar e de disciplinar. Enquanto o fizermos o Senhor lutará por nós e nos dará a vitória.
Uma Igreja verdadeira é identificada não por ser completamente pura neste mundo, mas pela sua capacidade de se reformar, de se purificar, pelo empenho da sua membresia e liderança. Quando falta esta capacidade e empenho é porque não há mais nenhuma verdadeira igreja, senão um simples ajuntamento social de um determinado grupo de pessoas.
Lembremos que é possível que alguém esteja se sentindo seguro e tranquilo por pertencer a uma gigantesca estrutura eclesiástica, e ainda assim estar com sua alma em grande perigo espiritual, seja por apostasia da verdade ou até mesmo pela falta de uma genuína conversão. E por outro lado, alguém poderá estar debaixo de grandes lutas tal como estava o apóstolo Paulo em suas atividades missionárias, só que tendo a efetiva direção de Deus em sua ação ministerial. Esta deve ser a nossa confiança e segurança: não que tudo esteja tranquilo e que não sejamos incomodados, mas pelo fato de termos a direção do Espírito em nossas vidas, e é certo que todo servo de Deus que esteja empenhado em consagrar-se inteiramente a Ele e ao Seu serviço, também contará, tal como Paulo, com a direção do Senhor, ainda que em meio de muitas tribulações e aflições, relativas até mesmo, ao trabalho que realizam para Cristo. Mas é esta direção de Deus na vida que faz toda a diferença, e Ele certamente guiará pelo caminho bom e direito, a todos os que buscarem em primeiro lugar o Seu reino e a Sua justiça, e eles jamais serão confundidos, porque o Senhor mesmo lhes conduzirá aos pastos verdejantes e às águas tranquilas, enquanto transitam pelo vale da sombra e da morte deste mundo de trevas, sem temerem mal algum, porque serão mais do que vencedores sobre todas as oposições de Satanás.
Quando o ofício sacerdotal se corrompeu inteiramente nos dias de Eli e de seus filhos, Deus levantou Samuel para ser profeta, juiz e sacerdote.
Como o tabernáculo havia sido removido de Siló, e a arca da aliança permaneceu em Quiriate-Jearim por muitos anos, por causa do juízo do Senhor contra a casa de Eli e o desprezo que os israelitas haviam dado à Sua Palavra, Samuel fundou uma casa de profetas em Ramá para preparar outros homens de Deus que aprendessem a viver de modo piedoso perante Ele, para poderem manter o testemunho da Palavra em Israel.
O ato de profetizar sempre existiu na terra, tendo sido o próprio Abraão, um profeta de Deus bem antes de Moisés, mas até Samuel, não havia um ofício de profeta, que passou a existir em razão de os sacerdotes e levitas não estarem cumprindo mais o dever deles de ensinarem a Palavra do Senhor ao povo e de terem suas vidas como modelos de santidade para eles.
Então, não foi em nenhuma organização regular, como a do sacerdócio, e em nenhum edifício previamente designado como templo, como era o tabernáculo, onde Samuel presidiu a casa de profetas (Naiote, no hebraico), mas em sua própria residência que ficava em Ramá, na tribo de Efraim.
Deus reuniu a ele muitos outros homens piedosos em Ramá, e ele não somente julgou todo Israel por muitos anos, segundo a Palavra do Senhor, como enviou segundo a direção de Deus, vários daqueles homens, previamente preparados por ele, para várias partes de Israel, de maneira que encontramos casas de profetas nos dias de Elias e Eliseu, bem depois de Samuel, funcionando em Betel, Gilgal, Jericó (II Reis 2).
A única honra que estes homens possuíam era a decorrente do reconhecimento da santidade de vida deles, e da autoridade do Senhor sobre eles, porque não carregavam nenhum diploma ou certificado que lhes tivesse sido outorgado pelos homens para estarem autorizados a cumprirem o ministério que haviam recebido diretamente da parte de Deus.
Nenhum deles procurou regalias para si, a começar do próprio Samuel, porque sabiam que haviam sido levantados como modelos para o povo, pelo Senhor, de maneira que Samuel não foi desfrutar das regalias no palácio de Saul, mas permaneceu cumprindo fielmente o seu ministério de preparar homens segundo o coração de Deus em sua residência em Ramá.
Os profetas do Senhor não tentavam se exibir como pavões de uma falsa santidade diante do povo, tal como faziam os sacerdotes, os escribas e fariseus nos dias de Jesus. Eles sabiam que o dever deles não era o de atrair a atenção do povo para si mesmos para serem louvados por eles, mas conduzi-los à obediência ao Senhor e à Sua Palavra. E assim contrariavam a muitos, e despertavam o ódio deles contra si, porque denunciavam os seus pecados.
Certamente Gade, Natã, e muitos outros profetas citados na Bíblia eram oriundos destas casas de profetas que passaram a existir em Israel desde os dias de Samuel, e que não contavam com nenhum apoio de qualquer organização do governo de Israel, apesar de terem este direito garantido pelo Senhor, porque afinal Israel era uma nação teocrática.
A Igreja é uma nação teocrática. É uma nação de Deus no meio de todas as demais nações do mundo. Apesar de estar sujeita às leis dos homens por obediência ao próprio Deus que lhe tem imposto tal dever, no entanto, deve ter uma maior consideração pelos mandamentos do Senhor, pelos quais devem os crentes regerem as suas vidas.
As igrejas são para este mundo uma extensão do que eram as casas de profetas para a nação de Israel. Elas existem para tornar a Palavra e a vontade do Senhor conhecida dos homens, e para que eles venham a se submeter a Ele. E por isso, tal como no passado, o Senhor chama dentro da própria Igreja pessoas para serem modelos para o rebanho, na piedade e na prática da Sua Palavra, para serem tal como foram os profetas no passado em relação a Israel.
Quando Jesus levantou os apóstolos para ensinarem a outros como eles deveriam andar na Igreja, que é a casa de Deus, eles se dedicaram especialmente a preparem outros homens piedosos e fiéis a manterem a chama da santidade devida ao Senhor acesa na terra.
Paulo dedicou a sua vida a este propósito, reconhecendo que as várias pessoas que o Senhor havia enviado a ele, para se juntarem ao seu ministério, não lhes haviam sido dadas propriamente a ele para os seus próprios interesses, mas para prepará-las e enviá-las a pregar o evangelho.
Lucas, Timóteo, Tito, Epafrodito e muitos outros lhe haviam sido dados pelo Senhor para que os preparasse para a Sua obra. E ele sabia que eles deveriam ser preparados de tal maneira que estivessem também em condições de prepararem a outros homens fiéis e idôneos para o mesmo propósito.
Não como quem prepara um profissional para o exercício numa empresa secular, mas forjando antes de tudo a piedade nas suas vidas, pelo seu próprio exemplo pessoal de vida santa.
Estes líderes se humilharam perante o Senhor e exaltaram somente o Seu nome, e não se gloriaram em nada além da própria cruz de Cristo, e assim não erraram o alvo quanto ao seu próprio preparo pessoal e daqueles que lhes haviam sido confiados pelo Senhor.
De igual maneira, Deus continua reunindo pessoas para serem preparadas e para que possam também prepararem a outros para sustentarem o testemunho do evangelho aonde quer que Ele os envie.
Os pastores puritanos pagaram um alto preço para serem estes Samuéis de Deus na terra. Pelo ato de conformidade de 1662, cerca de dois mil pastores foram expulsos de suas igrejas porque se recusavam a obedecer as regras que o poder estatal impunha sobre eles quanto ao modo como os cultos deviam ser conduzidos, e que era contrária à maneira estabelecida na Palavra de Deus.
Eles perderam seus salários, mas não abandonaram a piedade deles e não deixaram de pregar o verdadeiro evangelho, assim o Senhor era com eles e fez com que os nomes deles sejam honrados até hoje por todos aqueles que amam de fato a verdade, mas jogou no esquecimento os nomes dos seus inimigos.
Outros seguiram o exemplo deles como os primeiros metodistas, e muitos outros continuarão seguindo até que Cristo volte, porque Deus não se deixa vencer pelo poder e aparência de qualquer organização e sempre levantará homens fiéis para que mantenha o Seu testemunho na terra. Ele demonstrou isto claramente quando permitiu que o tabernáculo e os templos que Ele próprio havia mandado construir em Jerusalém fossem destruídos por causa do pecado do Seu povo.
Ovelha Fora do Aprisco
“Heb 10:25 Não deixemos de congregar-nos, como é costume de alguns; antes, façamos admoestações e tanto mais quanto vedes que o Dia se aproxima.”
Quando alguém se converte a Cristo, o Espírito Santo move o seu coração e o direciona a um determinado grupo de irmãos na fé, para que, por pelo menos uma vez por semana, se reúnam regularmente para o culto de adoração a Deus, e para que possa cumprir as ordenanças de Cristo relativas, especialmente, ao batismo, à santa ceia, à oração, ao estudo da Palavra, à ministração dos dons espirituais, à evangelização, e a prática do amor e das boas obras.
Desde os dias da Igreja Primitiva, isto é feito sobretudo aos domingos.
O autor de Hebreus, cuja epístola foi escrita quando a Igreja contava com apenas cerca de 30 anos de existência, registra o mau costume de alguns cristãos que não congregavam com regularidade, e que, portanto, o faziam, com prejuízo da sua fé e crescimento espiritual.
Se o ato de se reunir é uma bênção e uma alegria para os que congregam, a falta às reuniões da igreja, se não for um motivo de tristeza para os que assim procedem, com certeza é para o Espírito Santo de Deus, cujo mover e direção estão sendo negligenciados com o referido procedimento.
Especialmente quando a razão de tais ausências é devida por se escolher e priorizar outras atividades paralelas aos horários de culto, como entretenimentos os mais diversos, ou execução de atividades profissionais que poderiam ser dispensadas em tais dias ou horários; ou ainda por preguiça e descuido com os deveres espirituais ordenados por Deus, dentre tantos outros motivos.
Que possamos despertar do nosso sono, ou de um mau hábito ou ideia incorreta quanto a se pensar que não é necessária a comunhão com nossos irmãos em Cristo, e sigamos o exemplo dos cristãos dos primeiros dias do Evangelho, como vemos no livro de Atos.
“Atos 2:46 Diariamente perseveravam unânimes no templo, partiam pão de casa em casa e tomavam as suas refeições com alegria e singeleza de coração,”
Nem Toda Separação de Igrejas é Cisma (divisão)
Tradução e adaptação de Citações do Tratado de John Owen sobre cisma feitas pelo Pr Silvio Dutra, com comentários e notas inseridos pelo tradutor.
(Não são poucos os casos presentes em que vários cristãos genuínos, nascidos de novo do Espírito, se encontrem em perplexidade e dor quanto à dificuldade que têm experimentado quanto a encontrarem uma igreja que se empenhe em preservar o culto de adoração a Deus conforme ele se encontra instituído nas Escrituras.
E à medida que avança no tempo a apostasia dos princípios bíblicos a tendência desse quadro é a de ser cada vez mais agravado.
Seria então importante, pelo menos, para alívio de nossas consciências, conhecer as condições em que não somos considerados culpados de divisão do corpo de Cristo, segundo Deus e a Bíblia, quando deixamos uma Igreja que não quer e que não pode ser trazida àquela forma que foi instituída por Jesus e seus apóstolos.
Assim, tomamos algumas citações do tratado que John Owen escreveu sobre o assunto, no intuito de acharmos respostas adequadas para esta importante questão.
OBS.: 1 - A palavra cisma, usada no texto está restringida ao significado de divisão, separação, pela ação deliberada de cristãos que agem contra a unidade de uma igreja verdadeira e fiel. É uma transliteração da palavra usada no original grego, schisma, como em I Cor 11.18: “Porque, antes de tudo, estou informado haver divisões (schisma) entre vós quando vos reunis na igreja; e eu, em parte, o creio.”, e em I Cor 12.25: “para que não haja divisão (schisma) no corpo; pelo contrário, cooperem os membros, com igual cuidado, em favor uns dos outros.”
2 - Em razão de serem abundantes as citações que faremos dos textos de Owen, estamos dispensando o uso de aspas para marcá-las, e todas as notas do tradutor se encontram entre parêntesis. – nota do tradutor.)
O término das diferenças entre cristãos é como abrir os selos citados no livro de Apocalipse; não há ninguém capaz ou digno de fazê-lo no céu ou na terra, mas somente o Cordeiro; quando usará a grandeza do seu poder para isto, e então será realizado, e não antes.
Nesse meio tempo, buscar uma reconciliação entre todos os verdadeiros cristãos é nosso dever... Quando os homens estiverem trabalhado tanto no melhoramento do princípio da tolerância, tanto quanto têm feito para subjugar outros homens de opiniões diferentes das suas, a religião de Cristo terá um outro aspecto no mundo.
(Pode parecer um paradoxo afirmar que não se verá neste mundo o término das diferenças entre os cristãos, mas que é nosso dever buscar a união entre todos os cristãos. Todavia não se trata de um paradoxo, porque aqui se expõe o mesmo princípio do dever da perfeição que nos é imposto por Cristo, e que nunca alcançaremos de modo absoluto neste mundo. O Espírito Santo que habita nos cristãos é quem os leva a buscarem esta perfeição em santificação, e é também quem faz com que amem a todos os demais que também nasceram de novo pelo mesmo Espírito.
Portanto, nosso Senhor orou pela unidade de todos os cristãos como vemos no 17º capítulo de João, e o apóstolo Paulo enfoca repetidamente que somos muitos membros de um só corpo, e que é o amor de Deus em nossos corações o vínculo, o cimento, que nos mantém unidos em espírito.
Nosso Senhor afirma ser o Pastor de um só rebanho, e que ele deve ser e será um único rebanho, e daí decorre o nosso dever de estarmos abertos para a unidade com todos aqueles que se encontram debaixo do senhorio de Cristo, não apenas em palavra, mas de fato e em verdade, por não viver na prática do pecado e por buscar preservar a comunhão na fé, no Espírito e na doutrina.
Unidade pressupõe concordância, de modo que onde não houver acordo na doutrina, ou falta de submissão à influência, direção e instrução do Espírito Santo, e a fé que é sobretudo confiança absoluta em Cristo e nas suas promessas e advertências, como poderá ser promovida a unidade pela qual ele orou? – nota do tradutor).
A natureza do cisma deve ser determinada apenas a partir das Escrituras.
O cisma é um transtorno na adoração de Deus instituída nas Escrituras. A sua descoberta e descrição é feita a partir das Escrituras, e é somente nelas que o cisma deve ser estimado, porque há outras coisas que são da mesma natureza e assim chamadas, mas que não são cisma se não têm nas Escrituras nem o nome e nem a sua natureza atribuídos por elas.
(Nota: nenhuma instituição religiosa da cristandade pode atribuir a si a primazia de unidade pelo critério da tradição ou antiguidade da sua organização, e nem considerar todas as demais instituições ou congregações cristãs que não estejam a elas associadas, como sendo cismáticas. Divisões (cisma) reais contra a unidade do corpo de Cristo estão exemplificadas na Bíblia, no comportamento de alguns membros da Igreja de Corinto, e ali se dá testemunho sobre qual era o caráter da referida divisão – nota do tradutor).
As diferentes opiniões sobre os assuntos da Igreja, levaram os cristãos coríntios à confusão das disputas e formação de partidos, e Paulo lhes disse que não convinha que fosse assim, a saber, que houvesse divisões entre eles, que consistiam em tais diferenças, “mas que estivessem unidos na mesma mente e que tivessem o mesmo parecer”. Eles não deveriam apenas estar unidos na mesma ordem e companheirismo na mesma igreja, mas também deveriam ter unidade de mente e de julgamento; porque se não procedessem desse modo, embora continuassem juntos em sua igreja, ainda haveria cismas entre eles.
Este era o estado daquela igreja, este era o quadro e procedimento de seus membros, esta era a falta e o mal a respeito dos quais o apóstolo os acusou de cisma, e da culpa em razão da mesma.
Os motivos, pelos quais ele os reprovou são fundamentados, no interesse comum em Cristo, I Cor 1.13; na nulidade dos instrumentos (pessoas) usados por Deus na propagação do evangelho que ele pregou, I Cor 1.14; 3.4,5; na ordem na Igreja instituída por Deus, I Cor 12.13.
Assim sendo, como eu disse, a base principal de tudo que é ensinado na Escritura sobre cisma, temos aqui, ou quase tudo para aprender o que ela é, e em que ele consiste. Quanto às definições arbitrárias dos homens, com suas invenções e inferências sobre isto, não estamos preocupados.
Para mim não há outra reforma de qualquer igreja, nem qualquer coisa numa igreja, que não seja restituí-la à sua primitiva instituição e à ordem a ela determinada por Jesus Cristo. Se alguém pleitear qualquer outra reforma das Igrejas, deverá ser censurado. E quando qualquer sociedade ou agremiação de homens não for capaz de fazer tal restituição e renovação, suponho que não provocarei nenhuma pessoa sábia e sóbria, se declarar que não posso considerar essa sociedade como uma igreja de Cristo. Uma igreja que não consegue reformar-se daquela maneira, não é uma igreja de Cristo, e por isso aconselho aqueles que nela estão e que têm direito aos privilégios obtidos por Cristo para eles, quanto às ministrações do evangelho, a tomarem alguma outra medida pacífica para se tornarem participantes desses privilégios.
Alguns estão dispostos a pensar que todos os que não se juntam a eles são cismáticos, e que o são porque não os acompanham; e outra razão não têm, sendo incapazes de oferecer algum sólido fundamento daquilo que eles professam. Não é fácil expressar o que a causa da unidade do povo de Deus sofreu às mãos destes tipos de homens.
Enquanto eu tiver uma consoladora convicção firmada numa base infalível, de que estou unido à cabeça e de que, pela fé, sou um membro do corpo místico de Cristo, enquanto eu fizer profissão de todas as necessárias verdades salvadoras do evangelho; enquanto eu não perturbar a paz da igreja particular da qual, com meu consentimento pessoal, sou membro, nem levantar diferenças sem causa, nem nelas permanecer, com aqueles ou com alguns daqueles com quem ando na comunhão e ordem do evangelho, enquanto eu me esforçar para exercer a fé para com o Senhor Jesus Cristo e o amor para com todos os santos – eu manterei a unidade que é da determinação de Cristo. E, com base em princípios totalmente alheios ao evangelho, digam os homens o que quiserem ou puderem em contrário, não sou cismático.
Eu trato, como disse, com os que são reformados; e agora suponho que a igreja, da qual se supõe que um homem é membro, não queira ser reformada – neste caso pergunto se se trata de cisma certo número de homens reformar-se, voltando à prática do serviço divino na forma como fora instituída, embora seja uma parte mínima dos pertencentes à jurisdição paroquial, ou se juntarem alguns deles a outros com esse fim e propósito, deixando de viver sob aquela jurisdição? Direi ousadamente que esse cisma é ordenado pelo Espírito Santo – I Tim 6.5; II Tim 3.5; Os 4.15 etc. Terá sido lançado por Cristo sobre mim este jugo, que, para ir ao lado da multidão entre a qual eu vivo, que odeia ser reformada, devo abandonar o meu dever e desprezar os privilégios que Ele adquiriu para mim com o Seu precioso sangue? Será esta uma unidade da instituição de Cristo, que eu deva associar-me para sempre com homens ímpios e profanos no serviço de Deus, para o indescritível detrimento e desvantagem da minha alma? Suponho que não haja nada que seja mais irrazoável do que imaginar de antemão tal coisa.
(John Owen afirma que o caráter da unidade da Igreja é espiritual e daí a ordem apostólica para se manter a unidade da fé pelo vínculo da paz. O conhecimento disto é de suma importância para que saibamos distinguir desvio da verdade de prática diferenciada de ordem de culto, normas ou disciplina nas igrejas que não devem ser motivo para que alguém se separe delas. Mas, como são extrabíblicas ninguém pode afirmar também que a unidade da igreja deve consistir na prática destas coisas referidas, como é comum ocorrer. Por exemplo, nenhum pastor pode pretextar que haja falta de unidade na igreja que dirige porque os cristãos não comparecem às festividades que é hábito da congregação comemorar, ou que seja um ato autoritativo da parte dele. E isto se aplica às formas de adoração pública e a todos os demais serviços prescritos, inventados ou ordenados pelo homem e não constantes das Escrituras. – nota do tradutor)
Negamos que os apóstolos tenham feito ou dado quaisquer regras para as igrejas dos seus dias, ou para uso das igrejas das eras futuras, a fim de indicarem e determinarem modos externos de culto, com a observância das cerimônias, das festas e jejuns estabelecidos, além do que é de divina instituição, liturgias ou formas de oração, ou disciplina a serem exercidas nos tribunais subservientes a um governo eclesiástico nacional. Então, de que utilidade elas são ou podem ser, que benefício ou vantagem pode advir à Igreja por meio delas, qual a autoridade dos magistrados superiores com respeito a elas, não podemos pesquisar ou determinar agora. Só dizemos que nenhuma regra para estes fins jamais foi prescrita pelos apóstolos, pois:
1. Não há a mínima insinuação de que alguma regra desse tipo foi dada por eles nas Escrituras.
2. As primeiras igrejas depois do tempo deles, nada sabiam de qualquer regra dessas dadas por eles; e, portanto, depois que elas começaram a afastar-se da simplicidade em coisas como o culto, a ordem e as normas ou a disciplina, elas se entregaram a uma grande variedade de observâncias externas, ordens e cerimônias, quase todas as igrejas diferindo numa ou noutra coisa umas das outras, nalgumas dessas observâncias, não obstante todas “mantendo a unidade da fé pelo vínculo da paz”. Elas não teriam feito isso, se os apóstolos tivessem prescrito certa regra à qual todas deveriam adaptar-se, especialmente considerando quão escrupulosamente elas aderiam a tudo quanto era relatado como tendo sido feito ou dito por qualquer dos apóstolos, fosse o relato falso ou verdadeiro.
Primeiro, a unidade que nos é recomendada no evangelho é espiritual.
Segundo, para este fundamento da unidade do evangelho entre os cristãos, pelo seu melhoramento e para este, requer–se uma unidade de fé.
Terceiro, há uma unidade de amor.
Quarto, Cristo Senhor, por Sua autoridade como Rei, instituiu ordens para o governo, e ordenanças para o culto (Mat 28.19,20. Ef 4.8-13) para serem observadas em todas as Suas Igrejas.
Essa é a natureza da união. Em seguida surge a questão: como se deve preservar essa união? Aqui ele tem algumas coisas excelentes para dizer.
Ora, para que esta união seja preservada, requer-se que todas aquelas grandes e necessárias verdades do evangelho, sem cujo conhecimento ninguém pode ser salvo por Jesus Cristo, sejam cridas e igualmente sejam externas e visivelmente professadas, naquela variedade de modos pelos quais eles são ou podem ser chamados para isso” - Aqui Owen está contemplando principalmente as doutrinas da graça (eleição, justificação pela graça mediante a fé, regeneração etc) muito mais do que os mandamentos da lei de Moisés, porque uma Igreja deve primar pela graça e verdade reveladas em Cristo mais do que pela Lei que foi dada através de Moisés.
Não haverá união, se não houver acordo sobre as verdades do evangelho. É uma união espiritual, porém é também uma união de fé. Se houver desacordo acerca da fé, não haverá união entre o evangélico e o homem que nega os pontos essenciais da fé evangélica. É impossível.
Por exemplo, um pastor pelagiano que afirme a salvação pelas obras, como pode ter a direção sobre um rebanho que afirme a verdade de que a salvação é pela graça somente mediante a fé, sem as obras? Como pode haver reconciliação neste caso? A separação já está determinada pela própria negação da verdade bíblica.
Não somente é preciso que não haja desacordo aberto, explícito; também é preciso que não haja nenhum desacordo implícito.
Que nada seja opinião, erro ou falsa doutrina, que perverta ou desfaça qualquer das verdades necessárias e salvadoras professadas nos termos acima referidos, seja acrescentado a essa profissão, ou nela incluído, ou deliberadamente professado também.
Não há, em relação à igreja de Corinto, nenhuma menção de qualquer homem em particular, ou qualquer número de homens que se separaram das reuniões de adoração de suas respectivas igrejas, nem discorre o apóstolo sobre qualquer coisa a seu cargo, mas claramente declara que todos os coríntios continuaram na participação da adoração e obrando juntos os serviços da Igreja, sem causar diferenças entre si, como vou mostrar depois. Todas as divisões de uma igreja em relação a outra, ou de outras, em relação a uma qualquer, ou pessoas de qualquer igreja ou igrejas, são coisas de outra natureza, podem ser boas ou más dependendo das circunstâncias, e nem tudo o que há no relato das Escrituras sobre isto não pode ser chamado pelo nome de cisma, e por isso elas não se referem a estas divisões pelo citado nome, como por exemplo as muitas seitas do antigo judaísmo, que eram apóstatas, mas não cismáticos, e nisto podem ser incluídos os próprios samaritanos que adoravam o que eles não conheciam, João 4.22.
(De igrejas em relação a igrejas podemos citar o exemplo da igreja da circuncisão e a da incircuncisão, entregues respectivamente ao cuidado dos apóstolos em Jerusalém, e a Paulo para a igreja dos gentios, e no entanto não se fala e não deve ser falado que a igreja dos gentios era cismática em relação à que havia em Jerusalém. – nota do tradutor).
Para que haja o pecado de cisma, quanto a todos os que estiverem debaixo desta culpa, é necessário:
1. Que sejam membros, ou pertençam a alguma igreja, que é assim instituída e nomeada por Jesus Cristo.
2. Que levantem, entretenham e persistam em diferenças sem causa com outros daquela igreja, para interromper o exercício do amor que deve existir entre eles, em todos os seus frutos, e a perturbação do devido exercício das funções necessárias da igreja, na adoração de Deus.
3. Que essas diferenças sejam ocasionadas por coisas que sejam contrárias à adoração de Deus.
O cisma não é contado como algo contra as pessoas dos demais cristãos ou mesmo dos oficiais da Igreja, mas sempre é um desprezo da autoridade de Jesus Cristo, o grande soberano Senhor e cabeça da Igreja. Quantas vezes ele nos mandou suportarmos uns aos outros, e para nos perdoarmos mutuamente, para que tendo paz entre nós, possamos ser conhecidos como seus discípulos.
(Não podem ser considerados como cismas as eventuais discórdias entre cristãos, porque estas podem e devem ser tratadas pelo exercício da longanimidade e do perdão, conforme somos ordenados pelo Senhor em sua Palavra – nota do tradutor).
A sabedoria pela qual nosso Senhor tem ordenado todas as coisas em sua igreja, com o propósito definido, de prevenir cisma - divisão, não deve ser desprezada. Cristo, que é a sabedoria do Pai, 1 Coríntios 1.24, a pedra sobre a qual estão sete olhos, Zac 3.9, sobre cujos ombros está posto o governo, Isa.9.6,7, tem em sua infinita sabedoria assim ordenado que todas as funções, ordens, dons, e administrações de, e em sua igreja, de tal maneira que o mal não possa ter qualquer lugar. Manifestar isto, é o desígnio do Espírito Santo, Rom 12.3-9; 1 Coríntios 12; Ef 4.8-14. A consideração em particular desta sabedoria de Cristo, adequando os oficiais de sua igreja, em relação aos lugares que ocupam, da autoridade com que são investidos por ele, a forma em que eles são inseridos em sua função, distribuindo os dons de seu Espírito em variedade maravilhosa, em vários tipos de utilidade, e em tal distância e dessemelhança dos membros particulares, conforme a devida e correspondente proporção dando formosura e beleza ao todo, dispondo a ordem de sua adoração, e as ordenanças diversas em especial, para serem expressivas do maior amor e união, direcionando todos eles contra essas divisões sem causa, e para que possam ser usados com este propósito.
A graça e a bondade de Cristo, pelas quais ele tem prometido nos dar um só coração e um só caminho, para nos dar a paz, que o mundo não pode dar, com inúmeras outras promessas de semelhante importância, são desconsiderados portanto, quando há cisma.
Até que ponto o exercício do amor é obstruído por isso, que tem sido declarado. A consideração da natureza, excelência, propriedade, efeitos e a utilidade desta graça do amor em todos os santos em todas as suas formas, a sua designação especial por nosso Senhor e Mestre, para ser o elo de união e perfeição, na forma e ordem instituídas para a celebração graciosa das ordenanças do evangelho, irá adicionar peso a esta agravação, a saber, ao cisma.
O seu constante crescimento (do cisma) para um mal ainda maior, e, em alguns a apostasia de si mesmos, implica seu término normal em contendas, debates, más suspeitas, iras, confusão, distúrbios públicos e privados, também são estabelecidos à sua porta.
(Temos visto até aqui que o cisma é algo que é inerente ao comportamento humano, e como não há em qualquer igreja, o poder implícito para ter domínio sobre a fé dos fiéis, e moldá-los àquela perfeição espiritual que agrada a Deus, e como não há também a necessidade de que as pessoas devam renunciar aos seus respectivos interesses civis para serem membros de uma igreja, então, não se pode determinar pela análise do conjunto de membros se uma igreja é cismática ou não, até mesmo porque sempre haverá o joio em qualquer congregação local. Se aqueles que estão encarregados em dirigir os assuntos da igreja, e os demais membros que se mantêm fiéis à Palavra, mantêm o padrão bíblico das sãs palavras de nosso Senhor Jesus Cristo e dos seus apóstolos, inclusive pelo testemunho de prática de suas próprias vidas, suas igrejas não podem ser chamadas de cismáticas, e muito menos de apóstatas, caso haja nela membros ou pessoas na citada condição, as quais a propósito devem ser submetidas à disciplina prescrita por Cristo, tão logo chegue ao conhecimento público o procedimento de tais pessoas insubordinadas à regra de Cristo.
Os protestantes são acusados pela igreja Romana de cismáticos; os puritanos independentes e não conformistas eram acusados pela Igreja Nacional da Inglaterra – Anglicana, também de cismáticos, e o argumento sempre foi e será este de não estarem simplesmente compondo os seus quadros. E o mesmo critério é usado por denominações cristãs quando há a migração de crentes ou mesmo congregações para outras denominações ou para a forma independente de reunião, conforme era a da maioria dos puritanos dos séculos XVI a XVIII – nota do tradutor).
“Não deixemos de congregar-nos, como é costume de alguns; antes, façamos admoestações e tanto mais quanto vedes que o Dia se aproxima.” (Hebreus 10.25)
A separação e o abandono da comunhão daquela igreja, ou daquelas igrejas, pela parte de homens que tinham se reunido para a adoração de Deus, é a culpa aqui colocada sobre alguns pelo apóstolo. Aos que assim se apartaram é declarado no verso 26: “Porque, se vivermos deliberadamente em pecado, depois de termos recebido o pleno conhecimento da verdade, já não resta sacrifício pelos pecados;”.
Tendo retirado os seus pescoços de debaixo do jugo de Cristo, verso 28, e "recuando para a perdição", verso 39, isto é, eles partiram para o judaísmo. Eu muito me pergunto, se alguém pensaria em chamar essas pessoas de cismáticas, ou se nós assim as julgamos, ou assim falamos em relação a qualquer pessoa, que nestes dias, tenha abandonado nossas igrejas, e que voltaram para o mundo - tais partidas tornam os homens apóstatas e não cismáticos. Deste tipo são mencionados muitos nas Escrituras. Também não são nem um pouco contados como cismáticos, não porque o crime menor é engolido e afogado no maior, mas porque o seu pecado é totalmente de outra natureza.
De alguns, que abandonaram a comunhão da igreja, pelo menos por um tempo, por seu caminhar desordenado e irregular, temos também mencionado. O apóstolo chama, de “rebelde”, ou pessoas “desordenadas”, ou seja, que não seguem em obediência à ordem prescrita por Cristo para suas igrejas, como vemos em 2 Tes 3.6:
“Nós vos ordenamos, irmãos, em nome do Senhor Jesus Cristo, que vos aparteis de todo irmão que ande desordenadamente e não segundo a tradição que de nós recebestes;”.
Dessas pessoas desordenadas temos muitas em nossos dias, em que vivemos, cujo comportamento não classificamos por cisma, mas vaidade, insensatez, desobediência aos preceitos de Cristo em geral.
Os homens também se separam das igrejas de Cristo por conta de sensualidade, quando livremente cedem aos seus desejos e vivem em todos os tipos de prazer carnal por todos os seus dias; Judas 19. “Estes são os que produzem divisões, homens sensuais, que não têm o Espírito." Quem são estes? Aqueles que transformam a graça de Deus em lascívia e que negam o Senhor Deus e nosso Salvador Jesus Cristo.", verso 4. "Que contaminam a sua carne, à maneira de Sodoma e Gomorra - versos 7 e 8. "Estes, porém, quanto a tudo o que não entendem, difamam; e, quanto a tudo o que compreendem por instinto natural, como brutos sem razão, até nessas coisas se corrompem.”, verso 10; estes são os que causam divisões, diz o apóstolo.
Agora, que os homens que praticam estas abominações e outras citadas por Judas em sua epístola, são cismáticos, não é difícil de se julgar.
Mas nenhum desses casos abrangem o caso indagado, de modo que eu digo, que quando uma pessoa se retira da comunhão externa e visível de qualquer igreja ou igrejas, seja ela verdadeira ou não, nas quais o culto, doutrina e disciplina, instituídos por Cristo estão corrompidos entre eles, corrupção com a qual tal pessoa não se atreve a se contaminar, ele não está em cisma, e nem a Escritura assim o define.
O que pode regularmente, por outro lado, ser deduzido das ordens dadas para nos afastarmos daqueles que têm apenas uma forma de piedade, 2 Tim 3.5; também daqueles que andam desordenadamente, 2 Tes 3.6; e ainda de não termos comunhão com homens de princípios corruptos, e vidas perversas, Apo 2.14; a sairmos de uma igreja apóstata, Apo 18.4, para que possamos adorar a Cristo de acordo com a sua mente e designação, que é a força desses mandamentos citados.
Só há cisma, quando a separação quebra o vínculo de união instituído por Cristo.
Agora esta união sendo instituída na igreja, de acordo com as várias acepções desta palavra, é distinta. Portanto, para uma descoberta da natureza disso que é particularmente falado, e também o seu contrário,
devo mostrar,
1. As várias considerações da igreja, onde, e com o que, a união deve ser preservada.
2. O que a união é, e no que consiste de acordo com a mente de Cristo que devemos guardar e observar junto com a igreja.
3. E como esta união é quebrada, e qual é o pecado através do qual isto é feito.
A Igreja de Cristo vive neste mundo de três maneiras.
1. Pelo corpo místico de Cristo, seus escolhidos, redimidos, justificados, santificados e de todo o mundo, comumente chamados de igreja católica militante.
2. Pela universalidade dos homens no mundo inteiro, chamados pela pregação da palavra, visivelmente professando e rendendo obediência ao evangelho; chamados por alguns de igreja católica visível.
3. Por uma igreja particular de algum lugar, onde o culto instituído por Deus em Cristo é celebrado de acordo com a Sua vontade.
Etimologicamente, a palavra igreja, é vertida do grego ekklesia, que significa uma sociedade de homens chamados para fora do mundo; Rom 8.28. A Igreja deve ser distinguida de acordo com a sua resposta e obediência a essa chamada de Deus.
No primeiro sentido, a palavra é usada em Mat 16.28. "Sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela." Esta é a igreja dos eleitos, reconciliados, justificados, santificados, que são edificados em Cristo; e estes somente, e todos estes estão interessados na promessa feita à igreja, não há promessa feita à igreja como tal, em qualquer sentido, mas é particularmente feita nEle, a todo aquele que é verdadeira e propriamente uma parte e membro desta igreja, João 6.40; 10.28,29; 17.20,24.
Aqueles que vão aplicar isso à igreja em qualquer outro sentido, devem saber que cabe a eles cumprir a promessa feita a ela a cada um que for um verdadeiro membro da igreja. Neste senso devem cumprir Ef 5.25-27: “Cristo amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela, para que a santificasse, tendo-a purificado por meio da lavagem de água pela palavra, para a apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, porém santa e sem defeito.”
Ele fala apenas daqueles a quem Cristo amou antecedentemente à sua morte por eles, da qual o seu amor por eles foi a causa, e quem são eles é declarado em João 10.15; 17.17. E para quem, por sua morte, ele operou os efeitos mencionados, lavando, limpando, e santificando, trazendo-os para a condição prometida em Apo 19.8; 21.2; Col 1.18.
Cristo é a cabeça do corpo da igreja, e não é cabeça apenas para governo, para dar-lhe regras e leis , mas como se fosse uma cabeça natural do corpo, que é influenciado por ela, com uma nova vida espiritual.
(Cristo, sendo a cabeça da Igreja, jamais transferiria a autoridade da sua cabeça, para Pedro, Paulo ou para qualquer outro que viesse depois deles, e nem mesmo à Igreja como um todo, porque é fato patente que a cabeça (cérebro) não pode transferir os seus comandos para qualquer outro membro do corpo. E sendo a Igreja o corpo de Cristo, ela deve permanecer para sempre nesta condição, até mesmo na eternidade. – nota do tradutor)
Agora eu passarei à ultima consideração de uma igreja, à acepção mais comum desse nome no Novo Testamento, isto é, de uma determinada igreja instituída. Uma igreja, neste sentido, eu considero ser uma sociedade de homens, chamados pela palavra à obediência da fé em Cristo, e à atuação conjunta do culto de Deus, nas mesmas ordenanças individuais, de acordo com a ordem prescrita de Cristo.
Esta descrição geral exibe sua natureza. Esta era como a da igreja em Jerusalém, que foi perseguida, Atos 8.1. Esta foi a igreja que Saulo assolava, verso 3, a igreja que foi atormentada por Herodes, Atos 12.1 . Assim era a igreja em Antioquia, que se "reunia em um só lugar ", Atos 12.14, onde havia diversos profetas, Atos 13.1. Como a de Jerusalém tinha os anciãos e os irmãos, Atos 15.22. Os apóstolos ou alguns dos seus enviados, estiveram lá presentes. Então, não necessitamos adicionar qualquer outra consideração à igreja da qual estamos falando.
Temos também a igreja de Cesareia, Atos 18.22; Éfeso, Atos 20.14,28; Corinto, 1 Coríntios 1.2; 6.4,11,12; 14.4,5; 2 Coríntios 1.1 e todas as demais que Paulo chama de as igrejas do Gentios, Rom 16.4, em contraste com as dos Judeus, e as chama indistintamente de as igrejas de Deus ou de Cristo, Rom 16.16; 1 Coríntios 7.17; 2 Coríntios 8.18,19,23; 2 Tessalonicenses 1.4, e em diversos outros lugares. Assim, lemos também de muitas igrejas em um país, como na Judeia, Atos 9.1; na Ásia, 1 Coríntios 16.19; na Macedônia, 2 Coríntios 8.1; na Galácia, Gál 1. 2; as sete igrejas da Ásia, Apo 1.11.
Suponho que nesta descrição de uma igreja particular eu tenho não somente o consentimento delas para fazê-lo quanto a todos os tipos de igrejas, como também o seu reconhecimento de que estes eram os únicos tipos de igrejas dos primeiros dias do Cristianismo.
O número de crentes, mesmo em grandes cidades era tão pequeno, que podiam se reunir num mesmo lugar, e estes eram chamados de a igreja da cidade, e o modelo era congregacional e não diocesano.
E é este o estado que uma determinada igreja particular instituída deve pleitear. No decorrer do tempo, com os crentes se multiplicando, aqueles que tinham sido de uma só congregação se reuniram em várias assembleias, por uma distribuição decidida entre eles, para celebrar as mesmas ordenanças, e não houve uma disputa dos anciãos da igreja de onde eram originários, com aqueles aos quais estavam ligados agora numa nova região.
De acordo com o curso do procedimento até agora apresentado, dizemos que a unidade da Igreja neste sentido, não foi rompida ou violada, conforme podemos ver depois de eu ter apresentado como premissa algumas poucas coisas para comprová-lo:
1. Um homem pode ser membro da Igreja Católica de Cristo, estar unido a ela pela habitação do seu Espírito, e participar da vida dele, que em razão de algum obstáculo Providencial, nunca se una a qualquer congregação particular, para a participar das ordenanças, por todos os seus dias.
2. De igual forma, ele pode ser membro da igreja considerada como professante visivelmente, vendo que ele possa fazer tudo que é requerido dele, sem qualquer conjunção a uma determinada igreja visível, mas ainda,
3. Eu entendo, que todo crente está obrigado, como sendo uma parte de seu dever, se unir a alguma daquelas Igrejas de Cristo, para que nela ele possa cumprir a doutrina, e ter comunhão no "partir do pão e nas orações", de acordo com a ordem do evangelho, se ele tem a oportunidade para fazer isto. Pois,
1. Há alguns deveres que nos são impostos, e que não podem ser realizados, senão pela suposição desse dever anteriormente requerido, e ao qual estamos sujeitos, Mat 18.15-17.
2. Há algumas ordenanças de Cristo, designadas para o bem e o benefício daqueles que creem, das quais nunca podem ser feitos participantes se não estiverem unidos a alguma igreja, como por exemplo o exercício da disciplina, e a participação da Ceia do Senhor.
3. O cuidado que Jesus Cristo tem tomado para que todas as coisas sejam bem ordenadas nestas igrejas, dando a condição de cumprimento de qualquer dever de adoração apenas e puramente por sua instituição e operação soberana, mas somente neles e por eles, Apo 2.7.11,29; 3.6,7,12; 1 Coríntios 11.
4 . A reunião e fundação de tais igrejas pelos apóstolos, com o cuidado que tiveram em trazê-las à perfeição, Atos 14.23; Tito 1.5.
5. Instituição de Cristo de oficiais para elas, Ef 4.11; 1 Coríntios 11.28, chamando tal igreja de seu corpo, e atribuindo a cada um o seu dever em tais sociedades.
6. O julgamento e condenação deles pelo Espírito Santo, como pessoas desordenadas, que devem ser evitadas, porque não andam de acordo com as regras e ordem nomeadas nestas igrejas.
Que há um culto instituído por Deus para ser continuado sob o Novo Testamento até a segunda vinda de Cristo, acho que não precisa de muita prova.
Deus tem determinado o modo de ser cultuado, e não vai permitir que a vontade e prudência do homem seja a medida e regra de sua honra e glória.
Cristo tem prometido, que onde dois ou três estiverem reunidos em seu nome, ele vai estar no meio deles, Mat 18.20. Agora é suposto, com alguma esperança de ter ele concedido, que a Escritura é o poder de Deus para a salvação, Rom 1.16, que haja uma eficácia e energia suficientes em si mesma, para a conversão das almas.
Apesar de todo o seu estado a igreja não cessará em qualquer lugar, e ainda a Escritura, pela providência de Deus, estará lá na mão de indivíduos preservados, ainda que sejam dois ou três, convertidos e regenerados.
Eu pergunto se essas pessoas convertidas não podem possivelmente se reunir em nome de Jesus?
Zac 3.10: “Naquele dia, diz o SENHOR dos Exércitos, cada um de vós convidará ao seu próximo para debaixo da vide e para debaixo da figueira.” Esta promessa está atrelada ao dia da manifestação do evangelho no mundo. Não seria de se supor que haveria tanto espaço para muitos se reunirem debaixo da figueira. Não é certo?
Em circunstâncias extremas, excepcionais onde não seja possível preservar a Igreja senão por se reunir em tão pequeno grupo, está aqui declarado por Cristo, que ainda assim terá a sua igreja na forma referida.
Algumas coisas existem, sobre o que tem sido falado, que eu suponho, em tese, como concedidas, até que eu veja prova em contrário do que tenho falado.
Destas, a primeira é:
1. A partida ou divisão de qualquer pessoa ou grupo de pessoas, de qualquer igreja particular, não é chamada de cisma, nem é isto a natureza mesma da coisa (como o significado geral da palavra é insinuado pelo seu uso na Escritura), mas é algo para ser julgado, e receber uma definição de acordo com as suas causas e circunstâncias.
2. Uma igreja se recusa a realizar a comunhão com outra que exista entre elas, não é cisma, como propriamente chamado.
3. A partida de qualquer homem ou homens da sociedade ou comunhão de uma igreja qualquer, quando isto é feito com contenda, e julgamento e condenação de outros , porque de acordo com a luz de suas consciências eles não podem comungar em todas as coisas como eles adoram a Deus, de acordo com a sua mente, não pode ser considerado mal, mas devem ser avaliadas as circunstâncias e as pessoas que o fizeram.
A estes eu acrescento que, se qualquer um pode mostrar e evidenciar que já havia partido e deixado a comunhão, de qualquer igreja particular de Cristo, com a qual devemos caminhar em conformidade com a ordem acima mencionada, ou que tenha perturbado e quebrado a ordem e a união instituída por Cristo, na qual estamos incluídos, colocamo-nos à mercê de nossos juízes.
1. Nenhum homem pode ser membro de uma igreja nacional neste senso, mas em virtude de ele ser membro de alguma Igreja particular do país, o que concorre para a formação da igreja nacional.
2. Nenhum homem pode se separar desta suposta e imaginada igreja nacional ou mundial, mas se afastar de alguma igreja em particular.
3. Para fazer com que os homens sejam membros de qualquer igreja particular é necessário o seu próprio consentimento. Todos os homens devem escolher livremente qual será o lugar da sua habitação.
4. É impossível que alguém seja considerado culpado de uma ofensa contra aquilo que não existe. Como por exemplo se separar da Igreja Nacional Presbiteriana.
(A Igreja sempre necessitou de reforma, porque isto significa a necessidade de sempre se zelar para trazê-la e mantê-la na sua pureza original primitiva, quando instituída por Cristo e seus apóstolos. Nota do tradutor).
Mas agora suponha que esta congregação da qual alguém é supostamente um membro, que não é reformada, não vai nem pode reformar-se, porque não se importam com este princípio da reforma , pois eles não reconhecem nenhuma necessidade disto. O foco deles está voltado para outros interesses. Qualquer separação havida nestas congregações não pode ser condenada.
Neste caso, eu pergunto, se é cisma ou não, para qualquer número de homens reformarem a si mesmos, por buscarem a prática de adoração na sua instituição de origem, ou por qualquer um deles se unir com outras pessoas para esse efeito e propósito? Corajosamente dizemos: Este cisma é ordenado pelo Espírito Santo, 1 Tim 6.5; 2 Tim 3.5; Os 4.15.
Nesse meio tempo, acho que o povo de Deus não está em qualquer sujeição. Não falo isso como o colocando como um princípio, que é o dever de todo homem se separar da igreja, onde homens maus e perversos são tolerados, mas digo isso somente me referindo à condição onde qualquer igreja seja dominada por uma multidão de homens ímpios e profanos, que não podem ser reformados, ou que não caminham de acordo com a mente de Cristo, o crente tem a liberdade, que ele pode abandonar a comunhão daquela congregação sem a menor culpa de cisma. (Conforme está autorizado por várias ordenanças das Escrituras. - Nota do tradutor).
Costuma-se objetar sobre a igreja de Corinto, que havia nela muitas desordens e enormes erros, divisões, e brechas no amor; bebedeiras em suas reuniões; pecados graves de pessoas incestuosas tolerados; falsas doutrina abraçadas; a ressurreição negada; e ainda Paulo não aconselha ninguém a se separar da igreja, mas que todos cumprissem o seu dever nela. (Com exceção do jovem incestuoso que não havia se arrependido por ocasião da escrita de I Coríntios, que ficou sujeito à excomunhão, mas ao que parece se arrependeu depois e foi reconciliado, conforme se vê em II Coríntios. - Nota do tradutor).
1. A igreja de Corinto era, sem dúvida, uma verdadeira igreja, recentemente fundada de acordo com a mente de Cristo, e não caiu deste privilégio por qualquer má gestão, nem tinha sofrido qualquer coisa destrutiva para a sua existência. Confessamos os abusos e males mencionados surgidos na igreja, e que aumentaram, aqueles muitos abusos que podem ocorrer em qualquer uma das melhores das igrejas de Deus. Nem venha a entrar no coração de qualquer pessoa, pensar que, tão logo cesse qualquer distúrbio, que os abusos acabem com ele, é portanto, dever de qualquer um, fugir disso, como os marinheiros de Paulo fugiram do navio, quando a tempestade ficou perigosa. Este é o dever de todos os membros dessa igreja, não manchados com os males e corrupções da mesma, mediante muitas exortações para tentar ministrar o remédio para essas desordens, e para expulsar esses abusos extremos, e foi isso que Paulo aconselhou aos Coríntios que não haviam se contaminado, e assim, em obediência a eles, os demais foram recuperados.
Mas ainda digo isto, que a igreja de Corinto continuou na condição anterior, com pecados escandalosos que tinham ficado impunes, sem reprovação, a bebedeira continuou e era praticada nos cultos, os homens negando a ressurreição, então arruinaram todo o evangelho, e a igreja (os membros e os líderes que preservaram a são doutrina em suas vidas) se recusava a fazer o seu dever, e a exercer sua autoridade para expulsar todas as pessoas desordenadas com a sua obstinação de agirem contra a comunhão, tinha sido o dever de cada um dos santos de Deus naquela igreja, ter se retirado dela, para sair do meio deles, e para não se tornarem participantes dos seus pecados, a não ser que eles estivessem também dispostos a participar da sua praga; porque uma apostasia certamente ocorreria.
Em resumo,
1 . Eu não conheço nenhuma outra reforma de qualquer igreja, senão a de trazê-la à sua primitiva instituição, e à ordem atribuída a ela por Jesus Cristo.
E quando qualquer congregação ou reunião de homens não é capaz de tal renovação, não posso olhar para tal sociedade como uma igreja de Cristo.
2. Alguns pontos que devem ser sempre dignos da nossa atenção:
1. A verdadeira natureza de uma igreja instituída sob o evangelho, quanto à matéria, forma e todos as demais causas constitutivas, deve ser investigada e descoberta.
2. A natureza e a forma de tal igreja deve ser tomada da Escritura, e da história das primeiras igrejas, antes de terem sido sensivelmente contaminadas com o veneno da apostasia que se seguiu.
3. A extensão da apostasia sob o anticristo, em relação à ruína das igrejas instituídas, transformando-as na Babilônia espiritual, e sua prostituída adoração, deve ser cuidadosamente examinada.
4. Por qual caminho e meios Deus começou a renovação, e manteve vivos os seus eleitos, em suas várias gerações, quando as trevas cobriram a terra, deve ser devidamente considerado.
(Vivemos numa época em que é muito comum se ver vários genuínos cristãos, nascidos do Espírito, sem estarem congregando em razão de serem avessos à ideia de estarem vinculados a uma determinada congregação local; ou por terem sido decepcionados em sua experiência quanto à Igreja em que congregaram e nas quais não encontraram uma unidade de caráter verdadeiramente bíblico; outros por terem sido submetidos à disciplina por motivo de um viver desordenado contrário às ordenanças do Senhor, e ainda, talvez, seja este um dos piores casos, em que se encontra a grande maioria, a saber, aqueles que se acomodaram a um estilo de vida chamado cristão ou evangélico, mas que todavia nada ou pouco tem a ver com o propósito divino em relação aos cristãos individualmente e como igreja. Estes, muitas vezes são enganados ou se autoenganam por pensarem que o modo de unidade que tanto lhes agrada no ajuntamento dos santos reflete aquela comunhão que é de fato real e que se baseia em unidade de fé, de amor e da sã doutrina bíblica.
Como os cônjuges que consentem estar sob o mesmo teto mas que não vivem na comunhão conjugal designada por Deus, de igual modo é muito comum se viver na mesma congregação sem que haja a comunhão verdadeira que identifica o verdadeiro corpo de Cristo.
(Há um trabalho da graça de Jesus nos cristãos no sentido de lhes educar a renunciarem à impiedade e às paixões mundanas, e a viverem de modo sóbrio, justo e piedoso (Tito 2.12).
Este modo de vida está muito além do mero campo da moralidade ensinada pelos filósofos e educadores seculares. E também, extrapola e pouco se identifica com o misticismo baseado numa suposta posse de poder para operar sinais e maravilhas, que esteja dissociado da referida vida piedosa produzida pela graça.
Quão ineficaz é incentivar as pessoas a estarem debaixo deste suposto poder de Deus para serem abençoadas, e na verdade pode mimá-las e incentivá-las a se tornarem dependentes da procura de atendimento de desejos quase sempre carnais, interesseiros, egoístas, quer em suas orações, quer nas expectativas que criam em torno do que lhes poderá fornecer o culto público.
É comum que se faça imposição de mãos para este propósito e outras práticas, todavia a expectativa dos que buscam a “bênção” nunca se refere a uma maior busca de santidade, de amor, de longanimidade, domínio próprio, de misericórdia, bondade, benignidade e todas as demais virtudes que estão ocultas em Cristo e que não podem ser recebidas por nós em forma de graça amadurecida, numa ministração momentânea, senão na árdua diligência do caminho progressivo da santificação, pela operação da cruz na aprendizagem da perseverança nas tribulações, que produz experiência e esperança (Rom 5.3,4).
A imposição de mãos pode ser eficaz para a recepção dos dons sobrenaturais do Espírito que são citados em I Coríntios 12 e 14, para a ordenação ministerial, para a cura de enfermidades, para a conversão, entre outras operações, mas jamais para produzir a vida do varão perfeito, pelo amadurecimento do fruto do Espírito, no processo progressivo da santificação. Se é progressivo, como pode ser obtido numa ou em algumas ministrações por imposição de mãos ou por quaisquer outros meios de aplicação instantânea?
Dificilmente se verá a realização de apelos nos cultos públicos para as pessoas se consagrarem à prática santa referida, mormente porque suas expectativas estão normalmente relacionadas à busca de melhoria financeira, cura de enfermidades físicas, e também busca de trabalho, de cônjuge, e todo tipo de busca do que é temporal e não espiritual.
Ainda que seja lícito este tipo de busca, e por ter amparo bíblico, todavia, a ordem apresentada é buscar o reino espiritual de Deus e a sua justiça, em primeiro lugar, e então, se tem a promessa de receber o que for temporal e de fato necessário a nós, por acréscimo.
Se focamos o objetivo de nosso Senhor ter vindo a este mundo para que pudéssemos alcançar prioritariamente o que é secular e temporal, nos desviamos inteiramente do alvo proposto por Ele e conforme podemos aprendê-lo em toda a Bíblia e especialmente no Evangelho, porque se afirma qual é a missão do cristão neste mundo, a saber, proclamar as virtudes de Jesus (I Pe 2.9), e isto não é feito apenas pela pregação e ensino do evangelho, mas pelo testemunho de uma vida deveras santa e piedosa, que manifesta ao mundo o poder da graça de Deus para a transformação das vidas daqueles que antes andavam nas trevas, e que agora vivem na sua maravilhosa luz.
Quando, no culto e na adoração que prestamos a Deus, nos contentamos com mera moralidade, que é algo externo, e nem sempre procedente do coração, ou com práticas místicas, ascéticas ou de qualquer outro caráter, que pouco ou nada têm a ver com aquela vida espiritual, fruto da operação das virtudes de Cristo pela graça, podemos estar certos de estarmos trabalhando para o vento, uma vez que o que Deus sempre requererá de nós é adoração e santificação baseadas na verdade, ou seja, naquilo que nos é ensinado e ordenado na Sua Palavra, como aquilo que deve ser obtido por nós (João 4.23,24; 7.17).
São inumeráveis os textos bíblicos que nos apontam o dever da santificação e que nos explicam qual é o caráter desta santificação.
Então, jamais poderemos ser desculpados por Deus em razão de usarmos o nosso zelo, fervor ou sinceridade como justificativa para as práticas de culto e adoração que adotamos e que não encontram respaldo naquilo que Ele nos ordena na Sua Palavra.
Ele pode, neste caso, até mesmo tolerar e usar de longanimidade com a nossa ignorância, mas não pode nos aprovar e nos considerar agradáveis a Ele, se agimos diretamente contra a Sua vontade; e certamente, a graça se empenhará em nos ensinar, no tempo oportuno o modo pelo qual importa glorificá-lo, deixando nós as coisas de menino.
A face amada do Senhor será vista pela nossa santificação, que está baseada na Sua Palavra (Hb 12.14).
Ele tem declarado a quem aceitará e aprovará, em textos como os seguintes:
Rom 8:13 Porque, se viverdes segundo a carne, caminhais para a morte; mas, se, pelo Espírito, mortificardes os feitos do corpo, certamente, vivereis.
2 Co 7:1 Tendo, pois, ó amados, tais promessas, purifiquemo-nos de toda impureza, tanto da carne como do espírito, aperfeiçoando a nossa santidade no temor de Deus.
1Ts 5:23 O mesmo Deus da paz vos santifique em tudo; e o vosso espírito, alma e corpo sejam conservados íntegros e irrepreensíveis na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo.
2 Pe 3:11 Visto que todas essas coisas hão de ser assim desfeitas, deveis ser tais como os que vivem em santo procedimento e piedade,
2 Pe 3:14 Por essa razão, pois, amados, esperando estas coisas, empenhai-vos por serdes achados por ele em paz, sem mácula e irrepreensíveis,
1 Jo 3:3 E a si mesmo se purifica todo o que nele tem esta esperança, assim como ele é puro.
Não é da vontade de Deus que nenhum de seus filhos venha a errar o alvo da sua vocação, afinal foram chamados para a santificação do Espírito, I Pe 1.2, e há portanto uma convocação a todos eles para crescerem na graça e no conhecimento de Jesus Cristo, II Pe 3.17,18.
Que o Senhor portanto, nos ajude a não errarmos o alvo do modo pelo qual importa ser servido e adorado. Que ele nos livre da falta de zelo, da falta de fervor de espírito, e também de uma ortodoxia morta, que não tenha a unção do Espírito Santo, e ainda de todo tipo de prática com aparência de ser piedosa e poderosa e que não passa muitas vezes senão de coisa de meninos, ainda sem entendimento do tipo de maturidade espiritual que nos é ensinado na Bíblia, para ser buscado por nós com toda a diligência, para o agrado e para a glória de Deus.
Para tanto, temos recebido o Espírito Santo, para nos conduzir ao conhecimento e prática de toda a verdade, e portanto, Ele sempre agirá com base nos princípios revelados na Bíblia, e nunca por nossa imaginação, emoção e sentimento do que seja uma vida poderosa em Deus. – nota do tradutor)
As Imperfeições da Igreja aqui neste Mundo
“Eu estou morena e formosa, ó filhas de Jerusalém, como as tendas de Quedar, como as cortinas de Salomão. Não olheis para o eu estar morena, porque o sol me queimou. Os filhos de minha mãe se indignaram contra mim e me puseram por guarda de vinhas; a vinha, porém, que me pertence, não a guardei.” (Cantares 1.5,6)
O melhor dos santos de Deus, por mais alvo que esteja aqui embaixo, encontra-se num estado imperfeito; mas,
apesar do estado de imperfeição dos cristãos, eles não devem ficar desanimados.
Há uma glória e excelência nos santos de Deus, no meio de todas as suas imperfeições e decaimentos.
Nos primeiros versículos do 5º capítulo de Cantares, a igreja tendo mostrado seu fervoroso amor e afeição por Cristo e anseio por uma comunhão mais próxima com ele, tendo também confessado e professado sua própria fraqueza e incapacidade de chegar até ele, por cuja causa ela diz, "Leva-me após ti, apressemo-nos.", ela apresenta uma queixa contra aqueles que tentam desacreditá-la, aos quais chama de “filhas de Jerusalém”.
Estas filhas às quais a igreja se dirige são como quem não possui a graça santificante ainda nelas, ou que ao menos esta seja muito pequena).
Ela (a igreja) se rendeu ao que foi dito:" Eu sou morena por que o sol me queimou”, isto é, minha condição aqui é imperfeita, sujeita ao pecado, à aflição; não bela, portanto, aos olhos e julgamentos carnais.
Ela, nega o argumento, de ser portanto, desprezada pelos homens e rejeitada por Cristo como alguém que não tinha nada nele, ou melhor, os que se encontram extremamente queimados pelo sol podem ser belos e atraentes, e por isso ela diz no início do versículo que se via assim, interiormente rica e encantadora, como as tendas de Quedar e as cortinas de Salomão, e sabendo que podia estar sendo julgada de forma incorreta, se apressou em dizer: “não olheis para o eu estar morena”, ou seja, não me julguem de modo precipitado pelo que veem em mim.
Temos então aqui a confissão da igreja que apesar de sua riqueza interior pela habitação que possui do Espírito de Deus, todavia ainda há imperfeições no homem exterior, no velho homem, em contraposição à perfeição da nova criatura em Cristo Jesus.
Paulo revela em 1 Coríntios 13.9 esta condição de não existir uma perfeição completa da igreja enquanto neste mundo. Pois a promessa da sua plena perfeição será cumprida somente na volta daquele que é perfeito, a saber, Jesus, o Cabeça da igreja.
O apóstolo João também o confirma em I João 1.8, onde é dito que "se dissermos que não temos pecado nenhum, a nós mesmos nos enganamos, e a verdade não está em nós.”
Então, até que chegue o dia da sua ressurreição, a igreja está com a pele ressecada pelo sol ardente do pecado e das aflições, e apresenta diversas imperfeições no seu exterior que leva muitos a criticá-la, até mesmo alguns que dela participam por desconhecerem a sua própria imperfeição e a verdade de que esta nos acompanhará todos até o dia da nossa morte.
Os santos estão sujeitos a dores, vergonhas, seus corpos são vis, corruptíveis; em suas almas há muitos conflitos, corrupções em sua velha natureza, tentações, temores, tristezas; há falhas nos seus serviços, no seu arrependimento, fé, oração, etc.
A igreja sabe então que é imperfeita, mas sabe também que Cristo a ama embora seja aqui imperfeita, porque há de completar a obra da qual tem se encarregado de apresentá-la a si mesmo no dia das bodas do Cordeiro no céu, sem mancha, ruga ou coisa semelhante.
Então devemos olhar nossos pecados e falhas com tristeza, mas não devemos ser desencorajados por isto, deixando de prosseguir na busca da perfeição que nos está prometida e proposta por Deus.
Temos um grande e poderoso libertador que ama seus filhos em meio a todas as suas deformidades.
Na continuidade do versículo 6 a igreja diz: “Os filhos de minha mãe se indignaram contra mim e me puseram por guarda de vinhas”; eles a injuriaram, e procuraram levá-la a cuidar dos interesses deles, de suas vinhas, de modo que ela diz que não pôde cuidar da sua própria vinha, ou seja, aquela que lhe fora designada pelo Senhor Jesus: “a vinha, porém, que me pertence, não a guardei.” Estes seus irmãos, filhos de sua mãe, têm o nome de irmãos, porque se passam por tais, mas são falsos, hipócritas, mestres orgulhosos do erro que se apoderam do rebanho de Cristo para desviar o coração de suas ovelhas da comunhão com Ele.
Mas eles não logram êxito por muito tempo em seu intento, porque não é possível enganar os escolhidos do Senhor. Eles o conhecem e são por ele conhecidos, e ouvem a sua voz e o seguem, e não aos estranhos.
Então, a igreja se expressa no versículo 7 afirmando o seu amor e cuidado pelos interesses do seu Senhor: “Dize-me, ó amado de minha alma: onde apascentas o teu rebanho, onde o fazes repousar pelo meio-dia, para que não ande eu vagando junto ao rebanho dos teus companheiros.”
O modo de crescimento regular da Igreja
“e o que de minha parte ouviste através de muitas testemunhas, isso mesmo transmite a homens fiéis, que sejam idôneos para também instruir a outros.” (II Tim 2.2)
Nestas palavras do apóstolo Paulo, encontramos o modo de crescimento regular da Igreja, conforme o desígnio de Deus.
O preparo que Paulo havia dado a Timóteo, a Tito e a outros seus cooperadores, deveria ser também dado por eles, respectivamente a outros homens fiéis, que fossem também idôneos, tal como eles, a prepararem outros pelo ensino do verdadeiro evangelho.
Estes por sua vez, também ensinariam a outros, e assim sucessivamente, de modo que estivessem em condições de assumir a liderança de congregações locais, nas diversas partes do mundo.
Isto é um efeito multiplicador e descentralizado, muito diferente do modelo que existe nas denominações atualmente, desde os dias do imperador romano Constantino.
Os chamados grupos familiares da Igreja de Paul Yong Cho, na Coreia do Sul, nada mais é do que o reconhecimento que não se pode ter uma Igreja vivendo o que Cristo nos ordenou, numa congregação numerosa em que a convivência mútua de todos os crentes não seja possível.
O chamado G12, de iniciativa do Pr César Castelhanos, em que Igrejas numerosas dividiram seus membros em grupos de 12 pessoas para a comunhão sob a direção de um líder indicado pela Igreja, é um esforço pela descentralização necessária, mas mantém o sistema de governo centralizado, diferentemente do que ocorria na Igreja Primitiva.
Os líderes nestes grupos familiares ou de comunhão, ficam debaixo do constrangimento e da obrigação de tudo fazerem segundo a direção da Igreja mãe, e na verdade, os grupos não têm vida própria nos assuntos da gerência e administração de recursos necessários ao funcionamento da congregação, porque dízimos, ofertas e tudo o mais é recolhido para a Igreja mãe, e eles são constrangidos a pensarem que o líder deles não é o do grupo a que pertencem, mas o pastor da Igreja mãe.
Os pastores e diáconos ordenados nas congregações das diversas localidades evangelizadas por Paulo, eram líderes em lares, de um número pequeno de crentes, e tinham autonomia e independência em relação às demais congregações que tinham a ordenação de seus próprios pastores e diáconos.
Evidentemente, havia necessidade da supervisão dos apóstolos e dos evangelistas, porque o evangelho estava sendo implantado no mundo em seus dias. Lembremos contudo que tanto os ofícios de apóstolo, profeta, de evangelista, deixaram de existir nos moldes em que eram necessários na Igreja Primitiva.
Alguém pode ser comissionado como um missionário evangelista, mas não no mesmo sentido em que Timóteo e Tito, o foram, por exemplo, com autoridade, logo abaixo da autoridade, dos que exerciam o ofício de profeta, como por exemplo o exercia Ágabo, diretamente debaixo da autoridade dos apóstolos, porque por tal ofício profético era confirmada a vontade de Deus no trabalho que deveria ser realizado pelos apóstolos e evangelistas.
Então, aquela temporária dependência que havia entre os apóstolos, profetas, evangelistas e pastores na Igreja Primitiva estava fadada a desaparecer para que as Igrejas pudessem ser efetivamente congregações soberanas e independentes.
Se alguém deseja viver de fato o evangelho de Cristo, forçosamente terá que reconhecer a necessidade de se tornar independente. Não rebelde e contra a comunhão com todos os demais crentes, mas independente nos assuntos de governo de cada congregação local.
Associações de ministros serão portanto de caráter de gratidão, de respeito, às lideranças que os prepararam para que também fossem líderes tal como eles, para o preparo de outros, e assim, sucessivamente, facilitando a expansão do evangelho em todas as partes do mundo.
Lembremos sempre da importância das palavras do apóstolo dirigidas a Timóteo, porque não há outro modo de se ter igrejas vivendo debaixo das instruções de Cristo, em todas as coisas que Ele nos tem ordenado na Sua Palavra para serem cumpridas pelos crentes, a não ser pelo cumprimento do que foi afirmado por Paulo:
“e o que de minha parte ouviste através de muitas testemunhas, isso mesmo transmite a homens fiéis, que sejam idôneos para também instruir a outros.” (II Tim 2.2)
O propósito da vida do crente é o de fazer a vontade de Deus. Adorar a Deus é apenas parte deste dever de se fazer a vontade do Senhor.
Por isso nosso Senhor Jesus Cristo não disse na oração do Pai nosso: “Adorado seja o teu nome”, mas “santificado seja o teu nome”, porque o cumprimento da petição “seja feita a tua vontade” deve ser realizado em santificação de vida.
Assim, Deus requer muito mais do que uma geração de adoradores, conforme se tem propagado extensamente em nossos dias.
O trabalho de cantores, movidos especialmente pela mídia, obscureceu o ofício dos mestres da Palavra na Igreja, de modo que tem prevalecido a ideia do mero dever de se louvar a Deus através de cânticos, e não de se pôr toda a Palavra do Senhor em prática, em vidas santificadas pelo poder do Espírito Santo.
Deus tem um grande trabalho para ser feito por cada um dos Seus servos, e este trabalho está inserido na grande comissão de nosso Senhor Jesus Cristo dada à Igreja:
“19 Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo;
20 ensinando-os a observar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos.” (Mt 28.19,20)
Temos da parte do Senhor, como Igreja, o mandamento de fazer discípulos em todas as nações, pelo ato de lhes ensinar a observarem todas as coisas que Ele nos ordenou.
Estas coisas ordenadas estão reveladas na Bíblia, e se tornarão conhecidas a nós por revelação do Espírito Santo, na medida em que nos consagremos a fazer a Sua vontade.
É preciso então termos inteligência espiritual para saber da parte do Senhor qual é a nossa esfera de ação prática na Igreja, nos dias em que temos vivido, tal como Wesley soube qual era a sua, no passado.
Se alguém estiver fazendo do evangelho um meio de vida, e visando simplesmente a isto, ao se apresentar como líder de um grupo de crentes, é quase certo que tal pessoa errará o alvo proposto pelo Senhor, porque sacrificará muitos mandamentos divinos, especialmente os relativos à liberdade que os crentes têm em Cristo; ao modo de se dirigir a congregação de maneira centralizada e pela não multiplicação de líderes pelo temor de se perder a primazia sobre todos os crentes; e por muitos interesses conflitantes com a vontade de Cristo para a Sua igreja, como por exemplo o desejo de entesourar as coisas deste mundo, e de se viver de modo confortável e regalado, explorando financeiramente aqueles que lhes foram confiados pelo Espírito Santo para serem apascentados.
As necessidades de alimentação do espírito dos crentes serão negligenciadas contra a alimentação do próprio bolso, para fins egoístas.
O desejo de exercer domínio sobre os que lhes foram confiados será contrário à ordenança bíblica de nosso Senhor Jesus Cristo, que era cumprida à risca pelos apóstolos:
“1 Aos presbíteros, pois, que há entre vós, rogo eu, que sou ancião com eles e testemunha dos sofrimentos de Cristo, e participante da glória que se há de revelar:
2 Apascentai o rebanho de Deus, que está entre vós, não por força, mas espontaneamente segundo a vontade de Deus; nem por torpe ganância, mas de boa vontade;
3 nem como dominadores sobre os que vos foram confiados, mas servindo de exemplo ao rebanho.” (I Pe 5.1-3)
Não importa o que a grande maioria dos líderes da Igreja do presente afirma, dizendo que o que fazem é para o próprio bem dos crentes, quando tais coisas não são feitas em conformidade com a vontade de Deus revelada na Bíblia.
Não é o bem que seja segundo a vontade do homem que importa, mas o bem que é definido por Deus.
Tudo o que for bom e que não responda ao desenvolvimento da nossa salvação com temor e tremor, em santificação do Espírito Santo, há de se revelar no final das contas, como sendo de nenhum proveito, porque somente uma coisa é necessária, e nos convém escolher a melhor parte, tal como Maria, irmã de Lázaro, havia feito no passado.
Para tanto, será necessário, se desejarmos ser achados aos pés de Jesus, contrariar a vontade carnal de muitos irmãos, tal como Maria fizera em relação a Marta, não fazendo a vontade de sua irmã naquela ocasião, senão a vontade do Senhor.
É preciso pois ter coragem e determinação para se manter fiel ao Senhor e à Sua vontade nestes dias difíceis em que temos vivido.
Mas Ele fará leve o jugo, e suave o fardo, daqueles que se dispuserem a obedecer-Lhe, antes que aos homens.
Para mantermos o nosso direito à comunhão em liberdade com nossos demais irmãos em Cristo, devemos ser decididos quanto a obedecer à ordenança bíblica, em vez dos interesses egoístas dos homens, pois nos diz o apóstolo:
“Para a liberdade Cristo nos libertou; permanecei, pois, firmes e não vos dobreis novamente a um jugo de escravidão.” (Gál 5.1)
Os judaizantes pretenderam ser papas entre os Gálatas, mas Paulo lhes disse que eram crentes livres em Cristo, não sujeitos aos caprichos dos homens.
Se a Igreja Romana tem o seu papa, os protestantes têm vários papas, mas Cristo ordenou que domínio, governo e poder sobre o Seu rebanho, pertencem exclusivamente a Deus, e faríamos bem em viver em paz uns com os outros, debaixo da mesma cabeça comum da Igreja, nosso Senhor Jesus Cristo.
“1 Então falou Jesus às multidões e aos seus discípulos, dizendo:
2 Na cadeira de Moisés se assentam os escribas e fariseus.
3 Portanto, tudo o que vos disserem, isso fazei e observai; mas não façais conforme as suas obras; porque dizem e não praticam.
4 Pois atam fardos pesados e difíceis de suportar, e os põem aos ombros dos homens; mas eles mesmos nem com o dedo querem movê-los.
5 Todas as suas obras eles fazem a fim de serem vistos pelos homens; pois alargam os seus filactérios, e aumentam as franjas dos seus mantos;
6 gostam do primeiro lugar nos banquetes, das primeiras cadeiras nas sinagogas,
7 das saudações nas praças, e de serem chamados pelos homens: Rabi.
8 Vós, porém, não queirais ser chamados Rabi; porque um só é o vosso Mestre, e todos vós sois irmãos.
9 E a ninguém sobre a terra chameis vosso pai; porque um só é o vosso Pai, aquele que está nos céus.
10 Nem queirais ser chamados guias; porque um só é o vosso Guia, que é o Cristo.
11 Mas o maior dentre vós há de ser vosso servo.
12 Qualquer, pois, que a si mesmo se exaltar, será humilhado; e qualquer que a si mesmo se humilhar, será exaltado.” (Mt 23.1-12)
Quando eu pensava que me encontrava no auge do conhecimento da vontade de Deus, tive uma experiência marcante há alguns anos, quando me encontrava no momento de clamor e de oração num determinado local de culto, e o Senhor me disse que encurvasse a minha cerviz que Ele falaria comigo por um dos seus profetas. Tão logo encurvei minha cabeça, veio ao meu encontro, deslocando-se da outra extremidade do salão um homem de Deus falando em mistérios, e quando chegou à minha presença começou a dizer da parte do Senhor que Ele me daria conhecimento da Sua Palavra e vontade, para fazer a Sua obra, e que restauraria a minha alegria espiritual.
Eu teria motivo de alegria ao ver a obra que Deus estaria fazendo por meu intermédio, segundo a Sua vontade. É o que tenho vivido quanto ao cumprimento daquela profecia.
Lembro também que na mesma época, fui deslocado pelo mover do Espírito Santo a uma localidade distante de São Gonçalo, e quando lá cheguei, um profeta do Senhor que nunca me havia visto dantes, disse-me que via um rolo de papel branco sendo desenrolado desde o céu na minha direção, e que eu usava aquele papel numa máquina de escrever, e não parava de escrever as coisas que me eram dadas por revelação divina. A seguir, o referido profeta disse que eu teria um rebanho muito grande composto de muitas ovelhas brancas, e com poucos bodes negros. As ovelhas brancas representavam a santidade de vida das pessoas deste rebanho, e os bodes negros o joio que está sempre presente nos campos de trigo do Senhor.
Em complemento à nossa primeira mensagem sobre o modo de crescimento regular da Igreja, especialmente para comprovar que a multiplicação das congregações na Igreja Primitiva seguia o modo bíblico de governo descentralizado, temos evidências na própria Bíblia, que confirmam tal descentralização e liberdade das congregações debaixo do governo dos seus respectivos pastores.
Veja por exemplo o que diz o apóstolo Paulo em Col 2.1:
“Pois quero que saibais quão grande luta tenho por vós, e pelos que estão em Laodiceia, e por quantos não viram a minha pessoa;” (Col 2.1)
Ora, como Paulo poderia estar se dirigindo à Igreja de Colossos, se ele nunca estivera em Colossos, e os crentes colossenses nunca o tivessem visto em pessoa, exceto Epafras, que era o líder daquela Igreja, e que se encontrava preso em Roma, juntamente com Paulo, por ocasião da escrita da citada epístola?
A grande verdade é que muitos dos que tinham sido alcançados para o evangelho por Paulo e por seus cooperadores, tornaram-se líderes em várias partes do mundo, fundando congregações, que cremos, que muitas delas nem chegaram ao conhecimento do apóstolo quanto à sua existência.
Veja que Paulo não fala apenas de Colossos como sendo uma Igreja que havia sido fundada, sem que ele conhecesse as pessoas daquela Igreja, como também cita em Col 2.1, a Igreja de Laodiceia, como sendo uma outra que se encontrava na mesma condição.
A Igreja de Colossos funcionava na casa de Filemom, a quem Paulo escreveu a epístola que leva o seu nome.
Paulo diz em Fm 1,2 o seguinte:
“1 Paulo, prisioneiro de Cristo Jesus, e o irmão Timóteo, ao amado Filemom, nosso companheiro de trabalho,
2 e à nossa irmã Áfia, e a Arquipo, nosso companheiro de lutas, e à igreja que está em tua casa:” (Fm 1,2).
Havia então um laço de gratidão e de reconhecimento ao trabalho de Paulo, por meio do qual muitos vieram a ser alcançados e espalharam o evangelho por todo o mundo gentílico conhecido de então, mas não um governo direto do apóstolo ou de seus cooperadores, que andavam juntamente com ele, sobre tais congregações.
Mesmo as igrejas fundadas por Paulo tinham os seus próprios pastores, vemos por exemplo, em Atos 20 um bom exemplo das coisas sobre as quais estamos falando.
Veja o que se diz de Paulo em Atos 20, verso 17:
“De Mileto mandou a Éfeso chamar os presbíteros da igreja.” (At 20.17)
Posteriormente, vemos o próprio Paulo dizendo as seguintes palavras aos pastores da Igreja de Éfeso:
“25 E eis agora, sei que nenhum de vós, por entre os quais passei pregando o reino de Deus, jamais tornará a ver o meu rosto.
26 Portanto, no dia de hoje, vos protesto que estou limpo do sangue de todos.
27 Porque não me esquivei de vos anunciar todo o conselho de Deus.
28 Cuidai pois de vós mesmos e de todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu bispos, para apascentardes a igreja de Deus, que ele adquiriu com seu próprio sangue.
29 Eu sei que depois da minha partida entrarão no meio de vós lobos cruéis que não pouparão o rebanho,
30 e que dentre vós mesmos se levantarão homens, falando coisas perversas para atrair os discípulos após si.” (At 20.25-30)
Observe que Paulo estava confirmando que o governo da Igreja de Éfeso estava inteiramente nas mãos dos pastores daquela Igreja, e que portanto cuidassem por si mesmos e de todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo lhes havia constituído como bispos, ou seja, como supervisores, pastores ou presbíteros, que é o significado da palavra grega epíscopos, que traduzimos como bispos.
O ato de cuidarem os pastores de si mesmos não inclui apenas o sentido de santificarem suas vidas, mas de tomarem por si mesmos a responsabilidade pela obra de Deus em Éfeso, ou seja, de serem os dirigentes de todo aquele trabalho.
Paulo fizera isto ainda que sabendo por revelação do Espírito Santo que depois da sua partida, os crentes efésios nunca mais veriam o seu rosto, e que se levantaria do meio daqueles próprios pastores alguns lobos vorazes que não poupariam o rebanho.
Então ele lhes advertiu que não cuidassem somente de si mesmos como também do rebanho, para que a obra que Deus estava fazendo no meio deles não viesse a se perder.
Isto é mais um exemplo do modo descentralizado com que a Igreja crescia e se multiplicava.
Quando somos fiéis no nosso trabalho preparando homens fiéis e idôneos para prepararem outros para também assumirem o governo de igrejas, até onde poderá chegar toda a nossa influência nos trabalhos que forem abertos por Deus?
E dos quais sequer chegaremos a ter conhecimento enquanto estivermos neste mundo?
O ato de fazer crescer e multiplicar não é nosso mas de Deus.
De nós se exige apenas que sejamos achados fiéis no nosso trabalho.
O Senhor mesmo fará com que o fruto do nosso trabalho se multiplique e se espalhe por todas as partes, tal como fizera no passado a partir do trabalho do apóstolo Paulo e dos seus cooperadores.
Para fechar este nosso comentário vale lembrar que o eunuco da Etiópia, que era o tesoureiro principal da rainha Candace, veio a ser provavelmente o primeiro líder da Igreja da Etiópia, sem que houvesse um governo direto de Filipe ou de qualquer outro sobre aquela Igreja, pois se diz em Atos 8.39 que o eunuco não viu mais a Filipe, e que este arrebatado pelo Espírito Santo, foi para Azoto e evangelizava todas as cidades até chegar a Cesareia, onde fixou residência, como se vê em Atos 8.40 e 21.8.
A Igreja à Luz das Escrituras
Apesar de existir como organismo visível neste mundo, a Igreja não é uma instituição pertencente a este mundo, porque os crentes que a compõem são cidadãos do céu em peregrinação terrena, e deles Jesus diz não serem do mundo.
“à universal assembleia e igreja dos primogênitos inscritos nos céus, e a Deus, o juiz de todos, e aos espíritos dos justos aperfeiçoados;” (Hb 12.23).
A – Jesus é o Senhor da Igreja e nenhum Homem
Mt 16.18 Pois também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela;
Ef 1.22 e sujeitou todas as coisas debaixo dos seus pés, e para ser cabeça sobre todas as coisas o deu à igreja,
Ef 5.23 porque o marido é a cabeça da mulher, como também Cristo é a cabeça da igreja, sendo ele próprio o Salvador do corpo.
Ef 5.24 Mas, assim como a igreja está sujeita a Cristo, assim também as mulheres o sejam em tudo a seus maridos.
Col 1.18 também ele é a cabeça do corpo, da igreja; é o princípio, o primogênito dentre os mortos, para que em tudo tenha a preeminência,
Apo 1.20 Eis o mistério das sete estrelas, que viste na minha destra, e dos sete candeeiros de ouro: as estrelas são os anjos das sete igrejas, e os sete candeeiros são as sete igrejas.
Apo 2.7 Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas. Ao que vencer, dar-lhe-ei a comer da árvore da vida, que está no paraíso de Deus.
Apo 22.16 Eu, Jesus, enviei o meu anjo para vos testificar estas coisas a favor das igrejas. Eu sou a raiz e a geração de Davi, a resplandecente estrela da manhã.
B – Membros de cada Igreja são Juntados a Elas pelo próprio Deus e é Ele quem Concede Dons e Ministérios a Ela, como também é quem abre novas igrejas
At 9.31 Assim, pois, a igreja em toda a Judeia, Galileia e Samaria, tinha paz, sendo edificada, e andando no temor do Senhor; e, pelo auxílio do Espírito Santo, se multiplicava.
At 13.1 Ora, na igreja em Antioquia havia profetas e mestres, a saber: Barnabé, Simeão, chamado Níger, Lúcio de Cirene, Manaém, colaço de Herodes o tetrarca, e Saulo.
At 16.5 Assim as igrejas eram confirmadas na fé, e dia a dia cresciam em número.
I Cor 12.28 E a uns pôs Deus na igreja, primeiramente apóstolos, em segundo lugar profetas, em terceiro mestres, depois operadores de milagres, depois dons de curar, socorros, governos, variedades de línguas.
I Cor 14.4 O que fala em língua edifica-se a si mesmo, mas o que profetiza edifica a igreja.
I Cor 14.5 Ora, quero que todos vós faleis em línguas, mas muito mais que profetizeis, pois quem profetiza é maior do que aquele que fala em línguas, a não ser que também intercede para que a igreja receba edificação.
I Cor 14.12 Assim também vós, já que estais desejosos de dons espirituais, procurai abundar neles para a edificação da igreja.
I Cor 14.19 Todavia na igreja eu antes quero falar cinco palavras com o meu entendimento, para que possa também instruir os outros, do que dez mil palavras em língua.
II Cor 8.1 Também, irmãos, vos fazemos conhecer a graça de Deus que foi dada às igrejas da Macedônia;
Ef 5.29 Pois nunca ninguém aborreceu a sua própria carne, antes a nutre e preza, como também Cristo à igreja;
Tg 5.14 Está doente algum de vós? Chame os anciãos da igreja, e estes orem sobre ele, ungido-o com óleo em nome do Senhor;
C – Igrejas nos Lares Indicam um Pequeno Número de Membros
Rom 16.5 Saudai também a igreja que está na casa deles. Saudai a Epêneto, meu amado, que é as primícias da Ásia para Cristo.
I Cor 16.19 As igrejas da Ásia vos saúdam. Saúdam-vos afetuosamente no Senhor Aquila e Priscila, com a igreja que está em sua casa.
Col 4.15 Saudai aos irmãos que estão em Laodiceia, e a Ninfas e a igreja que está em sua casa.
Fm 1.2 e à nossa irmã Áfia, e a Arquipo, nosso companheiro de lutas, e à igreja que está em tua casa:
D – Cada Igreja Deve Eleger seus Oficiais Governantes e não apenas sufragarem pelo voto aqueles que lhes forem indicados pelo Ministério.
At 14.23 E, havendo-lhes feito eleger anciãos em cada igreja e orado com jejuns, os encomendaram ao Senhor em quem haviam crido.
At 20.17 De Mileto mandou a Éfeso chamar os anciãos da igreja.
D1 – Os Que são Eleitos pela Igreja são Aqueles que Ela Reconhece terem sido Chamados por Deus para o Ministério
At 20.28 Cuidai pois de vós mesmos e de todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu bispos, para apascentardes a igreja de Deus, que ele adquiriu com seu próprio sangue.
E – Cabe à Igreja Dar a Decisão Final em Casos de Disciplina
Mt 18.17 Se recusar ouvi-los, dize-o à igreja; e, se também recusar ouvir a igreja, considera-o como gentio e publicano.
F – Cabe a Deus a Palavra Final em Todos os Casos de Disciplina na Igreja
At 5.11 Sobreveio grande temor a toda a igreja e a todos os que ouviram estas coisas.
Apo 2.23 e ferirei de morte a seus filhos, e todas as igrejas saberão que eu sou aquele que esquadrinha os rins e os corações; e darei a cada um de vós segundo as suas obras.
G – A Perseguição Sofrida pela Igreja Nunca Deve ser Motivo para a Sua Dissolução
At 8.1 Naquele dia levantou-se grande perseguição contra a igreja que estava em Jerusalém; e todos exceto os apóstolos, foram dispersos pelas regiões da Judeia e da Samaria.
At 8.3 Saulo porém, assolava a igreja, entrando pelas casas e, arrastando homens e mulheres, os entregava à prisão.
At 12.1 Por aquele mesmo tempo o rei Herodes estendeu as mãos sobre alguns da igreja, para os maltratar;
I Tes 2.14 Pois vós, irmãos, vos haveis feito imitadores das igrejas de Deus em Cristo Jesus que estão na Judeia; porque também padecestes de vossos próprios concidadãos o mesmo que elas padeceram dos judeus;
II Tes 1.4 De maneira que nós mesmos nos gloriamos de vós nas igrejas de Deus por causa da vossa constância e fé em todas as perseguições e aflições que suportais;
H – A Igreja não é um clube, mas o Ajuntamento dos Santos para o Serviço de Deus
II Cor 1.1 Paulo, apóstolo de Cristo Jesus pela vontade de Deus, e o irmão Timóteo, à igreja de Deus que está em Corinto, com todos os santos que estão em toda a Acaia:
Ef 3.10 para que agora seja manifestada, por meio da igreja, aos principados e potestades nas regiões celestes,
Ef 5.27 para apresentá-la a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem qualquer coisa semelhante, mas santa e irrepreensível.
Col 1.24 Agora me regozijo no meio dos meus sofrimentos por vós, e cumpro na minha carne o que resta das aflições de Cristo, por amor do seu corpo, que é a igreja;
I – Cabe à Igreja Deliberar Sobre Todos os Assuntos do seu Interesse
At 11.22 Chegou a notícia destas coisas aos ouvidos da igreja em Jerusalém; e enviaram Barnabé a Antioquia;
At 15.22 Então pareceu bem aos apóstolos e aos anciãos com toda a igreja escolher homens dentre eles e enviá-los a Antioquia com Paulo e Barnabé, a saber: Judas, chamado Barsabás, e Silas, homens influentes entre os irmãos.
II Cor 8.19 e não só isto, mas também foi escolhido pelas igrejas para ser nosso companheiro de viagem no tocante a esta graça que por nós é ministrada para glória do Senhor e para provar a nossa boa vontade;
J – Cabe à Igreja Recepcionar Aqueles que lhes São Enviados por Deus para a sua Edificação, ainda que Temporariamente
At 11.26 e tendo-o achado, o levou para Antioquia. E durante um ano inteiro reuniram-se naquela igreja e instruíram muita gente; e em Antioquia os discípulos pela primeira vez foram chamados cristãos.
At 15.41 E passou pela Síria e Cilícia, fortalecendo as igrejas.
At 16.1 Recomendo-vos a nossa irmã Febe, que é serva da igreja que está em Cencreia;
II Cor 8.23 Quanto a Tito, ele é meu companheiro e cooperador para convosco; quanto a nossos irmãos, são mensageiros das igrejas, glória de Cristo.
III João 10 Pelo que, se eu aí for, trarei à memória as obras que ele faz, proferindo contra nós palavras maliciosas; e, não contente com isto, ele não somente deixa de receber os irmãos, mas aos que os querem receber ele proíbe de o fazerem e ainda os exclui da igreja.
L - Cabe à Igreja Orar pelos seus Líderes
At 12.5 Pedro, pois, estava guardado na prisão; mas a igreja orava com insistência a Deus por ele.
M – Cabe aos que são Enviados pela Igreja Prestar Contas e Relatórios a ela dos Serviços que por ela Foram Encarregados
At 14.27 Quando chegaram e reuniram a igreja, relataram tudo quanto Deus fizera por meio deles, e como abrira aos gentios a porta da fé.
At 15.3 Eles, pois, sendo acompanhados pela igreja por um trecho do caminho, passavam pela Fenícia e por Samária, contando a conversão dos gentios; e davam grande alegria a todos os irmãos.
At 15.4 E, quando chegaram a Jerusalém, foram recebidos pela igreja e pelos apóstolos e anciãos, e relataram tudo quanto Deus fizera por meio deles.
At 18.22 Tendo chegado a Cesareia, subiu a Jerusalém e saudou a igreja, e desceu a Antioquia.
N – Cabe à Igreja Honrar Àqueles que Servem Bem a Cristo
Rom 16.4 os quais pela minha vida expuseram as suas cabeças; o que não só eu lhes agradeço, mas também todas as igrejas dos gentios.
II Cor 8.18 E juntamente com ele enviamos o irmão cujo louvor no evangelho se tem espalhado por todas as igrejas;
II Cor 8.24 Portanto mostrai para com eles, perante a face das igrejas, a prova do vosso amor, e da nossa glória a vosso respeito.
III João 6 os quais diante da igreja testificaram do teu amor; aos quais, se os encaminhares na sua viagem de um modo digno de Deus, bem farás;
O – Cabe às Igrejas Viverem em Unidade Fraterna
Rom 16.16 Saudai-vos uns aos outros com ósculo santo. Todas as igrejas de Cristo vos saúdam.
P – A Doutrina da Igreja é Uma Só, a Saber, a Apostólica
I Cor 4.17 Por isso mesmo vos enviei Timóteo, que é meu filho amado, e fiel no Senhor; o qual vos lembrará os meus caminhos em Cristo, como por toda parte eu ensino em cada igreja.
I Cor 7.17 Somente ande cada um como o Senhor lhe repartiu, cada um
como Deus o chamou. E é isso o que ordeno em todas as igrejas.
Col 4.16 Depois que for lida esta carta entre vós, fazei que o seja também na igreja dos laodicenses; e a de Laodiceia lede-a vós também.
Q - Os Crentes Devem Andar de Modo Digno na Igreja
I Cor 10.32 Não vos torneis causa de tropeço nem a judeus, nem a gregos, nem a igreja de Deus;
I Cor 11.22 Não tendes porventura casas onde comer e beber? Ou desprezais a igreja de Deus, e envergonhais os que nada têm? Que vos direi? Louvar-vos-ei? Nisto não vos louvo.
I Tim 3.5 (pois, se alguém não sabe governar a sua própria casa, como cuidará da igreja de Deus?);
I Tim 3.15 para que, no caso de eu tardar, saibas como se deve proceder na casa de Deus, a qual é a igreja do Deus vivo, coluna e esteio da verdade.
R – A Igreja Deve Cultivar a Paz do Senhor
I Cor 11.16 Mas, se alguém quiser ser contencioso, nós não temos tal costume, nem tampouco as igrejas de Deus.
I Cor 11.18 Porque, antes de tudo, ouço que quando vos ajuntais na igreja há entre vós dissensões; e em parte o creio.
I Cor 14.33 porque Deus não é Deus de confusão, mas sim de paz. Como em todas as igrejas dos santos,
S – Cabe à Igreja Prover os Seus Ministros
II Cor 11.8 Outras igrejas despojei, recebendo delas salário, para vos servir;
Fp 4.15 Também vós sabeis, ó filipenses, que, no princípio do evangelho, quando parti da Macedônia, nenhuma igreja comunicou comigo no sentido de dar e de receber, senão vós somente;
T – Pastores, Presbíteros e Diáconos são Servos e não Patrões
I Pe 5.1-4 - 1 Aos anciãos, pois, que há entre vós, rogo eu, que sou ancião com eles e testemunha dos sofrimentos de Cristo, e participante da glória que se há de revelar:
2 Apascentai o rebanho de Deus, que está entre vós, não por força, mas espontaneamente segundo a vontade de Deus; nem por torpe ganância, mas de boa vontade;
3 nem como dominadores sobre os que vos foram confiados, mas servindo de exemplo ao rebanho.
4 E, quando se manifestar o sumo Pastor, recebereis a imarcescível coroa da glória.

The Physical Object

Format
Paperback
Pagination
vi, 125p.
Number of pages
125
Dimensions
21 x 14,8 x 0,8 centimeters
Weight
175 grams

ID Numbers

Open Library
OL25938038M

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September 2, 2016 Edited by Silvio Dutra Edited without comment.
August 19, 2016 Edited by Silvio Dutra Edited without comment.
August 9, 2016 Edited by Silvio Dutra Edited without comment.
August 9, 2016 Created by Silvio Dutra Added new book.