An edition of Mentes Renovadas (2016)

Mentes Renovadas

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Last edited by Silvio Dutra
September 2, 2016 | History
An edition of Mentes Renovadas (2016)

Mentes Renovadas

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Muitos séculos antes de o homem se entregar à pesquisa científica da mente, o escritor da inspiração sagrada a ela se referiu estando, portanto, totalmente livre da influência das especulações filosóficas e das práticas empíricas, recentes, relativas ao estudo da mente, e muito menos ocupado em tratar as enfermidades cuja origem está relacionada ao cérebro.
Também não se ocupa a Bíblia em analisar o inconsciente freudiano e todos as demais funções cerebrais relacionadas ao sistema nervoso parassimpático uma vez que a ação da graça divina trata e opera em justa cooperação com o consciente. As manifestações do inconsciente são imaginárias e não estão sujeitas a qualquer linha racional e lógica, conforme pode-se constatar nos sonhos e notadamente nos pesadelos.
De modo que ao falar sobre a mente a Bíblia alude simplesmente ao intelecto, ao entendimento racional, que ainda que esteja no seu melhor estado, livre de qualquer anomalia psicossomática, necessita ser renovado pelo Espírito Santo.

Publish Date
Publisher
Silvio Dutra
Language
Portuguese
Pages
46

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Edition Availability
Cover of: Mentes Renovadas
Mentes Renovadas
2016, Silvio Dutra
Paperback in Portuguese

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Book Details


Published in

Rio de Janeiro, Brasil

Table of Contents

Mentes Renovadas
Silvio Dutra
FEV/2016
2
A474
Alves, Silvio Dutra
Mentes renovadas./ Silvio Dutra Alves. – Rio de
Janeiro, 2016.
46p.; 14,8x21cm
1. Vida Cristã. 2. Consagração.. 3. Entendimento
Racional. I. Título.
CDD 207
3
Sumário
Significado Bíblico de Renovação da
Mente...........................................................................
4
Tranquilidade de Mente....................................
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Vontade e Inclinação Moral e Espiritual...
16
Onde eu me Situo em Tudo Isto?..................
19
Pensamentos como Flores................................
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A Mente Carnal conduz a Morte....................
40
A Fonte do Conhecimento Espiritual do Cristão..........................................................................
44
4
Significado Bíblico de Renovação da Mente
Muitos séculos antes de o homem se entregar à pesquisa científica da mente, o escritor da inspiração sagrada a ela se referiu estando, portanto, totalmente livre da influência das especulações filosóficas e das práticas empíricas, recentes, relativas ao estudo da mente, e muito menos ocupado em tratar as enfermidades cuja origem está relacionada ao cérebro.
Também não se ocupa a Bíblia em analisar o inconsciente freudiano e todos as demais funções cerebrais relacionadas ao sistema nervoso parassimpático uma vez que a ação da graça divina trata e opera em justa cooperação com o consciente. As manifestações do inconsciente são imaginárias e não estão sujeitas a qualquer linha racional e lógica, conforme pode-se constatar nos sonhos e notadamente nos pesadelos.
De modo que ao falar sobre a mente a Bíblia alude simplesmente ao intelecto, ao entendimento racional, que ainda que esteja no seu melhor estado, livre de qualquer anomalia psicossomática, necessita ser renovado pelo Espírito Santo.
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Em nenhuma parte da Bíblia somos incentivados a adorar e a servir a Deus num culto que se baseie exclusivamente em sentimentos, emoções, e muito menos em estados alterados de mente produzidos pela manipulação de técnicas psicológicas, até mesmo porque ajuda a empanar a compreensão e prática racional dos mandamentos de Deus quando as pessoas buscam somente experimentar sensações agradáveis e não propriamente conhecer e fazer a vontade do Senhor.
Evidentemente que os sentimentos e as emoções acompanham geralmente a nossa adoração, mas não deve ser neles que devemos basear o nosso conhecimento de Deus e comunhão com Ele, mas exclusivamente na prática racional da Sua Palavra.
Todavia, deve ser considerado que Deus utiliza de variados meios para abrir caminho nos corações de pedra, de modo a produzir conversões, para a habitação do Espírito Santo.
Isto explica porque muitas das conversões narradas no Novo Testamento foram produzidas com o simples anúncio do nome de Jesus Cristo como sendo o salvador prometido nas Escrituras. Veja o caso do centurião Cornélio com a visita de Pedro, do cego de nascença e da mulher samaritana por Jesus, do
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coxo no templo com Pedro e João, da mulher que ungiu os pés de Jesus na casa do fariseu Simão, do coxo que foi introduzido pelo telhado em Cafarnaum, o ladrão na cruz, e em tantos outros exemplos narrados na Bíblia.
A grande comprovação de que a salvação é de fato somente pela graça está em que esta é concedida por Deus quando o conhecimento acerca da Sua completa vontade for ainda muito pequeno, ou até mesmo inexistente.
Nos dias dos grandes avivamentos nos dias dos irmãos Wesley, de Jonathan Edwards, Evan Roberts, etc, foi a intensidade da forma de culto com cânticos e êxtases espirituais que produziu a abertura do caminho nas mentes, pelas emoções, para que o Espírito Santo produzisse as conversões.
Por isso vemos o apóstolo Paulo ensinando em Romanos 10 que o ato de confessar a Jesus como Senhor e Salvador com os lábios, crendo no coração que Deus o ressuscitou entre os mortos, pode produzir conversões.
Para o mesmo efeito, exortava os crentes a entoarem hinos e cânticos espirituais, uma vez que trabalhando nas emoções podem abrir o caminho para o mesmo efeito esperado.
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Então a proclamação do nome de Jesus por aqueles que o conhecem de fato e que praticam a Sua palavra em vidas santificadas e consagradas pode ser honrada por Deus com a produção de conversões.
Todavia, esta proclamação, pregação do evangelho, da boa nova de que há salvação disponível em Cristo para todo aquele que nele crer, e simplesmente olhar para ele com os olhos da fé, não é tudo quanto se espera do ministério cristão.
O Senhor ordenou que se pregasse o evangelho, mas que também se fizesse discípulos em todas as nações ensinando-lhes tudo o que ele ordenou para ser guardado, ou seja, cumprido por eles.
Isto demanda, portanto, não apenas conhecimento das Escrituras por parte do discipulador, como também o cuidado de instruir na verdade todos aqueles que se converteram recentemente.
Sem isto, dificilmente alguém perseverará na fé ou mesmo terá a sua vida edificada na verdade.
Agora, não podemos esquecer também que conversões baseadas em sentimentos e emoções, especialmente as estimuladas pelos dirigentes de cultos religiosos interesseiros,
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cujo propósito não seja o de glorificar exclusivamente a Deus e honrar a Sua Palavra, devem ser colocadas sob suspeita, uma vez que os frutos do ministério dos falsos pastores e profetas não pode ser um bom fruto de uma árvore boa.
Também deve ser considerado que estratégias agressivas para abrir canais emocionais para um trabalho de poder do Espírito Santo nos corações, produzindo conversões, podem gerar mais escândalos e resistências ao Espírito do que facilitar o seu trabalho, como por exemplo ordenar que as pessoas caiam no chão, e façam bizarrices para experimentarem o poder de Deus. É de se esperar que pessoas com um mínimo de bom senso não se sujeitem a isto.
Conhecendo o poder do impacto emocional sobre as mentes o apóstolo Paulo tinha o cuidado de evitar que até mesmo o uso descuidado de um dom sobrenatural do Espírito Santo – o de línguas – pudesse evitar um impacto negativo nos ouvintes, conforme podemos ver em I Coríntios 14.14,15,19.
Ao se fazer uma análise detida das passagens bíblicas destacadas abaixo, relativas ao assunto do nosso título, observamos claramente que ao falar de mente a Palavra de Deus a relaciona a entendimento espiritual da revelação divina, mas de modo nenhum, exclui a participação da
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nossa compreensão racional da revelação escrita.
O Espírito Santo não põe à parte o nosso intelecto na comunicação e ensino da verdade. Ao contrário, a via comum da sua comunicação é a nossa mente, especialmente pela aplicação à meditação da Bíblia.
A verdade já está revelada de uma vez por todas na Palavra de Deus, de modo que tudo o que necessitamos é que o nosso entendimento seja aberto pelo Espírito para a correta compreensão e interpretação da mesma. E para tal propósito Deus levanta mestres para o ensino da Igreja, mestres estes que necessariamente devem ter sido, eles próprios, instruídos pelo Espírito Santo para o entendimento da Palavra.
É por esta via que se faz a renovação da mente ordenada aos crentes nas Escrituras, e não por meio de êxtases espirituais ou qualquer forma mística de se cultuar a Deus, de maneira que somos orientados a fazer uma renovação que se baseie num culto racional, ou seja, por meio de uma mente devidamente instruída nas Escrituras.
A mente foi despertada na conversão, e Deus passou a ser conhecido pessoalmente, mas há necessidade de se prosseguir neste
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conhecimento de Jesus e da Sua graça (II Pedro 3.8).
O culto não deve ser fantasioso, fantástico, imaginário, mas real e verdadeiro, conforme importa que Deus seja adorado, a saber, em espírito e em verdade. E sem o uso adequado de nossas faculdades mentais, de nosso intelecto, de nosso pensamento, jamais poderíamos adorar de tal modo, em razão do nosso desconhecimento da Palavra revelada, notadamente no que se exige de nós em relação aos mandamentos divinos.
Todavia, não devemos ficar reféns do uso exclusivo da razão para o conhecimento da vontade de Deus, uma vez que necessitamos principalmente da convicção, iluminação, instrução e direção do Espírito Santo, tanto para a nossa conversão, quanto para a nossa santificação.
Sem esta operação sobrenatural do Espírito Santo a simples leitura da Palavra torna-se inócua, como a isto se refere o apóstolo dizendo que a letra mata sem o trabalho vivificante do Espírito Santo, porque não podemos achar a salvação que nos conduz à vida eterna por somente conhecermos a letra da Palavra, conhecimento este que sem a salvação somente servirá para agravar a nossa morte espiritual, pois que estaremos sufragando a nossa própria
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condenação pelo conhecimento da verdade não praticada.
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Tranquilidade de Mente
A questão não é: qual é o tipo problema suposto ou real que pode roubar a nossa paz de mente, mas: como a nossa mente reage aos diversos tipos de problemas, especialmente quando se apresentam a nós em primeira mão.
Ficamos imediatamente alarmados e assim permanecemos por longo tempo?
Nossa capacidade de pensar racionalmente fica prejudicada?
Procuramos achar alívio na imediata solução do problema?
Ficamos na expectativa de que aqueles que lhe deram causa sejam imediatamente responsabilizados, achando que com isto acharíamos alguma paz de espírito?
Pensamos que Deus não cuidou devidamente de nós ou que foi injusto em permitir que passássemos pelas condições que nos estão afligindo?
Recuamos ou procuramos resolver a situação independentemente de não ter pensado sobre qual seria o melhor modo de fazê-lo, ou até mesmo se seria oportuno fazê-lo?
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Enfim, muitas outros questionamentos poderiam ser apresentados, todavia não é o nosso propósito fazer um diagnóstico sobre a forma como reagimos às coisas que podem perturbar a nossa paz de mente, mas se temos nos preparado mental e espiritualmente para enfrentá-las.
Dos cristãos da Igreja Primitiva nos é relatado nas Escrituras que aceitaram com alegria o espólio dos seus bens, Heb 10.34; suportaram afrontas por causa do nome de Jesus se regozijando, Atos 5.41, e se alongam os testemunhos acerca da paciência e paz com que sofreram todas as suas tribulações.
Certamente, o que lhes capacitava a isto era a grande confiança que tinham na providência de Deus; sabendo que tudo que era permitido por Ele que lhes sucedesse era para o seu próprio bem, em todo progresso em aumento de fé e crescimento espiritual; que os olhos do Senhor estavam constantemente sobre eles e suas circunstâncias de vida, e que ainda que não fossem livrados do problema propriamente dito, seriam preservados em perfeita paz pelo poder da Sua graça, operando em seus corações.
Quando nos concentramos no problema podemos desesperar ou perder a nossa paz, ainda que pelo tempo em que estivermos com os nossos olhos desviados do Senhor.
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O apóstolo Pedro, tendo aprendido a sua lição em várias oportunidades, como quando afundava nas águas por ter temido o tamanho das ondas e a fúria da tempestade, e foi livrado quando clamou por socorro ao Senhor, nos dá o seguinte conselho caso estejamos sofrendo por motivo de quaisquer tribulações: “Por isso, também os que sofrem segundo a vontade de Deus encomendem a sua alma ao fiel Criador, na prática do bem.”, I Pe 4.19. Este “encomendem” do texto significa entregar ao cuidado de Deus.
Veja que ele não diz que devemos entregar os nossos corpos, os nossos problemas ou o que ou quem estiver lhe dando causa, senão à nossa própria alma, ou seja, especialmente a nossa mente, que é uma das faculdades da alma, que é a parte mais atingida nestas ocasiões aflitivas.
Ele nos aconselha a deixarmos a nossa mente sob o cuidado de Deus, para que a paz de Cristo possa nos preservar em perfeita tranquilidade de mente – a sua paz sobrenatural que excede todo o entendimento, Fil 4.7, e que nos é comunicada quando nos exercitamos cotidianamente para sermos achados na seguinte condição, apontada pelo apóstolo:
“Alegrai-vos sempre no Senhor; outra vez digo: alegrai-vos.
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Seja a vossa moderação conhecida de todos os homens. Perto está o Senhor.
Não andeis ansiosos de coisa alguma; em tudo, porém, sejam conhecidas, diante de Deus, as vossas petições, pela oração e pela súplica, com ações de graças.
E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará o vosso coração e a vossa mente em Cristo Jesus.” (Fil 4.4-7).
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Vontade e Inclinação Moral e Espiritual
Por vontade entendemos muito mais do que a faculdade da mente humana em fazer escolhas e tomar decisões, porque a vontade não é um poder soberano em nós, uma vez que pode ser influenciada por diversos fatores que pesarão preponderantemente em muitas das nossas escolhas e decisões, que apesar de serem o fruto do exercício de nossa vontade, pode-se dizer das mesmas que foram involuntárias, em diversas situações, ou seja, quando não nos achávamos no domínio pleno destas escolhas e decisões.
Daí termos associado à vontade, a nossa inclinação moral e espiritual, porque por um conjunto de fatores que não chegamos a compreender muito bem, há toda uma disposição diferenciada de pessoa para pessoa para pender para os mais diversos tipos de ânimo, espírito, temperamento, humor, padrões de obediência e de rebelião, enfim, de todo o somatório de poderes que operam na mente, no espírito e corpo de cada pessoa, e que determinam o seu pendor ou inclinação moral e espiritual.
De um modo geral, toda a humanidade se encontra naturalmente indisposta para as coisas espirituais, celestiais e divinas, e isto configura, na verdade, um estado de inimizade e
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oposição a tudo o que se refira efetivamente à vontade de Deus e seus mandamentos.
Mas, mesmo neste caso, alguns possuem um pendor natural para as coisas que são comportamentalmente aprovadas pela sociedade, e outros que vão na direção contrária a isto. E nem sempre uma chamada boa educação pode responder sozinha para a determinação de um bom comportamento.
Há vários fatores intrínsecos formadores da própria personalidade que preponderam sobre tudo o mais que se possa fazer de esforço para melhorar o procedimento daqueles que costumam fazer um uso inadequado da vontade por seguirem inclinações perniciosas inerentes à sua própria constituição interior.
Pessoas há que simplesmente não se permitem serem amoldadas por boas influências externas, sejam elas de qual natureza forem, naturais ou espirituais. E isto permanece como um grande mistério até hoje para todos nós, porque sucede assim.
Deus, que é o criador de tudo e de todos, não criou qualquer tipo de mal moral ou espiritual.
Portanto, não se pode atribuir isto a uma falha de fabricação, mas a um fator estranho que se introduziu não somente na criação dos homens,
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como também na dos anjos que se transformaram em demônios, porque sendo ambos seres morais, dotados de vontade própria, escolheram e se inclinaram para longe de Deus e do padrão de vida e de comportamento que nele existem e que dele emanam para todas as suas criaturas que lhe são obedientes.
Mas, no melhor dos homens, em razão da inimizade natural pecaminosa que há em todos, há a necessidade de nos esforçarmos para nos inclinarmos para as coisas que são de Deus, segundo o pendor do Espírito Santo, para que possamos ter a nossa vontade sendo dirigida pela boa, perfeita e agradável vontade de Deus, em tudo o que é justo e santo, Rom 8.6-13; 12.1,2.
Assim, bem irá ao que se arrepender e se humilhar diante de Deus reconhecendo a sua plena dependência dele para tudo o que é bom e aprovado, uma vez observadas todas as limitações e dificuldades a que estamos naturalmente expostos.
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Onde eu me Situo em Tudo Isto?
Com esta pergunta de caráter pessoal em nosso título queremos conduzir o presente assunto no seu próprio campo de pertinência, uma vez que as questões que serão abordadas dizem respeito à nossa personalidade como um todo composto de várias partes, e portanto, a proposta da indagação seria a de que aqueles que assim o desejassem, possam analisar a si mesmos quanto às medidas que possuem de cada um dos pontos enfocados.
À guisa de orientação geral, cabe destacar que, a par de estarmos apresentando um estudo analítico de partes constituintes da personalidade, o nosso foco será o homem total, assim compreendido: corpo, alma e espírito, uma vez que sendo a divindade composta por três pessoas distintas e no entanto haver um só Deus, de igual forma, as três partes constituintes da humanidade aqui na Terra, são as três referidas, e o ser humano é uma só pessoa a par de ter um espírito, uma alma e um corpo físico.
Muito bem. Feitas estas considerações de caráter geral, passemos ao estudo analítico propriamente dito.
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Há, neste mundo, dois reinos distintos de operações distintas, sendo um natural do qual todos participam, e o segundo, espiritual, do qual passam a participar apenas aqueles cujos espíritos são renascidos do Espírito Santo.
Tanto num reino quanto noutro, as ditas faculdades ou habilidades naturais ou espirituais se encontram e são aperfeiçoadas ou deterioradas nos seguintes campos:
1 - inteligência intelectual
2 - inteligência emocional
3 – caráter
4 – conhecimento
5 – sabedoria
6 – vontade e inclinação moral e espiritual.
Todos estes seis aspectos básicos constituintes da personalidade são encontrados tanto no reino natural, quanto no espiritual, sendo amplamente distintos em suas formas de ser e de expressão.
1 – Inteligência Intelectual
Não pretendemos esgotar os diversos significados desta expressão, senão relacioná-la
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apenas às diferentes capacidades das pessoas em adquirir conhecimentos e resolver problemas, especialmente pelo uso do raciocínio. Estas capacidades são diversas e em muitos casos independentes e também múltiplas em todos os campos possíveis de serem investigados, quer no campo natural, quer no espiritual.
Assim, a Inteligência Intelectual Natural, se relaciona a tudo o que é pertencente ao mundo natural visível ou invisível. Ela abrange todos os processos linguísticos, filosóficos, científicos, tecnológicos, ontológicos e tudo quanto possa ser aprendido do que chamamos de coisas pertencentes ao universo físico tangível ou intangível.
Por seu turno, a Inteligência Intelectual Espiritual, se relaciona exclusivamente às coisas que podem ser somente entendidas por iluminação e revelação do Espírito Santo, I Cor 2. Estas coisas são espirituais, celestiais e divinas, e apesar de serem manifestadas ao nosso espírito, podem ser apreendidas e discernidas pela mente que foi e que está sendo renovada progressivamente pelo Espírito Santo.
Como afirmamos anteriormente, ambos os tipos de inteligência mencionados pertencem a campos distintos, e portanto ser muito inteligente nas coisas temporais, não implica
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necessariamente que se tenha inteligência espiritual, e a recíproca é também verdadeira, porque é possível ser muito inteligente espiritualmente falando, e ser pouco inteligente no que se refere às coisas naturais. Assim, um cristão não está necessariamente em vantagem em relação ao não cristão no que se refere ao domínio das coisas naturais, como este, não está no que tange às espirituais em relação ao cristão.
Todavia, por ser o homem corpo, alma e espírito, a inteligência intelectual pode não somente ser afetada em si mesma, como também afetar consideravelmente outros campos da personalidade, que destacamos anteriormente (Inteligência Emocional, caráter, conhecimento, sabedoria, vontade e inclinação moral), por vários fatores.
Por exemplo, portadores de TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade) ou TDA (sem hiperatividade), que é caracterizado por falta de concentração, impulsividade e hiperatividade ou excesso de energia. O TDA ocorre em crianças e adultos, homens e mulheres, abrangendo todas as camadas socioeconômicas, níveis de escolaridade e graus de inteligência. Nos EUA há cerca de 17 milhões de pessoas que sofrem este distúrbio presentemente.
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Apesar de cerca de um terço conseguir superar o problema na adolescência, os demais terão que conviver com o TDA ao longo de suas vidas neste mundo. E ainda, que possa haver um considerável controle com o uso adequado de fármacos receitados por médicos psiquiatras, e pelo acompanhamento psicológico do método de disciplina comportamental, sempre haverá uma grande influência, mas não para tornar a pessoa menos inteligente, ao contrário, porque são muito inteligentes acima da média, intelectualmente falando, mas podem sofrer sérios prejuízos nas demais áreas da personalidade destacadas anteriormente. (inteligência emocional, conhecimento etc).
Isto porque são os principais sintomas dos portadores adultos de TDA:
- dificuldades em organizar as tarefas diárias;
- tendência a ser desorganizado e a perder objetos;
- irritação com tarefas repetitivas ou monótonas;
- preferência por ambientes agitados;
- numa conversa, começa a falar antes do fim de uma pergunta ou de uma resposta;
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- distração e "sonhos acordados" constantes, principalmente quando está lendo ou ouvindo por obrigação;
- períodos de sonolência durante o dia;
- falhas de memória;
- comportamento impulsivo. Falar e agir sem medir as consequências;
- alterações rápidas de humor;
- em alguns casos, envolvimento com uso abusivo de drogas.
Vemos que estes fatores podem afetar até mesmo a Inteligência Intelectual Espiritual, e todos os demais campos pertinentes ao chamado homem espiritual total, porque tudo isto contribui para a dispersão na concentração exigida especialmente para a prática da oração e meditação da Palavra de Deus; uma vez que a mente está naturalmente indisposta, distraída e irritada.
E tudo no mundo espiritual chama e se desenvolve no ambiente de ordem, concentração e paz.
Todavia, quando se é nascido do Espírito Santo, ainda que não dissolvidas totalmente, estas desvantagens apontadas podem em muito ser
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mitigadas pelo poder da graça de Cristo, através das novas disposições implantadas na nova criatura, que vão na contramão de tudo o que se encontra no TDA, a par de que, isto demandará, como em todos os demais aspectos componentes da personalidade, de um crescimento gradual e progressivo que será consumado com o processo da santificação do corpo, alma e espírito.
2 – Inteligência Emocional
Não pretendemos nos prender à exploração completa deste conceito, conforme muitos o fizeram, especialmente Salovey e Mayer, e Goleman, dos quais estamos destacando apenas a definição das habilidades apresentadas por este último como sendo as principais categorias do que se chama de Inteligência Emocional:
1. Autoconhecimento Emocional - reconhecer as próprias emoções e sentimentos quando ocorrem;
2. Controle Emocional - lidar com os próprios sentimentos, adequando-os a cada situação vivida;
3. Automotivação - dirigir as emoções a serviço de um objetivo ou realização pessoal;
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4. Reconhecimento de emoções em outras pessoas - reconhecer emoções no outro e empatia de sentimentos; e
5. Habilidade em relacionamentos interpessoais - interação com outros indivíduos utilizando competências sociais.
Quando falta ou quando se é pequena a chamada Inteligência Emocional, assim considerada pelos termos destacados anteriormente, haverá prejuízos especialmente nas chamadas relações interpessoais, pela falta de um controle adequado sobre as emoções, e que se traduzirá geralmente em explosões de ira, irritações e alterações de humor, muitas vezes injustificadas.
Isto depõe contra a possibilidade de um viver harmônico em interações sociais, e especialmente na comunhão espiritual quando isto se refere à Inteligência Emocional Espiritual.
Como o fruto do Espírito Santo é paz, alegria, bondade, benignidade, longanimidade, amor e domínio próprio, ainda que a Inteligência Emocional Natural, por maior que seja, não responda a este fruto citado, que é eminentemente sobrenatural e celestial, ou seja, que nos vem do Alto, todavia, aqueles que não a possuem naturalmente ou de modo
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deficiente terão maiores dificuldades em serem ajustados ao padrão de comportamento que Deus espera forjar em todos os seus filhos amados, sem que isto caracterize, no entanto, uma impossibilidade, para o Deus ao qual são possíveis todas as coisas.
Assim, quando aqueles que se encontravam com maiores dificuldades para o seu aperfeiçoamento espiritual, chegam a alcançá-lo por lutarem para o buscarem em Deus, muito maior é a glória de Deus nestes casos, pela plena evidência do seu poder transformador de vidas.
Parece-nos portanto, que ele permitiu estas deficiências naturais, que entraram na criação por causa do pecado original, para que ele tivesse uma glória ainda maior, pela demonstração do seu poder de cura, amor e cuidado misericordioso demonstrados para todos aqueles que recorrem a ele para serem socorridos, por meio da fé em Jesus Cristo, por meio de quem nos são concedidas todas as coisas.
Antes de concluir esta parte, cabe ressaltar que os que são de temperamento calmo e brando, não estão também excluídos da necessidade do cuidado de Deus, porque podem ficar tímidos por conta de suas disposições naturais e não virem a investir e a fazer progresso com ousadia
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no reino de Deus, por um firme testemunho de fé, especialmente nas circunstâncias adversas.
E, além disso, são mais facilmente tentados a confundir a santificação que procede do Espírito Santo com o seu fruto de mansidão, longanimidade, etc, com o temperamento natural que eles possuem, e que como afirmamos anteriormente, não consiste no fruto de santificação que nos leva a servir e a adorar a Deus com um coração puro e uma boa consciência.
Enfim, ser calmo não significa que se esteja vivendo na fé e na direção do Espírito Santo.
3 – Caráter
A par de existirem várias formas de definição do que seja caráter, estaremos restringindo o uso do termo à sua forma de apresentação indireta na Bíblia como se referindo à própria essência da personalidade, a qual é identificada pelo bom nome da pessoa, como ocorre em Mateus 10.40, onde caráter foi vertido de onoma, no original grego, que significa nome.
Assim, podemos definir caráter como sendo o modo de viver segundo determinados valores específicos.
Teríamos assim um bom ou um mau caráter, dependendo destes valores.
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Um bom caráter segundo o que é relativo ao mundo civil é portanto aquele que segue as regras e valores aprovados da sociedade em que se vive.
E um bom caráter segundo o que é relativo ao reino de Deus é aquele que segue as regras e os mandamentos de Deus.
Por conseguinte, todo o comportamento que sistematicamente viola estas regras, tanto num campo de abrangência, quanto noutro, pode ser dito pertencente a alguém de mau caráter.
A formação do caráter pode ser altamente influenciada pelo meio em que se vive, de modo que aqueles que andam com os sábios poderão vir a ser sábios, mas aquele que andar em má companhia poderá ter o seu caráter moldado por seus maus companheiros.
Do cristão se requer que seja um bom caráter tanto no chamado mundo civil, quanto no reino de Deus, porque lhe é imposto dar a César o que é de César e a Deus e o que é de Deus.
E, a propósito, não é possível ser um bom caráter segundo Deus, quando não se é um bom cidadão.
O Cristão carrega sobre si o bom nome de Cristo, e é seu dever portanto, moldar o seu caráter a este nome, porque importa que haja
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nele o mesmo caráter que há em Cristo, que em tudo é obediente ao Pai.
Um espírito santificado deve influenciar os hábitos de uma mente e de um corpo também santificados, porque tudo o que se pensa, se imagina, que se faz com o corpo, deve seguir o pendor do espírito e não o da carne (natureza pecaminosa).
“E conheceis o seu caráter provado, pois serviu ao evangelho, junto comigo, como filho ao pai.” (Fil 2.22)
4 – Conhecimento
Há um conhecimento natural que todos os homens podem alcançar, dentro dos limites considerados anteriormente, e um conhecimento espiritual que somente aqueles que são nascidos do Espírito Santo podem obter.
Tanto num caso como noutro (natural e espiritual) pode existir progresso no aumento do conhecimento, sendo que no que tange ao espiritual, isto será possível não apenas mediante o nosso esforço em diligência para adquirir o citado conhecimento, como também somos dependentes da iluminação e revelação do Espírito Santo, e daí a necessidade da oração e da prática da Palavra de Deus.
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E como vimos antes, um bom caráter, será o fator principal gerador de uma boa consciência, em uma maior aplicação para o desenvolvimento e aperfeiçoamento de nossa inteligência intelectual e emocional, notadamente no que se refere ao campo espiritual, e muito contribuirá para uma maior aquisição de conhecimento das coisas espirituais, celestiais e divinas, porque, apesar de Deus trabalhar com a nova natureza que recebemos pela fé em Cristo, tudo reflete no homem total que somos, a saber, corpo, alma e espírito.
O conhecimento espiritual no qual o cristão deve se empenhar para o seu crescimento é o relativo à graça de Jesus, ou seja, em tudo o que é chamado a receber e a viver segundo lhe está disponibilizado em Cristo, pela sua graça, 2 Pe 3.18.
5 – Sabedoria
Sabedoria, biblicamente falando, abrange muito mais do que a definição clássica de se fazer o uso adequado dos conhecimentos adquiridos.
Este é um assunto por demais extenso, e por isso gostaríamos de resumi-lo ao enfoque da sabedoria e sensatez que é segundo Deus, e o da sabedoria e sensatez que é segundo o mundo.
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O próprio texto grego do original do Novo Testamento nos ajuda muito no estabelecimento de tal distinção porque possui palavras específicas para indicar um uso mais preciso das referidas palavras.
Por exemplo: a palavra sábio no grego, quando indica o tipo de conhecimento, habilidades e mentalidade adquiridos, é geralmente fronimos.
E quando indica o conjunto de conhecimentos e o modo da sua aplicação, a palavra geralmente usada é sofós.
Agora, tanto num caso, como no outro, é possível ser sábio e sensato segundo Deus, nas coisas espirituais, celestiais e divinas; ou então ser sábio segundo o mundo e a carne apenas nas coisas terrenas e naturais, ou então nas do reino espiritual da maldade.
Toda pessoa chega a este mundo naturalmente desprovida do conhecimento de Deus, e portanto não pode possuir a sensatez, a sabedoria, a prudência e inteligência divinas, traduzidas no modo de discernir todas as pessoas e coisas, segundo o modo de Deus discerni-las.
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Tal sabedoria, somente pode ser adquirida, e crescer em graus, mediante a conversão e consagração a Cristo.
Nós lemos em I Cor 1.26,27 o seguinte:
“Irmãos, reparai, pois, na vossa vocação; visto que não foram chamados muitos sábios segundo a carne, nem muitos poderosos, nem muitos de nobre nascimento; pelo contrário, Deus escolheu as coisas loucas do mundo para envergonhar os sábios e escolheu as coisas fracas do mundo para envergonhar as fortes;”
A expressão “as coisas loucas” foi traduzida da palavra grega, morós, usada por Paulo no original grego, no gênero neutro, a qual significa néscio, insensato, tolo ou estulto. Significado este, que encontramos nos demais textos do Novo Testamento que utilizam a referida palavra.
Como a referência “as coisas loucas” está em contraposição à citação “os sábios”, então teríamos uma melhor tradução com “Deus escolheu os insensatos, ou tolos, do mundo, para envergonhar os sábios”.
Mas Deus pode escolher e amar pessoas insensatas?
Sim. Deus pode amar o insensato e não a sua insensatez.
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Os crentes estão também sujeitos a serem insensatos, ou seja, a não terem discernimento, não como um atributo permanente, mas por lapsos avulsos de bom senso.
Todavia, em Ef 5.17 os crentes são convocados a não serem insensatos, mas procurar saber a vontade de Deus.
Mesmo crentes estão sujeitos a serem sábios segundo o mundo em muitos sentidos, mas eles têm o que o mundo não tem, que é a fonte da verdadeira sabedoria habitando neles, a qual é Cristo, e que pode levá-los a terem cada vez mais a sabedoria que é segundo Deus.
Pela rápida exploração destes conceitos relativos à sabedoria, podemos entender que não é à toa que Deus nos ordena a não nos gloriarmos na nossa sabedoria, Jer 9.23, porque ela está sujeita a diversas limitações em si mesma, e não responde por si só, a tudo o que compõe a nossa personalidade, conforme estamos analisando em todas as partes deste estudo.
6 – Vontade e Inclinação Moral e Espiritual
Por vontade entendemos muito mais do que a faculdade da mente humana em fazer escolhas e tomar decisões, porque a vontade não é um poder soberano em nós, uma vez que pode ser
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influenciada por diversos fatores que pesarão preponderantemente em muitas das nossas escolhas e decisões, que apesar de serem o fruto do exercício de nossa vontade, pode-se dizer das mesmas que foram involuntárias, em diversas situações, ou seja, quando não nos achávamos no domínio pleno destas escolhas e decisões.
Daí termos associado à vontade, a nossa inclinação moral e espiritual, porque por um conjunto de fatores que não chegamos a compreender muito bem, há toda uma disposição diferenciada de pessoa para pessoa para pender para os mais diversos tipos de ânimo, espírito, temperamento, humor, padrões de obediência e de rebelião, enfim, de todo o somatório de poderes que operam na mente, no espírito e corpo de cada pessoa, e que determinam o seu pendor ou inclinação moral e espiritual.
De um modo geral, toda a humanidade se encontra naturalmente indisposta para as coisas espirituais, celestiais e divinas, e isto configura, na verdade, um estado de inimizade e oposição a tudo o que se refira efetivamente à vontade de Deus e seus mandamentos.
Mas, mesmo neste caso, alguns possuem um pendor natural para as coisas que são comportamentalmente aprovadas pela sociedade, e outros que vão na direção contrária
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a isto. E nem sempre uma chamada boa educação pode responder sozinha para a determinação de um bom comportamento.
Há vários fatores intrínsecos formadores da própria personalidade que preponderam sobre tudo o mais que se possa fazer de esforço para melhorar o procedimento daqueles que costumam fazer um uso inadequado da vontade por seguirem inclinações perniciosas inerentes à sua própria constituição interior.
Pessoas há que simplesmente não se permitem serem amoldadas por boas influências externas, sejam elas de qual natureza forem, naturais ou espirituais. E isto permanece como um grande mistério até hoje para todos nós, porque sucede assim.
Deus, que é o criador de tudo e de todos, não criou qualquer tipo de mal moral ou espiritual.
Portanto, não se pode atribuir isto a uma falha de fabricação, mas a um fator estranho que se introduziu não somente na criação dos homens, como também na dos anjos que se transformaram em demônios, porque sendo ambos seres morais, dotados de vontade própria, escolheram e se inclinaram para longe de Deus e do padrão de vida e de comportamento que nele existem e que dele
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emanam para todas as suas criaturas que lhe são obedientes.
Mas, no melhor dos homens, em razão da inimizade natural pecaminosa que há em todos, há a necessidade de nos esforçarmos para nos inclinarmos para as coisas que são de Deus, segundo o pendor do Espírito Santo, para que possamos ter a nossa vontade sendo dirigida pela boa, perfeita e agradável vontade de Deus, em tudo o que é justo e santo, Rom 8.6-13; 12.1,2.
Assim, bem irá ao que se arrepender e se humilhar diante de Deus reconhecendo a sua plena dependência dele para tudo o que é bom e aprovado, uma vez observadas todas as limitações e dificuldades a que estamos naturalmente expostos.
E, ao concluirmos esta nossa breve reflexão gostaria de indagar a mim mesmo: e então, onde é que eu me se situo em tudo isto? Estou estagnado, vencido pelas circunstâncias que me são adversas tanto exteriores, quanto interiores, ou estou fazendo progresso em Cristo Jesus para superá-las?
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Pensamentos como Flores
Em Romanos 8.6 lemos que a inclinação da carne dá para morte, mas a inclinação do Espírito dá para a vida e paz. Em outras palavras isto significa que ser carnal é estar morto espiritualmente, e ser espiritual é ter vida eterna e paz.
Pensamentos e meditações que procedem de afetos espirituais são as primeiras coisas em que consiste a mentalidade espiritual, e por meio do que ela se comprova.
Nossos pensamentos são como as flores de uma árvore na primavera.
Você pode ver uma árvore na primavera toda coberta com flores, de forma que nada mais dela aparece. Milhares destas flores caem e não vêm a dar em nada.
Frequentemente onde há muitas flores há menos frutos.
Mas se houver algum fruto, seja ele de que tipo for, bom ou ruim, ele deve vir de alguma dessas flores.
A mente do homem está coberta com pensamentos, como uma árvore com flores.
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“Como o homem pensa em seu coração, assim ele é.” (Pv 23.7).
Pensamentos normalmente voluntários são a melhor medida e indicação da estrutura de nossas mentes.
Por isso nosso Senhor diz que a boca fala aquilo do que o coração está cheio.
Assim a predisposição do coração pode ser avaliada pela predominância de pensamentos voluntários – aquilo que pensamos normal e espontaneamente.
Se pensamos deste modo sobre as coisas celestiais e divinas, isto é um sinal de que somos espirituais, porque este é o furto produzido por estas flores que são os nossos pensamentos.
Mas, se ao contrário, nos dispomos a pensar espontaneamente com exclusividade sobre coisas naturais e terrenas, então isto é indicativo de que nos falta aquela espiritualidade que Cristo veio nos trazer.
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A Mente Carnal conduz a Morte
Por João Calvino
Porque os que se inclinam para a carne...(Rm 8.5,6). O apóstolo introduz esta distinção entre a carne e o espírito, não só para confirmar sua afirmação anterior de que a graça de Cristo pertence tão-somente aos que, uma vez regenerados pelo Espírito, se esforçam por uma vida de inocência, mas também viver para ajudar os crentes com uma consolação oportuna, para que não se desesperem ante a consciência de suas muitas enfermidades. Visto que excetuara da maldição somente os que vivem uma vida espiritual, poderia parecer estar eliminando toda a humanidade da esperança da salvação. Quem se encontrará neste mundo adornado com pureza angelical, de modo a não mais ter nada a ver com a carne? Era, pois, indispensável que Paulo adicionasse esta definição do que se acha subentendido nas expressões: estar na carne e andar segundo a carne. A princípio, ele não faz esta distinção em termos tão precisos. Entretanto, como veremos mais adiante, seu propósito é inspirar os crentes com esperança inabalável, não obstante estejam ainda atados à sua carne. Contudo não se entregam ao domínio da concupiscência, mas se confiam à diretriz do Espírito Santo.
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Quando diz que os homens carnais cuidam ou vivem a cogitar das coisas da carne, ele declara que não considera carnais àqueles que aspiram a justiça celestial, e, sim, àqueles que são completamente devotados ao mundo. Portanto, traduzi (povouaiv) por uma palavra de sentido mais amplo - “mente” [=cogitant] -, visando a que os leitores viessem compreender a que ele se refere somente aos que são excluídos do número dos filhos de Deus, aqueles que se entregam às fascinações da carne e aplicam suas mentes e zelos aos desejos depravados. Ora, na segunda cláusula, ele reanima os crentes para que alimentem firme esperança, para que se sintam estimulados a meditar sobre a justiça [procedente[ do Espírito. Sempre que o Espírito reina, é um sinal da graça salvífica de Deus, assim como a graça de Deus não existe onde o Espírito é extinto e o reino da carne prevalece. Reiterarei sucintamente, aqui, a admoestação a que me referi antes, a saber: estar na carne, ou viver segundo a carne, significa o mesmo que privar-se do dom da regeneração. Todos aqueles que continuam a viver como “homens carnais”, para usar uma expressão popular, na verdade tal é o seu estado.
Porque a mente da carne conduz à morte. Erasmo traduz “afetos” [=affectum] para cogitatio; a Vulgata, “prudência” [ =prudentiam]. Contudo, visto ser indiscutível que a expressão de Paulo é a mesma usada por
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Moisés quando fala da imaginação [=figmentum] do coração [Gn 6.5; 8.21], e que esta palavra inclui todos os sentidos da alma, desde a razão e o entendimento até aos afetos, parece-me que “mente” \—cogitatió\ é mais adequada à passagem. Embora Paulo tenha usado a partícula yáp, estou certo de que esta é confirmativa, pois existe um gênero de concessão aqui. Tendo apresentado uma breve definição do que estar na carne significa, ele agora adiciona o fim que aguarda a todos quantos se entregam à carne. Ele assim prova por meio de contraste que aqueles que permanecem na carne não podem ser participantes da graça de Cristo, pois ao longo de todo o curso de sua vida não fazem outra coisa senão precipitar-se para a morte.
Esta é uma passagem mui notável. Aprendemos dela que, ao seguirmos o curso da natureza, damos um mergulho no abismo da morte, porquanto não produzimos outra coisa para nós mesmos senão a destruição. Paulo logo adiciona uma cláusula contrastante com o fim de ensinar-nos que, se alguma parte de nós tende para a vida, é o Espírito que manifesta seu poder, já que nem mesmo uma única fagulha de vida procede de nossa carne. Paulo a chama de vida devotada às coisas espirituais, visto que ela é vida vivificante, ou que conduz à vida. Pelo termo paz ele quer dizer, segundo o costume hebraico, tudo quanto faz parte do bem-estar.
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Cada ação do Espírito de Deus, em nosso íntimo, visa à nossa bem-aventurança. Entretanto, não há razão para atribuir a salvação às obras, por este motivo, porque, embora Deus inicie nossa salvação e finalmente a completa ao renovar-nos segundo a sua imagem, todavia a única causa de nossa salvação está em seu beneplácito, pelo qual ele nos faz participantes de Cristo.
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A Fonte do Conhecimento Espiritual do Cristão
Todos os crentes santificados têm uma habilidade e poder na mente e compreensão renovada, para ver, conhecer, discernir, e receber, as coisas espirituais, os mistérios do evangelho, a mente de Cristo, de forma devida e espiritual.
É verdade que nem todos possuem este poder e capacidade no mesmo grau; mas cada um deles tem uma suficiência do mesmo, a fim de discernir o que diz respeito a si mesmos e seus deveres. Alguns deles parecem, na verdade, ser muito fracos em conhecimento, e em comparação com outros, muito ignorantes, porque existem diferentes graus nestas coisas; Ef 4.7. E alguns deles são mantidos nessa condição por sua própria negligência e preguiça. Eles não usam como deveriam, nem melhoram os meios de crescimento na graça e no conhecimento de Jesus Cristo, que Deus lhes prescreve - Heb 6.14-16. Mas todo aquele que é verdadeiramente santificado, e que assim tem recebido o menor grau da graça salvadora, tem luz suficiente para entender as coisas espirituais do evangelho de uma forma espiritual.
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Quando os mistérios do evangelho são pregados aos crentes, de alguns deles pode ser declarado que aqueles que são de menor capacidade e habilidade podem não ser capazes de compreender corretamente a doutrina, que é necessária para ser proposta para a edificação daqueles que são mais maduros em conhecimento. No entanto, não há nenhum entre os menos hábeis deles, que não possua uma visão espiritual para as coisas em si mesmas pretendidas, e que são necessárias para a sua fé e obediência na condição em que eles se encontram. Disto a Escritura dá um testemunho abundante que não pode ser questionado. Porque temos "recebido o Espírito de Deus, para que possamos conhecer as coisas que nos são dadas livremente por Deus”. Em virtude do que temos recebido, sabemos ou discernimos as coisas espirituais -1 Coríntios 2.12. Então nós "conhecemos a mente de Cristo" - verso 15. Esta é a substância daquele duplo testemunho - 1 João 2.20,27. Esta unção permanente não é outra, senão a graça inerente habitual que pleiteamos, e por ela, já que é uma santa luz em nossa mente, nós sabemos todas as coisas; o entendimento que nos é dado conhecer o que é verdade - 1 João 5.20. Somente é o dever dos crentes se esforçarem continuamente para a melhoria e ampliação da luz que eles têm, no exercício diário do poder espiritual que têm recebido, e na utilização dos meios da graça - Heb 5.
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Texto extraído do tratado de John Owen, intitulado A Obra Positiva do Espírito na Santificação dos Crentes, traduzido e adaptado pelo Pr Silvio Dutra.

The Physical Object

Format
Paperback
Pagination
vii, 46p.
Number of pages
46
Dimensions
21 x 14,8 x 0,4 inches
Weight
86 grams

ID Numbers

Open Library
OL25937813M

Work Description

Religião cristã

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