Coisas que Li e Escrevi Sobre Avivamento

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Last edited by Silvio Dutra
September 2, 2016 | History

Coisas que Li e Escrevi Sobre Avivamento

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Eu tive meu interesse despertado para participar de um avivamento genuíno do Espírito Santo, bem antes de ocorrer a onda dos chamados avivamentos que varreu os EUA e o Brasil durante as duas últimas décadas do século passado.
De modo que havia feito muita leitura sobre o assunto e trabalhado intensamente em oração e no ensino e pregação especialmente sobre justificação e santificação pela graça, mediante a fé, na expectativa de que visse ocorrendo em meus dias o mesmo que Deus havia feito no passado.
De tudo o que vivi e que pude testemunhar quanto ao que estava ocorrendo aqui e no mundo, até a presente data, tudo o que posso dizer é que não vi nada que equivalesse ao testemunho registrado na história dos avivamentos.

Publish Date
Publisher
Silvio Dutra
Language
Portuguese
Pages
93

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Published in

Rio de Janeiro, Brasil

Table of Contents

Coisas que Li e Escrevi Sobre Avivamento
Silvio Dutra
FEV/2016
2
A474
Alves, Silvio Dutra
Coisas que li e escrevi sobre avivamento./ Silvio
Dutra Alves. – Rio de Janeiro, 2016.
93.; 14,8x21cm
1. Cristianismo. 2. Azuza. 3. Roberts, Evan.
4. Edwards, Jonathan. 5. Levis, Jessie Penn.
I. Título.
CDD 209
3
Sumário
Introdução
4
AVIVAMENTO EM NEW ENGLAND
7
Os Intercessores do Avivamento de 1949 das Ilhas Hébridas
57
Citações Relativas ao Avivamento de Gales de 1904
66
O Avivamento de Gales
72
Frank Bartleman
81
A Maior Evidência que Acompanha os Avivamentos
92
4
Introdução
Eu tive meu interesse despertado para participar de um avivamento genuíno do Espírito Santo, bem antes de ocorrer a onda dos chamados avivamentos que varreu os EUA e o Brasil durante as duas últimas décadas do século passado.
De modo que havia feito muita leitura sobre o assunto e trabalhado intensamente em oração e no ensino e pregação especialmente sobre justificação e santificação pela graça, mediante a fé, na expectativa de que visse ocorrendo em meus dias o mesmo que Deus havia feito no passado.
De tudo o que vivi e que pude testemunhar quanto ao que estava ocorrendo aqui e no mundo, até a presente data, tudo o que posso dizer é que não vi nada que equivalesse ao testemunho registrado na história dos avivamentos.
Não que tivesse esperando uma repetição da obra que o Espírito havia realizado, quanto à forma de manifestações sobrenaturais, pois estava bem instruído quanto ao fato de que Ele nunca é repetitivo, e sempre opera de modos diferentes com vistas à glorificação de nosso Senhor Jesus Cristo.
5
Mas, busquei pelos maiores e melhores sinais de uma avivamento genuíno, e estes sim – que sempre se repetem como resultado da ação sobrenatural do Espírito, a saber, o grande número de conversões genuínas e o início da produção de um trabalho efetivo de santificação.
Em vez de avivamento o que eu tive o desprazer de testemunhar foi um movimento na direção oposta, ocorrendo na Igreja de Cristo, ou seja, o da apostasia da fé e da sã doutrina.
Isto, na verdade, tem crescido, ao mesmo tempo, em que se observa, não um avivamento de massas, de localidades diversas, simultaneamente, mas de um despertamento do interesse por um avivamento pessoal, naqueles que têm sido impulsionados a consagrarem suas vidas a Deus e a praticar o genuíno evangelho, conforme se encontra registrado na Bíblia.
É a isto então que tenho me dedicado presentemente, e tenho observado frutos neste trabalho, pois no meio de toda esta apostasia geral, o Espírito de Deus está santificando vidas que têm feito um uso adequado da Palavra, pois é impossível que haja santificação genuína (avivamento) sem a instrumentalidade da Palavra de Deus (João 17.17).
6
Em todo o caso, julguei que seria interessante tirar da gaveta uma parte do que tinha escrito e traduzido sobre avivamentos para publicá-lo com o intuito de divulgar tanto histórica, quanto teologicamente, a obra que o Espírito Santo realiza em avivamentos genuínos.
7
AVIVAMENTO EM NEW ENGLAND
O perigo de mentir, e manter longo silêncio em relação a qualquer trabalho notável de Deus.
Períodos de avivamento são épocas que exigem muita vigilância, diligência, discernimento e aprendizagem do povo de Deus, quanto ao modo correto de servi-lO, porque se dá o mesmo que ocorreu no passado quando Davi quis trazer a arca de volta para Jerusalém, quando ela se encontrava em Quiriate-Jearim. Apesar do seu entusiasmo e zelo, falhou na primeira tentativa, com a morte de Uzá, quando a arca estava sendo transportada.
Assim, também estamos propensos a errar em períodos de avivamento, porque é uma época que exige muito de nós, para que não incorramos no desagrado de Deus, e não venhamos a entristecer o Espírito Santo, por não agirmos da maneira correta como é esperado de nós.
Não devemos abusar da longanimidade e misericórdia do Senhor, antes devemos ser completamente responsáveis, e procurarmos diligentemente corrigir nosso erro, para que possamos transportar a arca da aliança da graça, que é o mover do Espírito em nós, do modo
8
devido, sem correr o risco de nos ferirmos, por incorrermos no desagrado do Senhor.
O texto a seguir de Jonathan Edwards, muito nos ajudará a entender o que estamos pretendendo dizer.
Há muitas coisas na Palavra de Deus, que mostram que quando Deus aparece notavelmente em qualquer grande trabalho para a Sua igreja, e contra os Seus inimigos, é uma coisa muito perigosa provocar altamente a Deus, ficar lento e não dar a devida honra e reconhecimento ao trabalho que Ele está realizando.
As pessoas de Cristo são apresentadas na Bíblia como sendo o Seu exército; Ele é o Senhor dos exércitos, o Capitão do exército de Deus, como Ele se denominou quando apareceu a Josué, com uma espada em Sua mão (Jos 5.13-15). O Capitão da salvação do Seu povo pode ficar então, altamente ressentido, se não recorrem a Ele quando lhes ordenar a exibirem a Sua bandeira; ou se recusarem a segui-lO, quando toca a trombeta, e gloriosamente aparece indo adiante, contra os Seus inimigos. Deus espera que toda alma viva, deve ter sua atenção despertada em tal ocasião, atender com a devida consideração à Sua chamada, e diligentemente obedecê-la.
9
“Vede, todos vós, habitantes do mundo, e vós os moradores da terra, quando se arvorar a bandeira nos montes; e ouvi, quando se tocar a trombeta.” (Isa 18.3).
Especialmente, todo o Israel deve estar unido ao seu Capitão; como lemos que eles buscaram Eúde, quando tocou a trombeta no monte Efraim, quando tinha matado o rei de Eglon, de Moabe (Jz 3.27,28).
Quão severa é a lei marcial em tal caso, quando qualquer do exército se recusa a obedecer o som da trombeta, e seguir seu general à batalha!
Deus num tal momento, aparece em manifestações estranhas da Sua glória; e então, aquele que não for afetado e animado, e ainda mentir e recusar segui-lO, será tido na conta de um alto desprezo a Ele.
Suponha alguém, que deve estar presente à solenidade de coroação do seu príncipe, e apareça calado e mal-humorado, quando toda multidão estava testemunhando sua lealdade e alegria com altas aclamações. Quão grandemente será tratada como um rebelde tal pessoa, pela autoridade do príncipe que ele recusa honrar!
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Cada vez que Deus se manifestar num grande trabalho para Sua igreja, não há como ser neutro; há uma necessidade de ser a favor ou contra o rei, que está então, aparecendo gloriosamente.
Quando um rei é coroado, e há manifestações públicas de alegria naquela ocasião, não há como estar de pé como um espectador indiferente; todos têm que aparecer como súditos leais e expressarem a sua alegria naquela ocasião, senão serão considerados como inimigos. Assim, se dá quando Deus, em qualquer grande dispensação da Sua providência, aparece notavelmente como Rei no Seu monte Sião; quando Cristo faz com que o céu se manifeste na terra de uma maneira extraordinária, e aparece na Sua igreja visível, num grande trabalho de salvação para o Seu povo.
Quando Cristo desceu do céu na Sua encarnação, e apareceu na terra na Sua presença humana, não havia como ser neutro, nem ao lado dEle, nem contra Ele. Aqueles que sentaram e não disseram nada, não vieram se unir a Ele, à Sua Palavra e obra, deram evidências suficientes para que fossem olhados como Seus inimigos.
“Quem não é comigo é contra mim; e quem comigo não ajunta, espalha.” (Mt 12.30).
11
Assim ocorre, quando Cristo vem continuar Seu trabalho de redenção. Se um rei entrasse numa das suas províncias, que estivera debaixo da opressão dos seus inimigos, na qual alguns dos seus súditos haviam se unido ao inimigo opressor, contra seu soberano; eu digo, que o próprio soberano real entraria na província, lutaria contra seus inimigos, e chamaria todos que estavam ao seu lado para virem se juntar a ele; e não haveria em tal caso, como alguém desejar permanecer neutro.
Aqueles que estivessem em tal posição, seriam olhados e tratados indubitavelmente, como rebeldes.
Assim, no dia de batalha, quando dois exércitos se unirem, não há como para qualquer um presente, não estar de nenhum dos lados, porque todos devem estar de um lado ou de outro. Aqueles que não forem achados com o conquistador, devem esperar terem suas armas voltadas contra eles, e cairão com o resto dos seus inimigos.
Quando Deus se manifestar, com glorioso poder num trabalho de avivamento desta natureza; Ele parece especialmente determinado a por honra em Seu Filho Jesus Cristo, para cumprir o juramento que fez de que faria todo joelho se
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curvar, e toda língua confessar que Ele é o Senhor.
Deus tem isto há muito no Seu coração, desde toda a eternidade, a saber, glorificar Seu querido Filho unigênito; e há algumas épocas especiais que Ele designa para este fim, em que vem adiante com poder onipotente, para cumprir Sua promessa e juramento que fez a Ele.
Agora, estes tempos em que Ele está derramando o Seu Espírito de modo notável, para fazer avançar Seu reino; é o dia do Seu poder, em que aqueles que são dEle, serão dispostos voluntariamente, e Ele os regerá no meio dos Seus inimigos. Estas são especialmente, as épocas em que Deus declara o firme decreto que o Filho reinará no Seu santo monte Sião.
Aqueles que em tal ocasião não beijam o Filho, quando se manifesta, e aparece na Sua glória, majestade e graça, ficam expostos a perecerem e serem feitos em pedaços pela Sua vara de ferro.
Este tempo em que Deus mostra o Seu Rei no monte Sião, é um tempo em que Ele cumpre notavelmente o que diz em Isa 28.16:
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” Portanto assim diz o Senhor Deus: Eis que ponho em Sião como alicerce uma pedra, uma pedra provada, pedra preciosa de esquina, de firme fundamento; aquele que crer não se apressará”.
Os dois apóstolos Pedro e Paulo (I Pe 2.6-8 Rom 9.33), se unem com a profecia de Isa 8.14,15:
“14 Então ele vos será por santuário; mas servirá de pedra de tropeço, e de rocha de escândalo, às duas casas de Israel; de armadilha e de laço aos moradores de Jerusalém. 15 E muitos dentre eles tropeçarão, e cairão, e serão quebrantados, e enlaçados, e presos”.
Paulo e Pedro se unem ao que o profeta Isaías diz também no verso 16, do mesmo capítulo:
“Ata o testemunho, sela a lei entre os meus discípulos”
E também em Isa 28.13:
“13 Assim pois, a palavra do Senhor lhes será preceito sobre preceito, preceito sobre preceito; regra sobre regra, regra sobre regra; um pouco aqui, um pouco ali; para que vão, e caiam para trás, e fiquem quebrantados, enlaçados, e presos”.
Desta forma, quando Cristo está realizando um trabalho glorioso de Deus na Sua Igreja, de uma
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maneira estranha e notável, manifestada e aumentada, como um fundamento e um santuário para alguns, Ele é também notavelmente uma pedra de tropeço, uma rocha de ofensa, e uma armadilha para outros.
Aqueles que continuam tropeçando e se ofendendo por muito tempo, enlaçados nas suas mentes, diante de um grande e glorioso trabalho de Cristo, tropeçam e ficam ofendidos nEle; porque o trabalho que Ele faz é a pedra que os construtores recusaram; que se tornou a pedra de esquina. Isto mostra quão perigoso é continuar tropeçando sempre com este trabalho, duvidando sempre disto, recusando-se a reconhecê-lO, e a honrá-lO, dando a Deus a devida glória por esta obra; tal como Cristo exigia nos dias do seu ministério terreno, dizendo aos judeus que não criam nEle, que ao menos cressem nas obras, pois que eram a própria obra de Deus (Jo 14.11).
Por isso, tais pessoas estão em perigo de caírem e serem quebradas, enganadas e aprisionadas, por terem em Cristo uma pedra de tropeço. Isso será ocasião para sua ruína, enquanto Ele é para outros, um santuário e um fundamento seguro.
O profeta Isaías, fala de Deus realizando um trabalho maravilhoso que faria tropeçar os sábios e entendidos.
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“portanto eis que continuarei a fazer uma obra maravilhosa com este povo, sim uma obra maravilhosa e um assombro; e a sabedoria dos seus sábios perecerá, e o entendimento dos seus entendidos se esconderá.” (Isa 29.14).
O apóstolo reportou-se a este texto de Isaías, como sendo o trabalho de derramamento do Espírito Santo no avivamento, desde o Pentecostes (At 13.41).
Assim, as pessoas estão em perigo por serem lentas em reconhecer Deus em tal trabalho.
A igreja de Cristo é chamada a se alegrar grandemente, quando Cristo, a qualquer hora se manifestar notavelmente, vindo para a Sua igreja, para continuar o trabalho de salvação, aumentar Seu próprio reino, e livrar as pobres almas da cova em que não havia água (Zac 9.9-11).
Agradou a Cristo dar uma representação típica ou simbólica deste grande evento, como é referido nesta profecia de Zacarias em relação à Sua entrada solene em Jerusalém, que era um tipo da Igreja, filha de Sião, pretendendo com esta figura, apontar para aquele grande cumprimento atual desta profecia, que era o da Sua ascensão e o derramar do Espírito, desde os
16
dias dos apóstolos, e cuja realização mais completa ocorreria nas idades posteriores da igreja Cristã.
Temos em conta, que quando Cristo fez esta entrada solene em Jerusalém, e a multidão inteira dos discípulos estava se alegrando e louvando a Deus, com vozes altas, por todos os trabalhos poderosos que eles tinham visto, os fariseus pediram que Ele reprovasse Seus discípulos (Lc 19.39,40).
“39 Nisso, disseram-lhe alguns dos fariseus dentre a multidão: Mestre, repreende os teus discípulos.
40 Ao que ele respondeu: Digo-vos que, se estes se calarem, as pedras clamarão”.
Isto demonstra que Cristo confirmou que os discípulos devem reconhecer estes atos poderosos de Deus; devem exultar e se alegrar grandemente por eles, e não se deixarem influenciar por aqueles que tentam impedi-los de fazê-lo.
Não deve portanto, ser reconhecido por aqueles que não dão o devido valor à obra que Deus está fazendo em avivamento, que os discípulos se alegravam e louvam a Deus em altas vozes?
Deve ser reconhecido, que tão grande e maravilhoso trabalho do Espírito de Deus, é um
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trabalho em que Sua mão está erguida notavelmente para cima, pela qual Ele exibe a Sua majestade, e mostra grande favor e misericórdia aos pecadores, na oportunidade gloriosa que Ele lhes dá, e pela qual Ele faz nossa terra se tornar uma terra mais justa.
“10 Ainda que se mostre favor ao ímpio, ele não aprende a justiça; até na terra da retidão ele pratica a iniquidade, e não atenta para a majestade do Senhor.
11 Senhor, a tua mão está levantada, contudo eles não a veem; vê-la-ão, porém, e confundir-se-ão por causa do zelo que tens do teu povo; e o fogo reservado para os teus adversários os devorará.” (Isa 26.10,11)
Este texto mostra o grande perigo de não ver a mão de Deus, e reconhecer a Sua majestade e glória em tal trabalho.
O Perigo de Não Reconhecer e Encorajar, e Especialmente de Zombar, deste Trabalho de Avivamento
Eu tenho longamente insistido neste ponto, porque, se estas coisas são assim, está grandemente manifestado, quanto nos convém encorajar e promover este trabalho de avivamento, e quão perigoso será reprimi-lo. É muito perigoso fazer isto quando o Senhor
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derrama o seu Espírito notavelmente para dar continuidade ao trabalho de redenção; mas, sobretudo quando Ele vem adiante, introduzindo aquele dia feliz do poder e salvação de Deus, tão frequentemente falado. Essa é especialmente a época designada da aplicação da redenção, o tempo designado do reinado de Cristo.
O reinado de Satanás como deus deste mundo dura pouco então; porque se manifesta o tempo de redenção, ou nova criação, como se vê em Is 65.17,18; 66.12. e Apo 21. 1.
Todos os derramamentos do Espírito de Deus antes disto foram uma antecipação, as primícias dos últimos grandes derramamentos.
Houve realmente uma época da aplicação da redenção nas primeiras idades da Igreja Cristã, que começou em Jerusalém no dia de Pentecostes; mas que não foi o tempo da grande colheita. Era somente o banquete das Primícias; a colheita seria no final do ano, ou nas últimas idades da igreja Cristã, como se vê em Apo 14.14-16. E provavelmente vai exceder o que ocorreu nas primeiras idades da igreja Cristã; entretanto estes primeiros derramamentos encheram o império romano, tendo excedido tudo o que havia ocorrido dantes nos dias do Velho Testamento, e que se limitava apenas à terra da Judeia.
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O grande perigo de não reconhecer aberta e alegremente, e promover este grande trabalho de avivamento de Deus, trazendo aquela colheita gloriosa, é representado em Zac 14.16-19:
“16 Então todos os que restarem de todas as nações que vieram contra Jerusalém, subirão de ano em ano para adorarem o Rei, o Senhor dos exércitos, e para celebrarem a festa dos tabernáculos.
17 E se alguma das famílias da terra não subir a Jerusalém, para adorar o Rei, o Senhor dos exércitos, não cairá sobre ela a chuva.
18 E, se a família do Egito não subir, nem vier, não virá sobre ela a chuva; virá a praga com que o Senhor ferirá as nações que não subirem a celebrar a festa dos tabernáculos.
19 Esse será o castigo do Egito, e o castigo de todas as nações que não subirem a celebrar a festa dos tabernáculos.”.
É evidente por todo o contexto que o dia glorioso da Igreja de Deus nas idades posteriores do mundo é o tempo aqui falado.
O banquete de tabernáculos aqui neste texto de Zacarias parece significar aquele banquete espiritual glorioso que Deus trará à Sua igreja, o mesmo que é falado em Is 25.6. É citada a grande
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alegria espiritual do povo de Deus naquela ocasião.
Havia três grandes festas em Israel nas quais todos os homens deviam subir a Jerusalém: a festa da Páscoa; a das Primícias ou Pentecostes; e a festa da Colheita ou Tabernáculos.
Na primeira (da páscoa) estava representada a compra da redenção por Jesus Cristo; porque o cordeiro pascal foi morto na data daquela festa.
As outras duas que se seguiam à páscoa, representavam as duas grandes épocas de aplicação da redenção comprada. Na primeira, a festa das Primícias ou Pentecostes era representado o tempo do derramamento do Espírito Santo nas primeiras idades da Igreja Cristã, para trazer os primeiros frutos da redenção, que havia começado em Jerusalém, no dia de Pentecostes.
A outra que era a festa da Colheita do fim de ano ou dos Tabernáculos, que representava a época mais gloriosa e avançada da aplicação da redenção de Cristo nos dias posteriores.
Então será o grande dia da colheita dos eleitos, no tempo designado por Deus para colher os frutos, quando o anjo usará a sua foice para efetuar a colheita da videira de Deus na terra.
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Por isso a festa dos Tabernáculos ou Colheita era maior que a festa das Primícias ou Pentecostes. Havia muitos símbolos de alegria nesta festa do que nas outras duas.
A habitação das pessoas em barracas de ramos verdes de palmeiras e salgueiros foi ordenado para que o povo de Deus se alegrasse na Sua presença.
Isto representa o florescimento, estado bonito e agradável da igreja, alegrando-se na graça e no amor de Deus, e triunfando sobre todos os seus inimigos.
O tabernáculo de Deus foi primeiramente fixado com os filhos de Israel, na hora da festa dos tabernáculos; mas, naquele tempo glorioso da igreja Cristã, Deus irá, acima de todos os demais tempos, montar o seu tabernáculo entre os homens (Apo 21.3).
Por isso há a ameaça que lemos em Zac 14 para aqueles que se recusarem a reconhecer os trabalhos gloriosos de Deus, por não virem louvá-lo e se alegrarem com Ele como Seu povo, na festa dos tabernáculos. Eles não terão qualquer chuva, a chuva espiritual citada em Is 44.3.
Deus os castigará por causa da dureza de coração e cegueira de mente deles.
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A maldição proferida é ainda mais terrível em Zac 14.12: “Esta será a praga com que o Senhor ferirá todos os povos que guerrearam contra Jerusalém: apodrecer-se-á a sua carne, estando eles de pé, e se lhes apodrecerão os olhos nas suas órbitas, e a língua se lhes apodrecerá na boca,”.
Aqui também, com toda a probabilidade, é planejado um julgamento espiritual, ou uma pestilência e maldição de Deus na alma, em lugar do corpo; para aquelas pessoas que naquele momento se opuserem ao povo de Deus no Seu trabalho de avivamento com um grande derramamento do Espírito, as quais serão entregues de uma maneira extraordinária a um estado de morte e ruína espiritual, que parecerão mortos embora estejam vivos, e será como um exército de corpos apodrecidos caminhando entre os homens. O grande perigo de não se unir com o povo de Deus naquele dia glorioso também é representado em Is 60.12. "Porque a nação e o reino que não te servirem perecerão; sim, essas nações serão de todo assoladas.”.
A maioria das grandes libertações temporais dadas a Israel no Velho Testamento, eram tipos dos grandes trabalhos espirituais de Deus, para a salvação de almas, e a libertação e prosperidade da Sua Igreja, nos dias do evangelho; e elas representaram,
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especialmente, aquela maior de todas as libertações da Igreja de Deus nos dias posteriores; que é acima de todas as demais, a própria época da redenção presente das almas dos homens.
Mas pode ser observado, que se alguém se opõe ao trabalho de Deus nessas grandes libertações temporais; ou não reconhecendo Deus no Seu trabalho, e recusando-se a promovê-lo, isto despertava de modo notável a ira de Deus, e trazia sua maldição a tais pessoas.
Quando Deus realizou aquele grande trabalho de tirar os filhos de Israel do Egito, (que era um tipo de Deus livrando a Sua Igreja do Egito espiritual na hora da elevação do Anticristo, como é evidente através de Apo 11.8.3 e 15.3) e quão grandemente Ele se ressentiu com isto, quando os amalequitas apareceram para se oporem aos israelitas! E quão horrivelmente Ele os amaldiçoou por causa disto! (Êx 17.14, 15, 16).
E nós vemos que Deus se lembrou disto muito tempo depois (I Sm 15.3).
E quão grandemente Ele se ressentiu com os moabias e amonitas, que se recusaram a ajudar Israel nos dias em que Ele estava operando o livramento do Seu povo (Deut 23.3, 4).
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Um amonita ou moabita não poderiam entrar na congregação do Senhor; até mesmo na décima geração deles, porque não deram pão e água aos israelitas quando saíram do Egito.
E como os filhos de Ruben, e os filhos de Gade e a meio tribo de Manasses foram ameaçados, caso não fossem com as demais tribos à peleja para a conquista de Canaã, nas guerras contra os cananeus (Nm 32.20-23).
Foi um trabalho glorioso que Deus realizou para Israel, quando os livrou dos cananeus pelas mãos de Débora e Baraque.
A luta de Cristo por Israel nos dias de Débora é um tipo do que Ele realizará para a Sua igreja no tempo do fim, no grande e último grande conflito da Igreja com os seus inimigos declarados, para que se manifeste a Sua glória posteriormente, como se vê em Apo 16.16.
A que grande maldição ficaram sujeitos todos aqueles que se recusarem a lutar debaixo da bandeira de Cristo nestas batalhas finais, quando Ele está derramando poderosamente o Seu Espírito, tal como foi amaldiçoada a cidade de Meroz de Israel, que se recusou a lutar nos dias de Débora pela causa do Senhor (Jz 5.23).
O Príncipe dos exércitos do Senhor havia lutado naquela grande batalha nos dias de Débora,
25
como também nos dias de Josué, quando lhe apareceu com uma espada desembainhada na mão, significando a prontidão para se empenhar em combate.
Os habitantes de Meroz não haviam reconhecido a mão de Deus, e se mantiveram à distância, enquanto Ele estava pelejando poderosamente, e nada fizeram para promover o trabalho, e por isso receberam uma amarga maldição do Senhor.
Outro trabalho glorioso de Deus foi realizado nos dias de Gideão, quando lhe deu uma grande vitória sobre os midianitas e amalequitas e os povos do oriente, quando vieram contra Israel como uma nuvem de inumeráveis gafanhotos. Este era também um tipo da vitória de Cristo e da Sua Igreja sobre os Seus inimigos, pelo derramar do Espírito com a pregação do evangelho, como está evidente na maneira pela qual Gideão foi dirigido por Deus, que venceu a batalha por usar lâmpadas escondidas em vasos de barro.
Nós lemos que, nesta ocasião, Gideão chamou as pessoas para ajudarem naquela grande batalha; e que um grande número de homens haviam recorrido a ele, e vieram para ajudar a obra do Senhor (Jz 7.23, 24). Mas os habitantes de Sucote e Peniel foram descrentes e não reconheceram a mão de Deus naquele trabalho,
26
apesar de ser tão grande e maravilhoso, e nem se uniriam para promovê-lo.
Gideão desejou a ajuda deles, quando ele estava procurando por Zeba e Zalmuna; reis de Canaã, mas menosprezaram a confiança de Gideão no Senhor em lhe entregar em suas mãos estes dois grandes príncipes, e nem deram a Gideão qualquer tipo de ajuda.
Eles não creram que Deus pudesse fazer tal trabalho pelas mãos de um instrumento tão desprezível aos olhos deles como Gideão, que era de uma família pobre de Manassés e o menor na casa de seu pai, e também o pequeno exército que Deus reuniu a ele pareceu-lhes muito desprezível para tal obra.
Mas nós vemos como sofreram por causa da loucura deles, não reconhecendo e promovendo este trabalho de Deus, porque quando Gideão voltou da vitória, lhes corrigiu dando-lhes uma surra com espinhos do deserto, e derrubando a torre de Peniel (ele derrubou o orgulho e a falsa confiança deles) e matou os homens da cidade (Jz 8).
O retorno da arca de Deus para habitar em Jerusalém, depois que tinha ficado longo tempo na terra dos filisteus, estando em Quiriate-Jearim, simbolizava a ascensão de Cristo ao céu. A grande alegria que foi manifestada naquela
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ocasião representa a grande alegria da Igreja pela volta do Senhor à terra para avivar a Sua obra, e espalhar os Seus inimigos espirituais.
Os presentes que Davi distribuiu ao povo naquela ocasião (II Sam 6.18,19, I Crôn 16.2,3) representavam as bênçãos espirituais que Cristo envia liberalmente à Sua igreja, através do derramar do Espírito (Sl 68.1,3, 13, 18-24).
Todos de Israel se reuniram com grande alegria naquele dia para trazer a arca de volta a Jerusalém, mas Mical, esposa de Davi, cujo coração não estava comprometido naqueles afazeres, e não se alegrou com os demais para louvar a Deus, e permaneceu à distância, reprovando o que estava sendo feito. Ela menosprezou e ridicularizou as manifestações extraordinárias de alegria; e com isto foi amaldiçoada pelo Senhor para que fosse estéril até o dia da sua morte.
Deixe isto servir de advertência para nós quanto a não termos uma posição rebelde, indiferente, não nos unindo à alegria e louvores que são dados a Deus no Espírito, enquanto repugnamos e menosprezamos as alegrias e afetos do povo de Deus; para que não recebamos uma maldição eterna de esterilidade de nossas almas.
Estejamos alertas para não continuar duvidando e descrendo em relação a este
28
trabalho de avivamento, e lembremos dos descrentes de Samaria nos dias do profeta Eliseu, o qual predisse que a grande escassez de Samaria seria extinta de repente, em um só dia, transformando-se em abundância extraordinária; e a maldição que lhes sobreveio não podendo sequer ver o que Deus havia feito, e não podendo participar daquela bênção, tendo perecido miseravelmente, enquanto estava à disposição deles um grande banquete de alegria (II Reis 7).
Aqueles que ajudaram Davi em suas tribulações vieram a reinar com ele em Hebrom, e depois em Jerusalém. De igual modo os que estão ajudando na obra que o Senhor está fazendo com o derramar do Seu Espírito reinarão com Cristo na Nova Jerusalém.
Nós Devemos nos Esforçar para
Remover as Pedras de Tropeço
Nós deveríamos nos esforçar para remover as pedras de tropeço quando Deus se manifesta para estabelecer o seu reino gloriosamente no mundo.
“Eis a voz do que clama: Preparai no deserto o caminho do Senhor; endireitai no ermo uma estrada para o nosso Deus.” (Is 40,.3).
29
“E dir-se-á: Aplanai, aplanai, preparai e caminho, tirai os tropeços do caminho do meu povo.” (Is 57.14).
"Passai, passai pelas portas; preparai o caminho ao povo; aplanai, aplanai a estrada, limpai-a das pedras; arvorai a bandeira aos povos.” (Is 62.10).
“e: Como uma pedra de tropeço e rocha de escândalo; porque tropeçam na palavra, sendo desobedientes; para o que também foram destinados.” (I Pe 2.8).
E, para este propósito de remover as pedras de tropeço deve haver uma grande aplicação para se confessar faltas; porque são muitas e grandes as faltas que ocorreram ultimamente gerando confusões e mistura de luz e trevas em New England.
Não há qualquer dever que seja mais ao contrário às nossas disposições corruptas do que este para mortificar o orgulho do homem; mas deve ser feito.
Arrependimento de faltas é um dever apropriado quando o reino do céu estiver se manifestando, e especialmente quando estamos esperando que o reino venha a nós.
E se Deus nos chamar agora ao arrependimento, então também nos chama a manifestar de maneira apropriada o nosso arrependimento.
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Eu estou persuadido que aqueles que se opuseram a este trabalho de avivamento abertamente, ou que falaram de vez em quando contra tal trabalho, não podem ser desculpados à vista de Deus, sem confessarem abertamente a sua falta; especialmente os ministros que se opuseram ao mesmo.
Se eles têm sido de alguma maneira, direta ou indiretamente, contra o trabalho, ou caso tenham se comportado assim, nos seus desempenhos públicos ou conversação privada, trazendo preconceito às pessoas debaixo do seu cuidado, contra o trabalho; devem declarar a convicção deles abertamente, e se condenarem pelo que fizeram; porque Cristo é contra o que falaram para prejudicar este trabalho.
Ainda que eles tenham feito isto ignorantemente e em incredulidade, contudo, quando forem convencidos que se opuseram, indubitavelmente Deus lhes exigirá que confessem isto publicamente.
Por outro lado, aqueles que foram zelosos em promover o trabalho, e que não procederam de modo cristão quando prejudicaram outros abertamente, e que violaram grandemente a boa ordem, têm também que confessar isto publicamente, e se humilharem, porque foram grandes pedras de tropeço, ainda que de outro modo.
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Numa tal época como esta de avivamento, Deus chama especialmente o Seu povo a se exercitar em mansidão mútua extraordinária.
Cristo pede grande moderação em nosso comportamento em relação a todos os homens.
“Seja a vossa moderação conhecida de todos os homens. Perto está o Senhor.” (Fp 4.5).
O temor que aparece presentemente pela proximidade da divina majestade do Senhor deveria nos dispor a isto, para que não nos julguemos um ao outro, comportando-nos com ira e amargura mutuamente, quando o Senhor é o sondador de todos os corações, a quem nós teremos que prestar conta, aparece tão notavelmente no presente.
Nós deveríamos então prestar atenção ao nosso próprio comportamento, por causa da prosperidade gloriosa do avanço do reino de Deus, que se aproxima, sabendo que aqueles que têm uma vontade mais submissa têm uma maior parte no Seu reino.
Porque Cristo tem saído adiante na Sua glória e majestade por causa da verdade, mansidão, e justiça (Sl 45.3,4), e quando Deus se levantou para julgar, para salvar todos os mansos da terra.” (Sl 76.9); e quando os mansos terão cada vez mais alegria no Senhor, e os pobres de
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espírito dentre os homens se alegrarão no santo de Israel (Is 29.19); e, quando o tempo vem que Deus dará este mundo nas mãos dos Seus santos conforme se vê no Sl 37.11 e Mt 5.5:
“Mas os mansos herdarão a terra, e se deleitarão na abundância de paz.” (Sl 37.11).
“Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra.” (Mt 5.5).
Mas com o perverso Deus se mostra contrário (Sl 18.26).
Aqueles então que foram zelosos por este trabalho, e erraram grandemente e que foram prejudiciais com o zelo deles sem discernimento, não devem ser tratados com amargura.
Há razão abundante para pensar que a maioria deles são filhos queridos de Deus, por quem Cristo morreu; e então que verão o erro deles.
Sobre essas coisas, em que nós os vemos estarem em erro, nós temos razão para dizer deles com o apóstolo em Fp 3.15: “Pelo que todos quantos somos perfeitos tenhamos este sentimento; e, se sentis alguma coisa de modo diverso, Deus também vo-lo revelará.”.
Os seus erros não deveriam ser usados para excitar indignação neles, mas deveriam
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influenciar todos que são filhos de Deus, a se humilharem, e ficarem mais dependentes do Senhor Jesus Cristo, quando vemos aqueles que são as próprias pessoas de Deus tão prontos a andarem de maneira desordenada.
E aqueles ministros que foram julgados e injuriados devem receber tais danos com mansidão e paciência, e examinarem os seus corações e se entregarem a Deus e aguardarem na Sua providência, se de fato pertencem a Ele.
Mas, se ao contrário desta mansidão mútua, cada parte permanecer estigmatizando uma à outra, com nomes odiosos, como tem ocorrido em várias partes de New England; isto tende grandemente a alargar e perpetuar a brecha.
E isto impede grandemente e impede o trabalho de Deus.
E como tal tempo extraordinário como este requer de nós, especialmente, o exercício de grande paciência de um para com o outro; assim é requerido peculiarmente das pessoas de Deus o exercício de grande paciência e espera em Deus.
O começo de um avivamento vai natural e necessariamente ser assistido com muitas e grandes dificuldades desta natureza; muitas partes da igreja reavivada vão, durante algum
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tempo, se encontrarem debaixo de grandes desvantagens, por causa dos resquícios da velha natureza que ainda opera na igreja visível.
Nós não podemos esperar que, depois de muito tempo de degeneração e depravação no estado de coisas na igreja, tudo devesse ficar imediatamente correto, assim, isto deve ser um trabalho de tempo.
Então se as pessoas de Deus se precipitam e se tornam violentas, em tal caso, procurando corrigir as coisas imediata e violentamente, isto produzirá brechas e separações, que impedirão que as coisas possam ser corrigidas.
Realmente, a dificuldade pode ser tão intolerável sobre não permitir nenhuma demora, que as pessoas de Deus não podem continuar no estado em que elas estavam, sem violações dos mandamentos absolutos de Deus; mas caso contrário, se a dificuldade for grande, outro rumo deveria ser tomado.
O povo de Deus deveria recorrer diretamente ao trono da graça, para apresentar as dificuldades deles diante do grande Pastor das ovelhas, o qual tem ao Seu cuidado todos os negócios da Sua igreja; e, assim, deveriam esperar pacientemente nEle.
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Se fizerem assim, podem esperar que no tempo devido Ele aparecerá para a libertação deles; mas se, em vez disso, são impacientes, e levam o trabalho nas suas próprias mãos, trairão a falta deles de fé, e vão desonrar a Deus, e têm razão para temer que Ele os deixará entregues a si mesmos.
Se tivessem atendido pacientemente a Cristo, enquanto continuassem em oração, poderiam tê-lO aparecendo a eles, muito mais efetivamente para livrá-los. Aquele que crer não se apressa. E é para esses que são achados atendendo pacientemente ao Senhor, debaixo de dificuldades, que Ele especialmente aparecerá, quando vier fazer grandes coisas para a Sua igreja; como está evidente em Is 30.18; 49.23. e Sl 37.9;e em muitos outros lugares.
“Por isso o Senhor esperará, para ter misericórdia de vós; e por isso se levantará, para se compadecer de vós; porque o Senhor é um Deus de equidade;” (Is 30.18).
“Reis serão os teus aios, e as suas rainhas as tuas amas; diante de ti se inclinarão com o rosto em terra e lamberão o pó dos teus pés; e saberás que eu sou o Senhor, e que os que por mim esperam não serão confundidos.” (Is 49.23).
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“Porque os malfeitores serão exterminados, mas aqueles que esperam no Senhor herdarão a terra.” (Sl 37.9).
Quando a igreja de Deus está debaixo de grandes dificuldades, e em angústia, e Cristo não aparece para a sua ajuda, mas parece negligenciá-la, como se estivesse dormindo, as pessoas de Deus, em tal caso, não deveriam mostrar um espírito precipitado, e não usarem de meios violentos antes que Cristo apareça para abrir a porta para eles.
Quando a igreja está em angústia, e Deus parece não aparecer para ela na Sua providência, Ele é muito frequentemente representado na Bíblia como estando adormecido; como Cristo estava adormecido no barco, quando os discípulos foram lançados pela tempestade, e o barco foi coberto com as ondas.
Mas Deus está aparecendo para a ajuda do Seu povo, e está representado como estando despertado de sono, como vemos no Sl 7.6; 35.2; 44.23; 59.4; 73.20.
Cristo tem um tempo designado para despertar assim do Seu sono; e as Suas pessoas deveriam esperar nEle, e não, ficarem impacientes, para incitá-lo antes do Seu tempo.
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Nos seis primeiros versos do segundo capítulo de Cantares é apresentado o apoio que Cristo dá para a Sua igreja, enquanto ela está num estado de sofrimento, como o lírio entre espinhos.
No 7º verso a paciência da igreja é apresentada esperando por Cristo, para aparecer para a sua libertação, quando ela carrega as filhas de Jerusalém para não incitar, nem despertar o amor dEle até que Ele o queira.
No próximo verso, nós vemos o sucesso da igreja por ter esperado debaixo de sofrimentos, com mansidão e paciência; Cristo desperta logo, rapidamente aparece, e rapidamente vem; Cantares 2.8: “A voz do meu amado! eis que vem aí, saltando sobre os montes, pulando sobre os outeiros.”.
Mas, para aqueles que são pedra de tropeço na Igreja Cristo é também uma pedra de tropeço para eles.
“Então ele vos será por santuário; mas servirá de pedra de tropeço, e de rocha de escândalo, às duas casas de Israel; de armadilha e de laço aos moradores de Jerusalém.” (Is 8.14).
MOSTRANDO, EM MUITOS EXEMPLOS, COMO OS PROMOTORES ZELOSOS DESTE TRABALHO FORAM INJURIOAMENTE INFAMADOS
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Este trabalho de avivamento que foi realizado ultimamente na terra é o trabalho de Deus, e não o trabalho do homem.
Seu começo não foi do poder ou disposição do homem, e sua realização em nada dependeu da nossa força ou sabedoria.
Nós deveríamos melhorar muito nossa força nisto, porém a força humana é vã sem o poder de Deus; e assim, embora Ele requeira que nós tenhamos cuidado, sabedoria, e prudência, entretanto, a sabedoria humana, de si mesma, é tão vã quanto a força humana.
Embora Deus esteja desejoso de realizar este trabalho de uma tal maneira, pela qual possa evidenciar de muitos modos a fraqueza e a vaidade dos meios e esforços humanos nele, contudo, ao mesmo tempo, Ele conduz o trabalho de tal forma que encoraje a diligência e vigilância no uso de meios e esforços apropriados, que castiga a negligência deles.
Então, para promover este grande trabalho, nós deveríamos usar de precaução, vigilância, e habilidade extremas em nossos esforços, à medida que nos aplicamos à sua realização.
Um grande afazer deveria ser administrado com grande prudência.
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Este é o afazer mais importante ao qual New England foi chamada a se interessar.
Quando pessoas estiverem comprometidas na guerra contra uma nação poderosa e astuciosa, lhes interessa administrar seus afazeres com discrição extrema.
Então, de quão grande importância deve ser que nós necessitamos ser vigilantes e prudentes na administração desta grande guerra com tão grande exército de inimigos sutis e cruéis. Nós ou temos que vencer ou temos que vencer; e a consequência da vitória, por um lado, será nossa destruição eterna de alma e corpo no inferno, e por outro lado, nossa obtenção do reino do céu, e reinando em glória eterna!
Nós sempre tivemos necessidade de nos levantar em vigilância, e estarmos bem instruídos na arte da guerra, e não sermos ignorantes dos dispositivos de nossos inimigos, e dar atenção para que não sejamos, por qualquer meio, iludidos pela sutileza deles.
Embora o diabo seja forte, contudo, numa tal guerra como esta, ele depende mais da sua arte que da sua força. O rumo que ele levou principalmente, de vez em quando, para obstruir, impedir e subverter avivamentos na igreja de Deus, foi pela administração sutil e enganosa dele, para iludir e enganar aqueles
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que estiveram comprometidos no avivamento; e Deus em tal rumo estaria contente, na Sua providência santa e soberana, de ter que sofrer o insucesso daquilo que em seu começo parecia muito esperançoso e glorioso?
O trabalho agora começado é eminentemente glorioso, e, deveria prevalecer, porque faria de New England um tipo de céu na terra.
Não é então a mil penas que deveria ser subvertido, pela injustiça e administração imprópria à qual somos conduzidos por nosso adversário sutil, em nossos esforços para promover isto?
Assim, meu objetivo presente é tomar nota de algumas coisas que foram uma ofensa além da conta.
I. Uma coisa que foi reclamada é que os pastores se dirigem mais aos sentimentos dos ouvintes do que ao entendimento deles, e esforçando-se para elevar as suas paixões a uma altura extrema, por meio de uma maneira muito afetuosa de falar, e uma grande gesticulação, do que através de raciocínio claro para informar o seu juízo.
Pelo que eu diria que eu estou longe de pensar que não foi muito vantajosa para os ministros, a pregação deles, como também o esforço para
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explicarem de maneira clara e distinta as doutrinas bíblicas, e desvendarem as dificuldades que existem nelas, e confirmar com a força da razão e argumentação, e também observar algum método fácil e claro nos sermões, para a ajuda da compreensão e memória; e é muito provável que estas coisas foram ultimamente muito negligenciadas por muitos ministros.
Ainda eu creio que a objeção feita, a afetos elevados sem iluminação da compreensão, está em grande medida construída num engano, e noções confusas que alguns têm sobre a natureza e causa das emoções, e a maneira na qual elas dependem da compreensão.
Todas as emoções ou são elevadas através de luz na compreensão, ou por algum erro e ilusão na compreensão: porque todos os afetos surgem certamente de alguma apreensão na compreensão; e aquela apreensão ou deve ser correspondente à verdade, ou então é algum engano ou ilusão; se é uma apreensão ou noção que são correspondentes à verdade, então é claro na compreensão.
Então a coisa a ser indagada é, se as apreensões ou noções de coisas divinas e eternas que são elevadas nas mentes das pessoas por estes pastores afetuosos são apreensões correspondentes à verdade, ou se elas são
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enganos. Caso seja o primeiro, então as emoções são elevados do modo que deveriam ser, informando a mente, ou carregando luz à compreensão.
Ao lado das palavras que são faladas, o modo de falar tem uma grande importância.
Eu penso que uma maneira de pregar com grande emoção o evangelho, não possui em si mesma nenhuma tendência para gerar falsas apreensões; mas, ao contrário, haverá uma muito maior tendência para criar verdadeiras apreensões da verdade, do que um modo moderado, sombrio, indiferente de falar da verdade.
Uma demonstração de emoção e seriedade na maneira de entregar a mensagem, ainda que seja realmente muito grande, contanto seja consoante a sua natureza e não esteja numa proporção além da sua importância, e desde que não seja fingida ou forçada, terá maior tendência para gerar verdadeiras ideias ou apreensões nas mentes dos ouvintes relativas ao assunto pregado, e assim, iluminará o entendimento.
Se o assunto é em sua própria natureza merecedor de muito grande emoção, então tem uma maior tendência para procriar verdadeiras
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ideias nas mentes daqueles aos quais é apresentado.
Eu não penso que os ministros sejam culpados por elevarem as emoções dos seus ouvintes muito alto, desde que estas emoções sejam motivadas pela verdade.
Eu penso portanto, que seja meu dever elevar as emoções de meus ouvintes, tão alto quanto possível eu possa, contanto que sejam afetados com nada mais que a verdade.
Textos como Is 58.1 e Ez 6.11 bem demonstram que a Palavra deve ser entregue pelos pastores de uma maneira enfática, impressiva e que afete as emoções dos ouvintes.
“Clama em alta voz, não te detenhas, levanta a tua voz como a trombeta e anuncia ao meu povo a sua transgressão, e à casa de Jacó os seus pecados.” (Is 58.1).
“Assim diz o Senhor Deus: Bate com a mão, e bate com o teu pé, e dize: Ah! por causa de todas as péssimas abominações da casa de Israel; pois eles cairão à espada, e de fome, e de peste.” (Ez 6.11).
É falado geralmente na Bíblia que a Palavra deve ser pregada de modo sério e alto, como nos seguintes textos:
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“Falai benignamente a Jerusalém, e bradai-lhe que já a sua malícia é acabada, que a sua iniquidade está expiada e que já recebeu em dobro da mão do Senhor, por todos os seus pecados. Eis a voz do que clama: Preparai no deserto o caminho do Senhor; endireitai no ermo uma estrada para o nosso Deus.” (Is 40.2,3).
“Eis a voz do que clama: Preparai no deserto o caminho do Senhor; endireitai no ermo uma estrada para o nosso Deus.” (Is 40.6).
“Vai, e clama aos ouvidos de Jerusalém, dizendo: Assim diz o Senhor: Lembro-me, a favor de ti, da devoção da tua mocidade, do amor dos teus desposórios, de como me seguiste no deserto, numa terra não semeada.” (Jer 2.2).
“Levanta-te, vai à grande cidade de Nínive, e clama contra ela, porque a sua malícia subiu até mim.” (Jn 1.2).
“1 O Espírito do Senhor Deus está sobre mim, porque o Senhor me ungiu para pregar boas-novas aos mansos; enviou-me a restaurar os contritos de coração, a proclamar liberdade aos cativos, e a abertura de prisão aos presos;
2 a apregoar o ano aceitável do Senhor e o dia da vingança do nosso Deus; a consolar todos os tristes;” (Is 61.1,2).
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“Eis que o Senhor proclamou até as extremidades da terra: Dizei à filha de Sião: Eis que vem o teu Salvador; eis que com ele vem o seu galardão, e a sua recompensa diante dele.” (Is 62.11).
“Mas pergunto: Porventura não ouviram? Sim, por certo: Por toda a terra saiu a voz deles, e as suas palavras até os confins do mundo.” (Rom 10.18).
“Disse-me, pois, o Senhor: Proclama todas estas palavras nas cidades de Judá, e nas ruas de Jerusalém, dizendo: Ouvi as palavras deste pacto, e cumpri-as.” (Jer 11.6).
“e sai ao vale do filho de Hinom, que está à entrada da Porta Harsite, e apregoa ali as palavras que eu te disser;” (Jer 19.2).
“Ora, no seu último dia, o grande dia da festa, Jesus pôs-se em pé e clamou, dizendo: Se alguém tem sede, venha a mim e beba.” (Jo 7.37).
Parece ter sido predito que especialmente o evangelho deveria ser pregado de uma maneira alta e séria:
“Tu, anunciador de boas-novas a Sião, sobe a um monte alto. Tu, anunciador de boas-novas a Jerusalém, levanta a tua voz fortemente; levanta-a, não temas, e dize às cidades de Judá: Eis aqui está o vosso Deus.” (Is 40.9).
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“7 Quão formosos sobre os montes são os pés do que anuncia as boas-novas, que proclama a paz, que anuncia coisas boas, que proclama a salvação, que diz a Sião: O teu Deus reina!
8 Eis a voz dos teus atalaias! eles levantam a voz, juntamente exultam; porque de perto contemplam a volta do Senhor a Sião.
9 Clamai cantando, exultai juntamente, desertos de Jerusalém; porque o Senhor consolou o seu povo, remiu a Jerusalém.” (Is 52.7-9).
“E naquele dia se tocará uma grande trombeta; e os que andavam perdidos pela terra da Assíria, e os que foram desterrados para a terra do Egito tornarão a vir; e adorarão ao Senhor no monte santo em Jerusalém.” (Is 27.13).
“Por muito tempo me calei; estive em silêncio, e me contive; mas agora darei gritos como a que está de parto, arfando e arquejando.” (Is 42.14).
II. Outra coisa pela qual alguns ministros foram considerados grandemente culpados, e que é injusta, é a de que aterrorizam quem já se encontra debaixo de grandes terrores, em vez de confortá-los.
Realmente, se os ministros em tal caso andam para terrificar as pessoas com o que não é verdade, ou para amedrontá-los apresentando a
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situação deles pior do que seja realmente, serão condenados; mas se somente lhes terrificam exibindo ainda mais luz a eles, e dando-lhes entender mais sobre a verdade relativa ao caso deles, então serão justificados completamente.
Quando as consciências são grandemente despertadas pelo Espírito de Deus, sendo-lhes dada maior luz. É natural que fiquem terrificadas.
Dizer qualquer coisa àqueles que nunca creram no Senhor Jesus Cristo, e representar o caso deles como não sendo algo terrível, e não lhes pregar a verdade da Palavra de Deus, porque a palavra de Deus nada revela senão somente a verdade; é um ato de iludi-los. Por que nós deveríamos ter medo de deixar as pessoas que estão numa condição infinitamente miserável saberem a verdade, ou trazê-las à luz, pelo temor de terrificá-las?
Está claro que não podem ser convertidos de outro modo, senão de trazer aqueles que são miseráveis à luz que os terrifica antes da conversão, mas que se tornará motivo de vida, paz e alegria para eles depois da conversão.
Entretanto, não devemos celebrar as trevas deles para que possamos assegurar o seu conforto. A verdade é que enquanto os homens rejeitarem a Cristo, a ira de Deus permanece
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sobre eles, e são considerados Seus inimigos e filhos do diabo (como a Bíblia chama todo os não convertidos Mt 13.38; I Jo 3.10) e é incerto se alcançarão misericórdia. Deus não tem nenhuma obrigação de lhes mostrar misericórdia, e por isto permanecem debaixo desses terrores, enquanto continuam provocando a ira de Deus.
Por isso lhes deve ser dito qual é de fato a sua real condição.
Culpar então um ministro por declarar a verdade de tal maneira àqueles que estão debaixo de um trabalho de despertamento, é o mesmo que culpar um cirurgião porque começou a usar o seu bisturi expondo o seu paciente a sofrer grande dor. No entanto, não retirará a sua mão até que tenha completado a cirurgia.
Não podemos portanto tentar curar a ferida superficialmente porque isto não será eficaz, e não podemos dizer paz quando não há nenhuma paz entre o pecador e Deus.
Realmente há algo além do terror que deve ser pregado àqueles cujas consciências são despertadas. Porque lhes devemos falar que há um Salvador provido, que é excelente e glorioso, que derramou o Seu sangue precioso para remir pecadores, e que é todo suficiente para lhes
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salvar; e que está pronto a lhes receber se eles se entregarem a Ele e se arrependerem dos seus pecados.
Porque isto é também a verdade, apesar de estarem agora numa condição terrível.
No entanto, aqueles que se opuseram à obra do avivamento, em vez de temerem a Deus pelo terror que foi manifestado por Ele à sua terrível condição pecaminosa, e que abusaram da graça que estava sendo oferecida pela pregação da verdade, fizeram isto para a própria morte deles.
“Torna insensível o coração deste povo, e endurece-lhe os ouvidos, e fecha-lhe os olhos; para que ele não veja com os olhos, e ouça com os ouvidos, e entenda com o coração, e se converta, e seja sarado.” (Is 6.10).
“Prosseguiu então Jesus: Eu vim a este mundo para juízo, a fim de que os que não veem vejam, e os que veem se tornem cegos.” (Jo 9.39).
“14 E neles se cumpre a profecia de Isaías, que diz: Ouvindo, ouvireis, e de maneira alguma entendereis; e, vendo, vereis, e de maneira alguma percebereis.
15 Porque o coração deste povo se endureceu, e com os ouvidos ouviram tardamente, e fecharam os olhos, para que não vejam com os olhos, nem ouçam com os ouvidos, nem
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entendam com o coração, nem se convertam, e eu os cure.” (Mt 13.14,15).
Embora alguns abusassem do despertamento, que prega a própria morte deles; contudo houve centenas, sim, milhares que foram salvos da morte eterna.
Todos os homens são, por natureza, filhos da ira, e herdeiros do inferno. Todo aquele que não nasceu de novo está a todo momento exposto à destruição eterna, seja ele jovem ou velho.
Então por que nós deveríamos esconder a verdade deles?
III. Outra coisa contra a qual houve uma grande reclamação foi a de que as pessoas estão gastando muito tempo com reuniões frequentes para a adoração e busca de Deus. No entanto, isto é um sinal evidente de estar ocorrendo um verdadeiro avivamento porque onde a presença de Deus se encontra operando, leva as pessoas a desejarem estar unidas diante dEle em oração e adoração.
Nós vemos que os crentes da Igreja Primitiva estavam sempre unidos e perseveravam unânimes todos os dias no templo, e partindo o pão de casa em casa, e comiam com alegria e singeleza de coração (At 2.44-46).
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Os crentes de Éfeso também se reuniam diariamente (At 19.8-10), e foram separados por Paulo daqueles que estavam infamando a obra de Deus.
O argumento que a busca do que é espiritual com tal intensidade pode prejudicar os interesses seculares, não é sustentável porque os assuntos eternos são muito mais importantes que os seculares. Na verdade, são de uma importância infinita, enquanto sabemos que tudo o mais deste mundo envelhecerá e passará.
Há algumas coisas na Bíblia que mostram que deve haver uma frequência extraordinária na pregação, quando Deus viesse a introduzir um estado florescente na Sua obra nos últimos dias, como por exemplo em Is 62.1,2:
“1 Por amor de Sião não me calarei, e por amor de Jerusalém não descansarei, até que saia a sua justiça como um resplendor, e a sua salvação como uma tocha acesa.
2 E as nações verão a tua justiça, e todos os reis a tua glória; e chamar-te-ão por um nome novo, que a boca do Senhor designará...
5 Pois como o mancebo se casa com a donzela, assim teus filhos se casarão contigo; e, como o noivo se alegra da noiva, assim se alegrará de ti o teu Deus
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6 e Jerusalém, sobre os teus muros pus atalaias, que não se calarão nem de dia, nem de noite; ó vós, os que fazeis lembrar ao Senhor, não descanseis,” (Is 62.1,2, 5,6).
A destruição da cidade de Jericó foi evidentemente um grande tipo da destruição do reino de Satanás.
O toque das trombetas pelos sacerdotes representava a pregação dos ministros do evangelho para que as muralhas do pecado possam ruir.
O povo rodeou a cidade sete dias e os sacerdotes tocaram as trombetas. Mas, quando chegou o dia as muralhas da cidade ruíram, e foi ordenado ao povo que fizesse uma grande grita e os sacerdotes tocaram mais veementemente suas trombetas.
Há então um dia determinado depois de concluídos os sete dias anteriores, que trará o cumprimento de uma explosão longa e perpétua, e então o reino do inimigo será destruído completamente. Por ora, é preciso então que rodeemos a cidade louvando a Deus em altas vozes e tocando a trombeta do evangelho fortemente.
IV. Outra coisa pela qual os ministros foram acusados, foi a de que estava ocorrendo muitos
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clamores, desmaios, e outros efeitos corporais; e estavam falando disso como sendo símbolos da presença de Deus, e do sucesso da pregação.
Ainda que estas manifestações corporais não sejam evidência de uma verdadeira conversão e comunhão com Deus, no entanto são realmente símbolos concedidos pelo Espírito para atestar a presença de Deus e o sucesso da pregação.
Eu vi estas coisas acontecendo frequentemente e ao examiná-las pude constatar que se tratavam de manifestações reais geradas por causa da presença de Deus.
Apesar da medida de influência do Espírito Santo nas pessoas, de modo particular não possa ser avaliada por tais manifestações em razão dos temperamentos e constituições físicas e de personalidades diferentes de cada pessoa, no entanto, no geral, há um grande aumento do poder de Deus nos cultos de adoração onde estejam presentes tais manifestações.
Assim, se os ministros conseguem elevar as emoções das pessoas com a ministração deles, há um grande bem envolvido nisto, quando são produzidos os bons efeitos de uma verdadeira manifestação do Espírito Santo em nosso meio.
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V. Os ministros foram também acusados de se misturarem às pessoas que estão debaixo destas manifestações externas extraordinárias.
Muitos pensam que isto promove confusão.
Mas o avivamento derruba barreiras entre as pessoas, tal como se viu Jesus no meio dos Seus discípulos vivendo e comendo com eles.
Todo formalismo religioso cai quando o Espírito estiver realizando uma obra de um real avivamento.
VI. Outra coisa que gera muita reclamação contra a obra de avivamento é que as pessoas começam a falar com grande seriedade e veemência das grandezas de Deus e das coisas eternas, e advertem a outros de maneira muito forte a compartilharem da mesma experiência delas.
Embora eu entenda que alguns erraram, excedendo-se sem levarem em conta qualquer tipo de restrição ou direção, no entanto, eu creio que a Bíblia justifica tal disposição.
Os que costumam reclamar não levam em conta a verdade de que quando uma pessoa está experimentando uma grande alegria no Senhor a consequência natural disto é compartilhar a mesma alegria com outros. E como eles sabem que esta alegria e paz têm o preço da
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consagração, serão veementes em exortarem outros a se santificarem para que possam também receber a mesma bênção e viver vitorioso que estão experimentando.
Esta veemência está justificada pelo que podemos ver em textos como Jeremias 6.10,11, por exemplo:
“10 A quem falarei e testemunharei, para que ouçam? eis que os seus ouvidos estão incircuncisos, e eles não podem ouvir; eis que a palavra do Senhor se lhes tornou em opróbrio; nela não têm prazer.
11 Pelo que estou cheio de furor do Senhor; estou cansado de o conter; derrama-o sobre os meninos pelas ruas, e sobre a assembleia dos jovens também; porque até o marido com a mulher serão presos, e o velho com o que está cheio de dias.” (Jer 6.10,11).
Não há outro modo de despertar, especialmente crentes que estão adormecidos espiritualmente senão com veemência e muita exortação.
Quando Cristo estabelece o Seu reino no meio do Seu povo o efeito da alegria que daí decorre é infinitamente maior do que a alegria daqueles que se embriagam com vinho, porque é decorrente de estarem cheios do Espírito Santo (Ef 5.18).
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VII. Outros reclamaram da abundância de louvores que há em reuniões de avivamento.
Todavia eles não podem duvidar do amor e da alegria extraordinários que se manifestam pelo Espírito entre os crentes avivados. O louvor que eles acham excessivo é apenas uma consequência deste amor e alegria que procedem do alto.
Eles não se queixam dos anjos e santos no céu cantando continuamente louvores a Deus, mas julgam que isto não deve existir na terra.
Reagir contra isto é fazer o mesmo que os fariseus fizeram nos dias dos apóstolos quando Jesus entrou em Jerusalém montado num jumento, que pediram ao Senhor que lhes proibisse de continuarem louvando em altas vozes; e Ele lhes respondeu que caso eles parassem, as pedras clamariam, indicando que este é o modo correto de se agir quando Ele está manifestando a Sua glória entre os homens.
As profecias na Bíblia indicam que haveria muitos louvores a Deus nos dias do Evangelho.
(Tradução e adaptação de textos de Jonathan Edwards, feitas por Silvio Dutra)
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Os Intercessores do Avivamento de 1949 das Ilhas Hébridas
Ao largo da costa oeste de Escócia há um pequeno grupo de ilhas chamado de Hébridas. Entre 1949 e 1952 um avivamento amplo passou por estas ilhas em resposta às orações das pessoas de Deus. O instrumento neste avivamento foi o evangelista Duncan Campbell. Ele veio para a Ilha de Lewis para ministrar uma campanha evangelística de duas semanas, e acabou ficando dois anos. Os relatos a seguir são testemunhos do poder da oração intercessória durante este movimento poderoso de Deus.
Peggy e Christine Smith: Elas Oraram pelo Cumprimento da Promessa
Numa pequena cabana à margem da estrada da aldeia de Barvas viviam duas mulheres anciãs, Peggy e Christine Smith. Elas tinham oitenta e quatro anos e oitenta e dois anos de idade. Peggy era cega e sua irmã sofria de artrite. Incapazes de assistir à adoração pública na igreja, a cabana humilde delas se tornou um santuário onde elas buscavam a Deus. A elas veio a promessa: “eu verterei água naquele que está sedento e inundarei a terra seca," quando passavam este dia e noite em oração. Numa noite Peggy teve uma revelação de que um avivamento estava vindo à igreja dos seus pais e ela seria
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aglomerada novamente com pessoas jovens! Ela chamou o ministro, o pastor James Murray MacKay, e lhe contou o que Deus tinha lhe mostrado, enquanto lhe pediu que chamasse os seus presbíteros e diáconos e que se reunisse com eles em períodos especiais de espera em Deus. No mesmo distrito um grupo de homens que oravam num celeiro experimentaram um antegosto da bênção que estava por vir. Numa noite quando eles estavam reunidos para buscarem a Deus, um diácono jovem se levantou e leu o Salmo 24.3-5: “Quem subirá ao monte do Senhor, ou quem estará no seu lugar santo? Aquele que é limpo de mãos e puro de coração; que não entrega a sua alma à vaidade, nem jura enganosamente. Este receberá do Senhor uma bênção, e a justiça do Deus da sua salvação.”. Voltando-se para os demais ele disse: “Irmãos, a mim soa falso estarmos orando se nós mesmos não estamos andando em retidão com Deus.”. Então, erguendo as suas mãos para o céu ele clamou: “Oh Deus, minhas mãos estão limpas? Meu coração é puro?" e nada mais tendo falado caiu prostrado ao chão. Uma consciência de Deus encheu o celeiro e um fluxo de poder sobrenatural foi derramado sobre as vidas deles. Eles tinham passado a uma nova esfera de experiência com Deus, enquanto criam piamente na promessa do avivamento.
Mas antes de deixarmos Peggy e sua irmã, contaremos outra história mais adiante que
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ilustra a intimidade santa desta mulher com o seu Deus. Quando o movimento estava nesta altura Peggy chamou Duncan, e lhe pediu que fosse a uma pequena aldeia isolada para celebrar um culto. As pessoas desta aldeia não eram favoráveis ao avivamento e já tinham deixado de modo claro a posição deles de não envolvimento. Duncan explicou a situação a Peggy e lhe falou que ele questionava a sabedoria do pedido dela. "Além disso," ele acrescentou, “eu não tenho nenhuma autorização para ir àquele lugar.". Ela dirigiu sua face na direção da voz dele, e os olhos cegos de Peggy pareciam penetrar a alma de Duncan, e lhe disse: "Sr. Campbell, se você estivesse vivendo perto de Deus o quanto deveria, Ele também revelaria os segredos dEle a você.”. Duncan se sentiu como um subordinado sendo repreendido por desafiar o seu general. Ele humildemente aceitou a repreensão como vindo do Senhor, e perguntou se ele e o Sr. MacKay poderia passar a manhã em oração com eles. Ela concordou, e depois eles se ajoelharam junto à cabana, e Peggy orou: “Senhor, Você se lembra do que Você me contou esta manhã que nesta aldeia Você vai salvar sete homens que se tornarão pilares na igreja dos meus pais. Senhor, eu entreguei Sua mensagem ao Sr. Campbell e parece que ele não está preparado para recebê-la. Oh Deus, dá-lhe sabedoria, porque ele precisa disto!". Quando ela parou de orar Duncan disse: "Certo, Peggy, eu irei para a
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aldeia.". Ela respondeu: "Tudo bem! Deus lhe dará uma congregação.". Chegando na aldeia às sete horas eles acharam um bangalô grande aglomerado de pessoas ao ponto de terem que se reunir do lado de fora. Duncan pregou o texto de Atos 17.30: “Mas Deus, não levando em conta os tempos da ignorância, manda agora que todos os homens em todo lugar se arrependam;”. Quando ele terminou de pregar, um ministro lhe acenou para que falasse novamente com várias pessoas que estavam lamentando pelos seus pecados – e entre eles, os sete homens de Peggy!
John: Ele Desafiou a Deus em Oração
Estava sendo levantada uma forte oposição ao avivamento em outras partes da ilha. Uma noite houve um culto na casa de um presbítero. Ao redor da meia-noite Duncan voltou-se ao ferreiro local e lhe disse: "John, eu sinto que chegou a hora de você orar.". Com o seu boné na mão John se levantou para orar, e no meio da sua oração ele fez uma pausa, e elevando a sua mão direita ao céu disse: "Oh Deus, Você fez uma promessa de derramar água naquele que está sedento e de inundar a terra seca, mas, Senhor, isto não está acontecendo.". Ele pausava continuamente e voltava a dizer: "Senhor, eu não sei como os demais aqui se encontram em Sua presença; eu não sei como os ministros estão de pé, mas, Senhor, se eu sei alguma coisa
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sobre meu próprio coração que eu me levanto diante de Ti como um vaso vazio, enquanto tendo sede de Ti e para a manifestação do Teu poder.”. Ele parou novamente e depois de um momento de silêncio tenso clamou: "Oh Deus, Sua honra está em jogo, e eu O desafio agora a cumprir seu compromisso na aliança que prometeu fazer.". Muitos que estavam presentes testemunharam que naquele momento a casa tremeu. Pratos balançaram no aparador, e onda após onda do poder divino passou pela casa. Um ministro que estava ao lado de Duncan lhe disse: "Sr. Campbell, que grande tremor!". Mas a mente de Duncan estava no quarto capítulo de Atos quando os cristãos primitivos estavam reunidos em oração, e nós lemos: "E, tendo eles orado, tremeu o lugar em que estavam reunidos; e todos foram cheios do Espírito Santo, e anunciavam com intrepidez a palavra de Deus.” (At 4.31).
Donald: O Menino que Orou
Entre esses convertidos havia um menino de quinze anos que se tornou um excelente auxiliar no avivamento. Este rapaz se tornou um guerreiro de oração de linha de frente. Duncan foi um dia à sua casa e o achou sobre os seus joelhos em oração no celeiro com a Bíblia aberta diante dele. Quando Duncan lhe interrompeu ele disse calmamente: "Espere um pouco, Sr. Campbell, eu estou tendo uma audiência com o
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Rei.". Alguns dos derramamentos mais vívidos do Espírito Santo durante a avivamento vieram quando lhe pediram que orasse. Na delegacia de polícia em Barvas ele se levantou uma noite, e simplesmente apertou suas mãos e proferiu uma só palavra: "Pai!". Todos verteram lágrimas quando a Presença de Deus invadiu a casa. Em Callenish, ele orou até que o poder de Deus reviveu aqueles que estavam mortos em pecados e que foram transformados em pedras vivas na Igreja de Jesus Cristo. Mas o exemplo mais excelente da unção de Deus sobre ele foi em Bernera, uma pequena ilha ao largo da costa de Lewis. Duncan estava ajudando num culto de comunhão; a atmosfera estava pesada e a pregação difícil, assim ele chamou de Barvas alguns homens para virem ajudar em oração. Eles oraram, mas a escravidão espiritual persistiu de tal forma que o próprio Duncan parou de orar. Então ele percebeu que o jovem Donald estava visivelmente movido, debaixo de um fardo profundo pelas almas. Ele pensou: "Aquele menino está em contato com Deus e vivendo mais próximo do Salvador do que eu estou.". Assim, apoiando-se no púlpito ele disse: "Donald, você nos conduziria em oração?". O rapaz se levantou e na sua oração fez referência ao quarto capítulo de Apocalipse que ele tinha lido naquela manhã: ”Oh Deus, eu pareço estar contemplando através da porta aberta. Eu vejo o Cordeiro no meio do Trono, com as chaves da morte e do inferno na sua mão". Ele começou a
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chorar; e erguendo os seus olhos para o céu clamou: "Ó Senhor, há poder lá, por favor derrame-o!". Com a força de um furacão o Espírito de Deus varreu o edifício e as comportas do céu foram abertas. A igreja se assemelhou a um campo de batalha. Num lado muitos foram prostrados em seus assentos lamentando e suspirando; no outro lado alguns foram afetados elevando os seus braços na direção do céu. Deus tinha vindo!
Ela Teve uma Visão
Deus comunicou a Pedro o propósito dele abençoar a casa de Cornélio por meio de uma visão num êxtase quando o servo dele estava orando. Ele usou métodos semelhantes em Lewis. Uma jovem entrou em êxtases repetidos nos quais ela recebeu mensagens que interessavam aos que estavam em necessidade, as quais foram passadas para Duncan. Numa noite em que ele estava em Stornoway esta jovem teve uma visão de uma mulher em agonia de alma há trinta quilômetros dali. Duncan foi informado que ele deveria ir ter com ela para vê-la, e sem qualquer pensamento para o seu próprio descanso ou sua segurança ele se dirigiu à aldeia e achou o quadro exatamente como lhe haviam falado. E tendo encontrado a senhora que fora revelada por Deus na visão, em forte convicção de pecado, pregou-lhe o evangelho e conduziu-a a entregar-se a Cristo.
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Nenhuma mensagem que havia sido dada pelas visões da jovem foi falsa. Este era um aspecto do trabalho que Duncan não tentou encorajar ou explicar, mas ele reconheceu que era de Deus e recusou interferir com isto, enquanto advertia aqueles que em sua ignorância associavam as visões da jovem a atividade satânica, que eles estavam perigosamente perto de cometer o pecado imperdoável, a saber, a blasfêmia contra o Espírito Santo.
O Açougueiro que Orava
Duncan nunca deixou a ilha sem visitar os homens de oração que haviam sido tão queridos a ele no avivamento e com os quais ele tinha afinidade de espírito. Ele se maravilhava com o discernimento e visão mundial deles nesta ilha distante. Chamado a ver um deles, chegou à sua casa e o ouviu no celeiro orando pela Grécia.
Ele não pôde entender que interesse um açougueiro em Lewis poderia ter pela Grécia. "Como você veio a orar pela Grécia hoje?”, ele lhe perguntou depois. "Você sabe onde a Grécia fica?". "Não, Sr. Campbell, mas Deus sabe, e Ele me falou esta manhã para orar pela Grécia!". Dois anos depois Duncan foi apresentado a um homem em Dublin que lhe contou a seguinte história: Ele tinha ido à Grécia numa viagem de negócios e tinha sido solicitado para falar numa reunião de cristãos. O Espírito de Deus
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trabalhou tão poderosamente que ele continuou orando durante algumas semanas e telefonou para o seu irmão na Irlanda com instruções para cuidar do negócio até que ele voltasse. Duncan comparou datas e descobriu que o movimento na Grécia começou no mesmo dia que o açougueiro estava orando em Bravas!
O preço para o céu enviar o avivamento nunca mudou. Antes que as inundações de convicção do Espírito Santo pudessem varrer as Ilhas Hébridas, os homens fortes foram quebrados diante de Deus, trabalhando em agonia de oração pelas longas horas da noite por meses. Fazer isto, apesar das demandas de casa e trabalho, estes homens tiveram que achar tempo para estarem diante de Deus! Este é talvez o maior problema que nos ataca hoje. Nós temos todos os luxos modernos da vida para tornar o trabalho mais fácil e ainda nós não podemos achar tempo para orar! Isso é um paradoxo trágico! O Dr. Wilbur Smith declarou o assunto muito habilmente quando ele disse: "eu nunca procuro tempo para orar - eu tenho sempre conseguido fazer isto!".
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Citações Relativas ao Avivamento de Gales de 1904
1 – Keswick, 1902 – Foram anunciados círculos de oração para um Avivamento Mundial. Então eu busquei a Deus e clamei: “Deus, por que eles têm que orar por isto que Tu tens já prometido?”. Então Ele disse: “Este avivamento já é um fato realizado em meu Reino”, e eu disse: “Por que então Senhor ele não pode vir sem estes círculos de oração?”. Ele respondeu: “eu estou pronto, mas meus filhos não estão. Antes que venha, eles têm que pregar a palavra da Cruz – a mensagem do Calvário”. “Eu estou pronto, mas meus filhos não estão” mostra que os círculos mundiais de oração eram necessários principalmente para a finalidade de criar desejo entre o povo de Deus e preparar os canais para a “chuva próxima” que estava prestes a cair. E “eles têm que pregar a Cruz”, também nos alerta que Deus não pode enviar o avivamento até que o Evangelho do Calvário seja proclamado.
2 - Nós ouvimos falar de três ministros do Evangelho que se encontraram em maio, em 1903, para oração e conferência, reunidos por um senso de necessidade; totalmente descontentes com a própria experiência cristã deles e aflitos quanto à condição das igrejas deles, com o mundanismo e apatia entre os seus oficiais e membros. Uma vez mais nós vemos
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um grupo de três! Eles decidiram formar um "círculo de oração", e a partir das 10 horas de cada manhã eles passaram a orar um pelo outro e pelas suas igrejas.
3 - Primavera de 1903 - num distrito em Glamorganshire, foram achados quatro jovens de 18 anos de idade, num monte, para orarem a Deus por um avivamento na igreja deles que se encontrava num estado muito frio, formal e com poucas conversões. Depois de terem orado por cerca de um mês, o círculo de oração ficou conhecido e a maior parte da Igreja viu o movimento com suspeita, chegando alguns a ignorarem ou escarnecerem do entusiasmo dos rapazes. Eles porém, continuaram orando no monte por dois meses completos, e para a surpresa da Igreja, outras pessoas que nunca tinham frequentado um local público de adoração, se uniram a eles e começaram a orar. Agora, cerca de doze ou quatorze pessoas estavam orando fervorosamente por um avivamento, até que com o tempo os membros da Igreja foram tocados e todos foram movidos com um espírito de oração e paixão pelas almas.
Aquela reunião que havia começado com apenas quatro pessoas havia aumentado muito em número e todos davam testemunho do poder de Deus de uma maneira especial. Por causa deste movimento entre os jovens, o próprio pastor foi atraído e começou a sondar o
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seu próprio coração, enquanto perguntava se havia realmente se rendido completamente a Cristo, e se tinha recebido o Espírito Santo. Finalmente ele entrou num plano novo de experiência espiritual e conhecimento do poder de Deus.
4 - Não havia nenhum programa fixo para as reuniões. A palavra dos mensageiros do Senhor eram dadas diretamente no aspecto experimental do trabalho do Espírito Santo no crente; guardando-o de todo o pecado conhecido, libertando-o pela identificação com Cristo na morte dele, e a recepção definida do Espírito Santo como uma necessidade absoluta para todos no serviço de Deus. Isto era enfatizado, e levava para casa o coração cheio do poder de Deus em tal intensidade que nos últimos dois dias foi manifesto que tudo aquilo era o resultado de que o Espírito de Deus havia sido derramado no meio deles.
5 – Cardiganshire. Em setembro de 1904, o Pastor e evangelista Seth Joshua, visitando New Quay, em missão, achou o Espírito Santo operando de modo tão notável que ele disse imediatamente que ele sentia que era um indicativo de um grande avivamento. A presença do Espírito nas reuniões era como o "vento" que se move nas pessoas. O louvor, as orações, os testemunhos e exortações eram todos cheios de respiração vital. Muitos jovens
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tinham recebido um batismo de poder manifestadamente. O amor entre os crentes era intenso, e a ternura de oração por outros era irresistível. O Pastor Joshua relatou como vinha orando desde quatro anos antes para que Deus levantasse algum jovem das minas de carvão ou do campo, do mesmo modo que havia levantado Elias no passado, para reavivar a Sua obra em Gales. Ele pediu a Deus para levantar um instrumento por meio do qual o orgulho humano pudesse ser humilhado – ninguém da Universidade de Cambridge, para que não aumentasse o orgulho dos crentes, nem alguém da Universidade de Oxford para que não alimentasse o intelectualismo da Igreja. (Esta pessoa que seria levantada por Deus foi um operário das minas de carvão, Evan Roberts, que seria o líder do avivamento de Gales em 1904-5).
Nota do tradutor, para sua reflexão:
Uma munição poderosa que o diabo possui em suas mãos para dividir os crentes em avivamentos, é a quebra fácil da unidade pelo uso de convicções as mais diversas que os crentes têm adquirido nas mais diferentes fontes (televisão, rádio, Internet etc), o que não ocorria nos avivamentos do passado porque não havia tais meios de comunicação e tal velocidade de difusão de informações, de maneira que Satanás possui em nossos dias este novo instrumento em suas mãos para difundir o
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erro por toda a parte e anular ou confundir a mensagem da Cruz, tão essencial para os avivamentos. É preciso pois, que cada crente em Igrejas onde se esteja orando por avivamento seja instruído acerca disso e sobre a necessidade de não formar opiniões em qualquer parte, a não ser na exata revelação da Palavra de Deus e debaixo da instrução dos líderes que têm sido efetivamente levantados pelo Senhor para a defesa da verdade, não da verdade dos homens, mas da Palavra. Sem isto é possível que um crente se levante e quebre a unidade dos que buscam o avivamento pela colocação de questões menores e sem importância, ou pela imposição de padrões de adoração e de comportamento que não reflitam a atmosfera bíblica de espiritualidade e reverência no Espírito Santo, por ser um costume cultural gospel dos nossos dias. Tudo isto deve ser tido em conta ao ser chamado por Deus para iniciar um trabalho de avivamento, porque o diabo certamente tentará usar estas coisas para quebrar a unidade necessária para o derramamento do Espírito Santo. Ninguém se iluda pensando que Deus muda os Seus métodos. O que valeu para os 120 discípulos no primeiro Pentecostes continua valendo para a Igreja de todas as épocas, porque é preciso perseverar na doutrina dos apóstolos, e na comunhão (At 2.42). Daí, sempre ser necessário voltar aos fundamentos da Palavra e a praticar tais fundamentos, antes que Deus derrame o
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Espírito Santo em grande profusão. Este fundamento é encontrado principalmente nos escritos dos Puritanos, e não admira que sejam tão lidos conforme direção do Espírito, quando está prestes a derramar um avivamento sobre a Igreja, porque o ensino deles está livre de toda a mistura de erros e enganos que há na teologia chamada liberal moderna, ou na dos chamados avivalistas místicos que desprezam a Palavra de Deus para enfatizarem apenas sinais, maravilhas e experiências sobrenaturais, sendo iludidos por espíritos enganadores pelo fato de terem rejeitado a sã doutrina da Palavra de Deus, esquecidos de que não é possível derrotar o diabo a não ser com a verdade, porque ele é o pai da mentira. É na conjugação da verdade e do poder do Espírito Santo, numa vida piedosa e santificada, que as obras do maligno são desfeitas, e que se pode vigiar e lutar contra as suas investidas contra a Igreja de Cristo.
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O Avivamento de Gales
Por Jessie Penn Lewis (Traduzido, reduzido e adaptado por Silvio Dutra)
Gales é uma terra de avivamentos periódicos. Em meados do décimo oitavo século uma brasa de amor tirada do altar tocou os lábios de Daniel Rowlands, clérigo da Igreja da Inglaterra, e o inspirou com um tal fervor que nenhuma oposição poderia extinguir.
Os cristãos distintos e respeitáveis daquela época o chamaram de o "clérigo quebrado" de Liangeitho. Mas se ele foi quebrado, a nação galesa tem razão para agradecer para sempre os "quebrantamentos" através dos quais ele viu Deus e a Eternidade, e a visão que encheu a sua alma de entusiasmo ilimitado. Em alguns anos toda a Gales estaria em chamas. Pessoas de perto e de longe vieram testemunhar os efeitos ativos da sua pregação; seus ouvintes choravam e clamavam, enquanto enfureciam com isto todo o tipo de decoro farisaico.
Aquele avivamento maravilhoso deixou qualquer coisa atrás de si de valor permanente para a nação? Sim. Primeiro, o avivamento na Inglaterra deixou atrás de si uma nova comunhão religiosa, a grande Igreja Metodista Wesleyana, como também criou uma nova
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denominação, a Igreja Metodista Calvinística que superou em vários graus, números, influência, e aprendizagem, todas as denominações existentes no país. Segundo, deu para Gales sua Hinologia. Até então a nação não tinha nenhum hino. Agora nós temos uma rica herança de hinos além de toda comparação. Estes hinos revitalizaram a vida religiosa, e em consequência a nação foi mudada para um nível mais elevado desde então.
Como costuma ocorrer com todos os avivamentos, aquele movimento perdeu sua força com o passar do tempo. Entretanto, no princípio do último século (XIX) outro avivamento começou com John Elias e seus sermões teológicos, com Christmas Evans e seus sermões poéticos, e Williams de Wern com os seus sermões filosóficos, que atravessaram o país, proclamando as doutrinas da graça, cada um no seu próprio estilo, dominando os seus ouvintes e os lançando num êxtase religioso; uma vez mais a grande congregação clamou e cantou com alegria. Toda a Gales estava como um caldeirão fervente. Gradualmente as chamas de emoção desapareceram. E o que sobrou? Cinzas? De modo algum; aquela revolução na experiência espiritual da população elevou a vida nacional a um nível mais alto. Sentimentalismo? Sim; mas alimentou as raízes do intelecto e uma nova vida foi infundida em Gales.
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O primeiro avivamento nos deu nossa Hinologia, e o segundo a nossa Teologia. Provavelmente não havia homens letrados o suficiente para escreverem livros notáveis de sua própria autoria, mas havia muitos capazes de traduzirem os trabalhos notáveis de outros autores. Debaixo da influência desta avivamento, foram feitas traduções para a língua galesa, dos trabalhos de John Owen sobre a Pessoa de Cristo, Justificação e do seu Tratado Sobre o Trabalho do Espírito Santo; do Comentário Bíblico de Mattew Henry, e de vários outros livros de autoria dos Puritanos.
Os fazendeiros e os camponeses passaram as suas noites longas de inverno lendo e meditando nestes livros, enquanto discutiam o ensino deles nas Escolas Dominicais de adultos e nas suas reuniões noturnas semanais, e o resultado inevitável foi que eles ficaram completamente firmados nas doutrinas fundamentais da Salvação. O Puritanismo entrou no sangue dos galeses, penetrando todo o pensamento deles, e nunca mais pôde ser expelido. Consequentemente eles passaram a ter aversão a ritos e cerimônias no culto público, como por todas as coisas vãs e fúteis do mundo. Por outro lado passaram a ter uma prontidão para responder a todas as atrações de natureza espiritual.
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Em 1850, com uma nova geração, havia desaparecido totalmente o entusiasmo dos dias anteriores. A vida da igreja era um torpor.
Em 1859 começou um terceiro avivamento. Humphrey Jones, um jovem wesleyano, que estava incendiado com o fogo do avivamento americano, cruzou o oceano para carregar a chama para sua terra natal em Gales. Ele pregava e promovia reuniões de oração e toda a zona rural em Cardigã do Norte estava falando do jovem pregador, mas a estrutura física dele não podia aguentar a tensão, e em três ou quatro meses, sem dinheiro, o sistema nervoso dele desabou e nunca mais ele pôde enfrentar uma congregação. Ele não tinha trabalhado em vão, porque antes do seu colapso nervoso ele tinha espalhado o fogo a um seu vizinho, o pastor David Morgan, ministro metodista calvinístico, um homem de físico esplêndido. A transformação forjada no posterior era simplesmente miraculosa.
Ele visitou o país, de Holyhead a Cardiff, falou inspirado, e sobressaiu muito acima de todos os seus contemporâneos durante os três anos do grande poder do alto que estava sobre ele. Multidões se colocaram a ouvir sua pregação; o incrédulo clamou em agonia de alma, os santos clamaram de alegria e o barulho deles era como o som de muitas águas. Todo o país estava em chamas. É computado que foram acrescentados
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aproximadamente 100.000 convertidos às igrejas.
Mas como sempre costuma acontecer, logo se levantaram os críticos dentro da própria Igreja acusando os avivados de estarem loucos, e de estarem debaixo da influência do diabo.
Felizmente havia outros, mais sensíveis a influências espirituais que responderam: “Bem, se este é o trabalho do diabo, ele deve ser um diabo muito novo para Gales, porque o velho diabo enviava as pessoas para as casas públicas noturnas, e o novo as envia para as igrejas; o antigo as fazia dançar nos bailes, e o novo as faz dançar e louvar a Deus.”.
Este terceiro avivamento deixou atrás de si depois de passados cinquenta anos, milhares de escolas e três faculdades nacionais, de modo que se o primeiro avivamento nos deu a nossa Hinologia, o segundo a nossa Teologia, este terceiro nos deu o nosso sistema educacional.
Durante os últimos dez anos foi deprimida a vida espiritual em nossas igrejas cada vez mais. Nossos melhores espíritos estavam lamentando o lapso iminente da queda de nossa pátria em barbarismo. Clamores sinceros foram elevados ao céu. Por meses nós sentíamos que havia algo indefinido, misterioso no ar, como um andar no topo das amoreiras. As mães piedosas e as
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jovens foram as primeiras a sentirem o retorno da maré que durante os últimos meses havia varrido tudo antes disto. A história deste quarto avivamento será contada nas páginas seguintes, mas me permitam indicar antes duas ou três de suas principais características:
1. É independente de todas as organizações humanas – é algo que nos vem diretamente do céu. Missões são decorrentes de avivamentos. Os homens podem organizar o anterior (missões), mas não o posterior (avivamentos), e é uma pena que a distinção seja tão esquecida frequentemente. O método do homem de salvar o mundo é através de maquinaria; uma salvação cara e complicada através de mecânicas, mas o método de Deus é através de energia - salvação vital através de operação espiritual dinâmica. "Eu não me envergonho do evangelho de Cristo, porque é o poder (dinâmico) de Deus para a salvação” (Rom 1.16), disse o apóstolo e missionário Paulo, enquanto confiando completamente que a pregação e o poder dinâmico do Evangelho, (poder dinâmico porque a palavra no grego para poder é dynamis, de onde vem dinamite) mudou a face do Império Romano. Em Gales tudo é espontâneo, e a dinamite está trabalhando, explosão após explosão, e já foram soltas milhares de pedras ásperas, duras da pedreira da humanidade corrompida. Onde a explosão ocorre haverá
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tumulto e confusão? Mas, não é melhor a confusão da cidade que a ordem do cemitério?
2. Outra característica deste avivamento é que se dá muita importância ao trabalho do Espírito, pelo menos em suas fases iniciais. A pregação anterior falava de Cristo, mas ocultava o trabalho do Espírito. Porém, agora a pergunta que está na vanguarda é: "Recebestes o Espírito Santo quando crestes?" (Atos 19.2). Havia milhares de crentes em nossas igrejas como os discípulos de João que Paulo encontrou em Éfeso, que tinham crido em Cristo, mas nunca tinham recebido o Espírito Santo. A marca do sangue de Cristo estava neles, mas onde estava a marca da unção do Espírito? Se eram salvos, eles não faziam nenhuma tentativa para salvar outros.
O presente avivamento ainda que não obscurecendo a doutrina da Cruz, como não pode ser aceito de modo algum porque é daí que decorre o poder, trouxe em proeminência a doutrina do Espírito. Milhares de cristãos que tinham recebido a Cristo receberam o Espírito Santo agora, e em consequência eles estão cheios com o espírito de serviço - nenhuma tarefa parece a eles muito dura para a causa de Cristo.
Todos nós cremos na necessidade do Espírito regenerar e santificar - realizar as grandes
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tarefas da vida, as obras que nós sabemos que nenhum poder humano pode efetuar.
3. A terceira característica é o entusiasmo, uma característica comum a todos os avivamentos. Muitos cristãos que amam a discrição gostariam de receber o batismo do Espírito sem o batismo de Fogo, mas o que Deus uniu não pode ser separado. “Ele lhes batizará com o Espírito Santo e com fogo" (Mt 3.II); e o que fará você com isto? Há somente uma preposição “com” no original, não duas como se costuma colocar nas traduções tanto inglesas como em outras línguas, para mostrar a identidade de dois batismos, como separados. Onde quer que o Espírito desça, Ele traz fogo junto. Lá no primeiro Pentecostes apareceu a eles como línguas de fogo, repartidas sobre a cabeça de cada um deles. Todos ficaram cheios com o Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, como o Espírito lhes concedia tal expressão vocal. Corações de Fogo e Línguas de Chama.
O entusiasmo é permitido em todas as áreas da vida, mas deve ser proibido na vida da Igreja? Mil vezes, não. Como diz o Apóstolo: "fervorosos no espírito, servindo ao Senhor” (Rom 12.11b). Fervoroso vem literalmente de ferver, e se diz que este ferver é em espírito. Ninguém se envergonhe portanto de sua ebulição no serviço do Salvador.
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É este tipo de fervor que dá vida às reuniões de oração públicas na Igreja, fazendo com que tanto jovens e velhos se reúnam para adorar e louvar a Deus com toda a força do seu coração Ninguém é forçado, ninguém é convidado, porque a espontaneidade caracteriza os procedimentos do princípio ao fim. Ninguém se envergonha de confessar a Jesus como o seu Salvador. Todas as congregações estão abarrotadas e os vales e montanhas cantam em louvor.
Nós justificamos as extravagâncias? Não mais do que Paulo as justificou em Corinto (I Cor 14). Nós sabemos o que ele quer dizer com interpretação de línguas. Fora da confusão emergirão ordem, beleza e vida.
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Frank Bartleman
Azusa. Numa sexta-feira, 15 de junho, o Espírito derramou o coro divino em minha alma. Eu me achei unido aos demais que tinham recebido este dom sobrenatural repentinamente. Era uma manifestação espontânea de êxtase que nenhuma língua terrestre pode descrever. No princípio esta manifestação era maravilhosamente pura e poderosa. Nós tememos tentar reproduzi-la, tal como o dom de línguas. Agora muitos não têm, aparentemente, nenhuma hesitação em imitar todos os dons do Espírito. (Bartleman estava escrevendo depois de muitos anos de ter ocorrido o avivamento em Azusa, e quando muitos haviam apostatado do primeiro amor e obra que o Espírito fizera entre eles, e a referência aos que imitavam agora os dons do Espírito possivelmente se aplica àqueles que sequer participaram do avivamento, e que por falta de poder real espiritual, entregavam-se às falsificações da carne e de Satanás – nota do tradutor).
Ninguém poderia entender este “dom de canção" mas somente aqueles que o receberam. Realmente era uma "canção nova" no Espírito. Quando eu a ouvi pela primeira vez uma grande fome entrou em minha alma para receber este dom. Eu sentia que expressaria meu
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pentecostes acima dos meus sentimentos. Eu não tinha contudo ainda falado em "línguas" mas a "canção nova" me capturou. Era um dom de Deus de alta ordem, e apareceu em seguida entre nós em "Azusa" depois do trabalho ter começado. Ninguém tinha orado por isto. O Senhor soberanamente o havia dado a nós, como um acréscimo ao batismo do Espírito Santo (Não é sábio tentar reproduzir dons que o Espírito Santo concede em avivamentos, porque Ele distribui conforme Lhe apraz e não de acordo com os nossos desejos – nota do tradutor).
Este dom foi exercitado, conforme o Espírito movia os possuidores, ou em cântico solo, ou em conjunto. Às vezes era emitido como som sem palavras, e em outras ocasiões em “línguas”. O efeito era maravilhoso nas pessoas. Trouxe uma atmosfera divina, como se os anjos estivessem presentes e se unindo conosco. E possivelmente eles estavam.
Alguns condenaram esta "canção nova" quando era sem palavras. Mas não foi o som dado antes do idioma? Quem compôs a primeira canção? Nós necessariamente temos que seguir sempre a composição de algum homem? Nós gostamos muito de ser adoradores de tradição. A oração em "línguas" não está de acordo com a sabedoria ou entendimento do homem. Então por que não um "dom de canção?". É certamente uma
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repreensão às "canções religiosas jazzísticas" de nossos dias. E possivelmente foi dado para aquele propósito. Alguém disse que todo novo avivamento traz sua própria hinologia. E neste aqui de Azusa seguramente isto foi feito.
No princípio, em "Azusa" nós não tínhamos qualquer instrumento musical. Na realidade nós não sentíamos nenhuma necessidade deles. Não havia nenhum lugar para eles em nossa adoração. Tudo era espontâneo. Nós nem mesmo utilizamos os hinários. Todos os hinos famosos antigos foram cantados de memória, estimulado pelo Espírito de Deus. "O Consolador Veio," era tudo o que as pessoas cantavam. Nós cantamos isto de experiência de coração de maneira renovada e poderosa. Oh, como o poder de Deus nos encheu e nos emocionou. Então, o tema dentre as canções que se fizeram populares era "o sangue"; "a vida está no sangue”; "Sinai, Calvário, e Pentecostes”, tudo teve o seu lugar legítimo no trabalho de "Azusa". Mas a "canção nova" era completamente diferente, porque não era fruto de composição humana. Não podia ser falsificado facilmente. O corvo não pode imitar a pomba. Mas eles começaram a menosprezar este dom finalmente, quando o espírito humano se afirmou novamente. Eles dirigiram isto através de hinários, e as canções eram selecionadas pelos líderes. Foi como assassinar o Espírito, e isto foi muito doloroso a alguns de nós, mas a
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maré estava muito forte contra nós. Os hinários de hoje são em grande parte uma proposição comercial, e nós não perderíamos muito sem a maioria deles. Até mesmo as antigas melodias são violadas através de mudança, e estilos novos devem ser adaptados a todas as épocas, com o fim de aumentar o lucro. Há muito pouco real espírito de adoração neles. Eles movem os dedos do pé, mas não os corações dos homens. O espírito da canção dado no princípio por Deus era como um vento tocando harpa, em sua espontaneidade e doçura. Na realidade era o próprio fôlego de Deus soprando seus instrumentos humanos, enquanto tocava as cordas do coração humano, ou cordas vocais humanas. As notas eram maravilhosas em doçura, volume e duração. Na realidade elas eram humanamente falando, de divisão de tempos impossível. Era cantar no Espírito.
O irmão Seymour foi reconhecido como o líder nominal. Mas nós não tínhamos nenhum papa ou sistema de hierarquia. Nós éramos "os irmãos.". Nós não tivemos nenhum programa humano. O próprio Deus estava conduzindo tudo. Nós não tivemos nenhum tipo de padre. Estas coisas entraram posteriormente, com a apostasia do movimento. Nós nem mesmo fizemos uma plataforma ou púlpito no princípio. Tudo estava no mesmo nível. Os ministros eram servos, de acordo com o verdadeiro significado da palavra. Nós não honramos os homens para a
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vantagem deles, em meios ou educação, mas somente a Deus pelos dons que lhes havia dado. Ele próprio fixou os membros no "corpo.". Agora,
“30 Coisa espantosa e horrenda se anda fazendo na terra.
31 Os profetas profetizam falsamente, e os sacerdotes dominam pelas mãos deles, e o meu povo assim o deseja; mas que fareis ao fim disto? (Jer 5.30,31).
“12 Os opressores do meu povo são crianças, e mulheres dominam sobre ele; ah, povo meu! Os que te guiam te enganam, e destroem o caminho das tuas veredas.” (Is 3.12).
(Bartleman, não estava falando contra a necessidade de liderança, mas o tipo de liderança errada que domina o rebanho para seu próprio interesse e que não é dirigida, ela própria, liderança, pelo Espírito de Deus – nota do tradutor).
O irmão Seymour geralmente se sentava atrás de duas caixas de sapateiro vazias, colocadas uma sobre a outra. Ele geralmente mantinha a sua cabeça no nível das pessoas, em oração, durante a reunião. Não havia nenhum orgulho lá. Os serviços de culto ocorriam quase que continuamente. Buscando almas que poderiam
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ser achadas debaixo do poder a qualquer hora da noite e do dia. O lugar nunca estava fechado nem vazio. As pessoas vieram conhecer a Deus. Ele sempre estava lá. Consequentemente havia uma reunião contínua. A reunião não dependia do líder humano. A presença de Deus ficava mais maravilhosa. Naquele velho edifício, com suas vigas baixas e chão nu, Deus levou os homens fortes e mulheres a serem quebrados, e para a Sua glória, os restaurava novamente. Era um tremendo processo de restauração. Orgulho, e autoconfiança, presunção e amor-próprio, não puderam sobreviver lá.
Nenhum assunto ou sermões foram anunciados de antemão, e nenhum pregador especial. Ninguém sabia o que poderia estar vindo, o que Deus faria. Tudo era espontâneo, ordenado pelo Espírito. Nós tínhamos que receber de Deus, por quem Ele poderia falar. Nós não tínhamos nenhuma intimidação por pessoas. Os ricos e educados eram o mesmo que a senhora e o pobre e ignorante. Nós somente reconhecíamos Deus como mais elevado. Todos eram iguais. Nenhuma carne poderia se gloriar na presença dEle. Ele não pôde usar o ego inchado. Essas reuniões eram do Espírito Santo, conduzidas por Deus. Tiveram que começar nos ambientes pobres, porque para Deus todos eram iguais. Nenhuma carne poderia se gloriar na presença dEle. Ele não podia usar o ego – então o elemento egoísta humano teve que ficar do lado de fora.
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Todos desceram juntos em humildade, aos pés dEle. Todos eles pareciam semelhantes, e tinham em comum, pelo menos, todas as coisas naquele senso. As vigas eram baixas, o alto tinha que se rebaixar. Somente quando eles se humilhavam estavam prontos para receber a bênção em "Azusa". O alimento era colocado assim para os cordeiros, e não para girafas. Todos poderiam alcançá-lo.
Nós fomos livrados portanto de hierarquia e abuso eclesiástico. (Os líderes conduziam as pessoas aos pés de Jesus Cristo e não aos próprios pés – nota do tradutor). Nós queríamos Deus. Quando nós chegávamos à reunião nós evitávamos primeiro tanto quanto possível o contato, cumprimento e cortesias humanos, porque nós queríamos primeiro falar com Deus. Nós colocávamos nossa cabeça debaixo de algum banco no canto em oração, e somente conhecíamos os homens no Espírito, enquanto não os conhecíamos mais na carne. As reuniões começavam, espontaneamente, em testemunho, louvor e adoração. Os testemunhos nunca foram interrompidos por uma chamada para um intervalo. Nós não tínhamos nenhum programa pré-arranjado para ser cumprido num determinado tempo. Nosso tempo era o de Deus. Nós tivemos testemunhos reais de corações renovados. E quanto mais curtos os testemunhos, era melhor. Uma dúzia poderia estar de uma só vez
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tremendo debaixo do poder de Deus. Nós não tínhamos que obter nosso alimento de algum líder. E nós estávamos livres tanto de legalismo quanto de antinomismo. (Com isto Bartleman quis dizer que eles seguiam a Palavra de Deus e o poder de Deus debaixo da graça, e não das tradições dos homens que ultrapassam tanto a Palavra quanto o poder de Deus – nota do tradutor). Nós estávamos fechados com Deus em oração nas reuniões, e nossas mentes estavam nEle. Tudo obedecia Deus, em mansidão e humildade. Nós nos preferimos em honras um ao outro. O Senhor era o responsável para levantar em poder a qualquer um. Nós oramos continuamente para isto. Alguma pessoa se levantaria ungida para a mensagem finalmente. Todos pareciam reconhecer isto e deram apoio. Poderia ser uma criança, uma mulher, ou um homem. Poderia ser do assento da parte de trás, ou da frente. Dava na mesma. Nós nos alegrávamos porque Deus estava trabalhando. Ninguém desejava exibir-se a si mesmo. Nós só pensávamos em obedecer a Deus.
Na realidade havia uma atmosfera de Deus lá que impedia que qualquer um tentasse fazer algo que não tivesse a marca de uma real unção. O Espírito Santo controlava as reuniões a partir do trono. Esses eram dias verdadeiramente maravilhosos. Eu disse frequentemente que eu preferiria viver seis meses naquele momento
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que cinquenta anos de vida comum. Mas Deus continua o mesmo hoje. Somente nós mudamos.
Alguma pessoa poderia estar falando e de repente o Espírito caía na congregação. O próprio Deus daria a chamada ao altar. Os homens cairiam como mortos na batalha, por toda parte ou se apressariam para o altar para buscarem a Deus. A cena se assemelhava frequentemente a uma floresta de árvores caídas. Tal cena não pode ser imitada. Eu nunca vi um altar com tantas pessoas como naqueles primeiros dias. O próprio Deus os chamava. E o pastor sabia quando tinha que deixar Deus fazer o Seu trabalho. Quando Deus falava todos nós obedecíamos. Parecia uma coisa temerosa tentar impedir ou entristecer o Espírito. O lugar inteiro prorrompia em oração, Deus estava no Seu santo templo. Os homens deveriam se manter então em silêncio. A glória do shekiná descansou lá. Na realidade alguma reivindicação poderia ser feita de se ter visto a glória de noite sobre o edifício. Eu não duvido disto. Eu parei mais de uma vez diante dos portais do lugar e orei por força antes que eu ousasse entrar. A presença do Senhor era tão real!
Homens presunçosos às vezes vinham ter conosco. Especialmente pastores que tentavam se exibir em opiniões oriundas do seu próprio
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ego. Mas o esforço deles era de vida curta. A respiração era levada deles. As mentes deles vagavam no carrossel dos seus cérebros. As coisas ficavam escuras diante dos olhos deles. Eles não podiam avançar. Eu nunca vi um só deles sobreviver com isto naqueles dias. Eles estavam contra Deus. Ninguém os cortou. Nós simplesmente oramos. O Espírito Santo fez o resto. Nós queríamos o controle do Espírito. Ele os feriu e eles foram considerados como mortos falando de coisas espirituais. Eles geralmente lamberam o pó em humildade, enquanto passando pelo processo que todos nós tínhamos passado. Noutras palavras, eles desapareceram a seus próprios olhos, vieram a ver toda a sua fraqueza, então em confissão e humildade pueril foram elevados pelo Senhor, transformados pelo poderoso batismo no Espírito. O "velho homem" morreu com todo seu orgulho, arrogância e boas obras. (Bartleman não está condenando as boas obras, mas o fato de se confiar nelas para sermos justificados e aceitos por Deus – nota do tradutor).
Em meu próprio caso eu cheguei a me detestar. Eu implorei ao Senhor que derrubasse uma cortina tão íntima atrás de mim do meu passado. Ele me disse que esquecesse toda boa ação como se nunca tivesse acontecido, assim que fosse realizada qualquer coisa para Ele, para que minhas boas obras não se tornassem uma armadilha para mim.
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Nós vimos algumas coisas maravilhosas naqueles dias. Até mesmo homens muito bons vieram se detestar na luz mais clara de Deus. Os pastores foram golpeados mais duramente. Mas quando Deus terminou o trabalho neles, foram transformados alegremente numa página nova e num novo capítulo. Essa foi uma das razões porque eles lutaram tão duramente. A morte não é uma experiência agradável. E os homens fortes morrem duramente. (Bartleman está falando da mortificação da carne, pelo Espírito. Da morte do velho homem em despojamento progressivo da carne – nota do tradutor).
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A Maior Evidência que Acompanha os Avivamentos
Desde os despertamentos espirituais havidos na própria história da nação de Israel no Velho Testamento, conforme registrado na Bíblia, até os nossos dias, a maior evidência de um avivamento é a presença de Deus entre o Seu povo. Eles haviam encontrado Deus e Deus lhes havia encontrado também. E isto se traduzia num grande desejo espiritual de estarem juntos em Sua presença o maior tempo possível.
Daí se explicam as reuniões diárias, pela manhã, à tarde e à noite, nas Igrejas que haviam experimentado avivamentos no passado.
Nada poderia conter este desejo colocado pelo próprio Deus no coração do Seu povo. Nem tribulações, críticas ao avivamento, ataques de Satanás, falsificações, excessos no movimento etc.
O falar em línguas, dançar e cantar no Espírito, e outras manifestações e dons espirituais não eram o que propriamente se buscava, mas a presença do próprio Deus para se ter santidade de vida e poder para pregar o evangelho.
Estas manifestações e dons são a consequência, ou evidência desta presença do Senhor entre e
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nas pessoas do Seu povo, mas não necessariamente a comprovação de que estejam experimentando um avivamento. Isto é tão verdadeiro, que muitas igrejas abundam em dons espirituais, mas não apresentam evidências de santidade na vida dos seus membros, tal como ocorria na Igreja de Corinto.
A questão crucial não é portanto a de se buscar simplesmente os dons espirituais como se fossem eles o próprio avivamento, mas sim, estar inteiramente consagrado a Deus, em santidade de vida, que é daí que decorre tudo o mais.
Por isso somos ordenados por Cristo a permanecermos nEle para que Ele permaneça em nós. E a termos o amor a Deus acima de todas as demais pessoas e coisas. E isto deve ser expressado principalmente em adoração, louvor, oração, prática da Palavra e serviço.

The Physical Object

Format
Paperback
Pagination
vi, 93p.
Number of pages
93
Dimensions
21 x 14,8 x 0,8 inches
Weight
133 grams

ID Numbers

Open Library
OL25937623M

Work Description

Religião cristã

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September 2, 2016 Edited by Silvio Dutra Edited without comment.
August 24, 2016 Edited by Silvio Dutra Edited without comment.
August 6, 2016 Edited by Silvio Dutra Edited without comment.
August 6, 2016 Created by Silvio Dutra Added new book.